2000–2009
Lembranças do Tabernáculo
Abril 2007


Lembranças do Tabernáculo

Hoje, na rededicação deste edifício, façamos a promessa de rededicar nossa vida à obra de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Meus irmãos e irmãs, tanto os que estão aqui no Tabernáculo como os que nos escutam por vários meios de comunicação no mundo inteiro, é uma alegria estar aqui diante de vocês novamente neste edifício magnífico. Neste lugar, não podemos deixar de sentir o espírito dos primeiros santos que construíram esta bela casa de adoração, bem como o de todos aqueles que ao longo dos anos trabalharam para preservá-la e embelezá-la.

Estive pensando recentemente nos muitos acontecimentos significativos da minha vida que estão associados ao Tabernáculo de Salt Lake. Embora sejam muitos para que eu os mencione hoje, gostaria de falar apenas de alguns deles.

Lembro-me da ocasião em que eu estava prestes a ser batizado, aos oito anos de idade. Minha mãe conversou comigo sobre o arrependimento e sobre o significado do batismo; e depois, num sábado, em setembro de 1935, levou-me de bonde até o batistério do Tabernáculo que, até recentemente, ficava neste edifício. Naquela época não era tão costumeiro como hoje que o pai batizasse os filhos, já que a ordenança era geralmente realizada na manhã ou tarde de sábado, e muitos pais estavam trabalhando em seu emprego ou profissão. Vesti-me de branco e fui batizado. Lembro-me daquele dia como se fosse ontem, e da alegria que senti por ter recebido essa ordenança.

Ao longo dos anos, particularmente na época em que servi como bispo, testemunhei muitos outros batismos na pia batismal do Tabernáculo. Cada um deles era uma ocasião especial e inspiradora, e serviu para lembrar-me de meu próprio batismo.

Em abril de 1950, minha esposa, Frances, e eu estávamos presentes na sessão da tarde de domingo da conferência geral, realizada neste edifício. O Presidente George Albert Smith era o Presidente da Igreja, e ao término da conferência, proferiu uma mensagem inspiradora e vigorosa a respeito da Ressurreição de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Antes de concluir seu discurso, porém, fez uma advertência profética. Disse ele: “Não levará muito tempo para que calamidades assolem a humanidade, a menos que haja um rápido arrependimento. Não se passará muito tempo antes que aqueles que estão espalhados pela face da Terra morram aos milhões (…) por causa do que está por vir” (Conference Report, abril de 1950, p. 169). Essas palavras foram alarmantes, porque foram proferidas por um profeta de Deus.

Dois meses e meio depois daquela conferência geral, em 25 de junho de 1950, irrompeu a guerra na Coréia — uma guerra que ceifaria dois milhões e meio de vidas, segundo as estimativas. Isso me fez refletir na declaração feita pelo Presidente Smith quando estávamos sentados neste edifício, naquele dia de primavera.

Assisti a muitas sessões de conferência geral no Tabernáculo, e sempre fui edificado e inspirado pelas palavras das Autoridades Gerais. Então, em outubro de 1963, o Presidente David O. McKay convidou-me a ir ao seu escritório e fez-me o chamado para servir como membro do Quórum dos Doze Apóstolos. Pediu que eu mantivesse aquele chamado sagrado em sigilo, sem revelá-lo a ninguém, exceto à minha esposa, e que eu estivesse presente à conferência geral, no Tabernáculo, no dia seguinte, quando meu nome seria lido em voz alta.

Na manhã seguinte, vim para o Tabernáculo sem saber exatamente onde me sentar. Por ser membro do Comitê do Ensino Familiar do Sacerdócio, decidi que me sentaria entre os membros desse comitê. Vi um amigo meu chamado Hugh Smith, que também era membro do Comitê de Ensino Familiar do Sacerdócio. Ele me fez sinal para que eu me sentasse ao seu lado. Eu não podia dizer-lhe nada a respeito de meu chamado, mas sentei-me ali.

Durante a sessão, os membros do Quórum dos Doze Apóstolos foram apoiados e, evidentemente, meu nome foi lido. Creio que aquela caminhada da congregação até o púlpito foi a mais longa da minha vida.

Já se passaram quase 44 anos desde aquela conferência. Até o ano 2000, quando o Centro de Conferências foi dedicado, tive o privilégio de proferir 101 discursos de conferência geral do púlpito deste edifício, sem mencionar os que foram proferidos em conferências gerais das auxiliares e outras reuniões aqui realizadas. Meu discurso de hoje faz esse total subir para 102. Foram muitas as experiências espirituais que tive neste lugar.

Durante o discurso que proferi na conferência geral de outubro de 1975, senti-me inspirado a dirigir minhas palavras a uma garotinha de longos cabelos loiros que estava sentada no mezzanino deste edifício. Chamei a atenção da congregação para ela e senti uma liberdade de expressão que me testificou que aquela garotinha precisava da mensagem que eu tinha a lhe dizer, referente à fé manifestada por outra jovem.

Ao término da sessão, voltei para meu escritório e encontrei uma garotinha chamada Misti White, esperando por mim, acompanhada dos avós e uma tia. Quando os cumprimentei, vi que Misti era a menina do mezzanino a quem dirigi minhas palavras. Fiquei sabendo que faltava pouco para seu aniversário de oito anos, mas ela estava numa situação difícil, sem saber se deveria ou não ser batizada. Ela queria ser batizada e seus avós, com quem morava, também queriam que ela fosse batizada, mas sua mãe, que estava menos ativa, havia sugerido que ela esperasse até os 18 anos para tomar essa decisão. Misti dissera aos avós: “Se formos à conferência, em Salt Lake City, talvez o Pai Celestial me mostre o que devo fazer”.

Misti, os avós e a tia tinham viajado da Califórnia até Salt Lake City para a conferência e conseguiram lugares no Tabernáculo para a sessão da tarde de sábado. Estavam sentados ali, quando Misti me chamou a atenção, e decidi falar especialmente para ela.

Ao continuarmos nossa conversa depois da sessão, a avó de Misti me disse: “Acho que Misti tem algo para contar-lhe”. Aquela doce garotinha disse: “Irmão Monson, no seu discurso na conferência, você respondeu à minha pergunta. Quero ser batizada!”

A família voltou para a Califórnia, e Misti foi batizada e confirmada membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Ao longo de todos esses anos, Misti permaneceu fiel e leal ao evangelho de Jesus Cristo. Há catorze anos, foi meu privilégio realizar seu casamento no templo sagrado com um ótimo rapaz, e juntos criam cinco lindos filhos, com mais um a caminho.

Meus irmãos e irmãs, sinto-me privilegiado por estar novamente aqui no púlpito do Tabernáculo, neste edifício que me traz tantas recordações maravilhosas. O Tabernáculo faz parte da minha vida — uma parte à qual dou grande valor.

Tive em minha vida a honra e a satisfação de erguer a mão para apoiar nove Presidentes da Igreja quando o nome deles foi lido. Nesta manhã, juntei-me a vocês, para novamente apoiar nosso amado profeta, o Presidente Gordon B. Hinckley. É uma alegria e um privilégio servir ao lado dele e do Presidente Faust.

Hoje, na rededicação deste edifício, façamos a promessa de rededicar nossa vida à obra de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que, com tanta boa-vontade, morreu para que vivêssemos. Que sigamos Seus passos a cada dia, é minha humilde oração, em nome de Jesus Cristo. Amém.