Leal e Fiel

Como todos os profetas de Deus, Joseph Fielding Smith foi pré-ordenado para vir à Terra de acordo com o cronograma divino do Senhor (ver Atos 17:26). Joseph foi o quarto a nascer, mas o primeiro filho homem de Julina Lambson Smith. No humilde espírito da fiel mãe do Velho Testamento, Ana (ver I Samuel 1:11), Julina fez o voto de que, se o Senhor lhe desse um filho, “ela faria tudo a seu alcance para ajudá-lo a ser motivo de orgulho para o Senhor e para o próprio pai”.³ O Senhor não apenas atendeu ao pedido dela, mas também lhe disse, antes de o filho nascer, que ele um dia seria chamado para servir como uma de Suas testemunhas especiais no Quórum dos Doze Apóstolos.⁴

Joseph nasceu em 19 de julho de 1876, filho de Joseph F. e Julina Lambson Smith. Na época do nascimento de Joseph, seu pai era apóstolo e conselheiro do Presidente Brigham Young. Quando Joseph estava com nove meses de idade, foi levado pelos pais para a dedicação do Templo de St. George Utah. Mais tarde, ele comentaria com bom humor: “Minha primeira designação da Igreja foi acompanhar Brigham Young na dedicação do Templo de St. George”.⁵

Quando Joseph recebeu sua bênção patriarcal aos 19 anos de idade, um patriarca inspirado colocou as mãos sobre a cabeça de Joseph e declarou: “É teu privilégio viver até uma idade avançada e é a vontade do Senhor que te tornes um homem poderoso em Israel. (…) Tu realmente te erguerás no meio do povo como profeta e revelador para eles, porque o Senhor te abençoou e te ordenou a esse chamado”.⁶

Para Joseph Fielding Smith, “a família é a organização mais importante desta vida e da eternidade”.⁷ Ele foi criado numa família governada por amor, fé, elevados padrões morais e diligente ética de trabalho, e procurou constantemente levar esses mesmos princípios para sua própria família. (Ver capítulos 4, 15 e 16 de Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Fielding Smith.)

Casou-se com Louie Emily Shurtliff, no Templo de Salt Lake, em 1898. Um ano depois, foi chamado para uma missão na Inglaterra por dois anos e foi lealmente apoiado pela mulher. Ao retornar, os dois retomaram sua vida de casal e foram abençoados com o nascimento de duas filhas. Infelizmente, durante uma difícil terceira gestação, Louie veio a falecer.

Em sua dor, Joseph orou: “Ah, meu Pai Celeste, ajuda-me, rogo-Te, a viver de forma a ser digno de estar com ela em glória eterna e unir-me a ela novamente para nunca mais nos separarmos. (…) Ajuda-me a criar minhas preciosas filhinhas de forma que elas permaneçam puras e imaculadas a vida inteira”.⁸

Joseph, o desolado pai de duas filhas, procurou uma esposa e uma mãe para suas filhinhas, a pedido de seu pai. Seus desejos justos foram abençoados quando Ethel Georgina Reynolds passou a fazer parte de sua vida. Casaram-se em novembro de 1908, no Templo de Salt Lake. Aquela mulher maravilhosa tornou-se a mãe das duas primeiras filhas de Joseph e mais tarde deu à luz nove outros filhos.

Em certa ocasião, o fardo levado por sua mulher pesou muito na mente do apóstolo, ao viajar para uma conferência de estaca. Em uma carta a ela, ele disse: “Estou pensando em você. Quem me dera estar a seu lado constantemente nas próximas semanas para ajudar a cuidar de você! Vou ajudá-la em tudo que eu puder e espero que você consiga sentir minha influência. Diga a nossos filhos que sejam bondosos com você e uns com os outros”.⁹ Em seguida, ele compartilhou com ela os profundos sentimentos de seu coração na forma de um poema, que mais tarde tornou-se um de nossos hinos: “Does the Journey Seem Long?” [Será Longa a Estrada?] (nº 127 do hinário em inglês).

Infelizmente, Ethel morreu em 1937. Na época do falecimento, havia cinco filhos solteiros em casa. O Élder Smith sentiu que devia procurar outra esposa e companheira. Em 1938, casou-se com Jessie Evans Smith no Templo de Salt Lake.

Uma pessoa que os conhecia bem escreveu: “Apesar dos 26 anos de diferença de idade e de suas diferenças de temperamento, de criação e de formação acadêmica, Joseph Fielding Smith e Jessie Evans Smith eram extremamente compatíveis. (…) O que unia essas duas personalidades tão diferentes era o amor e o respeito genuínos que tinham um pelo outro”.¹⁰ (Ver as páginas 7–24 do manual.)

Joseph Fielding Smith era renomado na Igreja como grande conhecedor das escrituras e estudioso do evangelho. Desde a juventude, ele tinha um desejo insaciável de “[procurar] conhecimento, sim, pelo estudo e também pela fé” (D&C 88:118). Leu o Livro de Mórmon duas vezes antes de completar dez anos de idade. Quando seus amigos davam por sua falta, não raro o encontravam no palheiro lendo as escrituras.¹¹

Ele disse a uma congregação alguns anos depois: “A partir do momento em que aprendi a ler, tenho mais prazer em estudar as escrituras (…) do que em qualquer outra coisa no mundo inteiro”.¹² (Ver os capítulos 10 e 18.)

Em certa ocasião, o Presidente Heber J. Grant (1856–1945) elogiou o conhecimento do Presidente Smith: “Eu o considero o homem com mais conhecimento das escrituras entre todas as Autoridades Gerais que temos na Igreja”.¹³

Sua sede de saber não o impediu de participar de esportes e jogos quando rapaz e até quando adulto. Ele gostava de jogar beisebol além dos muitos esportes que os jovens de uma comunidade agrícola disputavam. Depois de adulto, tornou-se ávido jogador de handebol e frequentava regularmente os eventos esportivos dos filhos. Também participava de esportes nas reuniões de família. Lembro-me com carinho de um jogo de softbol em que meu avô rebateu uma bola que atingiu a máquina fotográfica de meu tio que tirava retratos no setor esquerdo do campo.

Mesmo antes de seu chamado como apóstolo, Joseph Fielding Smith era conhecido como defensor da fé, o que ocasionalmente fazia com que alguns o julgassem erroneamente como um homem austero. Embora fosse inflexível em seu desejo de ser leal a seus convênios e incentivasse todos a aceitarem o evangelho restaurado de Jesus Cristo, havia um lado mais gentil nele que era prontamente reconhecido por seus familiares e conhecidos. O Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) comentou: “Dissemos muitas vezes que, uma vez que os Doze serão os juízes de Israel, qualquer um de nós gostaria de cair em suas mãos, porque seu juízo seria bondoso, misericordioso, justo e santo”.¹⁴

O Presidente Smith mostrou um exemplo dessa bondade em uma reunião em que foi discutido um acidente envolvendo um automóvel de propriedade da Igreja. O acidente havia sido causado por um homem idoso que dirigia um caminhão carregado de verduras sem cobertura de seguro.Depois de conversar um pouco, foi recomendado que a Igreja levasse a questão para os tribunais. Contudo, o Presidente Smith se manifestou: “Sim, poderíamos fazer isso. E se fizermos bastante pressão, podemos até conseguir tomar o caminhão desse pobre homem; e aí, como é que ele vai ganhar a vida?” O comitê voltou atrás na recomendação e deixou o assunto de lado.¹⁵

Senti o amor que as pessoas tinham por ele ao conversar com o Presidente Harold B. Lee (1899–1973) no Cemitério de Salt Lake após a dedicação da sepultura do Presidente Smith. Eu lhe disse: “Presidente Lee, como membro da família quero que saiba o quanto somos gratos pela bondade que o senhor demonstrou por meu avô”. Em resposta, ele me fitou nos olhos e disse com ternura: “Eu amava aquele homem!”

O ministério do Presidente Smith destacou-se pela obediência ao encargo das escrituras de pregar arrependimento (ver, por exemplo, D&C 6:9; 11:9). Ele disse: “Considero minha missão, tendo sido inspirado pelo Espírito do Senhor, creio eu, que durante minhas viagens pelas estacas de Sião, deveria dizer às pessoas que hoje é o dia de se arrepender e de conclamar os santos dos últimos dias a lembrar seus convênios, (…) instando-os a serem leais e fiéis em todas as coisas”.¹⁶ (Ver o capítulo 5.)

Ao longo de seus quase 96 anos de vida, o Presidente Smith orou para permanecer leal e fiel e perseverar até o fim. De fato, o Presidente Boyd K. Packer, atual Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos, observou: “Mesmo depois de chegar aos 90 anos de idade, ele orava para ‘guardar seus convênios e obrigações e perseverar até o fim’”.¹⁷

Para o Presidente Smith, “leais e fiéis” era mais do que uma mera expressão de uso frequente. Era uma expressão sincera de sua esperança por todas as pessoas — pelos membros da Igreja que tinham feito convênios e realmente por todos os filhos de nosso Pai Celestial. “Em primeiro lugar e acima de tudo (…)”, implorou o Presidente Smith, “temos que defender o reino de Deus e Sua justiça. Sejamos sempre leais e fiéis, com o desejo de guardar os mandamentos do Senhor e de honrá-Lo e de lembrar os convênios que fizemos com Ele. Essa é minha oração em favor de toda a Israel”.¹⁸ (Ver os capítulos 19–22.)

Ao ponderar fervorosamente os ensinamentos inspirados que ele deixou, seu testemunho será fortalecido e você será abençoado com maior compreensão das verdades puras e simples do evangelho de Jesus Cristo. Este curso de estudo vai aumentar seu desejo de viver de modo a ser “leal e fiel”.