2010–2019
Lembrem-se de Quem São!
Abril 2010


Lembrem-se de Quem São!

Não há visão mais bela do que uma moça que brilha com a luz do Espírito, que é confiante e corajosa porque é virtuosa.

Somos filhas de nosso Pai Celestial. Ele nos ama, e nós O amamos.1 Sinto-me humilde e grata por estar na presença de vocês. O Senhor me abençoou com uma compreensão muito clara de quem vocês são e do motivo por que estão aqui na Terra, nesta época. O Senhor as ama, e sei que vocês O amam. Isso é visível em seu semblante, em seu recato, em seu desejo de escolher o certo e em seu compromisso de permanecer virtuosas e puras.

Juntas, compartilhamos muitos momentos espirituais especiais. Prestamos testemunho nos acampamentos ao redor da fogueira, nas capelas e nos serões. Fomos aquecidas pela chama de nossa fé. Subimos montanhas e desfraldamos estandartes dourados — desde o Brasil até Bountiful — que significavam o compromisso que temos gravado no coração de permanecer virtuosas e de ser sempre dignas de entrar no templo. Oramos, lemos o Livro de Mórmon e sorrimos todos os dias, e estamos trabalhando com nossas mães, avós e líderes em nosso Progresso Pessoal. E isso é apenas o começo!

Esta é uma época magnífica para viver na Terra e ser uma moça. Nossa visão ainda é a mesma. É a de sermos dignas de fazer e cumprir convênios sagrados e de receber as ordenanças do templo. Essa é nossa meta sublime. Por isso vamos continuar a liderar o mundo num retorno à virtude — um retorno à castidade e à pureza moral. Vamos continuar a fazer tudo o que pudermos para ajudar-nos mutuamente a “[permanecer] em lugares santos”2 e a receber e reconhecer o Espírito Santo e a confiar Nele.

Continuaremos a falar de Cristo, regozijar-nos em Cristo, para que todas saibamos em que fonte buscar a remissão de nossos pecados.3 E, sim, continuaremos a permanecer firmes, não importa quão grandes tempestades nos açoitem, porque sabemos e testificamos que “é sobre a rocha de nosso Redentor, que é Cristo, o Filho de Deus, que [devemos] construir os [nossos] alicerces (…) um alicerce seguro [sobre o qual edificaremos para não cair]”.4

O conselho do Senhor a Josué é o mesmo para vocês hoje, “jovens de nobre estirpe”5: “Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares”.6 Vocês não estão sozinhas! Ainda que sejam a única pessoa membro da Igreja em sua escola ou em seu grupo de amigos, ou mesmo em sua família, vocês não estão sozinhas. Vocês podem confiar na força do Senhor. Como Josué disse aos israelitas: “Santificai-vos, porque amanhã fará o Senhor maravilhas no meio de vós”.7 Essa foi a conclamação de Josué para um retorno à virtude, e o mesmo é solicitado a nós hoje em dia. Simplesmente não podemos realizar o trabalho que foi reservado e preparado para nós, a menos que tenhamos acesso à força e à confiança que advêm de uma vida virtuosa.

Vocês são moças de grande fé. Trouxeram essa fé consigo quando vieram para a Terra. Alma nos ensina que, na esfera pré-mortal, vocês manifestaram “grande fé e (…) boas obras”.8 Lutaram com fé e testemunho para defender o plano apresentado por Deus. Sabiam que o plano era bom e sabiam que o Salvador iria fazer o que Ele disse que faria, porque vocês O conheciam! Ficaram ao lado Dele e ansiaram por esta oportunidade de vir à Terra. Sabiam o que seria exigido de vocês. Sabiam que seria difícil, mas tinham confiança de que não apenas cumpririam sua missão divina, mas também poderiam fazer uma grande diferença neste mundo. Vocês são “espíritos preciosos que foram reservados para nascer na plenitude dos tempos a fim de participar no estabelecimento dos alicerces da grande obra dos últimos dias, incluindo a construção de templos e a realização, neles, de ordenanças (…)”.9

E agora vocês estão aqui para fazer aquilo para o qual foram reservadas e preparadas. Ao olhar para vocês hoje, pergunto-me se não seria essa a aparência das namoradas dos jovens guerreiros de Helamã! Não admira que Satanás tenha aumentado a intensidade de seus ataques contra sua identidade e virtude. Se ele conseguir fazer com que vocês fiquem desalentadas, desanimadas, distraídas, impedidas ou desqualificadas para receber a orientação do Espírito Santo ou para entrar no templo sagrado do Senhor, ele vence.

Moças da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, lembrem-se de quem são! Vocês são eleitas! São filhas de Deus! Vocês não podem ser uma geração de moças que se contenta em fazer parte da turma. Precisam ter a coragem de sobressair-se e de erguer-se e brilhar, “para que vossa luz seja um estandarte para as nações”.10 O mundo quer que vocês acreditem que não são importantes — que estão ultrapassadas ou alienadas. O mundo as incentiva de modo insistente e espalhafatoso a “viver a vida”, “tentar de tudo”, “experimentar e ser feliz”. Por outro lado, o Espírito Santo sussurra e o Senhor as convida a “[andar] nos caminhos da virtude (…) deixar as coisas deste mundo (…) e [apegar-se] aos [seus] convênios”.11

Sempre gostei muito da história do filho do rei Luis XVI da França porque ele tinha uma consciência inabalável de sua identidade. Quando jovem, foi raptado por homens maus que haviam destronado seu pai, o rei. Aqueles homens sabiam que se conseguissem destruí-lo moralmente, ele deixaria de ser herdeiro do trono. Durante seis meses, expuseram-no a todos os vícios que a vida tinha a oferecer, mas ele nunca cedeu à pressão. Isso deixou seus captores intrigados, e depois de fazerem tudo o que puderam imaginar, perguntaram-lhe o motivo de tamanha força moral. Sua resposta foi simples. Ele disse: “Não posso fazer o que me pedem, porque nasci para ser rei”.12

Tal como o filho do rei, cada uma de vocês herdou um legado real. Cada uma de vocês tem uma herança divina. “Vocês são literalmente as filhas reais de nosso Pai Celestial”.13 Cada uma de vocês nasceu para ser rainha.

Quando eu frequentava a Universidade Brigham Young, aprendi o que realmente significa ser rainha. Foi-me dada a oportunidade especial, juntamente com um pequeno grupo de alunas, de conhecer o profeta, o Presidente David O. McKay. Disseram-me que vestisse minha melhor roupa e estivesse pronta para viajar bem cedo pela manhã até Huntsville, Utah, onde o profeta morava. Jamais me esquecerei da experiência que tive. Assim que entramos na casa, senti o espírito que estava fortemente presente ali. Sentamo-nos ao redor do profeta em sua sala de estar. O Presidente McKay vestia um paletó branco e a seu lado sentava-se sua esposa. Ele pediu que cada uma de nós se apresentasse e contasse um pouco a respeito de si. Quando chegou minha vez, ele estendeu a mão e segurou a minha; e, enquanto eu lhe contava algo sobre minha vida e minha família, fitou-me profundamente nos olhos.

Depois que terminamos, ele se reclinou na poltrona e estendeu a mão para a esposa e disse: “Agora, minhas jovens, quero que conheçam a minha rainha”. Ali sentada a seu lado estava sua esposa, Emma Ray McKay. Embora não usasse uma coroa de brilhantes nem estivesse num trono, eu sabia que ela era uma verdadeira rainha. Seu cabelo branco era sua coroa e seus olhos puros reluziam como joias. Enquanto o Presidente e a irmã McKay falavam de sua família e de sua vida juntos, suas mãos entrelaçadas expressavam muito a respeito de seu amor. O rosto deles irradiava alegria. Sua beleza não podia ser adquirida por preço algum. Era resultado de anos de busca dos melhores dons, de boa educação, de conhecimento pelo estudo e também pela fé. Era fruto de ter trabalhado arduamente por muitos anos, suportando com fé as provações, com otimismo, confiança, força e coragem. Vinha de sua inabalável devoção e fidelidade ao marido, à família e ao Senhor.

Naquele dia de outono em Huntsville, Utah, minha identidade divina foi-me lembrada e aprendi o que hoje chamo de “beleza profunda”, o tipo de beleza que brilha de dentro para fora. É um tipo de beleza que não pode ser retratado em uma pintura nem criado cirurgicamente ou adquirido. É o tipo de beleza que não é removido. É uma beleza espiritual. A beleza profunda emana da virtude. É a beleza de ser casta e moralmente limpa. É o tipo de beleza que vemos nos olhos de mulheres virtuosas como a mãe e a avó de vocês. É uma beleza que é conquistada pela fé, pelo arrependimento e cumprimento dos convênios.

O mundo coloca excessiva ênfase na beleza física e faz com que vocês acreditem que devem parecer como o ilusório modelo de uma capa de revista. O Senhor quer dizer-lhes que cada uma de vocês tem uma beleza própria. Se forem virtuosas, castas e moralmente limpas, sua beleza interna brilhará em seus olhos e em seu rosto. Meu avô costumava dizer: “Se vives próxima de Deus e de Sua infinita graça, não é preciso me dizer, porque teu rosto revela”.14 Se forem dignas da companhia do Espírito Santo, terão confiança e sua beleza interna brilhará intensamente. Portanto, “que a virtude adorne teus pensamentos incessantemente; então tua confiança se fortalecerá na presença de Deus; e (…) o Espírito Santo será teu companheiro constante”.15

Fomos ensinadas que “o dom do Espírito Santo (…) vivifica todas as faculdades intelectuais, aumenta, amplia, expande e purifica todas as paixões e afetos naturais (…) e inspira a virtude, a bondade, a gentileza, a ternura, a docilidade e a caridade. Ele desenvolve a beleza da pessoa, tanto na forma quanto nas características”.16 Esse sim, é o grande segredo da beleza! Essa é a beleza que vi na casa de um profeta. Naquele dia, aprendi que a beleza que vi na irmã McKay era o tipo de beleza que realmente importa e o único que permanece.

Alma faz uma pergunta pungente para cada uma de nós ponderar: “Haveis recebido sua imagem em vosso semblante?” 17

Recentemente, um grupo de moças visitou meu escritório. No final da visita, uma moça me confidenciou entre lágrimas: “Nunca me achei bonita. Sempre senti que era muito sem graça; mas hoje, ao passar pelo espelho de seu escritório e dar uma olhada, vi que era linda!” Ela era linda porque o rosto dela brilhava com o Espírito. Ela se viu como nosso Pai Celestial a vê. Ela havia recebido Sua imagem em seu semblante. Essa é a “beleza profunda”.

Moças, olhem-se no espelho da eternidade. Lembrem-se de quem vocês são. Vejam-se como nosso Pai Celestial as vê. Vocês são eleitas. São de nobre estirpe. Não comprometam sua herança divina. Vocês nasceram para ser rainhas. Vivam de maneira a serem dignas de entrar no templo e lá receber “tudo o que [o] Pai possui”.18 Desenvolvam a beleza profunda. Não há visão mais bela do que uma moça que brilha com a luz do Espírito, que é confiante e corajosa porque é virtuosa.

Lembrem-se: vocês são filhas de nosso Pai Celestial. Ele as ama tanto que enviou Seu Filho para mostrar-lhes o caminho que devem trilhar para que voltem à presença Dele um dia. Testifico que, ao se achegarem ao Salvador, Sua infinita Expiação lhes possibilitará arrepender-se, mudar, ser puras e receber Sua imagem em seu semblante. A Expiação lhes possibilitará ser fortes e corajosas ao erguerem seu estandarte da virtude. Vocês são de ouro! Vocês são esse estandarte!

Encerrarei o discurso com as palavras do Senhor a cada uma de Suas filhas preciosas: “Eis que (…) és uma mulher eleita, a quem chamei.”19 “[Anda] nos caminhos da virtude (…) [deixa] as coisas [do] mundo. (…) Apega-te aos convênios que fizeste. (…) Guarda meus mandamentos continuamente e receberás uma coroa de retidão”.20 Disso presto testemunho, no sagrado nome de nosso Salvador Jesus Cristo. Amém.

  1. Ver “Tema das Moças”, Progresso Pessoal, livreto, 2009, p. 3.

  2. Doutrina e Convênios 87:8.

  3. Ver 2 Néfi 25:26.

  4. Helamã 5:12.

  5. “Constantes Qual Firmes Montanhas”, Hinos, no 184.

  6. Josué 1:9.

  7. Josué 3:5; ver também Guia para Estudo das Escrituras, “Santificação”; em inglês: scriptures.lds.org.

  8. Alma 13:3.

  9. Doutrina e Convênios 138:53–54.

  10. Doutrina e Convênios 115:5.

  11. Doutrina e Convênios 25:2, 10, 13.

  12. Ver Vaughn J. Featherstone, “The King’s Son”, New Era, novembro de 1975, p. 35.

  13. Ezra Taft Benson, “To the Young Women of the Church”, Ensign, novembro de 1986, p. 85.

  14. Autor desconhecido; ver Elaine S. Dalton, “Teu Rosto Revela”, A Liahona, maio de 2006, p. 109.

  15. Doutrina e Convênios 121:45–46.

  16. Parley P. Pratt, Key to the Science of Theology, 10a ed., 1965, p. 101; grifo do autor.

  17. Alma 5:14.

  18. Doutrina e Convênios 84:38.

  19. Doutrina e Convênios 25:3.

  20. Doutrina e Convênios 25:2, 10, 13, 15.