2015
O Espírito Santo Como Seu Companheiro
Novembro de 2015


O Espírito Santo Como Seu Companheiro

Se vivermos dignamente, poderemos contar com a bênção de ter o Espírito conosco, não apenas agora, (…) mas sempre.

Meus queridos irmãos e irmãs, sinto-me grato por estar com vocês no Dia do Senhor, nesta conferência da Igreja do Senhor. Senti, tal como vocês, o Espírito testificar-me a veracidade das palavras que ouvimos ser proferidas.

Meu propósito hoje é o de aumentar seu desejo e sua determinação de reivindicar a dádiva prometida a cada um de nós após nosso batismo. Em nossa confirmação, ouvimos estas palavras: “Recebe o Espírito Santo”.1 Daquele momento em diante, nossa vida mudou para sempre.

Se vivermos dignamente, poderemos contar com a bênção de ter o Espírito conosco, não apenas agora, em experiências memoráveis como a que tivemos hoje, mas sempre. Vocês sabem, pelas palavras da oração sacramental, como essa promessa é cumprida: “Ó Deus, Pai Eterno, nós te rogamos em nome de teu Filho, Jesus Cristo, que abençoes e santifiques este pão para as almas de todos os que partilharem dele, para que o comam em lembrança do corpo de teu Filho e testifiquem a ti, ó Deus, Pai Eterno, que desejam tomar sobre si o nome de teu Filho e recordá-lo sempre e guardar os mandamentos que ele lhes deu”.

Então vem a gloriosa promessa: “Para que possam ter sempre consigo o seu Espírito” (D&C 20:77; grifo do autor).

Ter o Espírito sempre conosco é ter a orientação e a direção do Espírito Santo em nossa vida cotidiana. Podemos, por exemplo, ser alertados pelo Espírito a resistir à tentação de fazer o mal.

Por esse simples motivo, é fácil ver por que os servos do Senhor têm procurado aumentar nosso desejo de adorar a Deus em nossas reuniões sacramentais. Se tomarmos o sacramento com fé, o Espírito Santo poderá proteger a nós e a nossos entes queridos das tentações que nos chegam com intensidade e frequência cada vez maiores.

A companhia do Espírito Santo torna o bem mais atraente e a tentação menos sedutora. Somente isso seria o suficiente para que nos determinemos a qualificar-nos para ter o Espírito sempre conosco.

Assim como o Espírito Santo nos fortalece contra o mal, Ele também nos dá o poder de discernir a verdade da falsidade. A verdade que mais importa somente é confirmada por revelação proveniente de Deus. Nosso raciocínio humano e a utilização de nossos sentidos físicos não são suficientes. Vivemos em uma época em que até o mais sábio será severamente pressionado a distinguir a verdade da mentira astuta.

O Senhor ensinou a Seu apóstolo, Tomé, que queria uma prova física da Ressurreição do Salvador tocando-Lhe as feridas, que a revelação seria uma prova mais segura: “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram, e creram” (João 20:29).

As verdades que assinalam o caminho de volta à presença de Deus são confirmadas pelo Espírito Santo. Não podemos ir ao bosque e ver o Pai e o Filho falarem ao jovem Joseph Smith. Nenhuma prova física ou nenhum argumento lógico podem confirmar que Elias, o profeta, veio conforme prometido para conferir as chaves do sacerdócio que o profeta vivo hoje, Thomas S. Monson, possui e exerce.

A confirmação da verdade vem a um filho ou uma filha de Deus que reivindicou o direito de receber o Espírito Santo. Como as mentiras e as falsidades podem se apresentar a nós a qualquer momento, precisamos da constante influência do Espírito da Verdade para poupar-nos de momentos de dúvida.

Quando era membro do Quórum dos Doze Apóstolos, George Q. Cannon instou-nos a buscar constantemente a companhia do Espírito. Ele prometeu, e prometo-lhes também que, se buscarmos seguir esse curso, “jamais teremos falta de conhecimento” da verdade, “nunca estaremos em dúvida ou nas trevas” e nossa “fé será forte, nossa alegria, (…) completa”.2

Precisamos dessa ajuda constante da companhia do Espírito Santo ainda por outro motivo. O falecimento de um ente querido pode ocorrer inesperadamente. É o testemunho do Espírito Santo da realidade de um Pai Celestial amoroso e um Salvador ressuscitado que nos dão a esperança e o consolo na morte de um ente querido. Esse testemunho precisa estar vivo quando a morte ocorrer.

Assim, por muitos motivos, precisamos da companhia constante do Espírito Santo. Nós a desejamos, mas sabemos por experiência própria que não é fácil mantê-la. Todos pensamos, dizemos e fazemos coisas em nossa vida cotidiana que podem ofender o Espírito. O Senhor nos ensinou que o Espírito Santo será nosso companheiro constante quando nosso coração estiver “[cheio] de caridade” e “a virtude [adornar nossos] pensamentos incessantemente” (ver D&C 121:45).

Para aqueles que se debatem com o elevado padrão necessário para qualificar-nos para a dádiva da companhia do Espírito, ofereço este incentivo. Houve ocasiões em que vocês sentiram a influência do Espírito Santo. Pode ter acontecido hoje.

Vocês podem tratar esses momentos de inspiração como a semente da fé descrita por Alma (ver Alma 32:28). Plantem cada uma delas. Vocês podem fazê-lo colocando em prática a inspiração que tiveram. A inspiração mais valiosa será para você saber o que Deus deseja que você faça. Se for a de pagar o dízimo, ou a de visitar um amigo que está sofrendo, façam isso. Seja o que for, façam isso. Quando tiverem mostrado sua disposição de obedecer, o Espírito lhes enviará mais impressões do que Deus deseja que façam.

À medida que obedecerem, as impressões do Espírito virão com mais frequência, cada vez mais até obterem uma companhia constante. Seu poder de escolher o certo vai aumentar.

Vocês podem saber quando essas impressões para agir por Ele vêm do Espírito e não de seus próprios desejos. Quando as impressões se enquadram com o que o Salvador e Seus profetas e apóstolos vivos disseram, vocês podem decidir obedecer com confiança. Então, o Senhor vai enviar Seu Espírito para ajudá-los.

Por exemplo: se receberem a impressão espiritual de honrar o Dia do Senhor, especialmente quando parecer difícil, Deus vai enviar Seu Espírito para ajudá-los.

Essa ajuda foi enviada a meu pai, há vários anos, quando seu trabalho o levou para a Austrália. Ele estava sozinho num domingo e queria tomar o sacramento. Não conseguia encontrar nenhuma informação sobre reuniões da Igreja. Por isso, começou a caminhar. Orou a cada esquina para saber para que lado virar. Depois de caminhar e dobrar esquinas por uma hora, parou para orar novamente. Teve o sentimento de virar numa determinada rua. Logo começou a ouvir pessoas cantando no piso térreo de um edifício de apartamentos próximo. Olhou pela janela e viu algumas pessoas sentadas perto de uma mesa coberta por uma toalha branca e bandejas de sacramento.

Ora, isso talvez não pareça grande coisa para vocês, mas foi algo maravilhoso para ele. Ele sabia que a promessa da oração sacramental tinha sido cumprida: “Recordá-lo sempre e guardar os mandamentos que ele lhes deu, para que possam ter sempre consigo o seu Espírito” (D&C 20:77).

Esse foi apenas um exemplo de uma ocasião em que ele orou e depois fez o que o Espírito lhe disse que Deus queria que ele fizesse. Ele continuou a fazer isso ao longo dos anos, como vocês e eu faremos. Ele nunca falou sobre sua espiritualidade. Apenas continuou fazendo pequenas coisas para o Senhor que se sentiu inspirado a fazer.

Sempre que um grupo de santos dos últimos dias lhe pedia que discursasse para eles, ele o fazia. Não importava se eram 10 pessoas ou 50, ou o quanto estivesse cansado. Prestava seu testemunho do Pai, do Filho, do Espírito Santo e dos profetas, sempre que o Espírito o instava a fazê-lo.

Seus mais altos chamados na Igreja foram no sumo conselho da Estaca Bonneville Utah, onde ele arrancava ervas daninhas na fazenda da estaca e dava aulas num curso da Escola Dominical. Ao longo dos anos, quando ele necessitava, o Espírito Santo era seu companheiro.

Estive ao lado de meu pai num quarto de hospital. Minha mãe, com quem ele estivera casado por 41 anos, jazia no leito. Ficamos horas ao lado dela. Começamos a ver as rugas de dor desaparecerem do rosto dela. Os dedos das mãos, que tinham estado cerrados em punho, relaxaram. Os braços repousaram ao lado dela.

As dores de décadas de câncer estavam chegando ao fim. Vi no rosto dela um semblante de paz. Ela deu uns breves suspiros, então arquejou e ficou inerte. Ficamos ali esperando para ver se ela voltaria a respirar.

Por fim, meu pai disse serenamente: “Uma menininha voltou para casa”.

Não derramou uma única lágrima. Foi porque o Espírito Santo há muito lhe dera uma clara visão de quem ela era, de onde tinha vindo, no que se tornara e para onde ela estava indo. O Espírito lhe testificara muitas vezes que havia um Pai Celestial amoroso, um Salvador que havia vencido o poder da morte e que o selamento do templo que ele compartilhara com sua esposa e família era real.

O Espírito há muito lhe assegurara que a bondade e a fé da minha mãe a qualificara para o retorno ao lar celeste, onde seria lembrada como uma maravilhosa filha da promessa e recebida de volta com honra.

Para meu pai, isso era mais do que uma esperança. O Espírito Santo fizera com que fosse uma realidade para ele.

Ora, alguns podem dizer que suas palavras e as imagens em sua mente referentes a um lar celeste eram apenas um doce sentimento, o juízo atordoado de um marido no momento de sua perda. Mas ele conhecia a verdade eterna da única maneira que podemos conhecê-la.

Ele era um cientista que buscou a verdade a respeito do mundo físico durante toda a sua vida adulta. Ele sabia usar muito bem as ferramentas da ciência a ponto de ser honrado por seus colegas no mundo inteiro. Grande parte do que fez na química proveio de sua visualização mental do movimento das moléculas, seguida da confirmação dessa sua visão por meio de experiências realizadas num laboratório.

Mas ele teve que seguir um curso diferente para descobrir as verdades que mais importavam para ele e para cada um de nós. Somente por intermédio do Espírito Santo podemos ver as pessoas e os acontecimentos como Deus os vê.

Esse dom continuou no hospital depois que sua esposa faleceu. Reunimos as coisas da minha mãe para levar para casa. Meu pai parou para agradecer a cada enfermeira e médico que encontramos no caminho até o carro. Lembro-me de que senti, um pouco irritado, que deveríamos ser deixados em paz com nossa dor.

Dou-me conta agora de que ele viu coisas que somente o Espírito Santo poderia ter-lhe mostrado. Viu as pessoas como anjos enviados por Deus para cuidar de sua amada. Pode ser que elas próprias se vissem como profissionais da área de saúde, mas meu pai estava agradecendo a elas em nome do Salvador por seu serviço.

A influência do Espírito Santo continuou com ele quando chegamos à casa de meus pais. Conversamos por alguns minutos na sala. Meu pai pediu licença para retirar-se para seu quarto ao lado.

Após alguns minutos, ele voltou para a sala. Tinha um doce sorriso no rosto. Aproximou-se de nós e disse serenamente: “Eu estava preocupado achando que Mildred chegaria ao mundo espiritual sozinha. Achei que ela se sentiria perdida em meio à multidão”.

Depois, disse radiante: “Acabei de orar. Sei que Mildred está bem. Minha mãe estava lá para recebê-la”.

Lembro-me de que sorri quando ele disse isso, imaginando minha avó, correndo com suas pernas curtas em meio à multidão para certificar-se de estar lá e abraçar sua nora quando ela chegasse.

Ora, um dos motivos pelos quais meu pai pediu e recebeu esse consolo foi porque sempre tinha orado com fé, desde sua infância. Estava acostumado a receber respostas que lhe chegavam ao coração para dar-lhe consolo e orientação. Além de ter o hábito de orar, ele conhecia as escrituras e as palavras dos profetas vivos. Assim, ele reconhecia os sussurros familiares do Espírito, que vocês podem ter sentido hoje.

A companhia do Espírito tinha feito mais do que consolá-lo e guiá-lo. Ela o mudou por meio da Expiação de Jesus Cristo. Quando aceitamos a promessa de ter o Espírito sempre conosco, o Salvador pode conceder-nos a purificação exigida para a vida eterna, a maior de todas as dádivas de Deus (ver D&C 14:7).

Vocês se lembram das palavras do Salvador: “Ora, este é o mandamento: Arrependei-vos todos vós, confins da Terra; vinde a mim e sede batizados em meu nome, a fim de que sejais santificados, recebendo o Espírito Santo, para comparecerdes sem mancha perante mim no último dia” (3 Néfi 27:20).

Esses mandamentos foram dados com esta promessa do Senhor:

“E agora, em verdade, em verdade eu te digo: Põe tua confiança naquele Espírito que leva a fazer o bem—sim, a agir justamente, a andar em humildade, a julgar com retidão; e esse é o meu Espírito.

Em verdade, em verdade eu te digo: Dar-te-ei do meu Espírito, o qual iluminará tua mente e encher-te-á a alma de alegria” (D&C 11:12–13).

Presto-lhes meu testemunho de que Deus, o Pai, vive, que Jesus Cristo ressuscitado lidera Sua Igreja, que Thomas S. Monson possui todas as chaves do sacerdócio e que a revelação dada por intermédio do Espírito Santo guia e sustém A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e seus humildes membros.

Além disso, testifico-lhes que esses homens maravilhosos que hoje falaram a nós como testemunhas do Senhor Jesus Cristo, como membros do Quórum dos Doze Apóstolos, foram chamados por Deus. Sei que o Espírito guiou o Presidente Monson a chamá-los. E, ao ouvi-los falar e prestar testemunho, o Espírito Santo confirmou a vocês o que agora digo. Eles foram chamados por Deus. Eu os apoio, eu os amo e sei que o Senhor os ama e vai apoiá-los em seu serviço. E faço-o em nome do Senhor Jesus Cristo. Amém.

Notas

  1. Manual 2: Administração da Igreja, 2010, 20.3.10.

  2. Ver George Q. Cannon, em “Minutes of a Conference” [Ata de uma Conferência], Millennial Star, 2 de maio de 1863, pp. 275–276.