2010–2019
Agir com Toda a Diligência
Abril 2010


Agir com Toda a Diligência

O Senhor nos ensina nosso dever, e então devemos agir com toda a diligência, sem nunca ser preguiçosos ou indolentes.

Irmãos, sinto-me grato por estar com vocês hoje; e sinto-me humilde pelo que conheço de seu fiel serviço prestado no sacerdócio. Falo a vocês hoje sobre a diligência no serviço do Senhor. Algumas experiências que tive recentemente me levaram a escolher esse tema.

Uma delas foi meu estudo cuidadoso do excelente livreto novo para o Sacerdócio Aarônico, sobre o qual falou o irmão David L. Beck, chamado Cumprir Meu Dever para com Deus. Ao ler e ponderar o que é esperado que os rapazes façam e venham a se tornar, dei-me conta de que era o mesmo que o Presidente Brigham Young prometeu a todo portador do sacerdócio que for diligente por toda a vida: “Um homem portador do sacerdócio, que se mantém fiel a seu chamado, que se deleita continuamente em fazer as coisas requeridas pelo Senhor e que durante toda sua vida desempenha fielmente seus deveres, assegurará para si não apenas o privilégio de receber, mas também de saber como receber as coisas de Deus, para que possa sempre conhecer a mente de Deus”.1

Há poucas semanas, vi um novo diácono começar a trilhar esse caminho de diligência. O pai dele mostrou-me um desenho, feito pelo filho, que exibia todos os bancos da capela, um número para cada diácono encarregado de distribuir o sacramento e o trajeto que ele deveria seguir pela capela para servir o sacramento aos membros. O pai e eu sorrimos ao pensar que aquele menino havia feito, sem que ninguém lhe pedisse, um plano para garantir seu sucesso no serviço prestado no sacerdócio.

Reconheci em sua diligência o padrão existente no novo livreto Dever para com Deus. Trata-se de aprender o que o Senhor espera de você, fazer um plano para realizar isso, colocar esse plano em prática com diligência e depois compartilhar com os outros como essa experiência mudou sua vida e abençoou as pessoas.

O diácono fez aquele desenho para garantir que cumpriria bem o chamado que o Senhor lhe havia feito. No início de seu serviço no sacerdócio, o Senhor o ensinou a se deleitar continuamente “em fazer as coisas requeridas pelo Senhor”.2

A outra experiência que me levou a falar de diligência a vocês hoje foi a de ver um homem quase no fim de seu serviço no sacerdócio nesta vida. Ele foi bispo duas vezes. Seu primeiro chamado como bispo, vários anos antes de eu conhecê-lo, foi quando ele era jovem. Agora, estava idoso, tendo sido desobrigado pela segunda vez do cargo de bispo. Suas limitações físicas crescentes tornavam qualquer serviço no sacerdócio muito difícil.

Mas ele tinha um plano para agir com diligência. Todos os domingos em que conseguia ir à Igreja, sentava-se no banco próximo à porta, por onde a maioria das pessoas entrava para a reunião sacramental. Chegava bem cedo para garantir que o lugar estaria vago. Toda pessoa que chegava via em seu olhar o mesmo espírito de amor e de boas-vindas que ele expressava quando se sentava ao púlpito como bispo. Sua influência nos aquecia e inspirava porque sabíamos parte do preço que ele havia pago para servir. Sua tarefa como bispo estava encerrada, mas seu serviço no sacerdócio ainda não.

Vocês já viram exemplos assim de grandes servos do sacerdócio. Vou procurar transmitir-lhes hoje o que aprendi a respeito deles. A primeira coisa que eles aprenderam foi saber a serviço de Quem estavam e para qual propósito. Quando isso penetra profundamente o coração, faz toda a diferença.

Primeiro, falarei diretamente aos rapazes do Sacerdócio Aarônico. Vocês se tornarão mais diligentes à medida que sentirem a magnitude da confiança que Deus depositou em vocês. Há uma mensagem da Primeira Presidência para vocês no livreto Dever para com Deus. “O Pai Celestial deposita grande confiança em você e tem uma importante missão para você cumprir. Ele o ajudará quando buscá-Lo em oração, ouvir a orientação do Espírito, obedecer aos mandamentos e cumprir os convênios que fez.”3

João Batista voltou à Terra para restaurar o sacerdócio que vocês, rapazes, possuem. Ele tinha as chaves do Sacerdócio Aarônico. Foi João quem Jesus procurou para ser batizado. João sabia Quem o havia chamado. Ele disse ao Senhor: “Eu careço de ser batizado por ti”.4

João sabia que o sacerdócio de Aarão tinha as chaves do ministério de anjos, do evangelho do arrependimento e do batismo por imersão para a remissão de pecados, quando o Senhor o enviou para ordenar Joseph Smith e Oliver Cowdery, em 15 de maio de 1829.5 Ele sabia Quem o havia chamado e para que glorioso propósito havia sido enviado.

O sacerdócio que vocês possuem permite-lhes oferecer o sacramento da Ceia do Senhor aos membros de Sua Igreja hoje em dia. Esse é o mesmo privilégio que o Salvador concedeu aos Doze Apóstolos em Seu ministério mortal. Ele fez isso de novo quando chamou doze discípulos após Sua Ressurreição para liderar Sua Igreja.

O próprio Senhor, conforme descrito no Livro de Mórmon, proveu os emblemas de Seu infinito sacrifício e os administrou ao povo. Pensem Nele e no quanto Ele os honra quando vocês desempenham seu serviço no sacerdócio. Se vocês se lembrarem Dele, estarão determinados a realizar esse serviço sagrado, da melhor maneira que puderem, de modo tão bom e fiel quanto Ele o fez.6

Isso pode tornar-se um padrão em sua vida, que vai aumentar sua capacidade de ser diligente em todo serviço prestado no sacerdócio, para o qual o Senhor está preparando vocês e para o qual Ele vai chamá-los. Essa determinação vai ajudá-los a prepararem-se para receber o Sacerdócio de Melquisedeque, que foi chamado no passado de “Santo Sacerdócio segundo a Ordem do Filho de Deus”.7

Quero agora falar aos que foram chamados para o Sacerdócio de Melquisedeque e receberam a honra de servir nele. Tal como o Sacerdócio Aarônico, o Sacerdócio de Melquisedeque é mais do que a responsabilidade de fazer o que o Senhor exige que façamos. É um convite para que nos tornemos como Ele é. Eis a Sua promessa:

“Pois aqueles que forem fiéis de modo a obter estes dois sacerdócios de que falei e a magnificar seu chamado serão santificados pelo Espírito para a renovação do corpo.

Tornam-se os filhos de Moisés e de Aarão e a semente de Abraão; e a igreja e reino e os eleitos de Deus.

E também todos os que recebem este sacerdócio a mim me recebem, diz o Senhor;

Pois aquele que recebe os meus servos, a mim me recebe;

E aquele que me recebe a mim, recebe a meu Pai;

E aquele que recebe a meu Pai, recebe o reino de meu Pai; portanto tudo o que meu Pai possui ser-lhe-á dado”.8

Há um padrão pelo qual todos os portadores do sacerdócio são elevados a essa gloriosa bênção. Um trecho das escrituras em que o Senhor nos ensina esse padrão é a seção 107 de Doutrina e Convênios.

“Portanto agora todo homem aprenda seu dever e a agir no ofício para o qual for designado com toda diligência.

Aquele que for preguiçoso não será considerado digno de permanecer; e o que não aprender seu dever e não mostrar ter sido aprovado não será considerado digno de permanecer. Assim seja. Amém.”9

O Senhor nos ensina nosso dever, e então devemos agir com toda a diligência, sem nunca ser preguiçosos ou indolentes. O padrão é simples, mas não é fácil de seguir. Distraímo-nos facilmente. As notícias diárias podem parecer mais interessantes do que o estudo do manual de lições do sacerdócio. Sentar-se para descansar pode parecer mais agradável do que marcar visitas para os que precisam de nosso serviço no sacerdócio.

Quando me sinto pouco motivado a cumprir meus deveres do sacerdócio por causa de outros interesses e quando meu corpo suplica por um descanso, estas palavras me dão ânimo: “Lembre-se Dele”. O Senhor é nosso exemplo perfeito de diligência no serviço no sacerdócio. Ele é nosso capitão. Ele nos chamou. Vai adiante de nós. Ele nos escolheu para segui-Lo e para levar outros conosco.

Nesta noite, lembro-me Dele, e isso me anima o coração. Estamos na véspera do domingo de Páscoa, quando nos lembramos de Sua Ressurreição. Lembro-me do exemplo que Ele nos deu nos dias que a antecederam.

Devido ao amor que sentia pelo Pai e por nós, Ele Se permitiu sofrer além da capacidade do homem mortal. Ele nos contou um pouco a respeito do sacrifício infinito que foi exigido Dele. Recordam-se das palavras?

“Pois eis que eu, Deus, sofri essas coisas por todos, para que não precisem sofrer caso se arrependam;

Mas se não se arrependerem, terão que sofrer assim como eu sofri;

Sofrimento que fez com que eu, Deus, o mais grandioso de todos, tremesse de dor e sangrasse por todos os poros; e sofresse, tanto no corpo como no espírito — e desejasse não ter de beber a amarga taça e recuar —

Todavia, glória seja para o Pai; eu bebi e terminei meus preparativos para os filhos dos homens.”10

Da cruz do Calvário, o Salvador anunciou: “Está consumado”.11 Então Seu espírito deixou Seu corpo e Seus restos mortais foram carinhosamente colocados em um sepulcro. Ele nos ensinou uma lição, por meio do que fez durante três dias no mundo espiritual, antes de Sua Ressurreição, e da qual me lembro sempre que me sinto tentado a achar que terminei uma tarefa árdua a serviço Dele, e que mereço um descanso.

O exemplo do Salvador me dá coragem para prosseguir com firmeza. Seus labores na mortalidade haviam terminado, mas Ele foi para o mundo espiritual decidido a dar continuidade a Sua gloriosa obra de salvar almas. Organizou o trabalho dos espíritos fiéis para resgatar aqueles que ainda viriam a partilhar da misericórdia que se tornou possível graças a Seu sacrifício expiatório. Relembremos as palavras registradas na seção 138 de Doutrina e Convênios:

“Mas eis que, dentre os justos, organizou suas forças e designou mensageiros, revestidos de poder e autoridade, e comissionou-os para levar a luz do evangelho aos que estavam nas trevas, sim, a todos os espíritos dos homens; e assim foi o evangelho pregado aos mortos.

E os mensageiros escolhidos foram anunciar o dia aceitável do Senhor e proclamar liberdade aos cativos que estavam presos, sim, a todos os que se arrependessem de seus pecados e recebessem o evangelho”.12

Sempre que nos lembramos Dele, torna-se mais fácil resistir à tentação de querer descansar de nossos labores no sacerdócio. Precisamos lembrar-nos Dele hoje, e por isso estamos aqui para aprender nossos deveres, determinados a fazer o que nos comprometemos a fazer por convênio, com toda a diligência. E graças a Seu exemplo, vamos perseverar até o fim nas tarefas que Ele nos der nesta vida, e nos comprometer a fazer a vontade de Seu Pai para sempre, como Ele fez e faz.

Esta é a Igreja do Senhor. Ele nos chamou e confiou em nós, a despeito das fraquezas que Ele sabia que teríamos. Ele sabia das provações que iríamos enfrentar. Por meio de serviço fiel e por meio de Sua Expiação podemos aprender a querer o que Ele quer, e a ser o que precisamos ser, para abençoar as pessoas a quem servimos em nome Dele. Se O servirmos por tempo suficiente e com diligência, seremos mudados. Podemos tornar-nos cada vez mais semelhantes a Ele.

Vejo a prova desse milagre na vida de Seus servos. Vi isso há poucas semanas, na sala de estar de um fiel portador do sacerdócio.

Eu o conheci como diácono, como pai, como bispo e como membro da presidência de uma estaca. Observei por décadas sua diligência em servir aos filhos de Deus com seu sacerdócio.

A família estava reunida ao seu redor na sala de estar. Ele sorria, usando camisa branca, terno e gravata. Fiquei surpreso, porque tinha ido visitá-lo por terem-me informado que ele passava por um doloroso tratamento médico que ainda não o havia curado.

No entanto, ele me cumprimentou como deve ter feito com centenas de outros que o visitaram, ao longo de toda uma vida de serviço no sacerdócio: sorrindo. Eu tinha ido ajudá-lo nas provações que enfrentava, mas como frequentemente acontece no serviço no sacerdócio, fui ajudado e aprendi.

Sentamo-nos para uma conversa agradável. Ele me contou que seu pai havia cuidado de minha mãe quando ela estava prestes a morrer. Eu não sabia disso. Dei-me conta, então, de que ele havia aprendido desde menino, com seu pai, que era um diligente portador do sacerdócio, a prestar socorro. Esse pensamento me fez sentir grato pelas vezes em que eu levara meus filhos pequenos comigo nas visitas do sacerdócio para consolar e abençoar.

Após alguns minutos, ele perguntou serenamente: “Seria adequado se eu lhe pedisse uma bênção?” Seu antigo presidente de estaca, com quem ele havia servido por anos, ungiu-lhe a cabeça com óleo consagrado pelo poder do Sacerdócio de Melquisedeque.

Quando selei a bênção, o Espírito Santo mostrou-me pelo menos parte do que o Senhor já havia feito por aquele fiel portador do sacerdócio. Ele estava limpo: seus pecados tinham sido lavados. Sua natureza tinha sido mudada, de modo que Ele queria o que o Salvador queria. Não temia a morte. O desejo de seu coração era viver para prestar serviço a sua família e a outros filhos do Pai Celestial que precisavam dele.

Saí da casa dele, à noite, sentindo-me grato por haver testemunhado a bondade do Senhor para com Seus servos do sacerdócio que são infalivelmente diligentes. Ele muda o coração deles para que queiram o que Ele quer e ajam como Ele agiria.

Encerro agora com o seguinte conselho para os servos do Senhor no sacerdócio: ponderem profunda e diligentemente as escrituras e as palavras dos profetas vivos. Perseverem em oração para que o Espírito Santo lhes revele a natureza de Deus, o Pai, e de Seu Filho Amado. Supliquem para que o Espírito lhes mostre o que o Senhor deseja que façam. Planejem fazê-lo. Prometam-Lhe que obedecerão. Ajam com determinação até terem feito o que Ele pediu. E depois, orem para agradecer pela oportunidade de servir e para saber o que fazer em seguida.

Testifico-lhes que nosso Pai Celestial e Jesus Cristo vivem. Eles são Seres ressuscitados e glorificados que nos amam e zelam por nós. As chaves do sacerdócio foram restauradas por mensageiros celestes ao Profeta Joseph Smith e foram passadas numa linha ininterrupta até o Presidente Thomas S. Monson. Cada um dos Apóstolos vivos possui essas chaves.

Deixo com vocês minha bênção para que possam vir a sentir, pelo Espírito, a magnitude da confiança e das promessas que receberam como servos ordenados ao sacerdócio na verdadeira Igreja do Senhor. No sagrado nome de Jesus Cristo. Amém.

  1. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young, 1997, p. 128.

  2. Ensinamentos: Brigham Young, p. 128.

  3. Cumprir Meu Dever para com Deus: Para Portadores do Sacerdócio Aarônico (livreto, 2010), p. 5.

  4. Mateus 3:14.

  5. Ver Doutrina e Convênios 13.

  6. Ver 3 Néfi 20:3–9.

  7. Doutrina e Convênios 107:3; ver também Alma 13:1–9.

  8. Doutrina e Convênios 84:33–38.

  9. Doutrina e Convênios 107:99–100.

  10. Doutrina e Convênios 19:16–19.

  11. João 19:30.

  12. Doutrina e Convênios 138:30–31.