A aventura da mortalidade

O Élder Dieter F. Uchtdorf Fala a Nós

Devocional Mundial para Jovens Adultos • 14 de janeiro de 2018 • Centro de Conferências


 

Meus queridos irmãos e irmãs, caros amigos, trago-lhes o amor e as bênçãos do Quórum dos Doze Apóstolos.

Sinto falta do presidente Thomas S. Monson. Ele foi um amigo, conselheiro e mentor muito querido para mim. Mas posso garantir a vocês que o próprio Jesus Cristo é o cabeça de Sua Igreja, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. O Senhor criou um plano divino para que Sua Igreja fosse sempre guiada por profetas, videntes e reveladores.

Sempre pensamos em vocês. Oramos por vocês. Nós os amamos e admiramos.

O evento global de se reunir e compartilhar que precedeu esta reunião e continuará após ela é apenas um exemplo da bondade dos jovens adultos. Milhares de vocês participaram de maneira extraordinária, ajudando os necessitados e elevando o espírito das pessoas por meio da música. Vocês têm a responsabilidade de compartilhar as boas novas do evangelho de Jesus Cristo nas mídias sociais e por meio de seu exemplo. Agradeço por demonstrarem boa vontade em servir a Deus e ao próximo.

É um prazer estar com vocês hoje e poder sentir sua força, energia e a influência de seu espírito. Estou feliz porque tivemos a oportunidade de ouvir minha esposa. Harriet é meu raio de sol. Todos que a conhecem gostam muito dela. Ela é o tipo de pessoa que torna os outros a seu redor pessoas melhores e mais felizes. Com certeza ela exerce essa influência em mim.

Acabamos de comemorar 55 anos de casados. Quando olhamos para nossos dois filhos e seus cônjuges, seis netos e suas famílias e nossos três bisnetos, ficamos maravilhados em ver como a vida tem sido uma grande aventura.

Pensei em algo interessante ao me preparar para esta noite. Admito que mal dá para ver minha fase de 18 a 30 anos pelo meu espelho retrovisor, mas, apesar de minha idade atual, ainda me sinto jovem por dentro. De fato, a maioria das pessoas mais velhas se consideram jovens que apenas estão vivendo há mais tempo.

As gerações mais velhas têm muito mais em comum com vocês do que imaginam. Acredito que as diferenças entre os filhos do Pai Celestial, de qualquer idade, são pequenas se comparadas às semelhanças. Por exemplo, muitos de vocês têm dúvidas sobre Deus e sobre si mesmos — perguntas profundas, fundamentais, parecidas com aquelas feitas por pessoas mais velhas:

“Deus realmente existe? Será que Ele se importa comigo?”

“Estou no caminho certo?”

“Por que às vezes me sinto vazio, sobrecarregado, ignorado ou sozinho?”

“Por que Deus não intervém na minha vida?”

“Por que Ele não respondeu àquela oração?”

“Por que Ele permite que eu sinta tristeza, fique doente ou seja vítima de uma tragédia?”

Essas podem ser perguntas difíceis de se responder.

Nesta era de respostas instantâneas, em que aparentemente o conhecimento absoluto e incontestável se resolve com uma busca no Google, às vezes ficamos frustrados quando as respostas às nossas perguntas mais pessoais, importantes e urgentes demoram a chegar. Elevamos nosso coração ao céu e parece que tudo o que recebemos em troca é um frustrante “cursor” rodando e carregando.

Não gostamos de esperar.

Quando temos que esperar mais do que alguns segundos para que um dispositivo responda, já achamos que a conexão está ruim ou que caiu. Em nossa frustração, chegamos até a desistir da pesquisa. Mas, quando se trata de questões eternas, dos assuntos da alma, temos de ser mais pacientes.

Nem todas as respostas têm o mesmo valor. As respostas que vêm da sabedoria do mundo ou da opinião pública são fáceis de se obter, mas perdem seu valor rapidamente quando surgem novas teorias ou tendências. As respostas celestiais, as respostas eternas, não têm preço. Para obtê-las, muitas vezes temos de fazer sacrifícios, trabalhar e ser pacientes.

Vale a pena esperar essas respostas.

Meu propósito hoje é lhes dar a certeza de que o Pai Celestial os conhece, de que Ele os ouve e nunca vai abandoná-los. Ao voltarem seu coração a Ele e se esforçarem para seguir Seu caminho, Ele vai intervir em sua vida e guiá-los em sua jornada na grande e emocionante aventura da mortalidade.

Ligar os pontos

Um dos grandes inovadores de nosso tempo, Steve Jobs, da Apple, percebeu isto: “Você não consegue ligar os pontos se olhar para frente. Você só consegue ligá-los se olhar para trás. É preciso confiar que, de alguma forma, eles vão se ligar no futuro”.1

O que ele quis dizer com isso? Talvez esta ilustração ajude: No final do século 19, Georges Seurat e Paul Signac começaram a pintar em um novo estilo, que ficaria conhecido como neoimpressionismo. A técnica deles consistia em fazer pontos na tela com pequenas pinceladas de cor. Olhando de perto, esses pontos parecem meio desconexos e aleatórios. Mas, olhando a pintura como um todo, você consegue ver como os pontos se juntam em cores e, como as cores, no final, criam formas que revelam uma linda cena. O que antes parecia arbitrário e até confuso começa a fazer sentido. Às vezes, há momentos na vida que são como a arte neoimpressionista. Os pontos de cor que formam os acontecimentos de cada dia às vezes podem parecer desalinhados e caóticos. Não conseguimos ver nenhuma ordem neles. Não conseguimos imaginar um propósito para eles.

No entanto, quando damos um passo para trás e os vemos sob uma perspectiva eterna, quando vemos a vida sob o prisma do evangelho de Jesus Cristo, começamos a ver como esses vários pontos estão interligados. Talvez não seja possível ver toda a figura agora, mas apenas o suficiente para ter certeza de que essa é uma grande e bela pintura. Ao nos esforçarmos para confiar em Deus e seguir Seu Filho, Jesus Cristo, um dia veremos o produto final e saberemos que a mão de Deus estava direcionando e guiando nossos passos.

Saberemos que o Mestre Artista tinha um plano para todos esses pontos aleatórios. Veremos que o Mestre Artista ampliou nossos talentos, preparou oportunidades e apresentou-nos possibilidades muito mais gloriosas do que jamais imaginamos ou alcançaríamos sozinhos.

Com certeza já vi isso em minha própria vida.

Minha aventura da mortalidade

Muitos já sabem que, quando eu era bem jovem, minha família foi forçada a fugir duas vezes de nossa casa e deixar tudo para trás. Nas duas ocasiões, era evidente que as pessoas à nossa volta achavam que éramos “inferiores” a eles. Entre as crianças da minha idade, meu sotaque era uma marca de exclusão e uma razão para me ridicularizarem e rirem de mim.

Meus pais se esforçaram muito para sustentar a família. Minha mãe começou um negócio de lavanderia e eu, com minha bicicleta e um carrinho, servia como “especialista de entrega domiciliar” da empresa depois da escola.

O trauma e o estresse das mudanças de local e de ambiente fizeram com que eu piorasse nos estudos e perdesse um ano escolar.

Na Alemanha Oriental, aprendi russo como segunda língua. Foi difícil, mas consegui. Já na Alemanha Ocidental, eu tinha que aprender inglês.

Para mim, parecia impossível! Minha boca com certeza não tinha sido feita para falar inglês.

Quando era adolescente, eu me apaixonei por uma garota maravilhosa de grandes e belos olhos castanhos. Infelizmente, Harriet não parecia nem um pouco interessada em mim. Fiz de tudo, mas parecia que nada dava certo. Bem, vocês ouviram o lado dela da história.

Assim, lá estava eu, um rapaz insignificante e esforçado, vivendo na Alemanha pós-guerra e que não parecia ter muita chance de sucesso na vida.

Contudo, eu tinha algumas coisas boas em meu favor.

Sabia que minha família me amava. Na escola e na Igreja, havia dois professores que me incentivavam a sempre manter minhas metas bem altas. Ainda me lembro de quando um jovem missionário americano ensinou o conceito de que “se Deus é por [você], quem será contra [você]?”2

Havia algo nesse conceito que teve um grande impacto sobre mim. Se era esse o caso, pensei, por que temer?

Por isso, acreditei. E confiei em Deus.

Nessa época eu estava em um programa de aprendizes. Um dos professores me desafiou a dar um passo a mais e frequentar uma escola noturna para estudar engenharia mecânica. Isso exigiu muito esforço, mas me levou a descobrir minha grande paixão pela aviação! Levei um choque quando descobri que, para me tornar piloto, teria de aprender inglês. Mas eu queria ser piloto e, de alguma forma miraculosa, minha boca pareceu mudar, e o inglês deixou de ser um idioma impossível.

Com uma nova motivação, um novo compromisso em trabalhar com empenho e confiando no Pai Celestial, dei pequenos passos que me ajudaram a acreditar que eu conseguiria.

Claro que isso não significa que tudo correu às mil maravilhas.

Aos 19 anos de idade, fui para San Antonio, no Texas, para começar meu treinamento de piloto na Força Aérea. No avião, sentei-me ao lado de um passageiro que falava com forte sotaque texano. Para meu desespero, percebi que o inglês que eu tinha me esforçado tanto para aprender não era o mesmo que se falava no Texas!

Na escola de treinamento de pilotos, as coisas também foram difíceis. O programa era extremamente competitivo, havendo grande rivalidade na obtenção das melhores notas. Vi logo que estava em desvantagem, porque a maioria dos meus colegas eram falantes nativos do inglês.

Meus instrutores de voo alertaram-me para outra possível desvantagem: eu passava muito tempo na igreja. Os membros me receberam muito bem tanto no ramo como na casa deles, e até construímos juntos uma capela em Big Spring. Meus instrutores estavam preocupados com o fato de isso prejudicar ainda mais minhas chances de ser bem-sucedido. Eu achava que não. Então, novamente, confiei em Deus e fiz o melhor que pude.

No final, consegui aprender inglês (embora continue aprendendo). Terminei meu treinamento para piloto (e terminei em primeiro lugar da classe). Tornei-me piloto de caça e, depois, comandante em uma linha aérea. E aquela linda jovem de olhos castanhos, dos meus sonhos? Ela está bem aqui.

Fazer pequenas coisas com perfeição

Existe alguma lição nisso? Acho que há várias!

Uma delas talvez seja esta: Não se deixem sobrecarregar com as grandes e difíceis tarefas da vida. Se vocês se comprometerem a fazer as coisas “fáceis”, as coisas “simples” que Deus pede, e as fizerem com o máximo de perfeição possível, grandes coisas vão resultar de seu esforço.

Entre as coisas fáceis e pequenas que vocês podem fazer com perfeição estão: orar e estudar diariamente as escrituras, viver a Palavra de Sabedoria, ir à igreja, orar com real intenção e pagar o dízimo e as ofertas.

Façam essas coisas mesmo quando não quiserem fazê-las. Esses “sacrifícios” podem parecer pequenos, mas são importantes, pois “o sacrifício traz bênçãos do céu”.3

De certa forma, os sacrifícios “pequenos e simples” são os pontinhos da vida diária que fazem a obra-prima da sua vida. Talvez vocês não vejam como os pontos se conectam agora, mas nem precisam ainda. Simplesmente tenham fé suficiente para o momento que estão vivendo. Confiem em Deus, e “de pequenas coisas provém aquilo que é grande”.4

Confiar em Deus

Talvez vocês estejam pensando: “Tudo bem, élder Uchtdorf, que bom que foi assim com você. Mas você é um apóstolo. Eu não. Não sou importante para Deus. Minhas orações não são ouvidas. Minha vida não é direcionada. Se há um plano para mim, é uma versão brechó. Um plano de segunda mão. Um plano do tipo ‘contente-se com o que você tem’”.

Meus amigos, lembrem-se do que o Steve Jobs disse: “Você não consegue ligar os pontos se olhar para frente; só consegue ligá-los se olhar para trás”.

Quando eu tinha a idade de vocês, não tinha a menor ideia para onde meus passos me levariam. Com certeza eu não via nenhum pontinho ligado a outro na minha frente.

Mas eu realmente confiei em Deus. Ouvi os conselhos de minha família amorosa e de amigos sábios e dei pequenos passos com fé, acreditando que, se eu fizesse o melhor possível naquele momento, Deus cuidaria da perspectiva maior.

E Ele fez isso!

Ele conhecia o fim desde o princípio; eu não.

Eu não conseguia ver o futuro; Ele sim.

Mesmo durante aqueles períodos de dificuldades quando pensei que tinha sido abandonado, Ele estava comigo — vejo isso agora.

Em Provérbios, lemos esta grande promessa: “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”.5

Não há um ponto de interrogação no final desse versículo.

Não, acho que deveria haver um ponto de exclamação!

Por isso, vocês têm que se perguntar: “Sou capaz de exercer fé suficiente para acreditar em Deus? Estou disposto a confiar que Ele me ama e quer direcionar meu caminho?”

Na verdade, vocês conseguem fazer muitas coisas sozinhos. Mas peço que me ouçam e acreditem quando digo que sua vida será infinitamente melhor se confiarem em Deus para guiar seus passos. O Senhor sabe de coisas que não é possível vocês saberem, e Ele tem um futuro preparado para vocês do qual não fazem ideia! O grande apóstolo Paulo testificou: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam”.6

Vocês querem que seu Pai Celestial os guie, abençoe e sustenha?

Então acreditem.

Amem-No.

Busquem-No de todo o coração.

Andem em Seus caminhos — o que significa guardar os mandamentos, honrar seus convênios, seguir os ensinamentos dos profetas e dar ouvidos aos sussurros do Espírito.

Façam isso e Deus vai “[aumentar] ainda mil vezes mais do que sois; e vos [abençoar], como vos falou!”7

Compreendo que, para alguns, isso possa parecer fácil de falar e difícil de fazer. Não é preciso ir muito longe na cultura atual para ouvir opiniões contraditórias que desencorajam ou mesmo ridicularizam a crença em Deus em geral e especificamente em nossa religião.

Essas opiniões causam ainda mais pressão nos dias de hoje devido aos avanços sem precedentes na comunicação.

Esse é o seu desafio. Mas também é seu privilégio.

Tenho certeza de que vocês vão encontrar um modo de lidar com isso à maneira do Senhor!

Faz parte da aventura da mortalidade. A forma como lidarem com isso vai ter grande influência em seu futuro e no papel que desempenham na obra de Deus aqui na Terra.

Contudo, o que vocês estão vivendo não é uma exclusividade. Não foi só a geração de vocês que foi ridicularizada e desafiada por causa de sua fé em Deus. Na verdade, parece que isso faz parte do teste de todos os filhos de Deus na mortalidade.

“Se vós fôsseis do mundo”, disse Jesus a Seus discípulos, “o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso o mundo vos odeia”.8

Encarem também a possibilidade de que, assim que fizerem o convênio de seguir o Salvador, os moradores do grande e espaçoso edifício vão desaprovar sua conduta, às vezes, até verbalmente.9 Eles podem tentar maltratá-los e envergonhá-los.

Lembrem-se de que vocês não prestam contas a eles. Vocês prestam conta a Deus. Um dia, vocês estarão diante Dele para prestar contas de sua vida.

Ele vai perguntar o que fizeram para vencer as tentações do mundo e seguir o caminho da retidão. Vai perguntar se vocês seguiram o Salvador, se amaram ao próximo, se tentaram honestamente permanecer no caminho do discipulado.

Meus queridos jovens amigos, meus queridos irmãos e irmãs, não dá para ficar nos dois lados. Vocês não podem receber as incompreensíveis bênçãos do discipulado enquanto mantêm, ao mesmo tempo, seu registro de membro na Ala 1 da Babilônia. Meus queridos irmãos e irmãs, é hora de se comprometerem com Cristo e seguirem o caminho Dele.

Um dia, todos os filhos de Deus vão saber o que é certo, inclusive aqueles que hoje zombam da verdade. Eles vão dobrar os joelhos e confessar que, de fato, Jesus é o Cristo, o Redentor, o Salvador do mundo.10 Vão saber que Ele morreu por eles.

Nesse dia, vai ficar claro que a voz Dele era a única que realmente tinha importância.

Vocês vão saber, com certeza, o quanto são abençoados por guardarem a fé, cumprirem os mandamentos de Deus, servirem ao próximo e edificarem o reino de Deus na Terra. Meus queridos amigos, acreditem, e Deus estará com vocês. Voltem o coração a Ele e Ele vai guiá-los em sua jornada na grande e emocionante aventura da vida mortal.

Não importa

Falando sobre deixar que Deus guie nossa vida, gostaria de esclarecer uma coisa. Talvez vocês não gostem do que vou dizer. Quando perguntarem a Deus sobre o que devem fazer, mesmo que sejam decisões importantes, talvez Ele não lhes dê uma resposta clara. A verdade é que, às vezes, não importa para o Senhor o que vocês decidem fazer, desde que continuem guardando os convênios e vivendo os princípios fundamentais do evangelho.

Em muitos casos, as escolhas que vocês fazem podem não ser tão importantes quanto o que vocês fazem depois de fazer a escolha.

Por exemplo, um casal pode decidir que vai se casar, mesmo que algumas pessoas da família não achem que eles são perfeitos um para o outro. No entanto, tenho muita esperança em casais como esse se, depois de tomarem a decisão, forem totalmente fiéis um ao outro e a Deus de todo o coração e de todo o pensamento. Ao tratarem um ao outro com amor e bondade, centrados nas necessidades emocionais, espirituais e temporais do cônjuge, fazendo as “pequenas” coisas de modo consistente, eles se tornam o par perfeito.

Por outro lado, existem aqueles que pensam que são o “par perfeito” e acham que não precisam fazer mais nada. Se eles pararem de nutrir seu amor, de se comunicar um com o outro e passarem a viver uma vida egoísta, centrada em si mesmos, esse casal estará no caminho da tristeza e do remorso.

O mesmo princípio se aplica no que diz respeito a escolhas vocacionais. Acredito muito naqueles que escolhem uma carreira de menos prestígio, mas fazem o melhor que podem e encontram formas de tornar seu trabalho interessante e desafiador.

Não tenho a mesma esperança por aqueles que escolhem profissões de prestígio, mas que, ao longo do caminho, perdem aquele entusiasmo tão necessário para se alcançar o sucesso. Na verdade, ser capaz de se adaptar bem às mudanças no trabalho será uma das qualidades mais importantes a serem desenvolvidas pela geração de vocês para lidar com o futuro.

Então, de que maneira o Senhor quer que vocês lidem com essas decisões importantes?

As instruções dadas a Oliver Cowdery e a Joseph me foram muito úteis. O Senhor disse a eles: “Deves estudá-lo bem em tua mente; depois me deves perguntar se está certo”.11

O Pai Celestial deu a vocês um cérebro e um coração. Se confiarem no Senhor, Ele os ajudará a usar os dois de maneira adequada para tomarem decisões.

Em muitos casos, vocês têm mais de uma boa opção para escolher. Quando isso aconteceu com Joseph e seus companheiros, o Senhor usou uma frase interessante ao procurarem Sua orientação. A frase é: “Não importa”.12

Mas imediatamente aconselhou: “Somente sede fiéis”.13

Seu trabalho é tomar as melhores decisões que puderem com base nas informações que têm e permanecer fiéis aos valores e princípios do evangelho. E depois lutar com todas as forças para ter sucesso nas coisas que escolher, e ser fiéis.

Façam isso e os pontos se ligarão.

Pode parecer frustrante saber que Deus não vai necessariamente fornecer um itinerário detalhado da sua jornada na vida. Mas será que vocês realmente querem orientação para cada detalhe de sua vida?

Querem realmente alguém mostrando os atalhos da vida antes que tenham a oportunidade de descobri-los por si mesmos? Que tipo de aventura seria essa?

Meus jovens amigos, passamos pela aventura da mortalidade uma vez só. Será que uma pessoa completamente guiada com visões do futuro e respostas a todas as grandes perguntas da vida não deixaria de ter aquele sentimento de realização e perderia a chance de aumentar sua confiança14 no Senhor e nela mesma?

Pelo fato de que Deus lhes deu o arbítrio, há muitas direções que podem escolher e ainda assim ter uma vida plena. A mortalidade é uma história de aventura interativa com o desfecho em aberto. Vocês têm mandamentos, convênios, conselhos proféticos inspirados e o dom do Espírito Santo. Isso é mais do que suficiente para guiá-los para a felicidade mortal e a alegria eterna. Além disso, não se desesperem se não tomarem decisões perfeitas. É assim que vocês aprendem. Faz parte da aventura!

Nenhuma aventura é um mar de rosas do começo ao fim, mas, se formos fiéis, teremos a certeza de chegarmos a um final feliz. Pensem no exemplo de José do Egito. Em muitos aspectos, sua vida foi um desastre. Ele foi vendido por seus irmãos como escravo. Foi jogado na prisão por um crime que não cometeu. Mas, apesar de todas as situações terríveis que foi forçado a viver, ele manteve sua fé. Ele confiou em Deus. Fez o melhor que pôde. Ano após ano — mesmo quando parecia que tinha sido ignorado e abandonado — ele acreditou. José sempre voltou o coração a Deus. E Deus lhe mostrou que ele era capaz de transformar coisas negativas em positivas.15

Hoje, mais de quatro mil anos depois, a história de José ainda nos inspira.

A aventura de vocês talvez não seja assim tão dramática, mas vai ter seus altos e baixos. Por isso, lembrem-se do exemplo de José: Permaneçam fiéis. Acreditem. Sejam honestos. Não se tornem amargos. Não persigam os outros. Amem a Deus, amem ao próximo. Confiem no Senhor mesmo quando as coisas parecerem desanimadoras.

Pode ser que só vejam muito mais tarde, mas vão olhar para trás e saber que o Senhor, de fato, direcionou seu caminho.

Os pontos se ligaram.

Cinco coisas para lembrar

Então, do que espero que vocês se lembrem a respeito desta noite?

Primeiro, saibam que as respostas de Deus às suas perguntas mais profundas podem demorar um pouco e podem vir de maneira inesperada. Mas as respostas de Deus são de valor eterno. Vale a pena esperar por elas.

Segundo, tenham um pouco de fé. Voltem seu coração a Deus. Acreditem que vocês são importantes para Deus e confiem que Ele fará mais por vocês do que podem fazer sozinhos. Aprendam com Ele. Amem-No. Acreditem Nele. Falem com Ele regularmente, intensamente. Ouçam Sua voz.

Terceiro, andem da melhor maneira que puderem no caminho do discipulado. Não fiquem sobrecarregados. Façam as coisas pequenas da maneira mais perfeita possível, e as coisas grandiosas vão se encaixar.

Quarto, não permitam que opiniões negativas os façam desistir de sua jornada de fé. Lembrem: vocês não devem explicações a seus críticos. Vocês prestam contas a seu Pai Celestial. Os valores Dele é que importam.

Quinto, tomem as melhores decisões que puderem seguindo as impressões que lhes vierem ao coração e à mente. Esforcem-se ao máximo para segui-las. Tenham fé, e Deus consagrará seus esforços sinceros para seu bem eterno.16

Façam isso e, no final, tudo irá bem.

Deixo com vocês minha bênção hoje, no início deste novo ano, para que, ao se esforçarem sinceramente para conhecer a Deus, sua fé aumente. À medida que procurarem seguir o Salvador, sua confiança se fortaleça.17 E, se andarem em santidade e abrirem o coração para a Luz de Cristo, que seu amor a Deus amadureça e sua capacidade de amar o próximo seja refinada.

E tudo isso resultará em felicidade e alegria para vocês.

Vocês terão paz.

E, um dia, isso lhes dará a glória eterna.

Nesse dia futuro, vocês vão olhar para trás, para essa preciosa e emocionante aventura da mortalidade, e vão entender. Verão que os pontos realmente se ligaram e formaram uma linda figura, mais sublime do que jamais teriam conseguido imaginar. Com gratidão indescritível, verão que o próprio Deus, com Seu amor, graça e compaixão abundantes, sempre esteve presente, olhando por vocês, derramando bênçãos e guiando seus passos para voltarem à Sua presença.

Disso testifico e deixo com vocês minha bênção como Apóstolo do Senhor, no sagrado nome de nosso Metre, no nome de nosso Redentor e nosso Salvador, Jesus Cristo. Amém.

© 2018 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados. Aprovação do inglês: 9/17. Aprovação da tradução: 9/17. Tradução de “The Adventure of Mortality”. Portuguese. PD60005038 059

Exibir Referências

    Notas

  1.  

    1. Steve Jobs, “‘You’ve got to find what you love,’ Jobs says”, [“‘Você precisa encontrar o que ama’, disse Jobs”]. Stanford News 12 de junho de 2005.

  2.  

    2. Romanos 8:31 (NIV).

  3.  

    3. . “Hoje, ao Profeta Louvemos”, Hinos, nº 14.

  4.  

    4. D&C 64:33.

  5.  

    5. Provérbios 3:5–6.

  6.  

    6. Ver 1 Coríntios 2:9 (NIV).

  7.  

    7. Deuteronômio 1:11 (NIV).

  8.  

    8. João 15:19.

  9.  

    9. Ver 1 Néfi 8:26–28.

  10.  

    10. Ver Romanos 14:10–12; Filipenses 2:10.

  11.  

    11. Ver D&C 9:8–9.

  12.  

    12. Ver D&C 60:5; 62:5; 80:3.

  13.  

    13. D&C 62:5.

  14.  

    14. D&C 121:45.

  15.  

    15. Ver Gênesis 37; 39–46.

  16.  

    16. Ver 2 Néfi 32:9.

  17.  

    17. Ver 2 Néfi 32:9.