Chapter 6: Joseph F. Smith: Sexto Presidente da Igreja

Presidentes da Igreja Manual do Aluno, (2004), 93–109


Joseph F. Smith

EVENTOS MARCANTES DA VIDA DE JOSEPH F. SMITH

Idade

Acontecimentos

 

Nasce em 13 de novembro de 1838, em Far West, Condado de Caldwell, Missouri, filho de Hyrum e Mary Fielding Smith.

5

Martírio de seu pai, Hyrum Smith (27 de junho de 1844).

9

Conduz uma parelha de bois ao longo das planícies de Winter Quarters para Salt Lake City. (1848)

13

Morte de sua mãe, Mary Fielding Smith (21 de setembro de 1852).

15–19

Serve como missionário no Havaí (1854–1857).

19

Serve na campanha de Echo Canyon na Guerra de Utah (1857).

21

Casa-se com Levira A. Smith (5 de abril de 1859).

21–24

Serve como missionário na Grã-Bretanha (1860–1863).

25

Serve numa missão especial no Havaí (1864).

27–35

Começa a servir como membro da Assembléia Legislativa do território de Utah (1865–1874).

27

É ordenado apóstolo e designado conselheiro do Presidente Brigham Young (1o de julho de 1866; serve também como conselheiro dos Presidentes John Taylor, 1880–1887; Wilford Woodruff, 1889–1898; e Lorenzo Snow, 1898—1901).

28

Apoiado como membro do Quórum dos Doze Apóstolos (8 de outubro de 1867).

35

Serve como presidente da Missão Européia (1874–1875).

39

Serve como missionário no leste dos Estados Unidos para coletar dados sobre a história da Igreja (1878).

46

Parte em exílio voluntário em virtude das perseguições à prática do casamento plural (1884—1891).

51

Proclamação do Manifesto, que pôs fim ao casamento plural (Declaração Oficial — 1) (1890).

54

Serve como membro da Assembléia Constituinte do Estado de Utah (1893).

62

Torna-se Presidente da Igreja (17 de outubro de 1901; é apoiado em 10 de novembro).

65

Presta depoimento no Congresso Nacional (2–9 de março de 1904); emite um segundo manifesto sobre o casamento plural (6 de abril de 1904).

67

Primeiro Presidente da Igreja a visitar a Europa durante sua administração (verão boreal de 1906).

70

A Primeira Presidência emite uma declaração oficial sobre a origem do homem (novembro de 1909).

74

Introdução do programa da noite familiar (1915).

75

A Primeira Presidência divulga uma exposição doutrinária sobre o Pai e o Filho (1916).

79

Recebe uma visão da redenção dos mortos (D&C 138; 3 de outubro de 1918).

80

Morre em Salt Lake City, Utah (19 de novembro de 1918).

Joseph F. Smith nasceu em 13 de novembro de 1838 durante um período de duras perseguições aos santos de Deus. Seu pai, Hyrum Smith, junto com seu tio, o Profeta Joseph Smith, estava preso na Cadeia de Liberty. Sua mãe, Mary Fielding Smith, enferma devido ao desgaste físico e emocional, precisava de ajuda de pessoas próximas para cuidar dele e dos outros cinco filhos de Hyrum.

ELE NASCEU NUM PERÍODO CONTURBADO

Mary Fielding Smith

Mary Fielding Smith, mãe de Joseph F. Smith.

Os integrantes da milícia/turba cercaram a residência de Hyrum Smith em Far West, Missouri. A voz de Samuel Bogart, um pregador inflamado que fora um dos principais incitadores do populacho contra os santos, podia ser ouvida dentro da casa onde Mary Fielding Smith estava acamada. Sua irmã, Mercy Thompson, preocupada que Mary não se recuperasse de sua enfermidade, tentou acalmar seus próprios temores e tranqüilizar a irmã.

O estado crítico de Mary agravara-se emocio- nalmente quando seu marido fora tirado de casa à força, à ponta de baioneta. Um guarda cruel disse a Mary que deveria despedir-se de Hyrum, pois não o reveria vivo. Ela sofreu tudo isso enquanto esperava seu primeiro filho, que nasceu duas semanas depois. Ela chamou o bebê Joseph Fielding, em homenagem a seu irmão amado. Ela estava tão sobrecarregada que não tinha forças suficientes para cuidar do filho. Sua irmã Mercy (cujo marido fora for- çado a fugir para salvar a própria vida) foi morar com ela para alimentar o bebê e ocupar-se dele.

Hyrum Smith

Hyrum Smith, pai de Joseph F. Smith.

Os membros da milícia tinham invadido várias casas com o pretexto de buscar armas, mas na verdade aproveitaram para roubar e maltratar os santos. Até aquele momento, as duas irmãs não haviam sido molestadas, mas logo os malfeitores entraram em sua casa. Sem se importar com o estado de ninguém, confi- naram todos, com exceção do bebê, Joseph F., num canto da casa e então começaram o saque e a pilhagem. Arrombaram um baú e apoderaram-se do conteúdo. Em outro aposento, alguns deles levantaram uma cama e jogaram-na em cima de outra durante sua busca fre- nética de objetos de valor. Em seu desrespeito pela vida, quase sufocaram o pequeno Joseph F. sob o peso sufocante das colchas e demais roupas de cama.

Depois de levarem o que queriam, os bandidos partiram tão rápido quanto chegaram. Os moradores precisaram de alguns instantes para recompor-se. Subitamente, lembraram-se do pequeno Joseph F. Com grande ansiedade, tiraram as colchas e cobertores da cama e salvaram-no. Embora houvesse ficado sufocado por algum tempo e sua pele estivesse arroxeada devido à falta de oxigênio, fora poupado da morte. Mary segurou o bebê nos braços, grata por ter sobrevivido.

O Élder Samuel O. Bennion, dos Setenta, testificou: “Creio que o Senhor o conhecia antes de ele vir a este mundo. Quando Joseph F. Smith nasceu no Missouri, Deus já o conhecia. Creio também que Lúcifer, o ‘filho da manhã’, o conhecia e que ele, o adversário de toda a justiça, tentou destruí-lo. (...) Acredito que ele foi reconhecido por Lúcifer, pois viria a tornar-se um grande líder em Israel”. (Conference Report, outubro de 1917, p. 121)

ELE AMADURECEU MUITO CEDO

Oxen

Mary Fielding Smith e seu filho Joseph F. viajando para o Vale do Lago Salgado.

A juventude de Joseph F. Smith foi inusitadamente árdua e serviu para que ele amadurecesse muito cedo. Quando tinha cinco anos de idade, seu pai e seu tio foram assassinados em Carthage, Illinois. Aos sete anos, conduziu uma parelha de bois de Montrose, Iowa, perto de Nauvoo, para Winter Quarters, a mais de trezentos quilômetros de distância.

“Mary Smith ficou com sua família em Nauvoo até a metade de 1846. Apenas um ou dois dias antes da batalha de Nauvoo, ao ouvir as ameaças, colocou os filhos num pequeno barco com os poucos bens que conseguiu carregar e atravessou o rio Mississipi até chegar a uma localidade perto de Montrose. Lá, embaixo de árvores, às margens do rio, acampou com a família naquela noite, e lá eles viveram o horror de ouvir o bombardeio de Nauvoo. (...) Embora Joseph não tivesse ainda oito anos de idade, precisou conduzir uma das parelhas de bois na maior parte do caminho de Montrose até Winter Quarters, onde a família ficou até a primavera boreal de 1848. Nesse meio tempo, tentaram, com a ajuda de amigos que não estavam preparados para continuar a jornada e por meio de trabalho incessante, conseguir animais e bens suficientes para a travessia das planícies até Utah.” (Joseph Fielding Smith, comp., Life of Joseph F. Smith [1938], p. 131).

Quando tinha quase nove anos de idade, Joseph F., juntamente com vários outros meninos, recebeu a designação de vigiar as cabeças de gado no pasto, a cerca de três quilômetros da Cidade de Winter Quarters. Certa manhã, enquanto os animais pastavam, os meninos montaram em seus cavalos e divertiram-se fazendo pequenas corridas e saltando valas. De repente, foram atacados por índios.

Joseph F. escreveu: “Minha primeira idéia ou impulso foi salvar o gado, para que não fosse disperso, pois em questão de segundos me veio à mente a lembrança de que logo partiríamos para o vale, de nossa dependência do gado e do horror de sermos obrigados a ficar em Winter Quarters. Tentando agir com a velocidade do pensamento, precipitei-me para chegar à frente dos animais e, se possível, desviá-los no rumo de casa” (citado em Smith, comp. Life of Joseph F. Smith, p. 135).

Enquanto os outros meninos correram para bus- car ajuda, Joseph F. tentou conduzir o gado de volta à cidade o mais rápido possível, mas não conseguiu ser mais ágil que os índios, que logo o alcançaram. Ainda assim, o menino continuou a esquivar-se e prosseguiu até seu cavalo perder o fôlego. Ele contou: “Havia um índio a minha esquerda e outro a minha direita, e cada um segurou-me por um braço e perna. Então, levantaram-me do cavalo e diminuíram a velocidade, e meu cavalo seguiu em frente sem mim; em seguida, soltaram-me violentamente no chão. Vários cavalos que vi atrás saltaram por cima de mim, mas não me machucaram. Os índios pegaram meu cavalo e, sem diminuir o ritmo, seguiram rumo ao local de onde tinham saído” (citado por Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, p. 136).

Contudo, a perseguição durara o bastante para que homens que se aproximavam dos campos impedissem a volta dos índios. O gado foi salvo, mas o cavalo que Joseph F. estava usando nunca foi recuperado.

A FÉ DEMONSTRADA POR SUA MÃE

Mary Fielding Smith

Mary Fielding Smith

Numa viagem para adquirir provisões para a longa jornada de Winter Quarters para o Vale do Lago Salgado, o jovem Joseph F. Smith testemunhou a confiança e fé em Deus de sua mãe para vencer os obstáculos. Acampados à beira de um riacho certa noite perto de alguns homens que tinham cabeças de gado, Joseph F. levou os bois da família para o pasto.

Na manhã seguinte, deram pela falta de sua Mary Fielding Smith melhor parelha de bois. Joseph F. e seu tio procuraram-na a manhã inteira até que ambos desistiram. Ele escreveu: “Fui o primeiro a voltar aos carroções e, ao aproximar-me, vi minha mãe ajoelhada em oração. Parei por um instante e depois dei em silêncio alguns passos à frente, o bastante para ouvi-la suplicar ao Senhor que não nos deixasse naquela situação desesperadora, mas que nos ajudasse a achar os animais perdidos a fim de seguirmos viagem em segurança. Quando ela se levantou, eu estava por perto. A primeira expressão que vi em seu rosto precioso foi um belo sorriso. Isso renovou minhas esperanças — eu que estava tão desanimado. Senti uma segurança que jamais sentira antes” (citado em Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, p. 132).

Found lost oxen

Por meio da oração, Mary Fielding Smith encontrou seus bois perdidos.

Depois que Joseph F. e seu tio voltaram ao acampamento, a mãe de Joseph F. insistiu que eles comessem algo enquanto ela sairia para procurar o gado. Seu irmão tentou dissuadi-la, insistindo que eles já tinham buscado por todas as partes. Mas ela estava determinada e iniciou uma marcha em direção ao rio. Pouco depois, viu um dos homens do acampamento vizinho que lhe disse ter visto os bois na direção contrária à que ela estava seguindo. Ela ignorou-o e continuou no mesmo rumo. Ao chegar ao rio, virou-se e acenou para seu filho e seu irmão. Eles correram até ela e, como Joseph F. escreveu, “lá vi nossos bois amarrados a uma moita de salgueiros que crescia numa falha profunda erodida nas margens arenosas do rio por um pequeno córrego, o que impedia os animais de serem vistos. Logo os soltamos e retornamos ao acampamento, onde as outras cabeças de gado tinham sido amarradas às cordas do carroção a manhã inteira, e pouco depois iniciamos a viagem de volta para casa, regozijantes. Os boiadeiros desonestos partiram logo que viram que minha mãe não lhes dera ouvidos; espero que tenham ido em busca de honestidade desgarrada, e acho que encontraram” (citado por Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, p. 133).

Posteriormente, durante a jornada para o Oeste, o jovem Joseph F. tornou a ver uma demonstração do poder da fé em Deus de sua mãe. Depois de ter percorrido boa parte do trajeto até Sião, um dos melhores bois da família foi ao chão. “Ele enrijeceu os músculos, em espasmos, como se estivesse à beira da morte. A morte desse animal fiel teria um efeito devastador para a viúva Smith em sua jornada para o vale. (...) Mostrando um recipiente de óleo consagrado, a viúva Smith pediu a seu irmão e James Lawson que administrassem ao boi como o fariam a uma pessoa enferma, pois o restabelecimento do boi era essencial para que ela seguisse viagem. Seu pedido sincero foi atendido. Esses irmãos colocaram óleo na cabeça do animal e em seguida impuseram as mãos sobre ele e repreenderam o poder do destruidor, assim como fariam no caso de um ser humano. O boi levantou-se imediatamente e, dentro de poucos instantes, voltou a puxar o carroção como se nada houvesse ocorrido. Isso deixou a companhia de pioneiros maravilhada. Antes de o grupo avançar muito, outro dos bois dela caiu, como o primeiro, mas ao receber o mesmo tratamento, também se reergueu. Isso aconteceu uma terceira vez, mas com a bênção, os animais restabeleceram-se plenamente” (Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, p. 150).

Old adobe home

A velha casa de adobe. Esta casa foi desmontada e transportada para o Parque Estadual Pioneer Trails, perto do monumento “Este é o Lugar“ em Salt Lake City.

AINDA MENINO, ELE JÁ SE MOSTRAVA DIGNO DE CONFIANÇA

Joseph F. Smith escreveu: “Minha atividade principal de 1848 a 1854 foi cuidar de nossos animais, embora também tenha sempre ajudado a colher e debulhar grãos e a cortar madeira nos cânions e transportá-la à cidade. Fui o principal responsável pelos animais da família entre 1846 e 1854 e não me lembro nesse período da perda de um único deles pela morte, fuga ou nada parecido devido a negligência ou descuido de minha parte” (citado por Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, p. 163).

Em certa ocasião, no inverno de 1848, “ele viu um lobo perseguindo uma ovelha em campo aberto. Era um dia chuvoso e o solo estava umedecido. Molhada, a lã da ovelha estava pesada, o que a impedia de correr mais depressa. Quando o lobo estava prestes a abocanhá-la, Joseph F. interveio e salvou-a. Embora os lobos fossem numerosos e ousados, Joseph F. estava sempre ao ar livre depois do escurecer, no frio, e conseguia ouvir seus uivos ferozes. Ele tinha um cachorro para ajudá-lo em seu trabalho, mas às vezes o cão ficava aterrorizado devido ao grande número de lobos e agachava-se aos pés dele. Esse foi o tipo de diversão desse menino fiel numa idade em que a maioria das crianças gosta de brincar e participar de atividades esportivas” (citado por Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, p. 164).

Rescuing a calf from wolves

Salvando um bezerro de lobos.

ELE VENCEU MUITAS PROVAÇÕES DURANTE SUAS MISSÕES

Pouco depois de seu décimo quinto aniversário, Joseph F. Smith foi ordenado élder e chamado para servir numa missão de três anos no Havaí. Durante sua missão, venceu a fadiga, graves enfermidades e perdas materiais causadas por enchentes e incêndios. Pregou, curou os doentes, expulsou demônios e presidiu vários ramos da Igreja.

O Élder Charles W. Nibley, na época bispo presidente da Igreja, falou das dificuldades vencidas pelo élder de quinze anos de idade: “Nessa missão nas Ilhas Sandwich [atualmente o Havaí], ele deparou-se com sérias dificuldades. Lembro-me de que em nossa primeira viagem às ilhas — estive lá com ele quatro vezes — ao passarmos de barco por diferentes ilhotas, ele apontava para determinado local e dizia: ‘É ali que vivi por muito tempo numa pequena cabana de palha que se incendiou ou foi destruída por uma enchente.’ Logo em frente havia outro lugar onde ele adoecera e fora tratado pelo bom povo havaiano. Ele me contava essas experiências, bem como outras, à medida que viajávamos. Se eu tivesse tempo de relatá-las todas, vocês veriam que são sempre edificantes, inspiram a fé e dão provas incontestáveis da hombridade desse rapa- zinho — pois na época, convém lembrar que ele tinha apenas 15 ou 16 anos de idade” (Conference Report, junho de 1919, p. 62).

Joseph F. Smith, about 1857

Joseph F. Smith, por volta de 1857.

Pouco depois de chegar às ilhas, o élder Smith ficou muito enfermo. Os cuidados atenciosos de amigos ajudaram-no a recuperar-se. Sem desanimar, usou o período de convalescença para estudar a língua havaiana. Foralhe prometido pelo élder Parley P. Pratt que ele aprenderia esse idioma mediante fé e estudo. Ele aplicou ambos e, dentro de cem dias, estava falando a língua fluentemente.

Algum tempo depois, adoeceu de novo e demorou três meses para recuperar-se totalmente. Contudo, dedicou-se ao estudo do evangelho e ao aperfeiçoamento lingüístico. Durante esse segundo período de enfermidade, esteve sob os cuidados de um jovem irmão nativo e sua esposa. Em certa oca- sião, o poder do adversário dominou a mulher da casa, levando-a a horríveis contorções. Embora tenha sentido medo no início, o rapaz orou e recebeu o poder por meio do qual expulsou com sucesso o espírito mau.

Hawaiian grass hut

A primeira missão de Joseph F. Smith foi nas Ilhas Havaianas, quando tinha quinze anos de idade. Esse é o tipo de cabana de palha do Havaí onde ele costumava morar.

Muitos anos depois, o Bispo Charles W. Nibley contou como o Presidente Joseph F. Smith foi recebido pelos santos ao voltar ao Havaí anos depois de sua missão. Os membros reuniram-se para saudar o profeta quando seu barco parou num cais em Honolulu. Ele foi coberto de coroas de flores e muitas lágrimas. Durante as festividades, o Bispo Nibley “avistou uma senhora cega idosa e pobre, cambaleante sob o peso de cerca de noventa anos, sendo conduzida [ao local onde os santos estavam reunidos]. Ela levava nas mãos algumas belas bananas. Era tudo o que tinha; era sua oferta. Ela estava chamando: ‘Iosepa, Iosepa!’ No mesmo instante em que a viu, ele correu, abraçou-a e beijou-a repetidas vezes, acariciando-lhe a cabeça e dizendo: ‘Mama, mama, minha velha mama querida!’

Com lágrimas nos olhos, ele voltou-se para mim e disse: ‘Charley, ela cuidou de mim quando eu era menino e estava doente e sem ninguém para socorrerme. Ela acolheu-me e foi uma mãe para mim!’” (citado por Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, p. 186).

UM SONHO INCENTIVOU-O EM SUA MISSÃO

Quando era um jovem missionário — humilde, doente e desanimado — ele foi fortalecido por um sonho em que viu seu pai, sua mãe, o Profeta Joseph Smith e outras pessoas. Ele escreveu posteriormente:

“Tive um sonho certa vez. Para mim, foi algo tangí- vel; foi uma realidade.

Sentia-me muito oprimido ao chegar à missão. Eu estava quase desnudo e não tinha amigos, a não ser a simpatia dos pobres, ignorantes e despossuídos. Sentia- me tão diminuído em minha situação de pobreza, falta de inteligência e conhecimento e minha pouca idade que mal me atrevia a olhar um homem branco no rosto.

Nessas condições, sonhei que estava dirigindo- me a um lugar e tinha de apressar-me ao máximo, com medo de atrasar-me. (...) Cheguei, por fim, a uma maravilhosa mansão. (...) [Senti] que aquele era meu destino. Ao aproximar-me, correndo a toda velocidade, notei uma placa com os dizeres: ‘Banho’. Voltei-me rapidamente, entrei e lavei-me até ficar limpo. Abri a pequena trouxa que levava comigo e nela encontrei roupas brancas e asseadas, algo que eu não conhecia havia muito tempo. (...) Vesti-as. Em seguida, corri para o que parecia ser uma grande entrada ou porta. Bati, e a porta se abriu. O homem que atendeu era o Profeta Joseph Smith. Olhou-me com certa reprovação e suas primeiras palavras foram: ‘Joseph, você está atrasado.’ Respondi, confiante:

‘Sim, mas estou limpo. Estou limpo!’

Ele tomou-me pela mão, conduziu-me ao interior e então fechou a porta. (...) Quando entrei, vi meu pai, bem como Brigham e Heber, Willard e outros bons homens que eu conhecera, um atrás do outro. (...) Minha mãe também estava lá (...); e lembro-me do nome das pessoas que estavam presentes e pare- ciam figurar entre os escolhidos, os exaltados. (...)

Joseph F. Smith

Joseph F. Smith

Quando acordei naquela manhã, eu era um homem, embora apenas um menino. Não temia mais nada no mundo. (...) A visão, manifestação e testemunho que desfrutei naquele momento me transformaram no que sou, caso eu seja algo de bom, puro ou justo perante o Senhor e haja algo de positivo em mim. Isso me ajudou em todas as provações e dificuldades” (Gospel Doctrine [1939], pp. 541–543).

Aos vinte e um anos de idade, ele casou-se com Levira A. Smith; aos vinte e dois anos, serviu em sua segunda missão — dessa vez na Grã-Bretanha, onde presidiu vários distritos. Apenas cinco meses depois de seu regresso, foi chamado de volta às Ilhas Havaianas numa terceira missão, na qual serviu como assistente de dois apóstolos.

ELE TINHA O DESEJO DE PRESTAR UM FORTE TESTEMUNHO

Numa carta de 1854 escrita do campo missionário a seu primo, o Élder George A. Smith, que era membro do Quórum dos Doze Apóstolos, o Élder Joseph F. Smith falou de seus desejos mais profundos:

“Sei que o trabalho no qual estou envolvido é a obra do Deus vivo e verdadeiro, e estou pronto a prestar meu testemunho dela em qualquer momento, em qualquer lugar ou em qualquer circunstância em que me encontrar. E espero sempre mostrar-me fiel ao servir o Senhor meu Deus; oro para isso. Digo com alegria que estou disposto a vencer todas as dificuldades por esta causa que abracei; e espero e oro verdadeiramente que eu permaneça fiel até o fim. (...)

Transmita meu amor a toda a família; (...) e diga a eles que se lembrem de mim em suas orações, a fim de que eu permaneça fiel e desempenhe meu chamado com honra para comigo mesmo e a causa na qual estou empenhado. Eu preferiria morrer nesta missão a desonrar a mim mesmo ou meu chamado. Esses são os sentimentos de meu coração. Oro para que permaneçamos fiéis até o fim e venhamos um dia a ser coroados no reino de Deus, ao lado daqueles que nos precederam” (citado por Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, pp. 176—177).

Book of Mormon in Hawaiian and mission boots

O Livro de Mórmon em havaiano e botas da missão.

EM NENHUMA CIRCUNSTÂNCIA ELE NEGARIA SEU TESTEMUNHO

A caminho de casa depois de sua primeira missão no Havaí, Joseph F. Smith e seus companheiros depararam-se com um grupo de extremistas ao acamparem certa noite. O líder do bando jurou que mataria qualquer pessoa que se identificasse como mórmon. Apontando sua arma a Joseph F., perguntou: “Você é ‘mórmon’? Esperando receber em cheio a descarga do revólver, respondeu assim mesmo: “Sim, senhor; mórmon roxo, de sete costados, até debaixo d’água.” Essa resposta, concedida com audácia e sem hesitação, desarmou totalmente aquele homem hostil. Desconcertado, tudo o que ele conseguiu fazer foi apertar a mão do rapaz e elogiá-lo por sua coragem. Então, os malfeitores partiram e não os importunaram mais (ver Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, p. 189).

Joseph F. Smith

Joseph F. Smith

Três anos depois, em 1860, Joseph F. demonstrou mais uma vez a força de suas convicções. Dessa vez, estava viajando para servir como missionário na Inglaterra. Quando ele e seus companheiros estavam aproximando-se de Nauvoo, onde tinham decidido fazer uma breve parada, encontraram um populacho com ânimos exaltados e que os ameaçava de morte. Embora Joseph F. e seus companheiros tenham sido evasivos sobre sua identidade, a fim de evitar problemas, um padre católico perguntou-lhes diretamente se eram élderes mórmons. Naquele momento, a tentação de negar a verdade era fortíssima; mas resistindo, Joseph F. respondeu afirmativamente. A resposta satisfez o sacerdote e não suscitou a ira de outras pessoas. Quando eles chegaram a Nauvoo, encontraram-se no mesmo alojamento que o padre. Joseph F. Smith disse posteriormente o seguinte a respeito dessa experiência: “Nunca me senti mais feliz (...) do que ao ver o ministro lá e saber que lhe disséramos a verdade sobre nossa mis- são” (Gospel Doctrine, p. 534).

ELE FOI CHAMADO COMO APÓSTOLO

“No dia 1o de julho de 1866, Joseph F. Smith encontrava-se com o Presidente Brigham Young e vários dos apóstolos na sala superior do Escritório do Historiador da Igreja, numa reunião de conselho e ora- ção, como costumavam fazer as autoridades presiden- tes; Joseph era o secretário desse conselho. Após o fim do círculo de oração, o Presidente Brigham Young voltou-se repentinamente para seus irmãos e disse: ‘Esperem. Devo agir conforme me sinto inspirado. Sempre me convém proceder como o Espírito me impele. Sinto que devo ordenar o irmão Joseph F. Smith como apóstolo e um de meus conselheiros’. Então, pediu a todos os presentes que expressassem seus sentimentos, e cada um respondeu individualmente indicando que tal medida contava com sua apro- vação entusiástica. Então, os irmãos impuseram as mãos sobre a cabeça de Joseph F.” (Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, pp. 226–227).

Joseph F. Smith

Joseph F. Smith, por volta de 1874.

Pouco mais de uma semana depois de ser ordenado apóstolo, o élder Smith foi designado membro do Quórum dos Doze Apóstolos. Durante seu tempo como apóstolo, serviu como conselheiro na Primeira Presidência, presidente da Missão Européia, conselheiro na presi- dência da Associação de Melhoramentos Mútuos, conselheiro na Câmara Municipal tanto de Salt Lake City como de Provo e membro da Assembléia Legislativa territorial. Presidiu também a Assembléia Constituinte estadual de 1882.

O LAR É A INSTITUIÇÃO CELESTE MAIS SAGRADA

Chamado para praticar o casamento plural, Joseph F. Smith uniu-se a cinco esposas ao longo dos anos. Atencioso e bondoso, amava profundamente suas esposas e filhos. Seguem abaixo algumas de suas declarações sobre a importância do lar e da família:

“A mais preciosa de todas as minhas alegrias terrenas são meus filhos queridos” (citado por Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, p. 449).

“Não há substituto para o lar. Suas bases são tão antigas quanto o mundo e sua missão foi ordenada por Deus desde o primórdio dos tempos. (...) Assim, o lar é mais do que uma morada; é uma instituição que representa estabilidade e amor entre as pessoas, bem como nas nações” (Gospel Doctrine, p. 300).

Joseph F. Smith in his forties

Joseph F. Smith por volta dos quarenta anos de idade.

“O próprio alicerce do reino de Deus, da retidão, do progresso, do desenvolvimento, da vida eterna e da descendência eterna no reino de Deus é lançado na instituição ordenada por Deus que é o lar; e não deve ser difícil tratá-lo da forma mais reverente e exaltada e edificá-lo de acordo com os princípios da pureza, afeto verdadeiro, retidão e justiça. O marido e a mulher que confiam plenamente um no outro e que estão determinados a seguir as leis de Deus em sua vida e cumprir a medida de sua missão na Terra jamais ficariam contentes sem o lar. Seu coração, seus sentimentos, sua mente e seus desejos voltam-se naturalmente para a edificação de um lar e uma família, de um reino que lhes pertencerá; ao estabelecimento do alicerce de descendência eterna, com poder, glória, exaltação e domínio para todo o sempre” (Gospel Doctrine, p. 304).

ELE ENSINOU SOBRE A ORDEM PATRIARCAL

Joseph F. Smith

Joseph F. Smith

O Presidente Joseph F. Smith ensinou

“Não existe autoridade maior do que o pai nos assuntos referentes à organização da família, especialmente quando essa organização é presidida por um portador do sacerdócio maior. Essa autoridade é honrada há muito tempo, e entre o povo de Deus em todas as dispensações ela tem sido altamente respeitada e salientada com freqüência nos ensinamentos dos profetas inspirados por Deus. A ordem patriarcal é de origem divina e persistirá por toda esta vida e pela eternidade. (...) As mulheres e crianças devem aprender a sentir que a ordem patriarcal no reino de Deus foi estabelecida por um propósito sábio e benéfico e devem apoiar o chefe da família e incentivá-lo no cumprimento de seus deveres, bem como fazer tudo a seu alcance para auxiliá-lo no exercício dos direitos e privilégios que Deus concedeu ao pai da família. Essa ordem patriarcal tem espírito e propósito divinos, e aqueles que a negligenciarem sob um pretexto ou outro não estão em sintonia com o espírito das leis de Deus conforme foram concedidas para serem reconhe- cidas no lar. Não é meramente uma questão de quem é mais qualificado. Tampouco é totalmente questão de quem está levando a vida mais digna. É apenas uma questão de lei e ordem, e vemos sua importância ao constatarmos que a autoridade permanece e é respeitada mesmo muito tempo depois de um homem se tornar indigno de exercê-la.

Essa autoridade carrega consigo uma responsabilidade muito séria e também tem seus direitos e privilégios, e nunca é demais recordar o grande esforço que os homens devem fazer para levarem uma vida exemplar e se adequarem cuidadosamente para estarem em harmonia com essa importante regra de conduta ordenada por Deus de dirigir a organização da família. Algumas promessas e bênçãos foram vinculadas a essa autoridade, e aqueles que observarem e respeitarem essa autoridade possuem o direito de suplicar o favor divino que não pode ser alcançado a menos que respeitem e cumpram as leis estabelecidas por Deus para o governo e a autoridade exercidos no lar. ‘Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá’ foi uma lei fundamental para a antiga Israel e aplica-se a todos os membros da Igreja hoje, pois a lei é eterna” (Gospel Doctrine, pp. 286–288).

The Joseph F. Smith family in 1898

A família de Joseph F. Smith em 1898.

FOI INTRODUZIDA A NOITE FAMILIAR

Com exceção da guerra, talvez nenhum outro aspecto caracterize melhor o século XX do que os ataques à família. Há muitas forças investindo contra os alicerces dessa instituição ordenada por Deus. Vozes altas e fortes, cheias de apelo sedutor, fazem-se ouvir em lados opostos. O aborto, formas alternativas de casamento, o homossexualismo, o movimento feminista e a pressão para limitar ou suprimir o número de filhos são posições proclamadas com eloqüência, bem como várias outras formas de egoísmo. Os defensores dessas idéias e movimentos insidiosos expressam estrondosa indignação quando qualquer pessoa defende a nobre instituição da família, criada por Deus.

The Joseph F. Smith home

A casa de Joseph F. Smith em 200 North, Salt Lake City.

Muito antes de qualquer um desses temas ganhar projeção, o Senhor inspirou o Presidente Joseph F. Smith sobre a necessidade de fortalecer o lar dos san- tos a fim de combaterem a contento essas forças que tentariam destruir o lar. Um anúncio oficial da Primeira Presidência em 1915 exortou os santos a iniciarem um programa que seria a base de um lar forte e feliz. O comunicado dizia em parte:

“Aconselhamos e incentivamos a criação de uma ‘Noite Familiar’ em toda a Igreja, na qual o pai e a mãe reunirão os filhos a sua volta no lar e lhes ensinarão a palavra do Senhor. Assim, os pais vão inteirar-se melhor da situação e necessidades da família; ao mesmo tempo, aprofundarão seu conhecimento dos princípios do evangelho de Jesus Cristo e ajudarão os filhos a fazê-lo também. Essa ‘Noite Familiar’ deve ser dedicada à oração, hinos, canções, música instrumental, leitura das escrituras, discussão de assuntos familiares e instrução específica sobre os princípios do evangelho e questões éticas da vida, bem como os deveres e obrigações dos filhos para com os pais, o lar, a Igreja, a sociedade e o país. Para as crianças pequenas, os pais podem usar recitações, músicas, histórias e jogos adequados. Podem servir um lanche simples, preparado em casa.

Deve-se evitar a todo custo a formalidade e a rigidez. A família inteira deve participar das atividades.

Essas reuniões contribuirão para o desenvolvimento de confiança mútua entre pais e filhos, irmãos e irmãs, e serão uma oportunidade para palavras de advertência, orientação e conselhos dos pais para os filhos. Serão uma oportunidade para os filhos honrarem o pai e a mãe e mostrarem sua gratidão pelas bênçãos do lar, a fim de que a promessa do Senhor a eles se cumpra literalmente e sua vida se prolongue e seja feliz. (...)

Joseph F. Smith

Joseph F. Smith, na época em que foi chamado ao apostolado.

Se os santos seguirem esse conselho, pro- metemos que receberão bênçãos grandiosas. O amor no lar e a obediência aos pais aumentarão. A fé crescerá no coração dos jovens de Israel, e eles ganharão forças para combater as influências e tentações malignas a que estão submetidos” (“Home Evening”, Improvement Era, junho de 1915, pp. 733–734).

ELE DEDICAVA TEMPO E ESFORÇO PARA CUIDAR DE SEUS FILHOS

O Bispo Charles W. Nibley, na época bispo presidente da Igreja, disse: “Estive na casa dele quando um de seus filhos adoeceu. Vi-o voltar depois do trabalho, exausto como era de costume, mas ainda assim andar pela casa durante horas com o pequenino nos braços, afagando-o com amor e carinho, incentivando-o de todas as formas, com uma ternura e compaixão que apenas uma mãe entre milhares seria capaz de demonstrar” (“Reminiscences of President Joseph F. Smith”, Improvement Era, janeiro de 1919, p. 197).

ELE PRESTOU TESTEMUNHO A SEUS FILHOS E ENSINOU-OS

Joseph F. Smith and son

Joseph F. Smith e seu filho Joseph Fielding Smith.

Um dos filhos do Presidente Joseph F. Smith, Joseph Fielding Smith, ao recordar o poder dos ensinamentos de seu pai, disse: “Nessas ocasiões [quando ele estava em casa], realizávamos muitas reuniões familiares e ele passava seu tempo ensinando aos filhos os princípios do evangelho. Eles todos vibravam com sua presença e mostravam-se gratos pelas maravilhosas palavras de conselho e instrução que ele lhes deixava nessas ocasiões, em meio à ansiedade reinante no mundo. Eles nunca se esqueceram do que lhes foi ensinado; as impressões permaneceram com eles e é bem provável que o façam para sempre. (...) Meu pai foi o homem de coração mais terno que já conheci. (...) Algumas das lembranças mais doces que tenho são os momentos que passei a seu lado falando de princípios do evangelho e recebendo instruções como só ele era capaz de fazer. Dessa forma, o alicerce de meu próprio conhecimento foi estabelecido firmemente na verdade” (citado por Joseph Fielding Smith Jr. e John J. Stewart, The Life of Joseph Fielding Smith [1972], p. 40).

OS PAIS RESPONSÁVEIS ENSINAM AOS FILHOS OS PADRÕES DO EVANGELHO

Joseph F. Smith, about 1893

Joseph F. Smith, por volta de 1893.

O Presidente Joseph F. Smith aconselhou os santos:

“Que Deus não permita que haja ninguém entre nós que seja tão insensatamente indulgente, tão desleixado e tenha tão pouco afeto por seus filhos a ponto de não ousar repreendêlos quando estiverem saindo do caminho, fazendo coisas erradas e dedicando um amor imprudente às coisas do mundo em vez das coisas da retidão, por medo de ofendê-los. Quero dizer-lhes o seguinte: algumas pessoas passaram a ter uma confiança de tal modo ilimitada nos filhos que não acreditam ser possível que se desviem do caminho ou que cometam erros. (...) O resultado é que os filhos ficam livres, pela manhã, à tarde e à noite, para entregar-se a todo tipo de entretenimento e diversão, em geral na companhia de pessoas que não conhecem e que não compreendem. Alguns de nossos filhos são tão inocentes que não suspeitam do mal e, portanto, se tornam despreocupados e acabam enre- dando-se nas armadilhas do mal. (...)

(...) Quero fazer uma advertência aos santos dos últimos dias. Chegou o momento de cuidarem de seus filhos. Todos os artifícios ao alcance do entendimento e engenho de homens ardilosos estão sendo usados com o intuito de desviar nossos filhos da fé do evangelho e do amor à verdade. (...) Nossos filhos só podem ser afastados de seus pais e da fé do evangelho quando não conhecem a verdade por si mesmos e quando um exemplo adequado não lhes foi incutido na mente. (...)

Perdoem-me, mas sempre digo o que penso; é uma característica minha conhecida por todos. Assim, digolhes (...) que eu preferiria levar um de meus filhos ao túmulo a vê-lo afastar-se deste evangelho. Preferiria acompanhar seu corpo ao cemitério e vê-lo enterrado em inocência a vê-lo corrompido pelas coisas do mundo” (Conference Report, outubro de 1909, pp. 4—5).

ELE AMAVA SUA FAMÍLIA COM UM AMOR PURO E SANTO

Joseph F. and Julina Smith

Joseph F. e Julina Smith em seu qüinquagésimo aniversário de casamento, em 1916.

“‘Seria difícil encontrar em qualquer parte do mundo uma família em que os membros manifestassem maior amor e atenção uns pelos outros do que a família do Presidente Joseph F. Smith’, escreveu [seu filho] Joseph Fielding. ‘É com confiança que dizemos que nenhum pai em nenhuma época do mundo teve maior amor pela esposa ou esposas e filhos e se preocupou mais com o bem-estar deles. (...) No mundo, onde o casamento é visto muitas vezes como um mero contrato que pode ser rompido diante da menor provocação; onde as famílias são constante- mente atormentadas pela desunião e onde, pela ação de tribunais de divórcio, os filhos são privados do direito sagrado ao afeto e amor dos pais, há um sentimento generalizado de que uma família como a do Presidente Smith esta- ria fadada à discórdia, ciúme e ódio. Muito pelo contrário, não havia nem há nenhuma família monogâmica que poderia ser mais unida. Para a surpresa do mundo descrente, as esposas amavam-se com profunda ternura. Quando uma delas adoecia, elas desvelavam-se para cuidar umas das outras. Quando a morte chegava a um dos lares e um filho sucumbia, todas choravam juntas com tristeza sincera. (...) Duas das esposas [Julina e Edna] eram parteiras habilitadas e com muita prática e trouxeram vários bebês ao mundo. Elas ajudavam-se mutuamente e as demais esposas, e quando os bebês nasciam, todas se regozijavam igualmente com a mãe.

Os filhos reconheciam-se como irmãos de verdade, não somente como meios-irmãos, como seriam considerados no mundo. Defendiam-se e apoiavam-se mutuamente, a despeito do ramo da família a que pertencessem. (...) Joseph F. Smith amava suas esposas e filhos com um amor santo raramente visto e nunca superado. Como Jó na antigüidade, ele orava por eles dia e noite e pedia ao Senhor que os conservasse puros e imaculados no caminho da retidão’” (Smith e Stewart, Life of Joseph Fielding Smith, pp. 46–47).

ELE FOI SEPARADO DE SUA FAMÍLIA

Uma das maiores provações da vida de Joseph F. Smith foi viver exilado e longe da família durante anos. Contudo, ele agiu assim, sob a direção do Presidente John Taylor, para evitar a prisão durante a chamada “Cruzada Mórmon”, na qual a Igreja foi perseguida devido ao casamento plural. Ele passou a maior parte desse período no Havaí, dirigindo o trabalho lá. Longe, impotente, indignado e sofrendo com a doença mais grave de sua vida, ele recebia notícias das perseguições sofridas pelos santos. Durante esse tempo, foi informado de que sua família fora forçada a abandonar sua casa e de que um filho falecera. Contudo, determinado, sem vacilar, escreveu: “As tribulações são necessárias ao aperfeiçoamento da humanidade, assim como é preciso fricção para separar a escória do juízo humano do ouro puro da sabedoria divina” (citado por Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, p. 280). Entretanto, o dia da anistia finalmente chegou e seu lar se rejubilou com a volta do pai.

The First Presidency

A Primeira Presidência na época da dedicação do Templo de Salt Lake, em 1893: George Q. Cannon, Wilford Woodruff e Joseph F. Smith.

ELE CONHECIA A DOR E TRISTEZA DE PERDER UM FILHO

Dez vezes Joseph F. Smith e suas esposas choraram a morte de um filho — filhos por quem oraram com ternura e fé e ajudaram a criar. “Em 17 de março de 1898, por ocasião do falecimento de outro de seus preciosos bebês, Ruth, ele contou como afagara a peque- nina durante sua enfermidade e então orara com todo o fervor para sua recuperação. ‘Mas ó, nossas orações não foram respondidas!

Por fim, tomei-a nos braços e fiquei a andar pela casa com ela e, impotente e incapaz de ajudar minha querida filhinha moribunda, vi sua frágil respiração cessar para não mais voltar nesta vida e vi sua gloriosa inteligência e seu brilhante espírito angélico partirem rumo à presença de Deus, de onde ela viera. Eram 19h40. Com ela se foi toda a nossa doce esperança, amor e alegria na Terra. Ó, como eu amava aquela criança! Ela tinha uma inteligência incomum para sua pouca idade; era brilhante, amorosa, preciosa, cheia de alegria! Mas ela partiu para unir-se aos espíritos belos e gloriosos de seus irmãos que se foram antes: Sara Ella, M. Josephine, Alfred, Heber, Rhoda, Albert, Robert e John. Ó minha alma! Vejo minha própria mãe querida de braços abertos, dando boas-vindas ao glorioso espírito redimido de meu amado bebê! Ó meu Deus! Agradeço-Te por essa gloriosa visão! E ali reunidos na mansão de meu Pai estão todos os meus filhinhos queridos; não em desamparo infantil, mas com todo o poder, glória e majestade de espíritos santificados, cheios de inteligência, de alegria, graça e verdade! Minha querida filhinha em seu próprio lar reluzente com os irmãos e irmãs que a antecederam. Quão aben- çoada, quão feliz ela é! E como estamos tristes!’” (Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, p. 463.)

ELE DEMONSTROU CORAGEM E DESTEMOR AO DEFENDER A VERDADE

Publications of Joseph F. Smith

Publicações de Joseph F. Smith: Gospel Doctrine e The Father and the Son.

Destemido e articulado, Joseph F. Smith era um pregador e escritor eficaz. Como instrumento do Espírito Santo, ele provocava lágrimas, trazia alegria e fazia homens e mulheres esquecerem a fadiga de uma longa jornada. Certa vez, um jornalista ficou tão fascinado com seu discurso que se esqueceu de tomar notas. Joseph F. Smith usou esses dons em prol do reino — para denunciar seus inimigos e defender suas verdades — até que se tornou conhecido como o “Apóstolo Lutador”.

Num tributo ao Presidente Smith, John A. Widtsoe, que posteriormente veio a integrar o Quórum dos Doze Apóstolos, escreveu:

“Ele foi chamado de Apóstolo Lutador por defender veementemente a Igreja das calúnias contra o ‘mormonismo’. Sua vigilância infatigável tornou-se uma influência de peso que se contrapunha às pessoas que planejavam ataques a um povo bom e pacífico.

Ele sempre foi um apóstolo lutador, que guerreava pela causa da verdade” (citado por Smith, Gospel Doctrine, p. 511). (Ver História da Igreja na Plenitude dos Tempos, pp. 431—434, para mais detalhes sobre as perseguições aos santos durante os anos antipoligamia.)

ELE FOI CHAMADO COMO PRESIDENTE DA IGREJA

President Joseph F. Smith

O Presidente Joseph F. Smith

Com a morte do Presidente Lorenzo Snow em 1901, o ofício de Presidente da Igreja recaiu sobre os ombros de Joseph F. Smith. Havia muito tempo que várias Autoridades Gerais sentiam que Joseph F. se tornaria o Presidente da Igreja.

“Tanto o Presidente Wilford Woodruff como Lorenzo Snow tinham profetizado que Joseph F. Smith um dia se tornaria Presidente da Igreja. Trinta e sete anos antes, nas Ilhas Havaianas, quando o Presidente Snow, na época membro do Conselho dos Doze, quase perdeu a vida por afogamento, declarou que o Senhor manifestara a ele que ‘aquele jovem, Joseph F. Smith (...) um dia seria o Profeta de Deus na Terra’. O Presidente Woodruff certa vez estava relatando a um grupo de crianças alguns incidentes da vida do Profeta Joseph Smith. ‘Ele voltou-se para o Élder Joseph F. Smith e pediu que se levantasse. O Élder Smith obedeceu. “Olhem para ele, crianças”, disse Wilford Woodruff, “pois ele se parece com o Profeta Joseph mais do que qualquer outro homem vivo. Ele se tornará o Presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Quero que todos se lembrem do que lhes prometi hoje de manhã.”’ Após a morte do Presidente Woodruff, o Presidente Snow disse a Joseph F. Smith que o Espírito de Deus lhe sussurrara que Joseph sucederia a ele, Lorenzo, como Presidente da Igreja” (Smith e Stewart, Life of Joseph Fielding Smith, p. 124).

President Smith in Hawaii, about 1909

O Presidente Smith no Havaí, por volta de 1909

O Presidente Heber J. Grant relatou: “Lorenzo Snow afogou-se no porto de Honolulu, nas Ilhas Havaianas, e só recobrou os sentidos depois de algumas horas. No período em que ficou inconsciente, o Senhor revelou-lhe que o jovem Joseph F. Smith, que se recusara a sair do barco que os levara de San Francisco a Honolulu e a embarcar num pequeno bote, seria um dia o Profeta de Deus. Ao responder a Lorenzo Snow, que estava à frente da companhia, ele dissera: ‘Se você, pela autoridade do sacerdócio de Deus que possui me mandar subir nesse barco e tentar desembarcar, eu o farei. Mas a menos que me dê uma ordem com a autoridade do sacerdócio, não arredarei pé, pois não é seguro usar um bote tão pequeno enquanto este tufão nos envolve com sua fúria’. Eles riram do jovem Joseph F. Smith, mas ele avisou: ‘O bote vai virar’. Os outros entraram no bote, e ele de fato virou; e se não fossem as bênçãos do Senhor na ressuscitação de Lorenzo Snow, ele não teria sobrevivido, pois afogou-se naquela ocasião. Foi-lhe revelado, naquele momento e local, que aquele rapaz, tão corajoso ao defender suas convicções, com a determinação férrea para suportar as zombarias e as humilhações por não ter coragem de subir no barco e permanecer na embarcação maior, seria um dia o Profeta de Deus. Lorenzo Snow contoume essa experiência mais de uma vez, muitos anos antes de Joseph F. Smith chegar à presidência da Igreja” (Conference Report, junho de 1919, pp. 10–11).

President Smith in the British Isles, 1906

O Presidente Smith nas Ilhas Britânicas, 1906

O Élder Melvin J. Ballard, que era membro do Quórum dos Doze Apóstolos e trabalhou muito próximo do Presidente Smith, disse: “Recordo meus primeiros contatos com o Presidente Smith com grande prazer, pois eu muito o admirava. Ele era meu ideal e tentei ao longo de minha vida, ao conhecê-lo melhor, ser como ele. Ainda criança, eu sabia que o Presidente Smith seria um dia o presidente desta Igreja, pois o Senhor me revelara isso; além do mais, foram-me manifestadas muitas coisas que o Presidente Smith viria a fazer. Quando, no mês de outubro passado, ele apresentouse perante as congregações dos santos, (...) eu sabia que tudo o que o Senhor tinha para o Presidente Smith fazer tinha sido feito. O que eu vira ainda criança final- mente se cumprira, se consumara, se concretizara” (Conference Report, junho de 1919, p. 68).

Como Presidente da Igreja, Joseph F. Smith conti- nuou a salientar o dízimo — algo iniciado pelo Presidente Lorenzo Snow — e finalmente viu a Igreja livrar-se de suas dívidas. Redigiu também declarações doutrinárias e desempenhou um papel primordial para afastar o ódio, a intolerância e a perseguição.

COMO PRESIDENTE DA IGREJA, ELE SOFREU ATAQUES PESSOAIS

A cruzada contra o casamento plural diminuiu de intensidade, e muitos homens solicitaram e receberem anistia. Joseph F. Smith foi um deles. Na época em que se tornou Presidente da Igreja em 1901, as perseguições do fim do século XIX eram coisa do passado. Contudo, as tribulações que ele viria a enfrentar ainda não tinham acabado. Um partido político antimórmon foi organizado em Utah e lançou fortes ataques verbais contra o profeta e a Igreja. O principal veículo dessas agressões era o jornal Salt Lake Tribune.

Difamado e ridicularizado na imprensa, caluniado perfidamente, o “Apóstolo Lutador” nem sequer escreveu uma carta em sua própria defesa. “Durante esses anos [de 1905 a 1911], esse jornal caricaturava quase que diariamente o Presidente Joseph F. Smith com um espírito de desprezo perverso e malicioso. Essas críticas eram difundidas por todos os Estados Unidos e, naturalmente, como apareciam dia após dia e mês após mês, o povo da nação e mesmo no exterior concluiu que o Presidente da Igreja, Joseph F. Smith, era a figura mais detestável e abjeta de todo o mundo. Os missionários que trabalhavam mundo afora sofreram perseguições e insultos em todas as partes da Terra. No entanto, em meio a tudo isso a Igreja continuou a crescer” (Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, p. 350).

The First Presidency, 1901–10

A Primeira Presidência, 1901–1910: John R. Winder, Joseph F. Smith e John H. Smith

“Joseph F. Smith sofreu perseguições, injúrias e acessos de ira dos iníquos. Foi vítima de acusações falsas das criaturas mais desprezíveis e vis da família humana e aturou tudo isso sem uma palavra de retaliação. (...) Sua atitude era: se Joseph Smith suportou todos os maustratos e injustiças que lhe foram infligidos; se o Filho de Deus suportou todas as Suas provações sem revidar, então ele, como humilde servo do Mestre, também poderia agüentar em silêncio, pois ele não temia o braço da carne, mas ao Senhor, e tempo viria em que a verdade triunfaria e os caluniadores seriam ignorados e esquecidos” (Smith, comp., Life of Joseph F. Smith, p. 439).

Ele insistiu que todos precisam ser perdoados. A verdade acabaria prevalecendo. E de fato foi o que aconteceu. Por ocasião de sua morte, muitos dos que tinham sido inimigos ferrenhos, tocados pela pureza e austeridade da vida dele, escreveram palavras de pesar e louvor.

ELE TESTIFICOU DIANTE DO CONGRESSO

In Washington, D.C., lobbying for Utah’s statehood

Em Washington, D.C., fazendo campanha pela transformação de Utah em estado na década de 1890.

Um vento gelado açoitava o sobretudo do Presidente Joseph F. Smith quando ele subiu os degraus do Senado no Capitólio dos Estados Unidos em março de 1904. Sua responsabilidade era enorme. Reunidos numa grande sala estavam homens de enorme poder e influência: senadores dos Estados Unidos. O propósito expresso deles era examinar se Reed Smoot, senador de Utah e apóstolo da Igreja, poderia conservar seu cargo no Senado. Contudo, os reais motivos deles eram outros.

Alguns dos senadores que compunham a comissão de inquérito eram terrivelmente hostis à Igreja. Somente um dos quatorze senadores que constituíam o grupo demonstrou inicialmente um mínimo de solidariedade ou empatia. A maioria dos outros queria usar sua influência para ultrajar e difamar a Igreja, seu presidente e seus membros.

O Presidente Smith foi chamado para depor como primeira testemunha. Ao galgar os inúmeros degraus, tinha plena consciência do que realmente estava em jogo e do impacto que aquilo excerceria. Não era Reed Smoot que estava na berlinda, mas a Igreja. Jornais de todo o país fariam reportagens das audiências na primeira página. Muitos deles estavam ansiosos para pu- blicar qualquer coisa que denegrisse a imagem da Igreja. Entretanto, o Presidente Smith estava confiante.

Esse profeta alto era bem diferente do menino que, anos antes, ao servir como missionário nas Ilhas Havaianas, declarara sentir-se “diminuído em [sua] situação de pobreza, falta de inteligência e conhecimento (...) que mal se atrevia a olhar um homem branco no rosto”(Gospel Doctrine, p. 542).

President Smith in the Sacred Grove, 1905

O Presidente Smith no Bosque Sagrado, 1905

Durante três dias, o Presidente Joseph F. Smith testificou à comissão do Senado em defesa de Reed Smoot. Sua sinceridade, franqueza e integridade muito influenciaram alguns dos membros do comitê. Os mal- entendidos e a intolerância começaram a desfazer-se. Embora tenha havido depoimentos de pessoas que nutriam sentimentos negativos pelos santos, muitas das testemunhas chamadas para depor usaram a oportunidade para contar a verdadeira história da Igreja. Esses testemunhos foram difundidos pela imprensa e muitas pessoas leram e compreenderam pela primeira vez as visões e ensinamentos da Igreja. Em todas as partes, as atitudes começaram a mudar, e a Igreja ganhou mais aceitação. O testemunho do Presidente Smith ocupou mais de duzentas páginas nos registros oficiais.

O bispo Charles W. Nibley relatou uma conversa que teve com o Presidente Smith sobre seu comparecimento diante do Congresso:

“Lembro-me de uma noite em que estávamos num navio voltando da Europa em 1906. A lua brilhava e lá estávamos nós, inclinados no parapeito, apreciando o mar calmo e o ar agradável daquela luminosa noite de verão. A investigação sobre o Senador Smoot, que se dera um pouco antes e que suscitara tanta controvérsia em todo o país, ainda estava fresca em nossa mente, e comentávamos a respeito. Eu disse que não seria aconselhável para Reed Smoot ser reeleito senador dos Estados Unidos. Fui cauteloso em minha objeção e recorri a todos os fatos, argumentos e lógica que me vieram à mente; eu supunha estar bem-informado sobre o assunto e apresentei minhas idéias da forma mais clara e hábil que pude. Eu ocuparia espaço demais se fosse enumerar aqui todos os argumentos, mas pareceu-me que minhas posições eram as mais razoáveis. Era fácil ver que ele começou a ouvir-me com certa impaciência, mas permitiu que eu terminasse. No entanto, respondeu de uma maneira e com um tom que jamais esquecerei. Serrando o punho contra as grades a nossa volta, declarou, com grande vigor e eloqüência:

The First Presidency, 1910

A Primeira Presidência, 1910: Anthon H. Lund, Joseph F. Smith e John H. Smith

‘Se alguma vez o Espírito do Senhor me manifestou algo com nitidez, precisão e certeza foi quando me mostrou que Reed Smoot deve permanecer no Senado dos Estados Unidos. Ele pode exercer mais influência positiva lá do que em qualquer outro lugar.’

́E claro que não discuti mais e aceitei a partir daquele momento sua visão do assunto e a adotei como minha. Desde aquele dia, passaram-se doze anos e, ao fazer um retrospecto hoje, não posso deixar de constatar que a inspiração do Todo-Poderoso se mostrou correta, de modo esplêndido e maravilhoso, ao passo que meus argumentos, fatos e lógica caíram todos por terra” (Improvement Era, janeiro de 1919, p. 195).

Reed Smoot serviu no Senado dos Estados Unidos durante trinta anos.

ELE IDENTIFICOU TRÊS PERIGOS ENFRENTADOS PELA IGREJA

O Presidente Joseph F. Smith advertiu:

“Há pelo menos três perigos que ameaçam a Igreja internamente, e as autoridades precisam conscientizar-se de que as pessoas devem ser alertadas a respeito sem cessar. A meu ver, esses riscos são as lisonjas de homens proeminentes do mundo, idéias errôneas sobre a educação e a impureza sexual. (...)

(...) O terceiro assunto mencionado, a pureza pessoal, talvez seja mais importante do que os outros dois. Cremos num padrão de moralidade único para os homens e as mulheres. Se a pureza de vida for negligenciada, todos os demais perigos se abaterão sobre nós como correntes d’água quando se abrem as comportas” (“Three Threatening Dangers”, Improvement Era, março de 1914, pp. 476–477).

ELE RESSALTOU A NECESSIDADE DA PUREZA MORAL

Joseph F. Smith

Joseph F. Smith

Num artigo que o Presidente Joseph F. Smith escreveu a pedido da Newspaper Enterprise Association de San Francisco, Califórnia, declarou:

“Nenhum câncer mais terrível desfigura o corpo e a alma da sociedade hoje do que a repugnante aflição do pecado sexual. Ele corrompe as próprias fontes da vida e deixa seus efeitos maléficos até para aqueles que ainda não nasceram, como um legado de morte. Infiltra-se insidiosamente no campo, na cidade, na mansão e na choupana como uma besta devastadora à espreita; e alastra-se pela Terra afrontando com desdém as leis de Deus e dos homens.

Meetinghouse begun in 1882

Terreno do Templo de Laie Havaí. O Presidente Smith visitou as Ilhas Havaianas quatro vezes durante sua administração. Numa visita em 1915, escolheu e dedicou este local para o Templo de Laie, Oahu. Na fotografia, vemos uma capela que foi iniciada em 1882. O templo foi dedicado em 1919, um ano depois da morte do Presidente Smith.

A associação legal dos sexos é ordenada por Deus, não apenas como meio de perpetuação da raça, mas para o desenvolvimento das mais elevadas e nobres características da natureza humana, o que somente pode ser assegurado pelo companheirismo motivado pelo amor de um homem e uma mulher. (...)

A união sexual é legítima no matrimônio e, caso seja realizada com a intenção correta, é algo honroso e san- tificador. Mas fora dos laços do casamento, a indulgência sexual é um pecado degradante e abominável à vista de Deus. (...)

Como muitas doenças mortais, o crime sexual traz em seu bojo uma série de outros males. Assim como os efeitos físicos da embriaguez provocam a deterioração de tecidos, a perturbação de funções vitais e sujeitam o corpo a todos os males a que for exposto e diminuem ao mesmo tempo os poderes de resistência até para deficiências fatais, a violação da castidade também expõe a alma a várias enfermidades espirituais e priva-lhe tanto da resistência como da capacidade de recuperação. A geração adúltera da época de Cristo era surda para a voz da verdade e por causa do estado decaído de sua mente e coração bus- cava sinais e preferia fábulas vazias à mensagem da salvação” (“Unchastity the Dominant Evil of the Age”, Improvement Era, junho de 1917, pp. 739, 742–743).

ELE VIVIA EM ÍNTIMA COMUNHÃO COM O ESPÍRITO DO SENHOR

O bispo Charles W. Nibley escreveu:

“Ao voltarmos de uma viagem no leste dos Estados Unidos há alguns anos, no trem logo à leste da Cidade de Green River, vi-o dirigir-se à extremidade do vagão e imediatamente voltar e hesitar por um momento antes de tomar o assento logo a minha frente. Ele acabara de sentar-se quando algo de errado aconteceu com o trem. Um trilho quebrado atingira o motor e descarrilara a maioria dos vagões. Em nosso vagão, sentimos um forte estremecimento, mas permanecemos nos trilhos.

President Smith, about 1917

O Presidente Smith, por volta de 1917

O Presidente disse- me em seguida que pouco antes andara até o exterior do trem, mas ouvira uma voz ordenar: ‘Entre e sente-se.’

Ele entrou e vi-o de pé por alguns momentos. Ele parecia hesitar, mas sentou-se.

Ele disse ainda que, ao entrar e ficar no cor- redor, pensou: ‘Ah, que nada, deve ser apenas minha imaginação.’ Mas ao ouvir a voz novamente dizer ‘Sente-se’, imediata- mente tomou seu lugar e o resultado foi o que relatei.

Não há dúvida de que ele teria se ferido gravemente caso houvesse permanecido no local onde estava antes, pois os vagões terminaram todos amontoados, num estado terrível. Ele disse: ‘Ouvi essa voz inúmeras vezes em minha vida e sempre me beneficiei ao segui-la.’ (...)

Ele vivia em íntima comunhão com o Espírito do Senhor e sua vida foi tão exemplar e casta que o Senhor podia manifestar-Se facilmente a Seu servo. Ele podia de fato dizer: ‘Fala, Senhor, porque o teu servo ouve.’ Nem todos os servos conseguem ouvi-Lo quando Ele fala. Mas o coração do Presidente Smith estava em sin- tonia com as melodias celestiais; ele era capaz de ouvir e verdadeiramente ouvia” (Improvement Era, janeiro de 1919, pp. 197–198).

ELE TEVE UMA VISÃO DA REDENÇÃO DOS MORTOS

Nos últimos anos de sua vida, o véu estava muito tênue e ele vivia em contínua comunicação com o Espírito. Em 4 de outubro de 1918, no primeiro discurso de sua última conferência geral, um mês antes de sua morte, ele declarou: “Não ouso falar de muitas coisas que estão em minha mente nesta manhã; vou deixar para fazê-lo futuramente, caso assim queira o Senhor. Então, no momento oportuno, tentarei dizerlhes algumas das coisas que estão em minha mente e coração. Não tenho vivido em solidão nestes últimos cinco meses. Estou sempre em espírito de oração, de súplica, de fé e de determinação e venho comunicando-me com o Espírito do Senhor continuamente” (Conference Report, outubro de 1918, p. 2).

No dia anterior, 3 de outubro de 1918, os céus abriram-se e ele teve uma visão da redenção dos mortos, em que viu o ministério do Senhor no mundo espiritual. Algum tempo depois, essa revelação grandiosa foi inserida em Doutrina e Convênios como a seção 138.

ELE TRIUNFOU SOBRE SUAS PROVAÇÕES E ADVERSIDADES

President Joseph F. Smith

O Presidente Joseph F. Smith

O Presidente Joseph F. Smith faleceu em 19 de novembro de 1918. Sua vida não fora fácil, mas seu caráter, temperamento e fé tinham sido tais que ele não se deixara abater pelas provações. Essas dificuldades ajudaram a refiná-lo, a fim de poder contemplar e revelar as coisas do Espírito que o Senhor precisava mani- festar a Seus filhos.

O Élder James E. Talmage, que era membro do Quórum dos Doze Apóstolos, declarou: “Testifico-lhes que Joseph F. Smith foi um dos verdadeiros apóstolos do Senhor Jesus Cristo. Ouvi suas palavras contundentes de testemunho e advertência diante de assembléias de milhares de pessoas, reuni-me com ele a sós em algumas raras ocasiões e, em momentos menos raros, mas não incomuns, ouvi-o pregar a nossos irmãos e companheiros em conversas menos formais. E nunca vi seu rosto brilhar tanto nem ele irradiar tanto poder quanto ao testificar de Cristo. Ele dava-me a impressão de conhecer Jesus Cristo como um homem conhece seu amigo” (Conference Report, junho de 1919, p. 59).

Joseph F. Smith serviu e guiou a Igreja com grandeza. Recusou-se a permitir que a adversidade destruísse sua alma ou diminuísse seu amor. Com perseverança humilde, recebeu poder; o véu tornou-se tênue e ele teve permissão para ver o Salvador, o mundo espiritual e as coisas de Deus. Até o fim de sua vida ele prestou um testemunho fervoroso de Cristo, a quem servia.