2016
Pelo Estudo e pela Fé
Dezembro de 2016


Pelo Estudo e pela Fé

Que vocês tenham a alegria e a paz advindas de saber que, por meio de seu ensino, vocês tocaram uma vida e inspiraram um dos filhos do Pai Celestial em sua jornada de volta à presença Dele.

Imagem
teacher standing at a whiteboard

Em uma reunião de treinamento de Autoridades Gerais, o Presidente Gordon B. Hinckley (1910–2008) disse o seguinte em relação ao ensino na Igreja: “Nenhum cuidado será demasiado. Devemos cuidar para não nos desviarmos. Em nossos esforços de sermos originais, modernos e diferentes, podemos ensinar coisas que talvez não estejam em completa harmonia com as doutrinas básicas desta Igreja restaurada de Jesus Cristo. (…) Temos que estar mais alertas. (…) Precisamos ser os atalaias da torre”.1

Ao levarmos o ensino da Igreja adiante no século 21, nossos educadores precisam ponderar se há mudanças que precisam fazer no modo como se preparam para ensinar, no modo como ensinam e naquilo que ensinam se desejarem fazer uma diferença na vida de nossa preciosa juventude.

Já se foram os dias em que um aluno fazia uma pergunta sincera e o professor respondia: “Não se preocupe com isso”. Já se foram os dias em que um aluno demostrava uma preocupação sincera e o professor prestava testemunho como resposta, na tentativa de evitar o problema. Já se foram os dias em que os alunos eram protegidos das pessoas que atacavam a Igreja.

Felizmente, o Senhor deixou este conselho oportuno e sempre atual para os professores: “E como nem todos têm fé, buscai diligentemente e ensinai-vos uns aos outros palavras de sabedoria; sim, nos melhores livros buscai palavras de sabedoria; procurai conhecimento, sim, pelo estudo e também pela fé” (D&C 88:118).

Isso se aplica especialmente hoje, porque nem todos os seus alunos têm a fé necessária para enfrentar os desafios que virão, e porque muitos deles já estão expostos, por meio da Internet, a forças danosas de um mundo cada vez mais secular que é hostil à fé, à família e aos padrões do evangelho. A Internet está expandindo seu alcance em todo o mundo, entrando praticamente em todo lar, tomando as mãos e a mente de seus alunos.

Vocês podem ajudar seus alunos ensinando-lhes o que significa combinar o estudo e a fé enquanto aprendem. Ensinem seus alunos exemplificando essa capacidade e essa abordagem em sala de aula.

O Presidente Harold B. Lee (1899–1973) comentou:

“Queremos lembrar-lhes que a aquisição de conhecimento pela fé não é um caminho fácil para o aprendizado. Exige trabalho árduo e um esforço contínuo pela fé. (…)

O aprendizado pela fé não é tarefa para uma pessoa preguiçosa. Alguém disse, por sinal, que esse processo exige a submissão total da alma, a evocação das profundezas da mente humana e a conexão dela com Deus: é preciso que haja o vínculo correto. Somente depois disso vem o ‘conhecimento pela fé’”.2

O conhecimento pela fé produzirá um testemunho puro, e o testemunho puro tem o poder de mudar vidas, conforme ilustrado nas breves histórias que se seguem.

Três Histórias

Phoebe Carter saiu de sua casa no Maine, EUA, para reunir-se com os santos em Ohio, na década de 1830. Ela contou: “Meus amigos se assombraram com minha decisão, tal como eu, mas algo me impelia a prosseguir. A tristeza de minha mãe por eu sair de casa foi quase maior do que eu podia suportar e, se não fosse pelo espírito que estava dentro de mim, eu teria desistido no final”.3

Phoebe seguiu o Profeta Joseph Smith e reuniu-se com os santos em Ohio e, por fim, em Utah, onde faleceu como fiel membro da Igreja e esposa do Presidente da Igreja Wilford Woodruff (1807–1898).

Quando era estudante universitário, Marion G. Romney (1897–1988) havia decidido que não poderia servir missão devido à situação financeira de sua família. Em certa ocasião, porém, ele ouviu o Élder Melvin J. Ballard (1873–1939) discursar. A biografia menciona: “Mal sabia Marion que o curso de sua vida, em muito pouco tempo, estava para mudar completamente”.

A história continua: “Pela primeira vez Marion (…) compreendeu plenamente como [era] estar sob a influência da inspiração. Uma sensação penetrante e ardente preencheu-lhe a alma. Ele jamais havia sido tocado daquela maneira antes, ao ouvir as palavras do mais novo dos apóstolos. (…)

O brilho no rosto do apóstolo e a sinceridade de seu testemunho preencheram Marion com um desejo irresistível de servir missão. (…) Ele sabia que seus planos de adiantar seus estudos deveriam ser adiados”.4

Logo, Marion seguiu para a Austrália, onde serviu fielmente. Mais tarde, ele se tornou um poderoso apóstolo e membro da Primeira Presidência.

A última história é do Presidente Boyd K. Packer (1924–2015), Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos, sobre a influência que um professor idoso teve na vida de William E. Berrett. O professor idoso era um converso vindo da Noruega com habilidades limitadas no inglês. No entanto, apesar das limitações do professor, o Presidente Packer relembrou que “o irmão Berrett testificou em mais de uma ocasião: ‘Podíamos aquecer as mãos com o calor de sua fé’”.5

Mais tarde, William tornou-se dirigente dos seminários, dos institutos e das escolas da Igreja.

Para Phoebe, Marion e William, o fato de ouvirem um testemunho puro tornou-se o catalizador que mudou a vida deles para sempre. O mesmo pode acontecer com seus alunos. Contudo, dadas as realidades do mundo atual, o testemunho puro pode nem sempre ser o suficiente. Phoebe, Marion e William eram limpos, puros e livres da pornografia e do mundanismo ao sentarem-se aos pés de missionários, professores e líderes inspirados. O Espírito facilmente lhes penetrou o coração brando e puro.

Hoje a história é bem diferente. Alguns de seus alunos já foram infectados pela pornografia e pelo secularismo antes mesmo de chegarem a suas salas de aula.

Há apenas uma geração, o acesso que nossos jovens tinham a informações sobre nossa história, nossa doutrina e nossas práticas era basicamente limitado aos materiais impressos pela Igreja. Poucos alunos tinham contato com interpretações alternativas. A maioria de nossos jovens levava uma vida protegida.

Nosso currículo, naquela época, embora bem-intencionado, não preparava os alunos para os dias de hoje: uma época em que eles têm acesso instantâneo a praticamente tudo a respeito da Igreja, de todos os pontos de vista possíveis. O que eles veem hoje em seus celulares provavelmente tanto questiona quanto promove sua fé. Muitos de nossos jovens estão mais familiarizados com o Google do que com o evangelho, mais em sintonia com a Internet do que com a inspiração e mais envolvidos com o Facebook do que com a fé.

Imagem
man typing on a computer

Domínio Doutrinário

Tendo em vista esses problemas, a Junta Educacional da Igreja aprovou recentemente no Seminário uma iniciativa chamada Domínio Doutrinário. Edificando sobre o que já havia sido feito em relação ao Domínio das Escrituras, essa nova iniciativa concentra-se na edificação e no fortalecimento da fé que nossos alunos têm em Jesus Cristo, reforçando-os com maior capacidade de viver e aplicar o evangelho na vida deles. Com base nas escrituras e nas palavras dos profetas, eles aprenderão a agir com fé em Cristo para adquirir conhecimento e entendimento espirituais de Seu evangelho. E terão a oportunidade de aprender a aplicar a doutrina de Cristo e os princípios do evangelho a dúvidas e questionamentos que eles ouvem e veem todos os dias, em meio a seus colegas e na mídia social.

Essa iniciativa é inspirada e oportuna. Será uma maravilhosa influência para nossos jovens. No entanto, o sucesso do Domínio Doutrinário, e de todos os outros programas de estudo do Sistema Educacional da Igreja, dependerá em grande parte de nossos professores.

Em vista desses desafios, quais são as oportunidades e as responsabilidades que os professores do evangelho têm no século 21? Obviamente, vocês, professores, precisam amar o Senhor, Sua Igreja e seus alunos. Precisam também prestar um testemunho puro com sinceridade e frequência. Além disso, mais do que em qualquer outra época de nossa história, seus alunos também precisam ter a bênção de aprender conteúdo e contexto doutrinários e históricos pelo estudo e pela fé, acompanhados do puro testemunho, para que possam vivenciar uma conversão amadurecida e duradoura ao evangelho e um comprometimento por toda a vida a Jesus Cristo. Uma conversão amadurecida e duradoura significa que eles vão “ficar no barco e permanecer nele” por toda a vida.6

Imagem
woman in Sunday School class

Para que vocês entendam o conteúdo e contexto históricos e doutrinários das escrituras e de nossa história, terão que estudar nos “melhores livros”, como o Senhor ordenou (D&C 88:118). Os “melhores livros” incluem as escrituras, os ensinamentos dos profetas e apóstolos modernos, e os melhores estudos acadêmicos SUD disponíveis. Por meio de seu diligente esforço para aprender pelo estudo e pela fé, vocês serão capazes de ajudar seus alunos a aprender as habilidades e as atitudes necessárias para distinguir as informações confiáveis que os elevam das meias verdades e das interpretações incorretas da doutrina, da história e das práticas que os derrubam.

Ensinem a seus alunos quais são os problemas que eles enfrentarão caso venham a confiar na Internet para responder a perguntas de importância eterna. Lembrem a eles que Tiago não disse: “E se algum de vós tem falta de sabedoria, procure no Google!” (Ver Tiago 1:5.)

As pessoas sábias não confiam na Internet para diagnosticar e tratar problemas de saúde física, mental e emocional, sobretudo os que representam risco de vida. Em vez disso, procuram especialistas da área da saúde, médicos formados e licenciados pelos conselhos médicos e estaduais reconhecidos. Mesmo assim, as pessoas prudentes procuram uma segunda opinião.

Se esse for o caminho sensato a tomar para encontrar respostas para problemas de saúde física, mental e emocional, quanto mais dever ser quando a vida eterna está em jogo. Quando alguma coisa tem o potencial de ameaçar nossa vida espiritual, nossos relacionamentos familiares mais preciosos e nossa filiação no reino, devemos procurar líderes atenciosos e fiéis para nos ajudar. E, se necessário, devemos pedir ajuda àqueles com conhecimento, experiência e formação acadêmica adequados.

É exatamente isso o que faço quando preciso de uma resposta às minhas próprias perguntas que não consigo responder sozinho. Busco a ajuda de meus irmãos do Quórum dos Doze Apóstolos e de outras pessoas que conhecem bem a doutrina e a história da Igreja.

Os professores do evangelho devem ser os primeiros — além dos próprios familiares dos alunos — a apresentar fontes confiáveis e corretas sobre tópicos que sejam menos conhecidos ou controversos para que os alunos avaliem tudo o que ouvirem ou lerem mais tarde, comparando essas coisas com o que já lhes foi ensinado.

Vacinação Espiritual

Vacinamos nossos preciosos missionários antes de enviá-los para o campo missionário para que sejam protegidos contra doenças que possam prejudicá-los. De modo semelhante, antes de enviar seus alunos para o mundo, vacine-os provendo-lhes uma interpretação fiel, ponderada e exata da doutrina do evangelho, das escrituras, de nossa história e de tópicos que às vezes são mal compreendidos.

Para citar alguns desses tópicos menos conhecidos ou controversos, refiro-me ao casamento plural, às pedras de vidente, a diferentes relatos da Primeira Visão, ao processo de tradução do Livro de Mórmon ou do livro de Abraão e a questões referentes à sexualidade, à raça, ao sacerdócio e à Mãe Celestial.

Com frequência, a tarefa de vacinar nossos jovens recai sobre os professores do Sistema Educacional da Igreja. Com esses pensamentos em mente, reservem um tempo para pensar em suas oportunidades e em suas responsabilidades.

Os líderes atuais da Igreja têm plena consciência do acesso ilimitado a informações e estamos nos esforçando ao máximo para prover contexto e entendimento corretos dos ensinamentos da Restauração. Um importante exemplo desse empenho são os 11 estudos sobre Tópicos do Evangelho que se encontram em LDS.org7, os quais fornecem interpretações equilibradas e confiáveis sobre fatos controversos e temas pouco conhecidos relacionados à Igreja.

É importante que vocês estejam cientes do conteúdo desses estudos. Se tiverem perguntas a respeito deles, perguntem a alguém que os estudou e os compreende. Em outras palavras, “[procurem] conhecimento, sim, pelo estudo e também pela fé” (D&C 88:118) ao se inteirarem do conteúdo desses estudos.

Vocês também devem procurar conhecer bem o site Documentos de Joseph Smith,8 a seção de história da Igreja do site LDS.org e outros recursos de autoria de estudiosos SUD fiéis.

O empenho pela transparência no evangelho e a vacinação espiritual por meio de um estudo ponderado da doutrina e da história, associados a um testemunho fervoroso, são o melhor antídoto que temos para ajudar os alunos a evitar e a lidar com questionamentos, dúvidas ou crises de fé que eles venham a enfrentar nesta era da informação.

À medida que vocês, professores, pagarem o preço para entender melhor nossa história, nossa doutrina e nossas práticas — melhor do que entendem agora —, vocês estarão preparados para oferecer respostas ponderadas, cuidadosas e inspiradas para as perguntas de seus alunos.

Imagem
youth Sunday School class

Um meio de saber quais são as dúvidas que seus alunos têm é ouvi-los atentamente. Todo bom professor tem que ser um bom ouvinte. Além de ouvir seus alunos, incentive-os em sala de aula ou em particular a lhes fazerem perguntas sobre qualquer tópico. Uma das perguntas mais importantes que seus alunos podem fazer é: “Por quê?” Quando feita com o sincero desejo de entender, “Por quê?” é uma excelente pergunta. É a pergunta que os missionários desejam que seus pesquisadores lhes façam. Por que estamos aqui? Por que coisas ruins acontecem a pessoas boas? Por que devemos orar? Por que devemos seguir Cristo? Com frequência, as perguntas do tipo “por quê?” conduzem à inspiração e à revelação. O conhecimento do plano do Pai Celestial vai ajudá-los a responder à maioria das perguntas do tipo “por quê?”

Um último comentário sobre como dar respostas a perguntas. É importante ensinar a seus alunos que, embora o evangelho forneça muitas respostas, se não todas, para as mais importantes perguntas da vida, algumas perguntas não podem ser respondidas na mortalidade porque nos falta a informação necessária para darmos uma resposta adequada. Conforme aprendemos em Jacó: “Eis que grandes e maravilhosas são as obras do Senhor. Quão insondáveis são as profundezas de seus mistérios! E é impossível ao homem descobrir todos os seus caminhos. E nenhum homem conhece seus caminhos, a não ser que lhe sejam revelados” (Jacó 4:8; ver também D&C 101:32–34).

Uma Palavra de Advertência

Quero deixar-lhes uma palavra de cautela. Reconheçam que vocês podem vir a acreditar, como muitos de seus alunos o fazem, que vocês são especialistas em escrituras, em doutrina e em história. Um estudo recente revelou que, “quanto mais as pessoas pensam que conhecem um assunto, mais provável é que aleguem entender mais do que sabem, até ao ponto de fingir conhecimento (…) e fabricar informações”.9

Conhecida como superestimação, nossos professores do evangelho precisam evitar essa tentação. É perfeitamente aceitável dizer: “Eu não sei”. No entanto, depois de dizer isso, vocês têm a responsabilidade de encontrar as melhores respostas para as perguntas ponderadas de seus alunos (ver D&C 101:32–34).

Ao ensinar seus alunos e responder às perguntas deles, quero adverti-los a não transmitir rumores que promovam a fé, mas que não tenham sido comprovados, ou conceitos e explicações ultrapassadas de nossa doutrina e de nossas práticas do passado. Sempre é sábio ter o hábito de estudar as palavras dos profetas e apóstolos vivos, manter-se atualizados nas questões, nas normas e nas declarações atuais da Igreja por intermédio do site mormonnewsroom.org e do site LDS.org, e consultar as obras de estudiosos SUD reconhecidos, ponderados e fiéis para garantir que vocês não ensinem coisas que não sejam verdadeiras, que estejam ultrapassadas ou que sejam estranhas e confusas.

Os autores do estudo sobre a superestimação notaram que “a tendência de superestimar o conhecimento, sobretudo naqueles que se consideram peritos, (…) pode desestimular as pessoas a instruir-se justamente naquelas áreas nas quais elas se consideram bem informadas”.10

Além de perseverar por toda a vida em seu aprendizado, vocês também precisam fazer, em sua vida pessoal, as coisas que vão permitir que o Santo Espírito aja em vocês. Isso inclui a oração diária sincera, o jejum fervoroso, a reflexão e o estudo assíduo das escrituras e das palavras dos profetas atuais, tornar o Dia do Senhor deleitoso, tomar o sacramento com humildade e sempre nos lembrar do Salvador, adorar no templo tão frequentemente quanto possível e, por fim, ajudar os necessitados, os pobres e as pessoas solitárias, tanto os que estão próximos de nós como no mundo todo.

Para cumprir devidamente suas oportunidades e suas responsabilidades, vocês precisam praticar o que pregam!

Tenham a coragem de buscar conselhos e correção de pessoas em quem vocês confiam: um cônjuge, os líderes do sacerdócio ou supervisores. Perguntem-lhes em que aspectos vocês podem melhorar em seu discipulado pessoal. Mantenham distância de qualquer coisa que afugente o Espírito.

Além disso, posso sugerir que realizem ocasionalmente uma entrevista pessoal com vocês mesmos e recapitulem 2 Néfi 26:29–32, Alma 5:14–30 e Doutrina e Convênios 121:33–46? Isso vai ajudá-los a identificar os tipos de tentações com as quais todos nos deparamos. Se algo precisa ser mudado em sua vida, decidam consertar essas coisas.

Evitem a tentação de questionar as intenções de seus colegas de trabalho. Em vez disso, analisem profundamente seu próprio coração e examinem seus próprios desejos e suas motivações. Somente então o Salvador poderá mudar seu coração e alinhar seus desejos e suas intenções aos Dele.

A nova geração precisa conhecer, entender, adotar e participar do Plano de Salvação de Deus. O entendimento do plano vai lhes dar a perspectiva divina por meio da qual eles podem ver a si mesmos como filhos e filhas de Deus, dando-lhes um prisma pelo qual eles podem entender quase todas as doutrinas, práticas e normas da Igreja.

Os professores atuais do evangelho precisam aceitar a oportunidade e a responsabilidade de ensinar aos jovens do século 21 os princípios corretos a respeito do plano, inclusive a doutrina divinamente sancionada do casamento e do papel da família, conforme definidos na proclamação sobre a família.11

A Doutrina do Casamento Eterno

A doutrina do casamento eterno e da família eterna é uma parte essencial do plano de felicidade de Deus. Inclui nossa própria família selada no templo como parte da própria família eterna do Pai Celestial no Reino Celestial. Como essa doutrina se relaciona diretamente com a própria família Dele e com Seus próprios filhos espirituais, foi-nos ensinado em Gênesis que “macho e fêmea os criou” e que ordenou a Adão e a Eva a multiplicarem-se e a encherem a Terra (ver Gênesis 1:27–28).

Dizem que o plano de felicidade começa e termina com a família. Na verdade, a família teve início no mundo pré-mortal, onde morávamos como membros da família de nossos pais celestiais. E, no final, os compromissos familiares e os relacionamentos amorosos não só continuarão a existir, mas também vão proliferar durante o processo de procriação (ver D&C 131:1–4; 132:19).

O ponto de articulação que conecta tudo isso — do qual o plano de Deus e nosso destino eterno dependem e sobre o qual todas as outras coisas giram — é Jesus Cristo. Seu sacrifício expiatório torna todas as coisas possíveis, inclusive o casamento e a família amorosos, carinhosos e eternos.

Imagem
Portrait of Jesus Christ

O Senhor nos ensina que nenhuma pessoa solteira, a despeito de sua retidão, pode obter tudo o que nosso Pai Celestial tem para Seus filhos. Um indivíduo solteiro é apenas metade da equação, sendo incapaz de habitar no mais alto nível do Reino Celestial (ver 1 Coríntios 11:11; D&C 131:1–4).

Seus alunos precisam entender que o propósito da mortalidade é tornar-nos mais semelhantes a Deus adquirindo um corpo físico, exercendo o arbítrio e assumindo o papel que anteriormente cabia unicamente aos pais celestes: o papel de marido, esposa, pai e mãe.

Os profetas nos asseguraram que todos os que forem dignos e que confiarem em Jesus Cristo, mas não puderem ser selados a um cônjuge ou ter filhos nesta vida, terão essas oportunidades no mundo vindouro.

Ensinem aos jovens que na Igreja do Senhor há espaço para todos adorarem, servirem e crescerem juntos como irmãos e irmãs no evangelho. Lembrem a eles o que Leí ensinou — que o objetivo e a esperança de Deus para todos os Seus filhos podem ser resumidos no seguinte: “Adão caiu para que os homens existissem; e os homens existem para que tenham alegria” (2 Néfi 2:25).

O Pai Celestial deseja que aceitemos Sua definição do casamento e obedeçamos a Seu primeiro mandamento de multiplicar-nos e de enchermos a Terra (ver Gênesis 1:28) — não apenas para cumprir Seu plano, mas também para ter a alegria que Seu plano visava proporcionar a Seus filhos e Suas filhas.

Como educadores da Igreja, ajudem nossos jovens a ter um claro entendimento do plano de felicidade de Deus, do qual provém a verdadeira alegria para Seus filhos. Ajudem seus alunos a conhecê-lo, a adotá-lo, a participar dele e a defendê-lo. Em meus 40 anos de experiência como Autoridade Geral, fico preocupado com o grande número de nossos membros da Igreja, jovens e idosos, que simplesmente não entendem o plano para seu destino eterno e divino.

Assim, meus colegas professores, devemos procurar e desfrutar essas oportunidades de explicar, doutrinária e espiritualmente, por que acreditamos que o conhecimento do grande plano de felicidade de Deus vai responder à maioria das perguntas do tipo “por quê?” que nos venham a ser feitas. A expressão de nossa crença em uma vida pré-mortal na qual vivemos como filhos espirituais de um Pai Celestial e de uma Mãe Celestial permite que expliquemos o motivo pelo qual a Terra foi criada. Um propósito essencial da vida mortal é o de que nós mesmos podemos reproduzir essa experiência em família, só que dessa vez como pais em vez de apenas filhos. Valorizem imensamente seu entendimento básico da doutrina e do propósito do plano de nosso Pai Celestial para nossa felicidade eterna. E continuem a ensiná-lo.

Conclusão

Assim, para concluir e resumir, os pontos que abordei com vocês foram:

  • Ensinem os alunos a combinar o aprendizado pelo estudo e pela fé com o testemunho puro.

  • Ensinem os alunos a ficarem no barco e a manterem-se firmes!

  • Ensinem os alunos a controlarem seus dispositivos móveis e concentrarem-se em estar mais conectados ao Santo Espírito do que à Internet.

  • Vacinem os alunos com as verdades do Plano de Salvação encontradas no evangelho de Jesus Cristo.

  • Lembrem-se de que “por quê?” pode ser uma excelente pergunta que conduz ao aprendizado do evangelho.

  • Dominem o conteúdo dos artigos dos Tópicos do Evangelho.

  • Não superestimem seu conhecimento e não tenham medo de dizer: “Não sei”.

  • Tornem-se aprendizes eternos.

  • Busquem conselho e correção daqueles em quem vocês confiam.

  • Pensem em realizar ocasionalmente uma entrevista pessoal para examinar sua preparação espiritual, sua diligência e sua eficácia.

  • Ensinem que o plano de felicidade começa e termina na família. Mantenham o Plano de Salvação na mente o tempo todo.

  • Ensinem que o casamento e as famílias proporcionam alegria eterna.

Lembrem-se de que a combinação do aprendizado pelo estudo, pela fé e pelo testemunho puro proporciona uma conversão longa e duradoura. Acima de tudo, uma fé inabalável na Expiação do Senhor Jesus Cristo é essencial para nossa força e crescimento espirituais.

Que vocês tenham a alegria e a paz advindas de saber que, por meio de seu ensino, vocês tocaram uma vida e inspiraram um dos filhos do Pai Celestial em sua jornada de volta à presença Dele.

Notas

  1. Reunião de treinamento de Autoridades Gerais, Salt Lake City, 29 de setembro de 1992.

  2. Harold B. Lee, em Clyde J. Williams, org., The Teachings of Harold B. Lee, 1996, p. 331.

  3. Ver Edward W. Tullidge, The Women of Mormondom, 1877, pp. 411–414.

  4. Ver F. Burton Howard, Marion G. Romney: His Life and Faith, 1988, pp. 62–64.

  5. Boyd K. Packer, “Tributo aos Membros Obscuros e Fiéis da Igreja”, A Liahona, outubro de 1980, p. 102.

  6. Ver M. Russell Ballard, “Fiquem no Barco e Segurem-se!”, A Liahona, novembro de 2014, p. 89.

  7. Ver LDS.org/topics/essays.

  8. Ver josephsmithpapers.org.

  9. Brent W. Webb, “Quest for Perfection and Eternal Life”, sessão da conferência anual de docentes da Universidade Brigham Young, 24 de agosto de 2015, p. 10, speeches.byu.edu; ver também Stav Atir, Emily Rosenzweig e David Dunning, “When Knowledge Knows No Bounds: Self-Perceived Expertise Predicts Claims of Impossible Knowledge”, Psychological Science, agosto de 2015, pp. 1295–1303.

  10. Em Brent W. Webb, “Quest for Perfection and Eternal Life”, p. 10.

  11. Ver “A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, novembro de 2010, última contracapa.