“Se Vós Me Conhecêsseis a Mim”

Exercer fé em Jesus Cristo significa confiar nos méritos, na misericórdia e na graça Dele.⁷ Começamos a vir a conhecer o Salvador quando despertamos nossas faculdades espirituais e colocamos à prova os Seus ensinamentos, mesmo até conseguirmos abrir espaço em nossa alma para uma porção de Suas palavras.⁸ Ao expandirmos nossa fé no Salvador, confiamos Nele e temos confiança em Seu poder para nos redimir, nos curar e nos fortalecer.

A verdadeira fé centraliza-se no Senhor e sempre leva à ação justa. “A fé em Cristo [é] o primeiro princípio da religião revelada, (…) o alicerce de toda retidão (…) e o princípio de ação existente em todos os seres inteligentes.”⁹ Visto que agir em concordância com os princípios corretos que o Redentor proclamou é central para receber e exercer a verdadeira fé, “a fé sem as obras é morta”.¹⁰ Precisamos ser “cumpridores da palavra, e não somente ouvintes”.¹¹

Ouvir a palavra de Deus e receber o dom espiritual da fé no Salvador estão intimamente ligados, sendo que “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Deus”.¹² Nós nos familiarizamos com Ele e com Sua voz ao estudarmos e nos banquetearmos com a Sua palavra nas escrituras,¹³ orarmos ao Pai em Seu nome com real intenção¹⁴ e buscarmos a companhia constante do Espírito Santo.¹⁵ Aprender e aplicar a Doutrina de Cristo em nossa vida é um pré-requisito para receber o dom da fé Nele.¹⁶

Exercer fé no Senhor é uma preparação necessária para segui-Lo.

“E Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores.

E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.

Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no.”¹⁷

Pedro e André são fortes exemplos de ouvir e seguir o Mestre.

Da mesma forma, o Salvador instrui a mim e a vocês: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me”.¹⁸ Tomar sobre si sua cruz é negar-se a toda impiedade e a toda concupiscência mundana e guardar os mandamentos do Senhor.¹⁹

O Salvador nos admoestou a nos tornarmos como Ele é.²⁰ Assim, seguir o Senhor significa imitá-Lo. Continuamos vindo a conhecer o Senhor ao nos esforçarmos para tornar-nos como Ele é por meio de Sua Expiação.

Em Seu ministério mortal, Jesus indicou o caminho, conduziu-nos no caminho e deu o exemplo perfeito. “Uma percepção correta de Seus atributos, de Suas perfeições e de Seu caráter”²¹ nos dá um propósito duradouro e uma clara direção ao segui-Lo no caminho do discipulado diligente.

Seguir o Salvador também nos permite receber “um conhecimento real de que o curso da vida que estamos buscando”²² está de acordo com a vontade de Deus. Tal conhecimento não é um mistério indecifrável e não é primariamente centrado em nossas atividades temporais ou preocupações mortais comuns. Em vez disso, o progresso constante e contínuo no caminho do convênio é o curso da vida que Lhe é agradável.

O sonho de Leí, no Livro de Mórmon, identifica especificamente o caminho que devemos seguir, os desafios que vamos encontrar e os recursos espirituais disponíveis para ajudar-nos a seguir o Salvador e a achegar-nos a Ele. Prosseguir no caminho estreito e apertado é o que Ele deseja que façamos. Provar do fruto da árvore e tornar-nos profundamente “convertidos ao Senhor”²³ é a bênção que Ele anseia que recebamos. Portanto, Ele nos chama: “Vem, segue-me”.²⁴

Exercer fé em Jesus Cristo e segui-Lo são preparações necessárias para servir a Ele.

“Pois como conhece um homem o mestre a quem não serviu e que lhe é estranho e que está longe dos pensamentos e desígnios de seu coração?”²⁵

Passamos a conhecer o Senhor mais plenamente ao servi-Lo e ao trabalhar em Seu reino. Assim, Ele nos abençoa generosamente com ajuda celeste, dons espirituais e maior capacidade. Nunca somos deixados sozinhos ao trabalharmos em Sua vinha.

Ele declarou: “Irei adiante de vós. Estarei à vossa direita e à vossa esquerda e meu Espírito estará em vosso coração e meus anjos ao vosso redor para vos suster”.²⁶

Passamos a conhecer o Salvador ao fazermos o nosso melhor para ir onde Ele quer que vamos, ao esforçar-nos para dizer o que Ele quer que digamos e ao tornar-nos o que Ele quer que nos tornemos.²⁷ Ao reconhecermos humildemente nossa total dependência Dele, Ele aumenta nossa capacidade de servir com crescente eficiência. Gradualmente, nossos desejos se alinham mais completamente com Seus desejos, e Seu propósito torna-se o nosso propósito tanto que “nada [pediríamos] que [fosse] contrário à [Sua] vontade”.²⁸

Servir a Ele requer todo o nosso coração, poder, mente e força.²⁹ Consequentemente, servir aos outros abnegadamente neutraliza as tendências egocêntricas e egoístas do homem natural. Passamos a amar aqueles a quem servimos. E porque servir ao próximo é servir a Deus, começamos a amar nossos irmãos e nosso Salvador mais profundamente. Tal amor é a manifestação espiritual do dom da caridade, sim, o puro amor de Cristo.³⁰

“Rogai ao Pai, com toda a energia de vosso coração, que sejais cheios desse amor que ele concedeu a todos os que são verdadeiros seguidores de seu Filho, Jesus Cristo; que vos torneis os filhos de Deus; que quando ele aparecer, sejamos como ele, porque o veremos como ele é; que tenhamos esta esperança; que sejamos purificados, como ele é puro.”³¹

Passamos a conhecer o Senhor quando estamos cheios de Seu amor.

É possível exercer fé Nele, segui-Lo, servir a Ele e não crer Nele?

Conheço membros da Igreja que aceitam a doutrina e os princípios contidos nas escrituras como verdadeiros e proclamam isso no púlpito. No entanto, eles têm dificuldade em acreditar que essas verdades do evangelho se aplicam especificamente a sua vida e a suas circunstâncias. Eles aparentemente têm fé no Salvador, mas não acreditam que as bênçãos que Ele prometeu estão disponíveis para eles ou podem acontecer em sua vida. Também encontro irmãos e irmãs que são diligentes em cumprir seu chamado, porém o evangelho restaurado ainda não se tornou uma realidade viva e transformadora em sua vida. Passamos a conhecer o Senhor quando não somente acreditamos Nele, mas acreditamos Nele e também em Suas promessas.

No Novo Testamento, um pai pediu ao Salvador que curasse seu filho. Jesus respondeu:

“Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê.

E logo o pai do menino, clamando com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor! ajuda a minha incredulidade”.³²

Tenho refletido muitas vezes sobre o pedido desse pai: “Ajuda a minha incredulidade”. Imagino se a intenção do pedido do homem não era a de principalmente ajudá-lo a crer em Jesus como nosso Salvador e em Seu poder de cura. Talvez ele já tivesse reconhecido Cristo como o Filho de Deus, mas talvez precisasse de ajuda para acreditar que o poder de cura do Mestre, de fato poderia ser tão individual e tão pessoal a ponto de abençoar seu próprio filho amado. Talvez ele tenha acreditado em Cristo de modo geral, mas não específica e pessoalmente.

Frequentemente testificamos aquilo que sabemos ser verdadeiro, mas a questão mais relevante para cada um de nós pode ser acreditar naquilo que sabemos.

Ordenanças sagradas feitas pela devida autoridade do sacerdócio são essenciais para acreditar no Salvador, para vir a conhecê-Lo e para, finalmente, acreditar no que sabemos.

“E [o] sacerdócio [de Melquisedeque] administra o evangelho e contém a chave dos mistérios do reino, sim, a chave do conhecimento de Deus.

Portanto, em suas ordenanças manifesta-se o poder da divindade.”³³

Cremos no Senhor e passamos a conhecê-Lo quando a chave do conhecimento de Deus administrada por meio do Sacerdócio de Melquisedeque abre a porta e torna possível para cada um de nós receber o poder da divindade em nossa vida. Cremos no Salvador e passamos a conhecê-Lo quando O seguimos, recebendo e honrando ordenanças sagradas, e quando recebemos cada vez mais Sua imagem em nosso semblante.³⁴ Cremos em Cristo e passamos a conhecê-Lo quando vivenciamos pessoalmente o poder de Sua Expiação — poder esse que transforma, que cura, que fortalece e que santifica. Cremos no Mestre e passamos a conhecê-Lo quando “o poder de Sua palavra [se enraíza] em nós”³⁵ e fica escrito em nossa mente e nosso coração,³⁶ e quando “[abandonamos] todos os [nossos] pecados para conhecer [o Salvador]”.³⁷

Crer Nele é confiar que suas inumeráveis bênçãos estão disponíveis e são aplicáveis em nossa vida individual e familiar. Crer Nele com toda a nossa alma³⁸ acontece quando prosseguimos no caminho do convênio, submetemos nossa vontade à Dele e nos submetemos às prioridades e ao tempo que Ele determina para nós. Crer Nele — aceitar como verdadeiros o Seu poder e as Suas promessas — traz perspectiva, paz e alegria à nossa vida.