2000–2009
Uma Voz Mansa e Delicada e um Coração Palpitante
Abril 2005


Uma Voz Mansa e Delicada e um Coração Palpitante

É a voz mansa e delicada e um coração palpitante que presta testemunho do milagre da Restauração.

Em 1995, fui convidado a dar as boas-vindas e proferir um pequeno discurso de abertura em um seminário científico sobre nutrição infantil realizado em Salt Lake City. Estavam presentes noventa e seis cientistas de 24 países. Ao correr os olhos pelo público durante meu discurso, fiquei impressionado de ver tantos países ali representados, como mostravam suas roupas, cor de pele, idioma e outras características próprias.

Três ou quatro meses depois, assisti a uma conferência de estaca na costa leste dos Estados Unidos. Ao sentar-me no púlpito, preparando-me para a sessão de liderança do sacerdócio, vi um homem africano entrar na capela e sentar-se num dos bancos junto ao corredor. Pareceu-me vagamente familiar, mas não consegui lembrar de onde o conhecia. Inclinei-me para o presidente de estaca e perguntei quem era aquele homem. O presidente da estaca respondeu: “Oh, ele não é membro da Igreja. É um professor convidado que veio da África para lecionar em uma importante universidade local. Há poucos meses, ele participou de uma espécie de seminário científico em Salt Lake City. Um folheto da Igreja que ele pegou levou-o a ler tudo que pôde encontrar sobre a Igreja. Agora ele assiste a todas as reuniões que pode”. Em tom de brincadeira, o presidente da estaca então disse: “Eu não ficaria surpreso de vê-lo assistindo às reuniões da Sociedade de Socorro”.

Depois da reunião de liderança do sacerdócio, apresentei-me novamente ao professor estrangeiro. Ele expressou seu entusiasmo por aquela recém-descoberta fonte da verdade. Explicou que sua família, que ainda morava na África, estava estudando com os missionários e iria reunir-se a ele na América dali a quatro semanas, quando então todos seriam batizados juntos.

No término da sessão de adultos da noite de sábado, aquele homem veio correndo até o púlpito e, batendo no peito, declarou entusiasmado: “Meu coração está palpitando assim. Mal posso contê-lo dentro do peito. Não sei se conseguirei esperar quatro semanas para que minha família seja batizada”. Sugeri que ele devia acalmar o coração e esperar a chegada de sua esposa e filhos, para que todos pudessem ser batizados juntos.

Quando Elias, o profeta, estava fugindo da princesa fenícia Jezabel para salvar a vida, o Senhor o guiou a uma montanha bem alta, onde ele teve uma experiência incomum. Quando estava perante o Senhor no alto da montanha, Elias sentiu “um grande e forte vento (…); porém o Senhor não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o Senhor não estava no terremoto: e depois do terremoto um fogo; porém também o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada”. (I Reis 19:11–12)

De vez em quando as pessoas me perguntam por que a nossa Igreja cresce tão rapidamente, tanto em número de membros quanto em atividade, ao passo que, segundo as estatísticas, essas duas coisas estão diminuindo nas outras igrejas. A simples resposta é a voz mansa e deli-cada e um coração palpitante. Neste mundo agitado, conturbado e barulhento, não é como um vento, nem como um fogo, nem como um terremoto, mas, sim, a voz mansa e delicada porém bem audível que faz o coração palpitar. É aquele sereno ardor no peito que nos diz que este é o evangelho restaurado de Jesus Cristo, com todas as suas doutrinas, sacerdócio e convênios, que foi perdido ao longo dos muitos séculos de trevas e confusão. Sim, é a voz mansa e delicada e um coração palpitante que presta testemunho do milagre da Restauração.

É a voz mansa e delicada e um coração palpitante que motiva milhões de membros a imitarem a vida de Jesus em palavra, ações e serviço. É a voz mansa e delicada e um coração palpitante que motiva centenas de casais aposentados a servirem em uma missão, normalmente por 18 meses ou mais. Eles deixam de lado os confortos da vida para servir em vários lugares do mundo, pagando suas próprias despesas e fazendo o que para muitos seria um considerável sacrifício, por vezes servindo em partes remotas do mundo, em que um chuveiro quente e uma cama confortável são regalias que só existem em sua memória.

É a voz mansa e delicada e um coração palpitante que faz com que centenas de milhares de rapazes e moças deixem sua profissão, adiem seus estudos (às vezes desistindo de bolsas de estudo esportivas e outras bolsas) e posponham o namoro, para servir ao Senhor, sustentando-se a si mesmos, para proclamar a Restauração do evangelho. É a voz mansa e delicada e um coração palpitante que dá aos jovens o desejo e coragem de defender a pureza, honestidade e os princípios, mesmo sendo às vezes ridicularizados e rejeitados. É a voz mansa e delicada e um coração palpitante que motiva uma pessoa a cumprir com alegria os mandamentos de Deus e dividir o fardo dos menos afortunados. Sim, há muita força e vigor na voz mansa e delicada e um coração palpitante.

Alma tem seu próprio modo de perguntar sobre a condição espiritual de nosso coração. Ele pergunta: “Haveis nascido espiritualmente de Deus?” E depois: “Haveis recebido sua imagem em vossos semblantes? Haveis experimentado esta poderosa mudança em vosso coração?” (Alma 5:14; grifo do autor) Em outras palavras, seu coração palpita com o testemunho de Jesus Cristo?

Gostaria de mencionar apenas três das muitas coisas que fazem meu coração palpitar. Primeiro, meu coração palpita por saber que Jesus Cristo é meu Salvador pessoal e que Seu amor por mim foi tão grande a ponto de Ele sofrer uma dor inimaginável e até a morte. Meu coração palpita em meus momentos de profunda reflexão ao dar-me conta de que posso ser limpo, purificado e redimido pelo sangue de Jesus Cristo. Meu coração palpita quando avalio o preço que foi pago — o sofrimento que Ele suportou para livrar-me de um sofrimento pessoal semelhante por meus pecados e transgressões.

Segundo, meu coração palpita por saber que um menino de apenas 14 anos de idade foi a um bosque e que, por meio de uma simples e humilde oração, os céus se abriram, e Deus e Cristo apareceram, e anjos desceram do céu. E assim, a plenitude do evangelho de Jesus Cristo foi restaurada com todo o seu sacerdócio, convênios e pureza de doutrina. Meu coração palpita ao pensar no que aquele menino profeta teve de suportar para trazer à luz a plenitude do evangelho restaurado. Enquanto anjos celestes estavam descendo do céu, os anjos de Satanás também trabalhavam. Começaram as perseguições e, tal como a vida dos profetas antigos, a vida de Joseph culminou com seu martírio. Em meio a todas as suas provações e perseguições, o jovem profeta permaneceu firme e determinado.

Por causa de Joseph Smith, compreendo mais plenamente a magnitude da Expiação de Cristo. Por causa do Profeta Joseph, compreendo melhor o significado do Jardim do Getsêmani — um lugar de grande sofrimento em que Cristo assumiu nosso sofrimento pessoal, não apenas por nossos pecados, mas também por nossas dores, enfermidades, provações e tragédias. Compreendo a natureza infinita e terna de Seu grande e último sacrifício. Compreendo melhor o amor que nosso Salvador exemplificou em Seu último ato redentor. Por causa de Joseph Smith, meu amor e gratidão pelo Salvador foram ampliados e minha adoração se tornou mais significativa. Entre os muitos hinos de nosso hinário escritos por W. W. Phelps está o conhecido hino que inclui as palavras “Hoje ao profeta rendamos louvores”. (“Hoje, ao Profeta Louvemos”, Hinos, no 14) Meu coração palpita quando canto esse hino.

Sim, por cantarmos com entusiasmo e alegria, “Hoje, ao profeta rendamos louvores”, cantamos ao Salvador, com ainda maior reverência, amor, e gratidão, as palavras: “Que assombroso é. Oh! Ele me amou e assim me resgatou! Que assombroso é! Assombroso, sim!” (“Assombro Me Causa”, Hinos, no 112) Meu coração palpita por causa da luz que o Profeta Joseph trouxe para a minha vida no tocante à eficácia pessoal da Expiação do meu Salvador.

Terceiro, meu coração palpita ao estudar e ponderar as sagradas escrituras do Livro de Mórmon, que complementa a Bíblia e presta outro testemunho da divindade de Jesus Cristo como Filho de Deus, Redentor e Salvador do mundo. Graças a esse sagrado companheiro da Bíblia, minha compreensão da doutrina de Cristo foi ampliada, de modo que muitas das perguntas não respondidas na Bíblia encontram explicações que me satisfazem plenamente. O Livro de Mórmon é uma prova concreta de que Joseph foi um profeta de Deus, que Cristo realmente apareceu a ele, e que o evangelho foi restaurado em sua pureza e plenitude.

Meu coração palpita simplesmente por ver o milagre que é a existência do Livro de Mórmon — o árduo trabalho de gravação de caracteres em placas de metal, a cuidadosa preservação ao longo dos séculos pelos escolhidos do Senhor, e sua milagrosa tradução. Ele verdadeiramente se enquadra na definição de escritura sagrada. Devido ao majestoso amor que Deus tem por nós, Ele proveu-nos essa prova que podemos tocar, manusear, estudar e até questionar. Porém o mais importante é que Deus nos ama tanto que concede a toda pessoa que a busca sinceramente uma revelação pessoal da veracidade do Livro de Mórmon — a prova concreta da Restauração e de que Joseph Smith foi realmente um profeta.

Falando desse sagrado conhecimento, o profeta Alma do Livro de Mórmon testificou:

“Não supondes que eu próprio saiba destas coisas? Eis que vos testifico que sei que estas coisas de que falei são verdadeiras. E como supondes que eu tenho certeza de sua veracidade?

Eis que eu vos digo que elas me foram mostradas pelo Santo Espírito de Deus. Eis que jejuei e orei durante muitos dias, a fim de saber estas coisas por mim mesmo. E agora sei por mim mesmo que são verdadeiras, porque o Senhor Deus mas revelou por seu Santo Espírito; e este é o espírito de revelação que está em mim”. (Alma 5:45–46)

Tal como o antigo profeta Alma, todos nós, tanto membros quanto pesquisadores sinceros, podemos saber com certeza que essas coisas são verdadeiras. Temos o grande privilégio de saber. Isso é mais do que uma oportunidade; é uma responsabilidade. Nossa perda seria enorme se deixássemos de saber essas coisas depois de recebermos tamanho privilégio. O Senhor disse: “Batei, e abrir-se-vos-á”. (Mateus 7:7) O profeta Jacó, do Livro de Mórmon, disse: “Apegueis a Deus de todo o coração”. (Jacó 6:5) Não precisamos do intelecto ou de nossos sentidos físicos. Estudamos, oramos e, tal como Alma, podemos até jejuar, então virá uma voz mansa e delicada e um coração palpitante. Imaginem uma revelação pessoal de Deus de que essas coisas são verdadeiras! Sinto o coração palpitar só de pensar nisso. Em nome de Jesus Cristo. Amém.