2010–2019
A Ressurreição de Jesus Cristo
Abril 2014


A Ressurreição de Jesus Cristo

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Élder D. Todd Christofferson

Jesus de Nazaré é o Redentor ressuscitado, e presto testemunho de todas as coisas que decorrem do fato de Sua Ressurreição.

Um esmagador sentimento de derrota e desespero envolveu os discípulos quando Jesus sofreu e morreu na cruz e Seu corpo foi colocado sem vida no sepulcro. Apesar de tudo o que o Salvador havia repetidamente ensinado a respeito de Sua morte e de Sua subsequente Ressurreição, eles não tinham compreendido. A sombria tarde de Sua crucificação, porém, logo foi seguida da regozijante manhã de Sua Ressurreição. Mas essa alegria somente veio quando os discípulos se tornaram testemunhas oculares da Ressurreição, pois até a declaração de anjos de que Ele havia ressuscitado foi, a princípio, incompreensível — era algo totalmente sem precedentes.

Maria Madalena e algumas outras mulheres fiéis chegaram cedo ao sepulcro do Salvador naquela manhã de domingo, levando especiarias e unguentos para completar a unção iniciada quando o corpo do Senhor foi apressadamente colocado no sepulcro antes do sábado que se aproximava. Naquela manhã das manhãs, elas encontraram o sepulcro aberto — a pedra que o fechava havia sido removida — e dois anjos que declararam:

“Por que buscais o vivente entre os mortos?

Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galileia,

Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite”.1

“Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia.

Ide pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dentre os mortos.”2

Conforme os anjos lhe instruíram, Maria Madalena olhou para dentro do sepulcro, mas aparentemente tudo o que registrou na mente foi que o corpo do Senhor havia desaparecido. Ela correu para contar aos apóstolos e, encontrando Pedro e João, disse a eles: “Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram”.3 Pedro e João correram até o local e confirmaram realmente que o sepulcro estava vazio, vendo “no chão os lençóis, (…) e que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça (…) estava (…) enrolado num lugar à parte”.4 João aparentemente foi o primeiro a compreender a magnífica mensagem da Ressurreição. Ele escreveu que “viu, e creu”, ao passo que os outros até aquele momento “ainda não sabiam a Escritura, que era necessário que [Jesus] ressuscitasse dentre os mortos”.5

Pedro e João partiram, mas Maria permaneceu ali chorando. Nesse ínterim, os anjos retornaram e perguntaram ternamente: “Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram”.6 Naquele momento, o Salvador ressuscitado, que estava de pé atrás dela, falou, dizendo: “Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei”.7

O Élder James E. Talmage escreveu: “Era Jesus a quem ela falava, seu amado Senhor, embora ela não o soubesse. Uma palavra de Seus lábios redivivos transformou-lhe a agoniante tristeza em júbilo estático. ‘Disse-lhe Jesus: Maria!’ A voz, o tom, o terno acento que ela havia ouvido e amado nos dias primeiros, ergueram-na das desesperadoras profundezas em que havia mergulhado. Voltou-se, e viu o Senhor. Num êxtase de júbilo, estendeu os braços para O abraçar, dizendo somente a palavra carinhosa de adoração, ‘Raboni’, significando: meu Amado Mestre”.8

Assim, aquela mulher abençoada se tornou o primeiro ser mortal a ver e a falar com o Cristo ressuscitado. Mais tarde, naquele mesmo dia, Ele apareceu a Pedro, em Jerusalém ou arredores;9 a dois discípulos na estrada de Emaús;10 e à noite, a dez dos apóstolos e a outras pessoas, aparecendo de repente no meio deles, dizendo: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho”.11 Depois, para convencê-los ainda mais, “não o crendo eles ainda por causa da alegria, e estando maravilhados”,12 Ele comeu peixe e um favo de mel diante deles.13 Mais tarde, Ele os instruiu: “Ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra”.14

Além dessas testemunhas confirmadas em Jerusalém, temos o incomparável ministério do Senhor ressuscitado aos antigos habitantes do Hemisfério Ocidental. Na terra de Abundância, Ele desceu do céu e convidou a multidão reunida, cerca de 2.500 pessoas, a achegar-se, um por um, até que todos tivessem colocado a mão em Seu lado e sentido as marcas dos cravos em Suas mãos e em Seus pés.15

“E depois de se terem todos aproximado e verificado por si mesmos, clamaram a uma só voz, dizendo:

Hosana! Bendito seja o nome do Deus Altíssimo! E lançaram-se aos pés de Jesus e adoraram-no.”16

A Ressurreição de Cristo mostra que Sua existência era independente e eterna. “Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo.”17 Jesus disse:

“Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la.

Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la”.18

O Salvador não depende de alimento, ou de água, ou de oxigênio, ou de qualquer outra substância, poder ou pessoa para viver. Tanto como Jeová quanto como o Messias, Ele é o grande Eu Sou, o Deus que existe por Si mesmo.19 Ele simplesmente é, e sempre será.

Por meio de Sua Expiação e Ressurreição, Jesus Cristo venceu todos os aspectos da Queda. A morte física será temporária, e até a morte espiritual terá fim, no sentido de que todos voltaremos à presença de Deus, ao menos temporariamente, para sermos julgados. Podemos ter confiança em Seu poder de vencer todas as outras coisas e de conceder-nos a vida eterna.

“Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem.

Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.”20

Nas palavras do Élder Neal A. Maxwell: “A vitória de Cristo sobre a morte deu fim ao dilema humano. Agora há somente dilemas pessoais, e deles também podemos ser resgatados, seguindo os ensinamentos Daquele que nos resgatou da extinção geral”.21

Tendo satisfeito as demandas da justiça, Cristo tomou o lugar da justiça, ou podemos dizer que Ele é a justiça assim como Ele é o amor.22 Da mesma forma, além de ser um Deus perfeitamente justo, Ele é um Deus perfeitamente misericordioso.23 Assim, o Salvador endireitará todas as coisas. Nenhuma injustiça cometida na mortalidade será permanente, nem mesmo a morte, porque Ele restaura a vida novamente. Nenhuma injúria, deficiência, traição ou abuso deixará de receber no final a sua recompensa, graças a Sua sublime justiça e misericórdia.

Da mesma forma, todos seremos responsáveis perante Ele por nossa vida, nossas escolhas e nossas ações e até nossos pensamentos. Por Ele ter-nos redimido da Queda, nossa vida é realmente Sua. Ele declarou:

“Eis que vos dei o meu evangelho e este é o evangelho que vos dei — que vim ao mundo para fazer a vontade de meu Pai, porque meu Pai me enviou.

E meu Pai enviou-me para que eu fosse levantado na cruz; e depois que eu fosse levantado na cruz, pudesse atrair a mim todos os homens, a fim de que, assim como fui levantado pelos homens, assim sejam os homens levantados pelo Pai, para comparecerem perante mim a fim de serem julgados por suas obras”.24

Pensem na importância da Ressurreição para resolver de uma vez por todas a questão da verdadeira identidade de Jesus de Nazaré e as grandes contendas e os questionamentos filosóficos da vida. Se Jesus literalmente ressuscitou, disso decorre necessariamente que Ele é um Ser divino. Nenhum mero mortal tem o poder em si mesmo de voltar à vida depois de morrer. Por Ele ter ressuscitado, Jesus não pode ter sido apenas um carpinteiro, um mestre, um rabino ou um profeta. Por Ele ter ressuscitado, Jesus tinha que ser um Deus, sim, o Filho Unigênito do Pai.

Portanto, o que Ele ensinou é verdade; Deus não pode mentir.25

Portanto, Ele foi o Criador da Terra, como Ele disse.26

Portanto, o céu e o inferno são reais, como Ele ensinou.27

Portanto, há um mundo de espíritos que Ele visitou após Sua morte.28

Portanto, Ele voltará, como os anjos disseram29 e reinará pessoalmente na Terra.30

Portanto, haverá uma ressurreição e um julgamento final para todos.31

Tendo em vista a realidade da Ressurreição de Cristo, as dúvidas sobre a onipotência, a onisciência e a benevolência de Deus, o Pai — que deu Seu Filho Unigênito para redimir o mundo — não têm fundamento. As dúvidas sobre o significado e o propósito da vida são infundadas. Jesus Cristo é de fato o único nome ou caminho pelo qual a salvação pode vir à humanidade. A graça de Cristo é real, concedendo perdão e purificação ao pecador arrependido. A fé realmente é mais do que imaginação ou invenção psicológica. Há uma verdade sublime e universal, e há objetivo e padrões morais imutáveis, conforme Ele ensinou.

Devido à realidade da Ressurreição de Cristo, o arrependimento de qualquer violação de Sua lei ou de Seus mandamentos tanto é possível como é premente. Os milagres do Salvador foram reais, tal como é real a promessa que fez a Seus discípulos de que eles poderiam fazer o mesmo, e até obras maiores.32 Seu sacerdócio é obrigatoriamente um poder real que “administra o evangelho e contém a chave dos mistérios do reino, sim, a chave do conhecimento de Deus. Portanto em suas ordenanças manifesta-se o poder da divindade”.33 Tendo em vista a realidade da Ressurreição de Cristo, a morte não é nosso fim; e, embora “os vermes destruam [nosso] corpo, em [nossa] carne [veremos] a Deus”.34

O Presidente Thomas S. Monson contou a respeito de um certo Robert Blatchford, que há cem anos “em seu livro God and My Neighbor atacou ferrenhamente crenças cristãs amplamente difundidas, como Deus, Cristo, a oração e a imortalidade. Com arrogância, declarou: ‘Afirmo ter provado tudo a que me propus provar, de maneira tão cabal e conclusiva que nenhum cristão, por mais sábio ou hábil que seja, é capaz de refutar meus argumentos ou pôr em xeque minhas ideias’. Ele se fechou num muro de ceticismo. Então, aconteceu algo surpreendente. Esse muro subitamente desmoronou. (…) Lentamente, começou a retomar o caminho da fé que tanto desdenhara e ridicularizara. O que provocou essa profunda mudança de perspectiva? A morte da esposa. Com o coração partido, ele entrou na sala onde estava o corpo dela. Olhou mais uma vez para o rosto daquela a quem tanto amava. Ao sair, comentou com um amigo: ‘É ela, mas ao mesmo tempo não é. Tudo mudou. Algo que existia antes foi retirado. Ela não é a mesma. O que pode ter ido embora senão a sua alma?’”35

O Senhor realmente morreu e ressuscitou? Sim. “Os princípios fundamentais de nossa religião são o testemunho dos Apóstolos e Profetas a respeito de Jesus Cristo, que Ele morreu, foi sepultado, ressuscitou no terceiro dia e ascendeu ao céu; todas as outras coisas de nossa religião são meros apêndices disso.”36

Quando se aproximava o nascimento profetizado de Jesus, havia pessoas entre os antigos nefitas e lamanitas que acreditavam, embora a maioria duvidasse. No devido tempo, o sinal de Seu nascimento chegou — um dia e uma noite e um dia sem escuridão — e todos souberam.37 O mesmo acontece hoje, alguns acreditam na Ressurreição literal de Cristo, mas muitos duvidam ou deixam de crer. Mas alguns sabem. No devido tempo, todos verão e todos conhecerão. De fato, “todo joelho se dobrará e toda língua confessará diante dele”.38

Até então, creio nas muitas testemunhas da Ressurreição do Salvador, cujas experiências pessoais e testemunho se encontram no Novo Testamento: Pedro e seus companheiros dos Doze e a querida e pura Maria Madalena, entre outros. Creio nos testemunhos encontrados no Livro de Mórmon — de Néfi, o apóstolo, com a multidão sem nome, na terra de Abundância, entre outros. E creio no testemunho de Joseph Smith e de Sidney Rigdon que, após muitos outros testemunhos, proclamaram o maior testemunho desta última dispensação: “Que ele vive! Porque o vimos”.39 Sob a vista de Seus olhos que tudo veem, ergo-me como testemunha de que Jesus de Nazaré é o Redentor ressuscitado e presto testemunho de todas as coisas que decorrem do fato de Sua Ressurreição. Que vocês recebam a convicção e o consolo desse mesmo testemunho, é minha oração, em nome de Jesus Cristo. Amém.