Honestidade

Manual de Sacerdócio Aarônico 1, 1992


Objetivo

Cada rapaz deverá esforçar-se para ser honesto e sincero em seu relacionamento com Deus, com seus semelhantes e consigo mesmo.

Preparação

  1. 1.

    Materiais necessários: obras-padrão para cada rapaz.

  2. 2.

    Estude II Reis, capítulo 5, e prepare-se para contar a história do leproso Naamã e seu servo desonesto.

  3. 3.

    Estude o conselho sobre honestidade dado nas páginas 9 e 10 de Para o Vigor da Juventude.

Sugestão para o desenvolvimento da lição

Introdução

História

Se os rapazes estiverem familiarizados com o conto “A Roupa Nova do Rei”, de Hans Christian Andersen, peça-lhes que o ajudem a contá-lo.

Explique que a história trata de dois trapaceiros que convenceram o imperador de que tinham poder para tecer o mais belo de todos os tecidos. Disseram-lhe que o tecido não era apenas bonito, mas também mágico. Afirmaram que era invisível a qualquer pessoa que fosse pouco inteligente ou inadequada para o cargo que ele ocupava. Depois, fingiram tecer o pano e fazer todas as roupas que o imperador devia usar em uma grande parada. O imperador e todos os seus súditos não viam nada, porque não havia nada para ver, mas tinham medo de dizer a verdade. Enquanto o imperador participava do desfile, todos admiravam a elegância, a cor e o modelo das roupas novas do imperador que, é claro, não existiam. Finalmente, uma criança exclamou: Por que ele está sem roupa?

• Que palavra descreve a atitude da criança? (Honestidade.)

• O que significa honestidade?

Saliente que nossa honestidade é testada diariamente. Peça que os rapazes pensem se são verdadeiramente honestos em todas as suas atitudes.

Cremos em Ser Honestos

Citação

• Por que é tão importante que nós, como santos dos últimos dias, sejamos honestos?

Permita que os rapazes respondam. Peça que um rapaz leia a seguinte declaração do Presidente Heber J. Grant:

“É fundamental que o santo dos últimos dias seja honesto. Sua palavra tem que valer tanto quanto um documento; é fundamental que ele decida que, sejam quais forem as circunstâncias, sejam quais forem as dificuldades, com a ajuda do Senhor, dedicará sua vida e toda sua energia ao cumprimento das promessas que fizer.”(Heber J. Grant, Gospel Standards [Salt Lake City: Improvement Era, 1943], p.30.)

Explique que a honestidade tem vários aspectos.

Devemos Ser Honestos com o Senhor

Quadro-negro e debate

Escreva no quadro-negro: Honestidade para com…Abaixo dessas palavras, escreva: 1.

O Senhor.

Peça aos rapazes que sugiram como podemos ser honestos com o Senhor. Para ajudar o debate, use algumas das seguintes perguntas:

  • De que maneira podemos ser honestos ao pagar o dízimo ou outras ofertas?

  • De que maneira podemos ser honestos ao participar do sacramento?

  • De que maneira podemos ser honestos ao cumprir as designações da Igreja?

  • De que maneira podemos ser honestos ao cumprir as promessas feitas ao Senhor?

Devemos Ser Honestos com os Outros

História

Acrescente ao quadro-negro: 2. Semelhantes e leia a seguinte história contada pelo Élder Keith W. Wilcox.

“Durante meu segundo ano de faculdade, em dezembro de 1941, os Estados Unidos foram atacados em Pearl Harbor…Decidi alistar-me na marinha, com o desejo de tornarme oficial naval. Passei o dia inteiro no Escritório de Recrutamento da Marinha preenchendo formulários para me candidatar ao curso de treinamento de oficiais.

Um dos últimos itens do questionário de aptidão física perguntava se eu tinha algum tipo de alergia. Lembro-me de ficar olhando para aquela pergunta por longo tempo…Era evidente que a resposta afetaria minha aceitação ou rejeição no curso.

A verdade era que eu sempre tivera alergia e vivia espirrando constantemente. Seria tão fácil responder que não, já que provavelmente nunca me perguntariam novamente. Entretanto, isso seria desonesto. Era uma coisinha de nada, mas um princípio estava em jogo. Com relutância, respondi que sim e devolvi os papéis.

O oficial médico, vendo minha resposta, olhou-me e exclamou: ‘Não sabe que os oficiais da marinha não podem ser alérgicos? Vai ter que fazer um teste especial de alergia.’

O teste mostrou que eu era alérgico a um número considerável de substâncias. [O oficial] então apanhou meu formulário de inscrição, rasgou-o calmamente e jogou-o na lata do lixo. Eu…perguntei: ‘O que devo fazer agora?’ Ele calmamente respondeu que o alistamento compulsório cuidaria do meu caso e que não precisava me preocupar.

Deprimido, voltei para a escola, transferindo-me para a Universidade de Utah…Formeime bacharel em ciências em engenharia mecânica em dezembro de 1943, dois anos após Pearl Harbor.

Um dia, após minha formatura, apresentei-me novamente no Escritório de Recrutamento da Marinha…dizendo que havia acabado de me formar engenheiro mecânico…e mostrei meu diploma. Quando souberam de meu interesse em tornar-me oficial da marinha, recebi tratamento especial…Foi-me oferecido o posto de aspirante naquela mesmo dia…

Eu disse ao oficial…‘Senhor, sou bastante alérgico. O que me diz a respeito?’ O oficial deu risada. Disse que no passado aquilo seria um impedimento, mas isso não mais acontecia.

O navio para o qual fui designado mais tarde…era o USS LSM 558. Pensávamos que aquele navio havia sido destinado à invasão do Japão…Em vez disso, recebemos ordem de patrulhar a costa atlântica, de Boston, Connecticut, até a Flórida.

Em agosto de 1985, [minha esposa e eu] visitamos…o grande memorial de guerra em Manila, dedicado aos americanos mortos durante a Segunda Guerra Mundial…Nossa visita ao memorial nos fez lembrar de diversos amigos nossos que se alistaram nos primeiros anos da guerra e não retornaram. Se eu estivesse entre aqueles primeiros recrutas, a probabilidade de ter perdido a vida seria grande. Se tivesse contado uma pequena mentira a respeito de minha alergia, teria sido imediatamente enviado àquelas cruéis batalhas iniciais, onde tantos perderam a vida.

Recordando aquele dia decisivo, percebo que sobrevivi a um dos maiores testes de minha vida ao dizer a verdade a respeito de minha alergia…Fui grandemente tentado a contar ‘uma mentirinha’, mas o conselho de meu pai…foi-me muito útil. Eu humildemente o compartilho com vocês: Sejam sempre honestos.” (“The Best Policy”, New Era, novembro de 1986, pp. 6-7.)

Debate

• Por que o Élder Wilcox se recusou a mentir? (“Um princípio estava em jogo”.)

• Como ele se sentiu ao ser rejeitado pela marinha?

• De que modo foi abençoado por ser honesto?

• Por que às vezes é difícil ser honesto?

• As bênçãos da honestidade sempre vêm imediatamente?

Explique que, como o Élder Wilcox, podemos descobrir que a honestidade nem sempre nos traz bênçãos imediatas. Algumas vezes temos que sofrer por causa de nossa honestidade. Devemos então confiar no Senhor e ele nos abençoará por nossa honestidade.)

História das escrituras

Relate com suas próprias palavras a história de Naamã e do servo desonesto (ver II Reis 5). Saliente que Eliseu não deu uma segunda oportunidade ao servo desonesto. Nenhuma concessão, explicação ou argumento racional foram aceitos. O servo tinha sido desonesto e sofreu por sua desonestidade. Saliente que toda desonestidade, não importa quão pequena ou insignificante, afeta outras pessoas.

A Pessoa Deve Ser Honesta Consigo Mesma

Estudos de caso Acrescente ao quadro-negro: 3. Conosco.

Como uma pessoa pode ser desonesta consigo mesma? (Justificando sua ações, suas causas e conseqüências.)

Debata os seguintes exemplos para descobrir como cada indivíduo foi desonesto com ele próprio. Se for conveniente, adapte antes estes casos de estudo a situações locais.

  1. 1.

    Paulo ouviu alguém bater à porta e sabia que devia ser aquele tolo do Beto que morava na mesma rua. Ele não queria recebê-lo. Quando viu sua mãe ir atender, pediu-lhe que dissesse que ele não estava em casa.

  2. 2.

    Jorge olhou bem para todos os lados e viu que não havia nenhum funcionário do supermercado por perto. Pegou rapidamente um pacote de goma de mascar e colocouo no bolso. “É uma loja tão grande, com certeza não notarão a falta”, pensou ele.

• Por que é importante a pessoa ser honesta com ela mesma? (Para preservar nossa integridade, nosso próprio valor. É importante que gostemos de nós mesmos.)

• Por que as pessoas são desonestas?

• Por que é importante que sejamos honestos em todas as ocasiões?

História

Explique que, muitas vezes, sem que saibamos, as pessoas estão observando nossas ações e são influenciadas por nossa honestidade. O Presidente Kimball relatou um incidente em que isso aconteceu.

“Numa viagem de trem, de Nova Iorque para Baltimore, sentamo-nos no vagãorestaurante em frente a um empresário e comentamos: ‘Raramente chove assim na cidade do Lago Salgado.

A conversa se encaminhou naturalmente para a pergunta de ouro: ‘O que sabe sobre a Igreja Mórmon?’

‘Sei pouco sobre a Igreja’, disse ele’, mas conheço um de seus membros.’ Ele estava estabelecendo filiais em Nova Iorque. ‘Há um sub-empreiteiro que trabalha para mim’, continuou ele, ‘que é tão honesto e íntegro que nunca lhe peço um orçamento. Ele é a honra personificada. Se os mórmons são todos como esse homem, gostaria de aprender mais sobre a Igreja que produz pessoas tão honradas.’ Deixamos alguns folhetos e enviamos os missionários para ensiná-lo. “ (Spencer W. Kimball, Faith Precedes the Miracle [Salt Lake City: Deseret Book Co., 1972], pp. 240-241.)

• Como nosso exemplo de honestidade pode afetar os outros?

Explique que no caso que acabamos de relatar, um homem, ao notar o quanto um de seus empregados era honesto, sentiu o desejo de aprender a respeito da Igreja. Muitas vezes as nossas ações íntegras influenciam as outras pessoas. Algumas vezes é fácil praticar a honestidade, mas às vezes podemos achar que a desonestidade seria mais fácil. Entretanto, a honestidade sempre traz bênçãos.

A Honestidade Traz Paz de Consciência

História

Relate a seguinte história a respeito de um rapaz que aprendeu a duras penas que a honestidade traz paz de consciência.

“Um casal idoso de suecos, Irmão e Irmã Palm, trabalhava na loja de calçados de nossa cidade. Era impressionante ver a mão do Irmão Palm quando ele consertava os sapatos. Jimmie e eu íamos à loja para vê-lo usar os dedos endurecidos enquanto trabalhava e ver a reentrância da palma de sua mão…

Certo dia, quando Jimmie e eu estávamos lá, vimos uma moeda em um dos recipientes que continham as tachas e ambos começamos a pensar no que aquela moeda poderia comprar.

‘O Irmão Palm nunca daria por falta do dinheiro’, sussurrei para Jimmie.

‘Vou chamar o Irmão Palm para me mostrar alguma coisa nos fundos da loja, enquanto você pega a moeda e corre’, sugeriu Jimmie.

O plano funcionou perfeitamente e cada um de nós comprou uma garrafa de refrigerante.

Demorou muito, muito tempo para que eu vencesse o sentimento de culpa em relação àquele dinheiro. Todas as vezes que via o Irmão Palm, lembrava-me de que o tinha roubado. Todos os invernos, a ala mandava os rapazes, aos sábados, cortar lenha para as viúvas, os idosos e os inválidos. Trabalhei mais arduamente na casa dos Palm do que em qualquer outro lugar para tentar tirar aquele dinheiro de minha consciência.

Depois que cresci, vi pouquíssimo o Irmão Palm. Mas quando o via, ele sempre punha sua mão crispada na minha e então eu me lembrava do dinheiro que tirara do recipiente de tachas. Queria contar a ele e devolver o dinheiro, para acalmar minha consciência, mas não tinha coragem de confessar minha desonestidade.

Mais tarde, fui contratado como funcionário da mesma velha loja onde o Irmão Palm sempre trabalhara. Quando ele era atendido por mim, eu sempre colocava em seu pacote uma quantidade de mercadoria maior do que cobrava dele. Depois, quando ele saía, eu punha do meu próprio dinheiro no caixa e registrava como ‘pago’ no livro de registro da loja.

Logo o velho percebeu que seu dinheiro comprava mais comigo e não queria ser atendido por nenhum outro funcionário. Quando alguma outra pessoa se oferecia para servi-lo, ele dizia: ‘Obrigado. Vou esperar o Irmão Palmer.’

Depois de algum tempo, comecei a perceber que não estava limpando minha consciência do roubo antigo. A única maneira para deixar de me sentir culpado pelo dinheiro roubado era confessar o que eu havia feito e pedir o seu perdão.

Na próxima vez em que o Irmão Palm foi fazer compras, dei-lhe suas compras como de costume e pedi-lhe que entrasse no escritório para uma pequena conversa…

Então eu lhe contei sobre o dinheiro roubado havia tanto tempo e como eu me lembrava disso toda vez que via a reentrância em sua mão. Expliquei que estivera tentando, todo esse tempo, pagar minha dívida, colocando mais mercadoria em seus pacotes do que o que ele pagava. ‘Eu pagava a quantia extra e então a registrava como paga no livro de registros’, continuei.

Mostrando a lista de números, eu disse: ‘O senhor vê, Irmão Palm, que paguei minha dívida com uma quantia muitas vezes maior, mas descobri que não podia limpar minha consciência dessa forma, então estou contando ao senhor toda a história e pedindo seu perdão.’

O velho sorriu e disse: ‘Oh, Irmão Palmer, eu realmente o perdôo. Sinto apenas que não me tenha contado antes.’

Então ele se levantou e estendeu a mão para que eu a apertasse. Meu dedo escorregou pela reentrância que havia na palma e finalmente o sentimento de culpa me deixou.” (William R. Palmer, contada por Kathryn H. Ipson, “An Expensive Lesson”, Friend, agosto de 1975, pp. 34-35.)

Conclusão

Citação

Leia o seguinte pensamento do Presidente Spencer W. Kimball:

“Nenhuma virtude, na perfeição que lutamos por alcançar, é mais importante do que a integridade e a honestidade. Sejamos, pois, perfeitos, inabaláveis, puros e sinceros, para que possamos desenvolver em nós a qualidade de alma que tanto apreciamos nos outros.” (Faith Precedes the Miracle [Salt Lake City: Deseret Book Company, 1972], p.248.)

Desafio

Estude o conselho sobre honestidade, nas páginas 9 e 10 de Para o Vigor da Juventude. Explique que a honestidade para com Deus, para com as outras pessoas e para consigo próprio é muito importante para uma vida bem sucedida e feliz. Desafie os rapazes a serem honestos em todos os seus relacionamentos e atividades.