2002
O Homem dos Meus Sonhos
Fevereiro de 2002


O Homem dos Meus Sonhos

Ele era perfeito, exceto por suas atitudes e maus hábitos. Eu sabia que poderia modificá-lo, se ele me desse uma chance.

Steve era alto, bonito, 17 anos e cursava o último ano do ensino médio. Eu era dois anos mais nova e achava que estava loucamente apaixonada por ele. Steve também gostava de mim, e eu achava isso maravilhoso. Não namoramos porque eu não tinha idade suficiente; também não freqüentávamos a mesma escola. Mas ele me ligava sempre e nos encontrávamos nos bailes da estaca duas vezes por mês. Eu imaginava um romance que duraria para sempre.

Steve não era muito assíduo na Igreja, mas eu tinha certeza de que poderia ajudá-lo a mudar. Orei para que o Pai Celestial me inspirasse, mostrando-me como ajudar Steve a tornar-se ativo na Igreja. Mas o que eu mais pedia a Deus era que as coisas dessem certo entre nós.

Eu o imaginava servindo como missionário enquanto eu terminava o segundo grau; sonhava que escreveria regularmente a ele e tudo seria tão romântico. Imaginava o dia de sua volta, surpreendendo-me com flores. Estaríamos tão apaixonados! Ele estaria pronto para ingressar na faculdade e ter sucesso na vida. Casaríamos no templo. A vida seria um êxtase. Eu desejava isso mais do que qualquer outra coisa no mundo.

Depois de três meses vivendo essa fantasia romântica, Steve apareceu num baile cheirando a bebida. Isso não tinha nada a ver com o meu sonho. Ele disse que eu não o entendia. Os telefonemas cessaram.

Tudo o que pude fazer foi chorar e orar. Fiz muito tanto de uma coisa como de outra. Orei durante meses para que o Pai Celestial inspirasse Steve a dar-me outra chance. Serei mais tolerante, pensei. Serei mais compreensiva. Com a minha ajuda, ele vai mudar.

Ninguém é perfeito, disse eu a mim mesma. Ele só precisa de mais tempo para amadurecer. Em minhas orações, eu implorava e exigia. Não me esforcei para ouvir o Espírito e entender a vontade do Pai Celestial.

Felizmente, Steve nunca mais mostrou interesse por mim novamente. Algum tempo depois, quando ainda estava cursando o segundo grau, ouvi dizer que a namorada de Steve estava grávida. Eles se casaram, mas estão divorciados hoje. Lamento muito por ele, mas sou grata por minhas orações, aos 15 anos, não terem sido respondidas do jeito que eu gostaria. Sou grata por minha vida ter tomado o rumo que tomou — sem ele.

Mais tarde, servi como missionária e formei-me na faculdade. Casei-me no templo com um ex-missionário cem vezes mais maravilhoso do que os homens que imaginei em meus sonhos de adolescente. Ao contrário de Steve e dos outros rapazes que namorei, meu marido não precisou mudar em nada a sua vida para fazer-me feliz. Ele o fez com a sua própria maneira de ser.

Hoje, agradeço ao Pai Celestial pelo que pensei ter sido orações não respondidas. Com 15 anos, pensei que estivesse pedindo uma coisa boa. Agora, tenho mais experiência. Sou tão grata por ter um Pai Celestial amoroso que sabia o que era melhor para mim e não respondeu àquelas orações do jeito que eu queria, mesmo que isso me entristecesse na ocasião. Ele realizou meus sonhos de um modo muito mais grandioso do que havia imaginado.

Lara Bangerter é membro da Primeira Ala de Garden, Estaca Pleasant Grove Utah.