De Quem Fluem Todas as Bênçãos

Agradeço à Primeira Presidência por dar-me esta oportunidade em que, como podem ver, a luz dos refletores brilha em minha cabeça, proporcionando uma nova “iluminação” para este púlpito. Quanto a minha enfermidade, o tratamento que recebi até agora tem apresentado resultados animadores, de modo que me sinto profundamente grato por ter chegado “até esse ponto”.⌦(2 Néfi 31:19)

Irmãos e irmãs, se alguma vez cheguei a merecer as bênção de Deus, considero essa uma questão já há muito acertada no tribunal de pequenas causas, devido às generosas dádivas que Dele tenho recebido durante toda a vida.

Quero expressar especial gratidão pela fé e orações de minha esposa, que cuida de mim, familiares tão carinhosos e amorosos, pelas Autoridades Gerais e esposas, por minha secretária, por centenas e centenas de membros e amigos, e por médicos e enfermeiras atenciosos e muito competentes. O Pai Celestial certamente atendeu a suas orações e esforços dignos de mérito. Esses presentes que recebi de vocês já são fonte de motivação espiritual para mim. Sinto realmente que não os mereço, mas sou muito grato por tê-los recebido. Meu amor e gratidão a todos vocês.

Algo que vi o Presidente Hinckley fazer muitas vezes em público foi atribuir toda a glória, louvor e honra a Deus. É algo que pretendo fazer mais freqüentemente, inclusive hoje, acrescentando minha gratidão por tudo o que Dele aprendi e por Suas bênçãos.

Desconhecer nosso tempo de vida é uma das realidades básicas para todos nós. Logo, devemos pedir com fé as bênçãos que desejamos ardentemente, mas contentar-nos “com as coisas que o Senhor [nos] concedeu”. (Alma 29:3) É evidente que o modo pelo qual deixamos esta vida e o momento em que isso acontece variam de uma pessoa para outra.

Existem muitos que sofrem bem mais do que os outros: alguns morrem em agonia; outros se vão rapidamente; alguns são curados; outros ganham um pouco mais de tempo; outros parecem viver entre a vida e a morte. As provações variam, mas ninguém está isento delas. Por isso, as escrituras citam a fornalha e as provas ardentes. (Ver Daniel 3:6–26; I Pedro 4:12) Aqueles que conseguem sair de suas diversas fornalhas ardentes experimentaram a graça que, de acordo com as palavras do Senhor, “basta a todos”. (Ver Éter 12:27.) Mesmo assim, irmãos e irmãs, nenhum desses indivíduos vitoriosos se apressa em entrar na fila de outra fornalha ardente para mais uma rodada! Mas como a escola da mortalidade tem uma duração muito curta, nosso professor, que é o Senhor, pode decidir ministrar-nos um curso intensivo.

A presença redentora de nosso amoroso Deus e Pai no Universo é uma verdade fundamental de nossa condição humana. Essa é a verdade divina que, juntamente com Seu plano de felicidade, reina soberana e absoluta sobre todas as outras. As outras verdades representam fatos comparativamente insignificantes e efêmeros, a respeito dos quais podemos “aprender sempre” sem nunca chegar ao conhecimento das grandes verdades. (II Timóteo 3:7)

A experiência mortal aponta sempre para a Expiação de Jesus Cristo como o fato mais importante de toda a história da humanidade. Quanto mais vivo e aprendo, mais generosa, assombrosa e abrangente torna-se Sua Expiação para mim!

Quando tomamos sobre nós o jugo de Cristo, passamos a participar do que Paulo chamou de “comunicação de Suas aflições”. (Filipenses 3:10) Seja doença ou solidão, injustiça ou rejeição, etc., nossos comparativamente pequenos sofrimentos, se formos mansos, influenciarão profundamente nossa alma. Passaremos então a compreender melhor não apenas o que Jesus sofreu por nós, mas também Seu incomparável caráter, o que nos levará a adorá-Lo ainda mais e até mesmo procurar imitá-Lo.

Alma revelou que Jesus sabe como socorrer-nos em meio a nossas dores e enfermidades, justamente por Ele já as ter tomado sobre si. (Ver Alma 7:11–12.) Ele conhece-as por experiência própria, de modo a ter empatia por nossa condição. Evidentemente não compreendemos plenamente esse fato, da mesma forma que não entendemos como Ele tomou sobre Si os pecados de todos os mortais, mas Sua Expiação continua sendo uma realidade redentora e consoladora.

Não obstante todas as coisas pelas quais poderemos louvar a Jesus quando Ele voltar novamente com majestade e poder, não é de se ⌦admirar que O louvemos por Sua benevolência e bondade. Ademais, continuaremos a louvá-Lo para sempre e sempre! (Ver D&C 133:52. ⌦Ver também Mosias 4:6, 11; Alma 7:23.) Não precisaremos ser induzidos a isso.

Assim sendo, é muito importante que reconheçamos sempre a mão redentora de Deus, mas infelizmente essa prática é relegada quando insensatamente depositamos nossa confiança “no braço de carne”. ⌦(2 Néfi 4:34; D&C 1:19) Oh, o arrogante braço da carne, que se assemelha ao atleta que se vangloriava de sua força, alegando ser capaz de arremessar uma bola através de um “lava-rápido” de automóveis sem que ela se molhasse! Tal ingenuidade e tal trivialidade simbolizam não somente o braço, mas também a mente da carne, que não conseguem enxergar as “coisas como realmente são e ( … ) como realmente serão”. (Jacó 4:13)

Para terminar, desejo render humilde louvor não somente a Deus, o Pai, por Seu carinhoso plano de salvação e a Jesus, o Senhor do Universo, por Sua maravilhosa e notável Expiação, mas também ao Espírito Santo, de quem falamos menos. Dentre Suas muitas atribuições, quero, em especial, manifestar minha gratidão pelo modo como Ele demonstrou ultimamente em minha vida que é o precioso Consolador, inclusive em meio à noite do desespero.

No sagrado nome de Jesus Cristo. Amém. 9