2000–2009
A Luz do Seu Amor
Abril 2003


A Luz do Seu Amor

O Pai Celestial nos compreende individualmente. Ele sabe como amar cada um de nós da forma que mais precisamos.

Quando eu tinha nove anos de idade, minha família mudou-se para uma casa com um porão que ainda não estava pronto, onde minha irmã e eu dormíamos. Algumas vezes, à noite, deitada na cama e tentando dormir, tinha a sensação de que as paredes formavam figuras assustadoras. Elas faziam com que eu tivesse pesadelos. Às vezes, eu andava dormindo pela casa e de repente acordava em um lugar estranho.

Certa noite, após caminhar enquanto dormia, acordei totalmente confusa e assustada. Tentei gritar pedindo ajuda, mas nenhum som saía da minha boca. Estava tão escuro que não conseguia ver minha mão diante do rosto. Repentinamente alguém acendeu a luz, e consegui ver onde eu estava. Minha mãe deve ter-me ouvido vagando pela casa e desceu até o porão para ver se eu estava bem. Quando não me encontrou segura na cama, ela acendeu a luz para procurar por mim.

Um toque rápido e simples no interruptor de luz foi o suficiente para eu saber exatamente onde estava, o quanto mamãe me amava e como poderia retornar à segurança dos meus cobertores. Visto que as sombras me apavoravam, pedi à minha mãe que deixasse uma luz acesa. Ela concordou. Sou grata porque minha mãe amava-me o bastante para descer as escadas e acender a luz.

Hoje, sentimos outro tipo de luz dentro de nós ao ouvirmos o coro das crianças cantar: “Ele me envolve com puro amor”. (“Com Fé O Seguirei”, A Liahona, seção O Amigo, fevereiro de 2003, p. 16) Esse sentimento é a razão por que vamos à igreja a cada semana e cantamos hinos e canções na Primária; algumas vezes cantamos as mesmas músicas repetidas vezes. Nós conhecemos a letra, mas de repente, as palavras fazem com que nosso coração transborde de luz e amor. É como se lembrássemos de quem realmente somos. Por sermos filhos do Pai Celestial, é como se Ele descesse à Terra e acendesse uma luz para nós.

Essa sensação de luz que temos na Igreja, é como o sentimento de amor e segurança que tive quando minha mãe acendeu a luz do porão.

Uma médica chamada Rachel Remen conta a história verdadeira de um jogador de futebol americano, jovem e bonito, que perdeu o sentimento de amor que a luz traz. Sua vida fora boa, com amigos e um corpo atlético. Então descobriu que tinha câncer na perna. Sua perna teve que ser amputada acima do joelho. Jogar futebol e ser famoso agora eram coisas do passado. Ele ficou revoltado, transformando sua vida em algo sombrio e confuso. Ficou difícil para ele saber quem era.

A doutora Remen pediu que esse jovem desenhasse o que achava ser seu corpo naquele momento. Ele fez um esboço simples de um vaso. Então pegou um giz de cera preto e fez uma grande rachadura no vaso. Ficou claro que acreditava que seu corpo era como um vaso quebrado que nunca mais teria utilidade. Isso não era realmente verdade. Fizeram uma perna artificial para que ele pudesse andar. Mas seu coração estava tão escuro que seu corpo não conseguia curar-se.

Ele então conversou com algumas pessoas que tinham problemas semelhantes ao seu, e entendeu o que sentiam. Começou a ajudar outras pessoas a sentir-se melhor. Uma luz foi acesa em seu coração e ele começou a sarar.

Ele conheceu uma jovem com problemas parecidos. O coração dela estava repleto de temores. Quando o rapaz foi a seu quarto de hospital pela primeira vez, ela se recusou a olhar para ele e ficou deitada na cama com os olhos fechados. Ele tentou tudo o que sabia para que ela reagisse. Ligou o rádio, contou piadas e, finalmente, tirou sua perna artificial e jogou-a no chão. Assustada ela abriu os olhos e olhou-o pela primeira vez, enquanto ele saltitava pelo quarto, estalando os dedos ao ritmo da música. Ela desatou a rir e disse: “Se você consegue dançar, acho que consigo cantar”. Tornaram-se amigos. Dividiram seus temores e ajudaram um ao outro a ter esperança.

Em sua última consulta com a médica, ele olhou para o antigo desenho do vaso com a rachadura e disse: “Este meu desenho não está terminado”. Pegando um giz de cera amarelo, fez riscos que iam desde a rachadura até as extremidades do papel. Colocou o dedo na feia rachadura negra e disse: “É por aqui que a luz atravessa”. (Ver Kitchen Table Wisdom, [1996] pp. 114–118.) Acredito que o que ele quis dizer foi que as experiências negras e difíceis ajudam-nos a sentir a luz do amor do Pai Celestial.

A noite em que caminhei dormindo pelo porão de casa e acordei assustada, descobri que todo aquele tempo estive bem ao lado da minha irmã. Ela ajudou-me, mas eu precisava de alguém que me ajudasse a encontrar a luz.

Isso acontece a todos nós. O surpreendente disso não é o fato de termos experiências diferentes, mas sim o fato de que o Pai Celestial nos compreende individualmente. Ele sabe como amar cada um de nós da forma que mais precisamos. Algumas vezes sentimos Seu amor por meio de nossos pais, professores e amigos. Algumas vezes sentimos Seu amor por meio dos sussurros do Espírito Santo. Às vezes sentimos Seu amor por meio da música, de abraços, por meio das escrituras e orações. Ele pode envolver-nos em Sua luz quando precisamos dela, porque somos Seus filhos.

Sei que o Pai Celestial ama cada um de nós. “[Ter] sempre o amor de Deus [em nosso] coração” (Alma 13:29) irá dar-nos confiança para fazermos as coisas difíceis. Sinto esse amor ao falar a vocês hoje. Espero que se lembrem de como se sentem sempre que ouvem testemunhos a respeito do amor do Pai Celestial por vocês e então procurem ficar em lugares onde possam sentir a luz do Seu amor.

Oro para que todas as crianças possam sentir e entesourar o amor de nosso Pai Celestial, em nome de Jesus Cristo. Amém.