Receita para uma Família Feliz

Resolvi tomar a dianteira das duas noites familiares seguintes e abordar a fé. Comecei preparando as lições e tentando aprender os acordes de violão das músicas que íamos cantar.

A primeira lição foi sobre a fé. Perguntei o que poderíamos mudar como família para aumentar nossa fé. Eles responderam: “Orar, estudar as escrituras, jejuar, ir à Igreja” e assim por diante. Concordamos que há muitas coisas que podemos fazer para aumentar a fé, mas o mais importante é partir para a ação. Isso é essencial para fortalecer a fé.

A segunda lição foi sobre os dons espirituais. Falamos da inter-relação entre a fé e os dons espirituais.

Nossas noites familiares sobre a fé correram muito bem. Melhoramos algumas coisas em nossa família, divertimo-nos e não tivemos a impressão de que era uma mera obrigação. Sentimos o Espírito juntos em família.

Decidi pôr minha fé em prática orando e pedindo auxílio e orientação a Deus. No início não percebi o impacto de minhas orações, mas, após alguns dias, constatei que passou a haver mais paz em casa.

Mas então minha fé foi posta à prova. Meu irmão mais novo sofreu uma lesão e precisou fazer uma cirurgia de emergência, um de meus amigos também teve um acidente grave e minha mãe ficou com a garganta inflamada e febre alta. Todas essas circunstâncias horríveis afastaram a paz que eu vinha sentindo. Fiquei triste, mas continuei a orar. O poema predileto de minha avó me veio à mente. Ele diz que Deus conhece todas as coisas melhor do que nós e que devemos confiar Nele. Assim, comecei a pôr minha fé ainda mais em prática e a fazer tudo a meu alcance. Pouco depois meu irmão recebeu alta do hospital. Os ferimentos de meu amigo revelaram-se menos graves do que se achava inicialmente. Minha mãe se recuperou.

Agora, quando oro pelos outros, oro com mais intenção e mais fé do que antes. Devemos ter fé em Deus, sobretudo quando é difícil crer Nele e em Seus planos, e nunca reclamar, pois Ele sabe o que é melhor.

Dei-me conta de o quanto o arrependimento afeta tudo. Por alguns meses, por exemplo, eu estava cometendo pecados sem me arrepender e custava-me quebrar esse ciclo. Mas, depois de conversar com o bispo e outros amigos próximos, consegui aplicar o processo de arrependimento e me sentir bem mais perto de Deus e mais feliz de novo. Ao orar com fervor e passar bastante tempo lendo as escrituras, percebi que precisava mudar minha maneira de viver algumas coisas em minha vida. Dou-me conta de o quanto cresci por causa disso. Com essa experiência consegui aproximar-me muito mais da minha mãe e, em especial, do meu pai.

Embora eu ainda enfrente tentações e ainda cometa pecados, consigo tirar proveito da Expiação do Salvador para me arrepender e avaliar como agi a cada dia. E tento sempre ter o desejo de melhorar. Sempre serei grato pela Expiação em minha vida.

Já que considero a história da família um tipo de trabalho, decidi fazer meu próprio livro de história da família. Assim, fiz uma compilação de todas as fotografias de meus familiares. Minha intenção foi permitir que meus filhos e bisnetos conhecessem a aparência de seus antepassados. E ao fazer isso, senti muita paz, pois sabia que não estava agindo só em meu benefício, mas também para o das gerações futuras.

Minha primeira tentativa de fazer atividades recreativas com meus irmãos foi, no mínimo, difícil. Mas um divisor de águas foi uma viagem para as Montanhas Blue Ridge. As folhas das árvores estavam de todas as cores, e o passeio no parque de diversões foi muito divertido, mas volta e meia palavras ásperas, atos egoístas e brincadeiras de mau gosto acabavam estragando o ambiente. Antes de irmos embora, minha irmã e eu escalamos um pequeno monte e ficamos sentadas em silêncio por alguns instantes, ouvindo a natureza à nossa volta. Era a primeira vez que nos sentávamos lado a lado sem discussões, falando serenamente do futuro e das dificuldades que enfrentávamos naquele momento. O Espírito estava presente, trazendo uma paz que eu até já esquecera.

Comecei a me esforçar para conversar com meus irmãos, perguntar sobre o dia deles, dar-lhes abraços — uma tentativa simples de envolver-me na vida deles. Ajudei meu irmão mais novo, autista, a fazer a lição de casa. Ajudei minha irmã mais nova a fazer cartões de gramática e a criar rimas bobas para memorizar as diferentes partes do corpo. Na prova seguinte, ela subiu mais de 20 pontos e tirou sua nota mais alta. A alegria que senti por causa desses momentos era diferente e a mais profunda que eu já vivenciara.

O convívio familiar às vezes é difícil, mas momentos assim fazem tudo valer a pena. Esses pequenos momentos levam a outros de diversão, brincadeiras e risadas. Senti uma união inédita em minha família.