Preservar Nosso Testemunho

Recentemente tive uma conversa bem animada com um rapaz que estava pensando na possibilidade de servir em uma missão. Enquanto conversávamos percebi que era uma decisão difícil para ele porque ele duvidava da força de seu testemunho do evangelho de Jesus Cristo. Ele desejava saber por que não recebera respostas mais claras às suas orações e ao seu estudo das escrituras.

Esse rapaz, a quem chamarei de Jim, foi criado numa cidade longe da sede da Igreja, num lar com pais amorosos que deram o melhor de si para ensinar os princípios do evangelho aos filhos.

Ele é um atleta de destaque e muito estimado por seus amigos na escola. Contudo, ele é um dos poucos alunos que é membro da Igreja, em uma grande escola secundária.

Como também criei minha família numa área com poucos membros da Igreja, logo me identifiquei com os desafios de Jim: o desejo de permanecer fiel aos princípios do evangelho e, ao mesmo tempo, continuar a ser aceito por bons amigos cujos valores e crenças em geral eram diferentes dos seus.

Ele estava em busca de uma confirmação adicional de seu testemunho sobre Jesus Cristo, e da Restauração do evangelho.

Hoje falo ao Jim e a muitos outros como ele—rapazes e moças de todo o mundo, que estão inseguros em relação a seu testemunho, mas que desejam muito desenvolver um testemunho forte e vibrante, que os guie em meio aos perigos da vida que os aguardam.

Também me dirijo àqueles adultos que ainda não sentiram profundamente o espírito do evangelho em sua vida. Na ausência de um testemunho forte, alguns deixam seus pensamentos e atos diários centrarem-se tanto nas coisas do mundo, que acabam por diminuir a influência da luz do evangelho em seu cotidiano.

Conforme o élder Neal A. Maxwell descreveu com grande eloqüência, podemos incluir nesse grupo os “membros honrados que se contentam em permanecer na superfície, em vez de levarem a sério sua condição de discípulos; membros que estão envolvidos de modo displicente, em vez de ‘[ocuparem-se] zelosamente’. (D&C 76:75; 58:27)” (Conference Report, outubro de 1992, p. 89; ou Ensign, novembro de 1992, p. 65)

Ao assistir aos funerais do élder Neal A. Maxwell e do élder David B. Haight e ouvir as merecidas homenagens que lhes foram prestadas, dei-me conta de modo ainda mais contundente, do magnífico exemplo que esses dois irmãos extraordinários nos deixaram. E ponderei como seu exemplo poderia ajudar a fortalecer nosso testemunho e aprofundar nossa resolução de aproximar-nos de Cristo.

Esses dois grandes discípulos de Cristo exemplificaram a admoestação do Presidente Gordon B. Hinckley a todos nós, quando disse:

“Algo que eu disse tem sido citado: ‘Façam o melhor que puderem’. Mas quero enfatizar que deve ser o melhor possível. Estamos por demais propensos a nos satisfazer com um desempenho medíocre. Somos capazes de agir muito melhor.” (“Permanecer Firmes e Inamovíveis”, Reunião Mundial de Treinamento de Liderança, 10 de janeiro de 2004, p. 21)

Certamente, o conselho e incentivo do Presidente Hinckley, aplica-se tanto ao desenvolvimento e ao fortalecimento de nosso testemunho de Jesus Cristo, quanto a qualquer outra coisa.

O testemunho real traz a luz do evangelho restaurado de Jesus Cristo à nossa vida e faz-nos todos voltar a atenção à mesma meta de regressar à presença do Pai Celestial—contudo, nosso testemunho pessoal surge a partir de experiências variadas, em momentos diferentes de nossa vida.

Assim como Jim, eu tive o privilégio quando jovem de ter “bons pais”. (1 Néfi 1:1) Eles ensinaram os princípios e os valores do evangelho à nossa família por preceito e exemplo. Quando menino, achava que tinha um testemunho. Eu acreditava! Então, vivi algumas experiências espirituais especiais por meio da fé, da oração, do estudo das escrituras e especialmente das bênçãos de meu pai em nosso lar, que me fizeram refletir com mais seriedade sobre os princípios que aprendera e nos quais acreditava—mas ainda mais profundamente sobre o que eu estava começando a sentir. Serei eternamente grato a meus pais, que me guiaram ao longo dessas preciosas experiências espirituais. Elas exerceram um impacto duradouro sobre mim e sobre a força do meu testemunho.

Acho que Alma tinha em mente pessoas como nós, ao ensinar aos zoramitas o que fazer para adquirir um testemunho da verdade.

“Mas eis que, se despertardes e exercitardes vossas faculdades, pondo à prova minhas palavras, e exercerdes uma partícula de fé, sim, mesmo que não tenhais mais que o desejo de acreditar, deixai que esse desejo opere em vós, até acreditardes de tal forma que possais dar lugar a uma porção de minhas palavras.” (Alma 32:27)

Em seguida, Alma comparou “a palavra a uma semente”. Explicou que, quando o coração se abre, “ela começará a inchar em vosso peito”. (Alma 32:28) Então, Alma mostrou-nos a chave para desenvolver um testemunho com êxito.

“Se, porém, cultivardes a palavra, sim, cultivardes a árvore quando ela começar a crescer, com vossa fé, com grande esforço e com paciência, esperando o fruto, ela criará raiz; e eis que será uma árvore que brotará para a vida eterna.” (Alma 32:41)

Em seguida, a promessa!

“Então, meus irmãos, colhereis a recompensa de vossa fé e de vossa diligência e paciência e longanimidade, esperando que a árvore vos dê fruto.” (Alma 32:43)

Pensem por alguns instantes, irmãos e irmãs, no que Alma nos está ensinando.

Primeiro, devemos ter o desejo sincero de crer. Expressões como “despertar”, “exercitar as faculdades”, “pôr à prova” e “exercer uma partícula de fé” denotam ação e sugerem um esforço contínuo de nossa parte.

Sua menção da semente que incha em nosso peito, descreve o sentimento causado pelo Espírito Santo. E, como Morôni promete: “Pelo poder do Espírito Santo podeis saber a verdade de todas as coisas”. (Morôni 10:5)

Para que esse sentimento continue a crescer, Alma ensinou que devemos nutri-lo “com fé, com grande esforço e com paciência”. Ele, então, promete que as recompensas da fé, diligência, paciência e longanimidade nos conduzirão rumo à vida eterna. (Alma 32:41; ver também v. 43.)

Assim como Alma, os profetas modernos são claros em seus ensinamentos sobre as coisas que precisamos fazer para desenvolver e fortalecer nosso testemunho.

Fomos enviados aqui para desenvolver nossa salvação individual por meio dos testes e desafios do cotidiano. Não poderemos fazê-lo se confiarmos estritamente na luz emprestada do testemunho alheio. Ao recebermos inspiração, ouvindo nossos profetas, líderes e amigos prestarem testemunho, esses sentimentos espirituais devem aumentar nosso desejo de fortalecer nossas próprias convicções.

Ao meu jovem amigo e a todos vocês, onde quer que estejam, peço que nunca deixem de confiar no Senhor. A resposta a suas orações pode não ser tão clara nem tão rápida quanto gostariam, mas continuem a orar. O Senhor está ouvindo! Ao orar, peçam ajuda para aprender a compreender melhor a inspiração do Espírito. Depois, façam tudo o que estiver ao seu alcance para serem dignos dessa inspiração. Ao reconhecerem os sentimentos e os sussurros do Espírito, ajam de acordo com eles.

Fazer orações fervorosas diariamente em busca de perdão, auxílio e orientação especiais é essencial para nossa vida, além de nutrir nosso testemunho. Quando nossas orações se tornam apressadas, repetitivas, descuidadas ou negligentes, tendemos a perder a proximidade com o Espírito, que é imprescindível na orientação contínua de que necessitamos para vencer as dificuldades do cotidiano. A oração familiar todas as manhãs e noites acrescenta mais bênçãos e poder a nossas orações individuais e ao nosso testemunho.

O envolvimento pessoal sincero com as escrituras produz fé, esperança e soluções para nossos desafios diários. A leitura freqüente, a meditação e a aplicação das lições das escrituras, juntamente com a oração, tornam-se parte insubstituível do processo de adquirirmos e mantermos um testemunho forte e vibrante.

O Presidente Spencer W. Kimball ressaltou a importância da leitura constante das escrituras ao ensinar:

“(…) Percebo que, quando negligencio meu relacionamento com a Deidade e quando tenho a impressão de não receber nenhuma comunicação divina, (…) se mergulho nas escrituras a distância diminui e a espiritualidade volta.” (The Teachings of Spencer W. Kimball, ed. Edward L. Kimball [1982], p. 135)

O Salvador nos ensinou: “Examinai as escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam”. (João 5:39)

O testemunho forte e inabalável de tantos de vocês, membros maravilhosos da Igreja, decorre de seguir em espírito de oração aos conselhos de nossos profetas e das escrituras. Essa mesma bênção inestimável está ao alcance de cada um de nós que a busca com convicção.

Para o meu jovem amigo Jim e a todos os outros que, de tempos em tempos, preocupam-se com a firmeza de seu testemunho, saibam que seu Pai Celestial os ama e cuida de vocês todos os dias. Ele dará Sua resposta se vocês se esforçarem por cumprir Seus mandamentos e segurarem a mão amorosa que Ele nos estende.

Todos participamos das mesmas promessas que o Senhor fez ao Profeta Joseph Smith: “Achegai-vos a mim e achegar-me-ei a vós; procurai-me diligentemente e achar-me-eis; pedi e recebereis; batei e ser-vos-á aberto”. (D&C 88:63)

O chamado de nosso profeta para fazermos “o melhor” que pudermos, nos desafia, tanto individualmente como em família, a examinar nossa vida cuidadosamente e depois a nos comprometermos a mudar certas coisas, para garantir mais plenamente que nosso testemunho seja forte e vigoroso.

Um testemunho vigoroso torna-se para cada um de nós a força motriz que nos impele a agir “muito melhor”. Ele se torna a armadura impenetrável que nos protegerá das coisas implacáveis do mundo.

Presto meu testemunho de que temos um Pai Celestial amoroso e zeloso, e que Ele e Seu Amado Filho, Jesus Cristo, apareceram ao menino Joseph para introduzir a Restauração do evangelho nesta última dispensação.

Jesus Cristo é o cabeça desta Igreja. O Presidente Gordon B. Hinckley é o Seu profeta escolhido.

Que tenhamos a coragem e a convicção de seguir os conselhos do profeta. Ao fazê-lo, nosso testemunho pessoal será preservado. Que isso aconteça é a minha oração, em nome de Jesus Cristo. Amém.