2017
O desejo de retornar ao lar
November 2017


O desejo de retornar ao lar

Direcione sua alma para a luz. Comece sua maravilhosa jornada para casa. Ao fazê-lo, sua vida será melhor, mais feliz e terá mais propósito.

Recentemente, ao nos encontrarmos com o presidente Thomas S. Monson, ele expressou, com grande solenidade e felicidade no rosto, o quanto ama o Senhor e que sabe que o Senhor o ama. Meus queridos irmãos e irmãs, sei que o presidente Monson é muito grato por seu amor, suas orações e sua dedicação ao Senhor e ao Seu maravilhoso evangelho.

Bobbie, o cão fantástico

Há quase um século, uma família do estado de Oregon estava de férias no estado de Indiana, a mais de 3 mil quilômetros de distância, quando perderam seu querido cão, Bobbie. A procura desesperada pelo cão não deu resultado. Não foi possível encontrá-lo.

Com o coração partido, fizeram a viagem de volta, cada quilômetro os colocando cada vez mais longe de seu amado cãozinho.

Seis meses depois, a família ficou impressionada ao encontrar Bobbie na entrada de sua casa em Oregon. “Debilitado, esquelético e com os pés dilacerados, ele parecia ter caminhado toda a distância (…) sozinho.”1 A história de Bobbie chamou a atenção de todos nos Estados Unidos, e ele ficou conhecido como Bobbie, o cão fantástico.

Bobbie não é o único animal a deixar perplexos os cientistas devido a seu senso de direção e instinto para encontrar sua casa. Algumas populações de borboletas-monarca migram quase 5 mil quilômetros a cada ano para climas mais adequados à sua sobrevivência. Tartarugas-de-couro viajam através do Oceano Pacífico, desde a Indonésia até a costa da Califórnia. Baleias-jubarte nadam ida e volta, entre as águas geladas dos Polos Norte e Sul até o Equador. Talvez ainda mais inacreditável, todos os anos a andorinha do ártico voa, ida e volta, do Círculo Ártico até a Antártica; algo em torno de 97 mil quilômetros.

Os cientistas, ao estudarem o comportamento fascinante desses animais, fazem perguntas do tipo: “Como sabem para onde ir?” e “Como cada nova geração adquire esse comportamento?”

Quando li sobre esse poderoso instinto animal, não pude deixar de pensar: “Será que os seres humanos têm um desejo similar — digamos um sistema interno de direção — que os atrai ao lar celestial?”

Creio que cada homem, mulher e criança já sentiu o chamado celestial em algum ponto de sua vida. Bem dentro de nós, encontra-se o desejo de, de alguma forma, atravessar o véu e abraçar nossos Pais Celestiais que outrora conhecemos e estimamos.

Alguns podem suprimir esse desejo e calar na alma seu chamado. Mas aqueles que não apagam essa luz dentro de si podem embarcar em uma jornada incrível: uma surpreendente migração para as regiões celestes.

Deus o chama

A sublime mensagem de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é que Deus é nosso Pai, que Ele Se importa conosco e que há um meio de retornarmos a Ele.

Deus o chama.

Deus conhece todos os seus pensamentos, seus sofrimentos e suas grandes esperanças. Ele sabe de todas as vezes que você O buscou. Das muitas vezes em que sentiu uma enorme alegria. Das muitas vezes em que chorou em solidão. Das muitas vezes em que se sentiu desamparado, confuso ou irritado.

Contudo, apesar de sua história — tenha você falhado, fracassado, se sentido destruído, amargurado, traído ou ferido —, saiba que você não está só. Deus ainda assim o chama.

O Salvador lhe estende a mão. E, assim como fez aos pescadores que estavam de pé nas margens do mar da Galileia, com infinito amor Ele lhe diz: “Vem, segue-me”.2

Se O ouvir, Ele falará a você hoje mesmo.

Quando trilha o caminho do discipulado — quando se move em direção ao Pai Celestial —, há algo em seu âmago confirmando que você ouviu o chamado do Salvador e voltou seu coração para a luz. Algo lhe dirá que você está no caminho correto e que está retornando para casa.

Desde o início dos tempos, os profetas de Deus têm exortado os povos de sua época a “[dar] ouvidos à voz do Senhor [seu] Deus, [guardar] os seus mandamentos e os seus estatutos, (…) [e] [se converter] ao Senhor [seu] Deus com todo o [seu] coração, e com toda a [sua] alma”.3

As escrituras nos ensinam milhares de razões para assim fazermos.

Deixem-me oferecer duas razões pelas quais devemos nos voltar para o Senhor.

Primeiro: sua vida será melhor.

Segundo: Deus usará você para melhorar a vida de outras pessoas.

Sua vida será melhor

Testifico que, quando embarcamos ou continuamos na incrível jornada que nos leva a Deus, nossa vida fica melhor.

Isso não quer dizer que nossa vida estará isenta de tristeza. Todos conhecemos fiéis seguidores de Cristo que foram vítimas de injustiça e tragédia; o próprio Jesus Cristo sofreu mais que qualquer pessoa. Assim como o Pai faz com que o “sol se levante sobre os maus e os bons”, Ele também permite que haja a adversidade para testar o justo e o injusto.4 Na verdade, às vezes parece que nossa vida é mais difícil porque estamos tentando viver nossa fé.

Não, seguir ao Salvador não removerá todas as suas provações. No entanto, removerá as barreiras entre você e a ajuda que o Pai Celestial deseja lhe dar. Deus estará com você. Ele guiará seus passos. Ele caminhará a seu lado e até mesmo o carregará quando sua necessidade for extrema.

Você vivenciará os sublimes frutos do Espírito: “caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade [e] fé”.5

Esses frutos do Espírito não são o produto da prosperidade, do sucesso e da sorte temporais. Eles vêm ao seguirmos o Salvador, e podem vir a nosso auxílio mesmo em meio à mais sombria das tempestades.

Os rigores e tumultos da vida mortal podem ameaçar e assustar, mas aqueles que direcionam o coração a Deus serão envolvidos por Sua paz. Sua alegria não será diminuída. Eles não serão abandonados nem esquecidos.

“Confia no Senhor de todo o teu coração”, ensina a escritura, “e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”.6

Aqueles que dão ouvidos a esse chamado interior e buscam a Deus; aqueles que oram, creem e trilham o caminho que o Senhor preparou — mesmo que às vezes tropecem ao longo do caminho — recebem a garantia consoladora de que “todas as coisas [contribuem] para o [seu] bem”.7

Pois Deus “dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor”.8

“Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará.”9

E o Senhor em Sua bondade pergunta:

Você quer vivenciar alegria duradoura?

Anseia por sentir em seu coração a paz que excede o entendimento?10

Então, direcione sua alma para a luz.

Comece sua maravilhosa jornada para casa.

Ao fazê-lo, sua vida será melhor, mais feliz e terá mais propósito.

Deus o usará

Em sua jornada de volta ao Pai Celestial, você vai perceber logo que ela não tem a ver somente com sua própria vida. Não, nessa jornada você é inevitavelmente levado a ser uma bênção na vida de outros filhos de Deus: seus irmãos e suas irmãs. E o que é interessante a respeito da jornada é que, ao servir a Deus e ao se preocupar com o próximo e ajudá-lo, você verá grande progresso em sua própria vida, de maneiras que você nunca poderia imaginar.

Talvez não se considere assim tão útil; talvez não se considere uma bênção na vida de alguém. Com frequência, ao olharmos para nós mesmos, vemos apenas nossas limitações e deficiências. Por vezes pensamos que precisamos ser “mais” em algum ponto para que Deus possa nos usar: mais inteligentes, mais ricos, mais carismáticos, mais talentosos, mais espirituais. As bênçãos não virão tanto por causa de suas habilidades, mas devido a suas escolhas. E o Deus do universo agirá dentro de você e por seu intermédio, magnificando seus humildes esforços para os propósitos Dele.

A obra Dele sempre seguiu adiante com base neste importante princípio: “De pequenas coisas provém aquilo que é grande”.11

Quando escrevia aos santos de Corinto, o apóstolo Paulo observou que poucos deles seriam considerados sábios pelos padrões do mundo. Mas isso não importava, porque “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias”.12

A história da obra de Deus está repleta de pessoas que se consideravam inadequadas. Mas elas serviram com humildade, confiando na graça de Deus e na Sua promessa: “E o braço deles será o meu braço e serei seu escudo (…) e eles lutarão virilmente por mim; e (…) preservá-los-ei”.13

Recentemente nossa família teve uma maravilhosa oportunidade de visitar alguns locais históricos da Igreja no leste dos Estados Unidos. De um modo especial, revivemos a história daquela época. Pessoas sobre as quais li tanto — pessoas como Martin Harris, Oliver Cowdery e Thomas B. Marsh — se tornaram mais reais para mim ao caminharmos por onde elas caminharam e ponderarmos os sacrifícios que fizeram para edificar o reino de Deus.

Essas pessoas tiveram muitas características grandiosas que permitiram a elas fazer contribuições significativas para a Restauração da Igreja de Jesus Cristo. Mas elas também eram humanas, fracas e falíveis; assim como você e eu. Algumas delas divergiram do profeta Joseph Smith e se afastaram da Igreja. Mais tarde, muitas dessas mesmas pessoas tiveram uma mudança de coração, humilharam-se e, mais uma vez, buscaram e encontraram a comunhão dos santos.

É possível que tenhamos a tendência de julgar esses irmãos e outros membros semelhantes a eles. Talvez digamos: “Eu jamais teria abandonado o profeta Joseph”.

Isso pode ser verdade, mas não sabemos de fato como era viver naquela época, naquelas circunstâncias. Não, eles não eram perfeitos, mas como é animador saber que Deus pôde usá-los ainda assim. Ele conhecia suas forças e fraquezas, e deu-lhes a oportunidade extraordinária de contribuir com uma estrofe ou uma frase melódica para o glorioso hino da Restauração.

Como é animador saber, apesar de sermos imperfeitos, que, se nosso coração estiver voltado para Deus, Ele será generoso e bondoso e nos usará para Seus propósitos.

Aqueles que amam e servem a Deus e ao próximo, e humilde e ativamente participam de Sua obra, verão coisas espantosas acontecer em sua vida e na vida daqueles a quem amam.

Portas que parecem fechadas serão abertas.

Os anjos irão adiante deles para preparar o caminho.

Não importa qual seja sua posição na comunidade ou na Igreja, Deus vai usá-lo se você tiver o desejo. Ele magnificará seus desejos justos e transformará os atos de compaixão que você semeia em uma colheita abundante de bondade.

Não podemos chegar a nosso destino no piloto automático

Todos somos, cada um de nós, “estrangeiros e peregrinos”14 neste mundo. Em muitos aspectos, estamos longe de casa. Mas isso não significa que precisamos nos sentir perdidos ou sozinhos.

Nosso amado Pai Celestial nos deu a Luz de Cristo. E dentro de cada um de nós, um sentimento nos impulsiona a voltar os olhos e o coração a Ele ao fazermos a jornada de volta ao lar celestial.

Isso requer esforço. Não é possível chegar lá sem o esforço de aprender com Ele, de compreender Suas instruções, de aplicá-las sinceramente e de se colocar um pé diante do outro.

Não, a vida não é como um carro autônomo. Não é como um avião no piloto automático.

Não se pode simplesmente flutuar pelas águas da vida e confiar que a correnteza vai levá-lo aonde deseja estar um dia. O discipulado exige nosso desejo de nadar contra a correnteza quando necessário.

Ninguém mais é responsável por sua jornada pessoal. O Salvador vai ajudá-lo e vai preparar o caminho diante de você, mas o compromisso de segui-Lo e de guardar Seus mandamentos deve vir de você. Esse fardo é exclusivamente seu; é privilégio só seu.

Essa é sua grande aventura.

Por favor, ouça o chamado de seu Salvador.

Siga-O.

O Senhor estabeleceu A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias para ajudá-lo em seu compromisso de servir a Deus e ao próximo. O propósito da Igreja é incentivar, ensinar, erguer e inspirar. Essa Igreja maravilhosa proporciona oportunidades para exercitarmos compaixão, socorrermos o próximo e renovarmos e mantermos convênios sagrados. Seu propósito é abençoar a vida e aprimorar o lar, a comunidade e a nação.

Venha, una-se a nós e confie no Senhor. Empreste seus talentos para a maravilhosa obra do Senhor. Socorra, incentive, cure e apoie todos os que desejam sentir e ouvir o chamado de nosso lar celestial. Que nos unamos nessa gloriosa jornada às regiões celestes.

O evangelho é uma mensagem transcendental de esperança, felicidade e alegria. É o caminho que nos guia de volta ao lar.

Ao abraçarmos o evangelho com fé e ações, todos os dias e a todo o momento, nós nos aproximaremos um pouco mais de nosso Deus. Nossa vida será melhor, e o Senhor nos usará de maneiras extraordinárias para abençoar as pessoas a nosso redor e levar a efeito Seus propósitos eternos. Disso testifico e deixo-lhes minha bênção, no sagrado nome de Jesus Cristo. Amém.