Recursos para a família
Enfrentar as Dificuldades do Casamento


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Enfrentar as Dificuldades do Casamento

Sugestões de Aplicação

Dependendo de suas próprias necessidades e de sua situação, utilize uma (ou mais) das seguintes sugestões.

  • No texto da designação de leitura abaixo, o Élder Lynn G. Robbins dá a “receita de um desastre”. Leia o que ele diz nesta página e, depois, crie uma receita de harmonia no lar. Diga quais “ingredientes” você incluiria nesse tipo de receita.

  • Comprometa-se a lidar com as dificuldades com paciência e amor, em vez de fazê-lo com raiva. Decida fazer alguma coisa que o lembre sempre desse compromisso. Você poderia, por exemplo, colocar uma moeda ou outro objeto pequeno em seu sapato ou ter sempre no bolso um bilhete para si mesmo.

  • Caso tenha disponível Noite Familiar: Livro de Recursos (31106 059), leia a seção “Como Resolver os Conflitos de um Casamento”, páginas 240–241. Caso seja casado, leia e discuta o material dessa seção com o seu cônjuge.

Designação de Leitura

Estude o seguinte artigo. Caso seja casado, leia e discuta o artigo com o seu cônjuge.

Arbítrio e Ira

Élder Lynn G. Robbins
Dos Setenta

Satanás Instiga a Ira na Família

“Uma família tenho sim. Eles são tão bons pra mim.” Esse é o desejo de toda criança, expresso na letra de um de nossos hinos. (“As Famílias Poderão Ser Eternas”, Hinos, nº 191; grifo do autor.)

Aprendemos, na proclamação sobre a família, que “a família é essencial ao plano do Criador” e que “o marido e a mulher têm a solene responsabilidade de amar-se mutuamente e de cuidar um do outro”, e “o sagrado dever de criar os filhos com amor e retidão”. (“A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, janeiro de 1996, p. 114.)

A família é também o alvo primordial de Satanás. Ele está em guerra contra a família. Uma de suas estratégias é a maneira sutil e astuta de, sem ser notado, penetrar em território inimigo, ou seja, em nosso lar e nossa vida.

Ele prejudica e, muitas vezes, destrói famílias dentro das próprias paredes do lar. Seu plano é levar os membros da família à ira. Satanás é o “pai da discórdia”, que “leva a cólera ao coração dos homens, para contenderem uns com os outros”. (3 Néfi 11:29; grifo do autor) O verbo “levar” parece fazer parte da receita de um desastre: Leve os gênios ao fogo médio, acrescente algumas palavras ideais para levar à fervura, continue mexendo até engrossar; esfrie; deixe descansar por vários dias, até que os sentimentos se tornem bem frios; sirva gelado. Sempre há muitas sobras.

Podemos Decidir Não Nos Zangar

Uma característica astuciosa da estratégia de Satanás é convencer-nos de que ira e arbítrio nada têm a ver um com o outro, fazendo-nos acreditar que somos vítimas de uma emoção incontrolável. Ouvimos: “Perdi a cabeça”. Perder a cabeça é uma expressão interessante que se tornou muito usada. “Perder alguma coisa” implica em “não ter a intenção”, “por acaso”, “involuntário”, “não ser responsável”, talvez um pouco descuidado, mas “sem responsabilidade”.

“Ele tirou-me do sério.” Essa é outra frase que ouvimos, que também implica em falta de controle ou arbítrio. É um mito que precisa ser desmascarado. Ninguém nos tira do sério. As pessoas não nos irritam. Não há quaisquer forças atuando. Ficar zangado é uma escolha consciente, uma decisão; portanto, podemos escolher não nos zangar. Nós escolhemos!

Para aqueles que dizem: “Mas eu não consigo evitar”, o autor William Wilbanks responde: “Tolice”.

“Agredir (…) refrear a ira, conversar e berrar” são todas estratégias que aprendemos para lidar com a ira. “Nós escolhemos as que se mostraram eficazes para nós no passado. Já repararam como é raro perdermos o controle quando somos frustrados por nosso chefe, mas como é fácil perdermos o mesmo controle quando um amigo ou membro da família nos aborrece?” (“The New Obscenity”, Reader´s Digest, dezembro de 1988, p. 24; grifo do autor.)

No segundo ano do secundário, Wilbanks fez o teste para entrar na equipe de basquetebol da escola e passou. No primeiro dia de treino, seu treinador escolheu-o para jogar contra um outro rapaz, enquanto o resto da equipe observava. Ao errar um arremesso fácil, ele ficou zangado, bateu os pés no chão e resmungou. O treinador caminhou em sua direção e disse-lhe: “Outra tolice como essa e está fora da equipe”. Durante os três anos seguintes, ele jamais perdeu o controle novamente. Anos depois, ao refletir sobre esse incidente, percebeu que, naquele dia, seu treinador lhe ensinara um princípio que mudou sua vida: a ira pode ser controlada. (Ver “The New Obscenity”, p. 24.)

O Que o Senhor Ensina

Na Tradução de Joseph Smith de Efésios 4:26, Paulo faz a seguinte pergunta: “Podeis irar-vos e não pecar?” O Senhor é claro com respeito a esse assunto:

“(…) Aquele que tem o espírito de discórdia não é meu, mas é do diabo, que é o pai da discórdia e leva a cólera ao coração dos homens, para contenderem uns com os outros.

Eis que esta não é minha doutrina, levar a cólera ao coração dos homens, uns contra os outros; esta, porém, é minha doutrina: que estas coisas devem cessar.” (3 Néfi 11:29–30)

Essa doutrina ou mandamento do Senhor pressupõe arbítrio e é um apelo para que tomemos uma decisão consciente. O Senhor espera que nós tomemos a decisão de não nos irarmos.

A ira tampouco pode ser justificada. Em Mateus 5, versículo 22, o Senhor diz: “Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo”. (grifo do autor) É interessante que a expressão “sem motivo” não esteja na tradução inspirada de Joseph Smith (ver Mateus 5:24), nem na versão de 3 Néfi 12:22. Ao eliminar a expressão “sem motivo”, o Senhor deixa-nos sem desculpa. “Esta, porém, é minha doutrina: que estas coisas devem cessar.” (3 Néfi 11:30) Podemos acabar com a ira, pois Ele ensinou-nos e ordenou que fizéssemos isso.

Quando Nos Iramos, Cedemos à Influência de Satanás

A ira é uma submissão à influência de Satanás ao renegarmos nosso autocontrole. É o pecado em pensamento que nos leva a ter sentimentos ou comportamentos hostis. É a causa das brigas entre motoristas na estrada, das discussões e brigas em competições esportivas e da violência dentro do lar.

Quando não é dominada, a ira pode rapidamente detonar uma explosão de palavras cruéis e outras formas de agressão emocional que podem ferir um coração terno. “O que sai da boca”, disse o Salvador, “isso é o que contamina o homem.” (Mateus 15:11)

David O. McKay disse: “Que o marido e a esposa jamais gritem um com o outro, ‘a menos que a casa esteja em chamas’”. (David O. McKay, Stepping Stones to an Abundant Life, Llewelyn R. McKay (org.), 1971, p. 294.)

Os maus-tratos físicos são demonstrações de ira fora de controle, nunca justificável e sempre injusta.

A ira é uma tentativa grosseira de fazer com que outra pessoa se sinta culpada, ou é uma maneira cruel de repreendê-la. Muitas vezes confundida com disciplina, mas é quase sempre contraproducente. Por isso temos a advertência nas escrituras: “Vós, maridos, amai a vossas mulheres, e não vos irriteis contra elas”, e “vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo.” (Colossenses 3:19, 21)

“Nunca Mais Ficarei Irado”

A escolha e a responsabilidade são princípios inseparáveis. Por tratar-se de uma escolha, a ira é alvo de vigorosa advertência na proclamação: “as pessoas (…) que maltratam o cônjuge ou os filhos (…) deverão um dia responder perante Deus”.

O primeiro passo para eliminarmos a ira é entendermos sua ligação com o arbítrio. Podemos escolher não ficarmos irados. E podemos fazer essa escolha hoje, agora mesmo. “Nunca mais ficarei irado.” Pondere essa decisão.

A seção 121 de Doutrina e Convênios é uma das melhores fontes para o aprendizado de princípios de liderança corretos. Talvez a melhor aplicação dessa seção esteja relacionada a cônjuges e pais. Devemos guiar nossa família com “persuasão, com longanimidade, com brandura e mansidão e com amor não fingido”. (Ver D&C 121:41–42.)

Que toda criança realize seu sonho de ter aqui na Terra uma família que seja boa para ela.

Adaptado de um discurso do Élder Robbins proferido na conferência geral da Igreja realizada em abril de 1998. (Ver A Liahona, julho de 1998, pp. 89–90.)