2012
Aprender com o Coração
Novembro de 2012


Aprender com o Coração

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Elder Walter F. González

Um meio de achegar-nos a Cristo é procurar aprender verdades essenciais com o coração.

“Ordenei que viésseis a mim para que vísseis e sentísseis.”1 Esse foi o mandamento que o Salvador deu aos habitantes da América antiga. Eles sentiram com as mãos e viram com os próprios olhos que Jesus era o Cristo. Esse mandamento que receberam é tão importante para nós hoje como foi para eles em sua época. Ao achegar-nos a Cristo poderemos sentir e ver “com toda a certeza”2 — não com as mãos e com os olhos — mas com todo o coração e com toda a mente que Jesus é o Cristo.

Um meio de achegar-nos a Cristo é procurar aprender verdades essenciais com o coração. Ao fazer isso, recebemos impressões de Deus que nos dão um conhecimento que não podemos adquirir de nenhum outro modo. O Apóstolo Pedro sabia, com certeza, que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo. O Salvador explicou que a fonte do conhecimento de Pedro não era a “carne e o sangue, mas [o] Pai, que está nos céus”.3

O Profeta Abinádi explicou o papel dos sentimentos que vêm de Deus a nosso coração. Ele ensinou que não podemos entender as escrituras completamente a menos que usemos nosso coração para aprender.4

Essa verdade foi bem especificada no livro infantil O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. Nele, o pequeno príncipe faz amizade com uma raposa. Ao partir, a raposa compartilha um segredo com o pequeno príncipe. Ela disse: “Eis o meu segredo (…) só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos”.5

O irmão Thomas Coelho, aos 88 anos, é um bom exemplo de alguém que viu com o coração as coisas essenciais. Ele era um membro fiel de nosso sumo conselho, em Paysandú, Uruguai. Antes de se tornar membro da Igreja, ele teve um acidente ao andar de motocicleta. Enquanto estava caído no chão, sem conseguir se levantar, dois de nossos missionários o ajudaram a se levantar e a voltar para casa. O irmão Coelho disse que sentiu algo especial quando os missionários foram socorrê-lo. Mais tarde, ele teve novamente um sentimento muito forte quando os missionários o ensinaram. O impacto desses sentimentos foi tão grande que ele leu o Livro de Mórmon de capa a capa em apenas poucos dias. Ele foi batizado e serviu incansavelmente a partir daquele dia. Lembro-me de vê-lo em sua motocicleta, andando para cima e para baixo, nas ruas de nossa cidade, mesmo no inverno frio e chuvoso, para levar pessoas à igreja, para que sentissem, vissem e soubessem com a mesma certeza que ele tinha.

Estamos hoje cercados de tanta informação que podemos achar que ao navegar por milhões de páginas da Internet teremos tudo o que precisamos saber. Podemos encontrar informações boas e ruins na Internet, mas a informação por si só não é o suficiente. Deus nos deu outra fonte de maior conhecimento,6 sim, um conhecimento enviado do céu. Nosso Pai Celestial pode dar-nos esse conhecimento quando navegamos pela rede celestial em nossa mente e em nosso coração. O Profeta Joseph Smith disse que tinha “o livro mais antigo de todos no coração, sim, o dom do Espírito Santo”.7

Acessamos essa fonte celestial quando fazemos coisas como ler as escrituras, dar ouvidos ao profeta vivo e orar. É importante também que estejamos quietos,8 sintamos e sigamos a inspiração celestial. Quando fizermos isso, vamos “sentir e ver” coisas que não podem ser aprendidas com a tecnologia moderna. Depois de adquirir alguma experiência em navegar por essa rede celeste, discerniremos a verdade, mesmo ao ler a história secular ou outros tópicos. Os que sinceramente buscam a verdade conhecerão a verdade de todas as coisas pelo poder do Espírito Santo.9

Agora, uma palavra de cautela: o acesso a essa rede celestial é prejudicado pela iniquidade ou quando se esquece do Senhor. Néfi disse a seus irmãos que eles não podiam perceber as palavras do Senhor porque eram “rápidos em cometer iniquidades [e] vagarosos em lembrar-[se] do Senhor”.10 A iniquidade prejudica nossa capacidade de ver, sentir e amar as pessoas. Quando somos rápidos em lembrar-nos do Senhor, orando “com toda a energia de [nosso] coração”11 e recordando nossas experiências espirituais, aumentamos nossa capacidade de ver e sentir as coisas de Cristo.

  • Lembram-se da paz que sentiram quando, após muita tribulação, clamaram ao Pai em fervorosa oração pedindo ajuda?

  • Vocês se lembram de mudar sua lista de tarefas a fazer para seguir uma inspiração recebida no coração?

Os grandes homens do Livro de Mórmon propiciaram o acesso a um conhecimento maior, trazendo à lembrança suas principais experiências espirituais. Alma fortaleceu seus filhos lembrando-os do que aconteceu em sua conversão.12 Helamã ensinou Néfi e Leí a lembrar — a lembrar de que era sobre a rocha de Cristo que eles teriam de edificar seu alicerce para que o diabo não tivesse poder sobre eles.13 Devemos fazer o mesmo. A lembrança de Deus nos ajuda a sentir e viver. Isso dá um significado mais profundo às palavras do rei Benjamim, que disse: “E agora, ó homem, lembra-te e não pereças”.14

Uma das lembranças mais sagradas que guardo com carinho é o sentimento que tive quando soube que o Livro de Mórmon era a palavra de Deus. Aprendi que podemos sentir uma alegria que não se pode expressar em palavras. Naquele mesmo dia, de joelhos, senti e soube, com toda a certeza, coisas que não poderia ter aprendido de nenhum outro modo. Essa lembrança é motivo de gratidão eterna e me fortalece nos momentos difíceis.

Aqueles que recebem conhecimento, não da carne nem do sangue, mas de nosso Pai Celestial, saberão com toda a certeza que Jesus é o Cristo e que esta é Sua Igreja. Esse conhecimento nos proporciona a força para fazer as mudanças necessárias para achegar-nos a Cristo. Por essa razão, convidamos cada alma a ser batizada, a arrepender-se e a volver a Ele, hoje.15

Ao achegar-se a Cristo, cada alma pode ver, sentir e saber com toda a certeza que Cristo sofreu e expiou por nossos pecados, para que possamos ter vida eterna. Se nos arrependermos, não sofreremos desnecessariamente.16 Graças a Ele, as almas feridas podem ser saradas e os corações quebrantados podem ser curados. Não há fardo que Ele não possa aliviar ou remover. Ele conhece nossas enfermidades e doenças. Prometo e testifico a vocês que, quando todas as portas parecerem fechadas, quando tudo o mais aparentemente falhar, Ele não vai desampará-los. Cristo vai ajudar e mostrar a saída, seja na luta contra um vício, contra a depressão ou qualquer outra coisa. Ele sabe como socorrer Seu povo.17 O casamento e a família que estiverem em dificuldades por qualquer motivo — problemas econômicos, má influência da mídia ou dinâmica familiar — vão sentir uma influência tranquilizadora do céu. É reconfortante “sentir e ver” que Ele ressuscitou dos mortos “com cura em Suas asas”,18 que graças a Ele encontraremos e abraçaremos novamente os entes queridos que faleceram. Sem dúvida, nossa conversão a Ele é recompensada com nossa cura.19

Sei com toda a certeza que tudo isso é verdade. Por esse motivo, uno a minha voz à dos antigos habitantes da América antiga, exclamando: “Hosana! Bendito seja o nome do Deus Altíssimo!”20 Ele nos dá a salvação. Presto testemunho de que Jesus é o Cristo, o santo Messias. Ele é o Senhor dos Exércitos, nosso Salvador e Redentor. Em nome de Jesus Cristo. Amém.