Sua Jornada Celestial

Queridas irmãs, que grande bênção para mim é estar aqui diante de vocês nesta noite, e saber que, além de todas as pessoas reunidas aqui no Tabernáculo, há muitos milhares assistindo e ouvindo por meio da transmissão via satélite. Oro pedindo a ajuda do Senhor.

Henry Wadsworth Longfellow, em um poema clássico, fez uma descrição de vocês e de seu futuro. Ele escreveu:

Preciosas jovens, mães, professoras e líderes das Moças, quero deixar com vocês algumas reflexões e sugestões para guiar sua jornada mortal pelo caminho que conduz ao reino celestial de nosso Pai Celestial.

Escolhi cuidadosamente quatro ações que vocês podem adotar como objetivos para guiar sua vida e proporcionar-lhes a felicidade eterna. Elas são:

1. Olhar para o alto;

2. Olhar para dentro de si mesmas;

3. Estender a mão para servir; e

4. Seguir em frente com determinação.

Em primeiro lugar, vamos falar sobre olhar para o alto.

Nosso Pai Celestial pôs em cada um de nós o desejo de buscá-Lo. As escrituras proclamam em alto e bom som: “ [Confia] em Deus para que vivas”.² Nenhum problema é tão pequeno a ponto de escapar à Sua atenção, nem tão grande que Ele não possa responder à nossa oração da fé. A oração sem dúvida é o passaporte para a força espiritual. Vocês conseguirão orar com firme propósito quando souberem quem são e em que o Pai Celestial deseja que se tornem.

Não terão dificuldade para achegarem-se ao Senhor, por meio da oração sincera, se lembrarem as palavras do Apóstolo Paulo: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”³

Se quiserem agradar ao Pai Celestial, honrem seu pai e sua mãe, conforme Ele ordenou. Eles amam muito vocês. Eles se alegram quando vocês estão felizes e se entristecem quando vocês estão tristes. Eles querem que vocês tenham a orientação divina oferecida por Deus.

Já ouvi alguns pais frustrados dizerem que os filhos estão nos “terríveis anos da adolescência”. Prefiro dizer que vocês estão nos “incríveis anos da adolescência”.

A vida não é feita apenas de sorrisos e alegrias. Haverá momentos de aprendizado para cada uma de vocês, em que testemunharão o amor de sua mãe, a força de seu pai e a inspiração de Deus.

Pedi permissão ao Élder Russell M. Nelson para contar-lhes uma dura lição, que se tornou mais fácil de suportar graças ao conhecimento do plano do Pai Celestial.

O Élder Nelson e sua esposa foram abençoados com nove filhas e um filho. São uma família feliz e muito unida. Quando os filhos eram mais jovens, eles se reuniram em volta do pai e da mãe, certa noite, e o pai começou a ensinar-lhes, dizendo: “Muitos casais são chamados para servir como missionários, sendo acompanhados pelos filhos, caso sejam chamados como presidentes de missão”. O pai, então, fez uma pergunta muito importante: “Se sua mãe e eu fôssemos chamados para uma designação como essa, vocês estariam dispostos a ir conosco?”

Ele esperou a resposta. Uma das filhas disse: “Pai, eles nunca vão chamá-lo, pois eu sou a líder da torcida da escola!”

Uma filha mais velha acrescentou: “Não posso ir. Estou na faculdade”.

Os adolescentes da família foram dando suas respostas, até que a pequena Emily, com toda a pureza de sua alma, respondeu: “Pai, se você fosse chamado, eu iria com você”.

Na verdade, todos os filhos estavam dispostos a ir, mas a resposta simples e profunda de Emily emocionou a todos.

Os anos se passaram muito rapidamente. Os filhos se casaram. Nasceram os netos. Então, Emily foi acometida de um terrível câncer e, após uma batalha corajosa e valente, veio a falecer.

O Élder Nelson falou no funeral. Nunca ouvi uma mensagem mais bela e carinhosa. Ele falou a respeito do plano de salvação e descreveu as promessas de Deus relacionadas à natureza eterna da família. Com tranqüilidade, declarou: “Emily simplesmente se formou um pouco mais cedo na escola da mortalidade”. Que grandiosa lição!

Quando a numerosa família passou ao lado do caixão, o Élder Nelson levava no colo os dois filhinhos de Emily. Todos os presentes tornaram-se participantes das verdades e lições ensinadas naquele momento. Fomos inspirados a olhar para o alto.

Em segundo lugar, olhar para dentro de si mesmas.

Façam a si mesmas a seguinte pergunta: Será que sei para onde quero ir, o que quero ser e o que quero fazer?

O Senhor respondeu a essas perguntas: “Nos melhores livros buscai palavras de sabedoria; procurai conhecimento, sim, pelo estudo e também pela fé”.⁴

As Santas Escrituras, a orientação de seus pais, os ensinamentos que recebem na Primária, nas Moças, na Escola Dominical, na reunião sacramental e no seminário irão fortalecer sua determinação de serem o melhor que podem ser.

Estudem com um objetivo em vista, tanto na Igreja quanto na escola. Escrevam suas metas e o que pretendem fazer para alcançá-las. Façam metas elevadas, pois são capazes de alcançar bênçãos eternas.

Não devemos esperar que a estrada da vida esteja totalmente visível à nossa frente para que comecemos a jornada. Vocês precisam antever as bifurcações e os desvios que hão de surgir pelo caminho. Mas não podem ter esperança de chegar ao fim da jornada se não souberem para onde querem ir. Precisam decidir com firmeza.

Como Lewis Carroll nos conta em seu famoso livro Alice no País das Maravilhas, a menina Alice estava seguindo por uma trilha pelo meio da floresta, no país das maravilhas, quando chegou a uma bifurcação. Sem saber para onde ir, perguntou ao gato risonho, que apareceu em uma árvore ali perto, que caminho devia escolher. “Para onde você quer ir?” perguntou o gato.

“Não sei”, respondeu Alice.

“Então”, disse o gato, “tanto faz, não é mesmo?”⁵

Sabemos para onde queremos ir. Será que temos a determinação, ou seja, a fé para chegarmos lá?

“Vinde (…) e aprendei de mim”⁶, disse o Senhor. “Vem, e segue-me”⁷, convidou Ele. Aceitando Seu meigo convite, cada uma de vocês estará pronta para passar a seu objetivo seguinte: Estender a Mão para Servir.

O Apóstolo Paulo deu-lhes este sábio conselho: “Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza”.⁸

Jovens irmãs, suas oportunidades de estender a mão e abençoar a vida das outras pessoas são ilimitadas. Pensem, por exemplo, no privilégio que têm de entrar no templo sagrado e estender a mão para servir as pessoas que já faleceram, servindo como procuradoras para proporcionar-lhes as bênçãos do batismo.

Certa manhã, quando caminhava até o templo, vi um grupo de moças que, bem cedo peja manhã, tinham realizado batismos pelos mortos. Estavam com o cabelo molhado. Seu sorriso era radiante. Sentiam o coração cheio de alegria. Uma das meninas virou-se para olhar o templo e expressou seus sentimentos: “Foi o dia mais feliz da minha vida”, disse ela.

Existem outras oportunidades de servir os vivos. Vocês podem fazê-lo e, assim, proporcionar uma alegria indescritível para eles. Há pessoas idosas e enfermas que passaram a ter que morar em casas de repouso. Elas sentem muita saudade dos dias de sua juventude. Anseiam pela companhia da família e o conforto de seu próprio lar.

Numa reunião da Igreja que assisti em uma casa de repouso, depois que os pacientes, em cadeiras de rodas, receberam o sacramento, uma jovem da idade de vocês tocou um solo de violino. As irmãs idosas gostaram muito. Expressaram sua gratidão dizendo em voz alta: “Lindo”, “Maravilhoso”, “Amo você”. Essas distrações não atrapalharam a violinista, ao contrário, permitiram que seu desempenho fosse melhor do que nunca.

Naquele dia, ela disse-me: “Nunca toquei tão bem em toda a minha vida. Algo pareceu elevar-me acima de mim mesma e de minha própria capacidade. Senti-me inspirada pelo amor do Pai Celestial”.

Lembrei a ela: “Quando estais a serviço de vosso próximo, estais somente a serviço de vosso Deus”.⁹

Ela assentiu com a cabeça, guardou cuidadosamente o violino na caixa e com lágrimas de alegria escorrendo pelo rosto voltou para seu lugar.

Lembremo-nos de estender a mão.

Finalmente: Seguir em frente com determinação. Não cedam à tendência de deixar para depois um sussurro do Espírito ou uma oportunidade de crescer e servir. A procrastinação verdadeiramente nos rouba o tempo. Enfrentem os desafios diários de sua vida. Quanto tempo faz que olharam sua mãe nos olhos e, sem nada esconder, disseram as queridas palavras: “Mãe, eu realmente amo você”? E quanto a seu pai, que trabalha todos os dias para prover seu sustento? Todo pai gosta muito de ouvir sua filha proferir essas mesmas preciosas palavras: “Amo você”.

É muito fácil esquecer de dar o devido valor a nossos pais e deixar de reconhecer o quanto significam para vocês e quanto vocês significam para eles. Um exemplo disso aconteceu em uma sala de aula. Depois de estudarem a respeito do magnetismo na escola Olympus Junior High, os alunos tiveram que responder à seguinte pergunta: “O que começa com M e pega tudo?” Mais de um terço dos alunos responderam: “Mãe”, em vez de “Magneto”.

Vençam as provações e empecilhos temporários que impedem seu progresso.

Uma bênção que vocês podem se tornar dignas de receber é a bênção patriarcal. Seus pais e seu bispo sabem quando será o momento certo para que a recebam. A bênção patriarcal contém alguns capítulos de seu livro de possibilidades. Será para vocês como um farol no alto do monte, alertando-as do perigo e orientando-as para a tranqüilidade de portos seguros. É uma declaração profética proferida por alguém que foi chamado e ordenado para dar essas bênçãos.

Gostaria de aproveitar a oportunidade para expressar, em nome de cada uma de vocês, moças, um sincero agradecimento a seus pais, suas professoras e líderes. Eles são um exemplo para vocês. Eles sabem que haverá desapontamentos, momentos de desânimo e frustrações pessoais em sua vida. Eles mostrarão para vocês o modo de superar essas experiências e continuar adiante no caminho da vida que nos leva para cima e para frente até a glória celestial. Lembrem-se de que após experimentarem a excelência, jamais se contentarão com a mediocridade.

Há alguns anos, uma adorável jovem chamada Jami Palmer, que na época estava com doze anos de idade, foi levada pelos pais em sua cadeira de rodas até meu escritório. Ela estava com câncer e tinha que ser operada. O tratamento seria longo, bem como o tempo de recuperação. Nossa entrevista foi um momento solene. O pai pediu-me que abençoasse com ele a sua filha, que estava muito desanimada por ter que adiar todos os seus sonhos, esperanças e planos. Todos estávamos chorando. Foi-lhe dada uma bênção do sacerdócio.

Mantive contato com Jami e sua família. Os anos se passaram. Ela prestou inestimável serviço ao próximo como porta-voz da Fundação Make-a-Wish, que cuida de jovens acometidos de doenças possivelmente fatais. Jami tornou-se uma linda jovem. Está estudando atualmente na Universidade Brigham Young. Está bem de saúde. Passou por muitas provações, mas sua vida foi prolongada. Ela agradece a todos os que a ajudaram durante aqueles anos difíceis, especialmente ao Pai Celestial por sua vida.

Um momento decisivo na vida de Jami ocorreu bem no início de seu tratamento para o câncer. Ela e os jovens de sua ala haviam planejado fazer uma excursão à caverna Timpanogos. Todas as pessoas que já fizeram essa excursão sabem que o caminho é muito íngreme, e parece-nos levar uma eternidade para chegar à caverna. Com tristeza, Jami disse às suas amigas: “Não vou poder ir à excursão com vocês”.

“Por que não?” perguntaram.

Jami respondeu: “Porque não posso andar”.

Houve um momento de silêncio, então uma delas disse: “Jami, se você não pode andar, então vamos carregá-la”. E foi o que fizeram. Na ida e na volta!

Jovens, por favor, olhem para o ah to, olhem para dentro de si mesmas, estendam a mão e sigam em frente com determinação. Se assim o fizerem, grande será a sua recompensa, e eterna será a sua glória.¹⁰

Testifico a vocês, minhas queridas irmãs, que o Pai Celestial vive, que Jesus é o Cristo e que somos hoje liderados por um profeta moderno: o Presidente Gordon B. Hinckley.

Em nome de Jesus Cristo. Amém.