2014
Crescimento no México: Das Dificuldades para a Força
Janeiro de 2014


Pioneiros em Todas as Terras

Crescimento no México Das Dificuldades para a Força

Os santos dos últimos dias do México edificam sobre seu legado de fé para proporcionar um belo futuro para seu país.

Em 6 de novembro de 1945, orações foram respondidas quando o primeiro grupo de santos dos últimos dias mexicanos chegou ao Templo de Mesa Arizona para receber as ordenanças do templo em seu idioma natal. José Gracia, que na época era presidente do Ramo Monterrey, disse: “Viemos realizar uma grande obra para nós mesmos e para nossos pais. (…) Talvez alguns de nós tenham feito sacrifícios, mas os sacrifícios que nós fizemos não foram em vão. Estamos felizes por tê-los feito”.1

O Presidente Gracia e aqueles que viajaram ao templo seguiram os passos dos primeiros pioneiros santos dos últimos dias mexicanos, que da mesma forma se sacrificaram pelo evangelho restaurado.

Estabelecimento dos Alicerces

Uma terra de montanhas, desertos, florestas e belíssimas costas marítimas, o México antigo foi o lar de povos que construíram belos templos e cidades. Ao longo dos séculos, os mexicanos edificaram um firme alicerce de fé e oração que os ajudou a vencer tempos difíceis.

Enquanto os santos estabeleciam a Igreja em Utah, o povo mexicano estava trabalhando para reestruturar sua sociedade, inclusive elaborando uma nova constituição que separava a igreja do Estado. A mensagem do evangelho chegou ao México em 1876 com os primeiros missionários, que levavam consigo trechos selecionados do Livro de Mórmon, os quais foram enviados pelo correio para preeminentes líderes mexicanos. Logo houve batismos.

Numa conferência especial da Igreja realizada em 6 de abril de 1881, o presidente de ramo Silviano Arteaga, vários líderes locais e o Apóstolo Moses Thatcher (1842–1909) subiram até o alto do vulcão Popocatépetl. O Élder Thatcher então dedicou a terra para a pregação do evangelho.

Na conferência, o Presidente Arteaga orou, e o Élder Thatcher relatou: “Lágrimas escorreram por seu rosto enrugado em favor da libertação de sua raça e de seu povo. (…) Nunca ouvi um homem orar com mais sinceridade, e embora a oração tenha sido feita num idioma que não compreendo, tive a impressão de compreender pelo Espírito tudo pelo que ele suplicava”.2

Naquela mesma época, foram estabelecidos vários ramos mexicanos na região. Desideria Yañez, uma viúva idosa do Estado de Hidalgo, sonhou a respeito do livreto de Parley P. Pratt, Uma Voz de Advertência. Ela enviou seu filho à Cidade do México para obter um exemplar do livreto, que acabara de ser traduzido para o espanhol. Ela se filiou à Igreja em 1880, sendo a primeira mulher a tornar-se membro da Igreja no México.3

Desde aquela época, muitos membros da Igreja no México permaneceram fiéis ao longo de décadas de revoluções, perseguição, pobreza e isolamento.4

Exemplos de Pioneiros Fiéis

Um exemplo dessa fidelidade está no Ramo de San Pedro Martir, organizado em 1907. Os primeiros membros se reuniam a pouca distância ao sul da Cidade do México, num prédio de paredes de barro construído por Agustin Haro, um membro recém-batizado que foi chamado para presidir o ramo. Durante os difíceis anos da Revolução Mexicana, quando pelo menos um milhão de mexicanos foram mortos, muitos santos buscaram refúgio em San Pedro, à medida que seus Estados se transformavam em campo de batalha. As irmãs da Sociedade de Socorro de San Pedro prestaram muito serviço caridoso a esses refugiados.5

Os membros também foram abençoados com líderes dedicados como Rey L. Pratt. Chamado como presidente da Missão México, em 1907, ele serviu nesse chamado até falecer em 1931. Ele amava a história, a cultura e o povo do México, e conquistou o amor e a confiança deles ao trabalharem juntos para fortalecer os alicerces da Igreja naquele país. O empenho do Presidente Pratt em edificar os líderes locais da Igreja no México provou-se particularmente importante em 1926 quando o governo mexicano começou a impor uma lei que proibia que estrangeiros presidissem congregações no México.6 Durante essa época, um grupo de membros formou o que foi chamado de a Terceira Convenção e começou a chamar seus próprios líderes e a construir capelas.

Edificar sobre o Alicerce

Arwell L. Pierce foi chamado como presidente da Missão Mexicana em 1942. Tirando proveito de sua experiência de vida por ter passado a infância em Chihuahua e servido missão no México, o Presidente Pierce demonstrou grande amor e compreensão ao ensinar, fortalecer e ajudar a unir os membros. Também auxiliou os membros da Terceira Convenção na resolução dos problemas que eles tinham.

Uma das metas do Presidente Pierce era a de ajudar os membros a ir ao templo.7 Em 1943, foram feitos esforços para tornar as bênçãos do templo acessíveis a mais membros. Depois de reunir-se com os líderes locais da Igreja, no Arizona, EUA, o Élder Joseph Fielding Smith (1876–1972), que na época era membro do Quórum dos Doze Apóstolos, disse: “Não vejo motivo para a língua inglesa monopolizar as sessões do templo”.8 Foi pedido ao Élder Antoine R. Ivins, dos Setenta, e a Eduardo Balderas, do departamento de tradução da Igreja, que traduzissem as ordenanças do templo para o espanhol. Essa tradução preparou o caminho para que fossem construídos templos em outras terras.9

Com a cerimônia do templo disponível em espanhol no Templo de Mesa Arizona e com uma visita do Presidente da Igreja George Albert Smith (1870–1951) ao México em 1946 para ajudar a unir os santos mexicanos,10 a Igreja começou a crescer de um modo que as gerações anteriores tinham somente imaginado. Foram criadas novas missões e estacas por todo o país, e escolas patrocinadas pela Igreja incentivavam a instrução formal.

Em 1964, a Igreja dedicou El Centro Escolar Benemérito de las Américas, uma escola que atendeu às necessidades educacionais, sociais, espirituais e de liderança dos membros até se tornar um centro de treinamento missionário em 2013.11 A irmã Lorena Gómez-Alvarez, que se formou nessa escola, diz: “A Benemérito me ajudou a descobrir e a desenvolver meus talentos e adquirir uma formação e um conhecimento do evangelho que abençoaram minha vida. Ela agora vai ajudar os missionários a divulgar o evangelho e ainda vai abençoar a vida das pessoas, mas de um modo diferente”.12

Uma Era de Crescimento

Em 1972, a conferência de área da Cidade do México foi outro momento decisivo no crescimento da Igreja. Os membros viajaram grandes distâncias para ouvir o Presidente Harold B. Lee (1899–1973), seus conselheiros, vários apóstolos e outros líderes. O Coro do Tabernáculo se apresentou ali, contribuindo para o banquete espiritual. Os participantes da conferência exclamaram: “É mais do que imaginávamos ser possível: uma conferência em nossa própria terra!”13

A década de 1970 foi uma época emocionante de crescimento no México. Em 1970 havia quase 70.000 membros no país. No final da década, havia perto de 250.000. Três anos após a conferência de área, o Élder Howard W. Hunter (1907–1995) dividiu as três estacas existentes para criar 15 estacas em um único fim de semana, chamando muitos membros mexicanos jovens como líderes.14

O trabalho missionário também se expandiu nessa época. A Missão México, oficialmente inaugurada em 1879, foi dividida pela primeira vez em 1956. Hoje o México tem 34 missões.15 O irmão Jorge Zamora, que serviu como missionário na Missão Cidade do México Norte na década de 1980, testemunhou esse crescimento. Ele se lembra de uma área de sua missão na qual os membros tinham que viajar uma hora para frequentar a Igreja. Hoje há uma estaca ali. Ele diz: “É impressionante para mim ver o modo como o Senhor trabalha para edificar a Igreja, seja qual for o país ou a cultura”.

Templos Espalhados por Todo o País

Os membros mexicanos amam as ordenanças de salvação do templo e estão dispostos a fazer grandes sacrifícios em termos de tempo e dinheiro para frequentá-lo. Pouco mais de cem anos depois de o Élder Thatcher ter dedicado a terra para a pregação do evangelho, um templo foi construído na Cidade do México. A visitação pública de 1983 ajudou a tirar a Igreja da obscuridade no México, quando milhares de pessoas visitaram o templo e solicitaram mais informações. Num período de 30 anos, mais 11 templos foram dedicados por todo o país, e há mais um em construção.

Isabel Ledezma foi criada em Tampico e lembra quando seus pais foram selados no Templo de Mesa Arizona. “Levamos dois dias para viajar até o Arizona e foi muito caro”, conta ela. “Quando o Templo da Cidade do México, México, foi dedicado, a distância foi encurtada para 12 horas de carro. Agora com o templo em Tampico, podemos ir até ele com frequência.”

Limhi Ontiveros, que serviu como presidente do Templo Oaxaca México, de 2007 a 2010, diz: “Aqueles que têm um profundo e duradouro testemunho do evangelho encontram um meio de ir ao templo, mesmo com o desafio da distância e do custo financeiro, e eles veem o templo como um farol e um refúgio”.

A irmã Ledezma acrescenta: “Precisamos do Espírito em nossas cidades, e o fato de termos o templo aqui ajuda muito. Quando temos problemas, quando estamos tristes, o templo está perto e encontramos paz ali”.

Vencer a Adversidade

Os membros mexicanos enfrentam os mesmos desafios e as mesmas tentações, mas sabem que eles e seus amigos santos dos últimos dias são filhos de um Pai amoroso. A situação financeira e o status social não são fatores que determinam como eles tratam uns aos outros.

A família Mendez mora num povoado nas montanhas, perto da cidade de Oaxaca, no sul do México. Eles dizem: “Há desafios de tempo, dinheiro e distância, mas a vontade de fazer o que o Salvador deseja que façamos nos motiva a vencer qualquer obstáculo”.

Gonzalo Mendez, de 15 anos, diz: “Quando se mora num lugar em que há perigo, as tentações podem ser bem difíceis, mas com a ajuda da oração não sucumbimos às seduções do mundo e somos testemunhas de um modo de vida melhor”.

Olhar para o Futuro

O evangelho estabeleceu-se no México há muito tempo, mas ainda há regiões em que a Igreja está se desenvolvendo. Jaime Cruz, de 15 anos, e a família são os únicos membros da Igreja em seu vilarejo nas montanhas, perto da cidade de Oaxaca. Ele e seu amigo, Gonzalo, cumprem as designações do seminário do lar durante a semana. Todo sábado, viajam duas horas de ônibus para irem até a capela mais próxima para a aula do seminário com outros jovens da ala. Jaime compartilha o que aprende no seminário com seus colegas da escola e responde às dúvidas deles. O irmão caçula de Jaime, Alex, um diácono, é um líder entre seus amigos. Alex conta que, quando pede educadamente que eles não usem linguagem imprópria ou que não vistam roupas pouco recatadas, eles lhe dão ouvidos. Tanto Jaime quanto Alex sabem que possuir o sacerdócio é uma honra e uma responsabilidade. “Sei que o sacerdócio é dado aos rapazes para glorificar o nome de Deus servindo ao próximo e pregando o evangelho”, diz Jaime.

Durante uma recente visita ao México, o Élder Neil L. Andersen, do Quórum dos Doze Apóstolos, reuniu-se com os jovens de três estacas na cidade de Cancun. A respeito dessa ocasião com esses jovens, ele relatou: “Vimos a luz em seus olhos e a esperança em seu rosto e os sonhos que eles acalentam. Penso o tempo todo no belo futuro que o México tem pela frente”.16

Notas

  1. Henry A. Smith, “200 Lamanites Gather in History-Making Conference, Temple Sessions”, Church News, 10 de novembro de 1945, p. 8.

  2. Moses Thatcher, Moses Thatcher Journal, 1866–1868, p. 54.

  3. Ver Brittany A. Chapman e Richard E. Turley Jr., Women of Faith in the Latter Days, vol. 1, pp. 1775–1820, 461–470.

  4. Ver Orson Scott Card, “It’s a Young Church in … Mexico”, Ensign, fevereiro de 1977, pp. 17–24.

  5. Ver Kirk Henrichsen, “Mexican Mormon Pioneers”, exposição de 2010 no Centro de Visitantes do Templo da Cidade do México, México.

  6. Ver Gerry R. Flake, “Mormons in Mexico: The First 96 Years”, Ensign, setembro de 1972, pp. 20–21.

  7. F. LaMond Tullis, “A Shepherd to Mexico’s Saints: Arwell L. Pierce and the Third Convention”, BYU Studies vol. 37, n° 1, 1997, pp. 127–151.

  8. Ver Eduardo Balderas, “Northward to Mesa”, Ensign, setembro de 1972, p. 30.

  9. Ver Eduardo Balderas, “Northward to Mesa”, pp. 30–31.

  10. Ver “The Church Moves On”, Improvement Era, julho de 1946, p. 446; John D. Giles, “Father Lehi’s Children”, Improvement Era, setembro de 1946, p. 556.

  11. Ver Joseph Walker, “Missionary surge prompts LDS Church to open new MTC in Mexico”, Deseret News, 20 de janeiro de 2013, www.deseretnews.com.

  12. Esta citação e as subsequentes citações de membros atuais da Igreja no México foram tiradas de entrevistas com o autor em 7 de fevereiro de 2013.

  13. Jay M. Todd, “The Remarkable Mexico City Area Conference”, Ensign, novembro de 1972, p. 88.

  14. Ver Eleanor Knowles, Howard W. Hunter, 1994, p. 202.

  15. Ver Don L. Searle, “One Million in Mexico”, Ensign, julho de 2004, p. 34; Kristine Miner, “The Church in Oaxaca, Mexico”, Ensign, abril de 2001, p. 78.

  16. Extraído de uma entrevista com o Departamento Audiovisual, abril de 2012.

  17. Rey L. Pratt, The Young Woman’s Journal, vol. 25, nº 9, 1914, p. 539.

  18. Extraído de uma entrevista com o autor em 5 de abril de 2013.

  19. Ver “Agricol Lozano Herrera: Mexican Mormon Church Leader”, http://mittromneymormon.net/meet-some-mormons-2/meet-some-mormons-2/agricol-lozano-herrera-mexican-mormon-church-leader.

Crescimento da Igreja no México

1901: 3.000

1945: 5.099

1954: 9.210

1965: 44.473

1975: 141.768

1985: 304.915

1995: 727.410

2005: 1.043.718

2013: 1.331.946*

*Em junho de 2013

O Presidente George Albert Smith visitou o México e ajudou a unir os membros ao estender a mão para a Terceira Convenção.

Os primeiros membros com frequência faziam grandes sacrifícios em prol do evangelho.

Os membros mexicanos participam de projetos comunitários.Estes membros estavam ajudando a plantar árvores em 2007.

Os alunos do seminário de Oaxaca gostam de estar juntos.

Ilustração fotográfica: Israel Gutiérrez; inserções, a partir do alto: ilustração fotográfica por Craig Dimond; fotografia © Getty Images; fotografia cortesia da Biblioteca de História da Igreja; fotografia: Sally Johnson Odekirk; ilustração fotográfica: Welden C. Andersen

Fotografias cortesia da Biblioteca de História da Igreja, exceto quando indicado; Carroções Cobertos, por Gary L. Kapp; fotografia do monumento de Benito Juárez: Sally Johnson Odekirk

Fotografias cortesia da Biblioteca de História da Igreja, exceto quando indicado; fotografia de projeto de serviço: Jose Moras Sandoval, reprodução proibida; fotografia de templo: Tamilisa Wood; fotografia de vaso: iStockphoto/Thinkstock

À esquerda: ilustrações fotográficas de Welden C. Andersen, Craig Dimond e Israel Gutiérrez; cronologia: fotografia cortesia da Biblioteca de História da Igreja; fotografias © IRI; no alto: gráfico de iStockphoto/Thinkstock; embaixo: fotografia cortesia de Daphne Junco Mendez