11: Elaborar um plano para melhorar o ensino

"11: Elaborar um plano para melhorar o ensino," Parte A: Seu Chamado para Ensinar — Desenvolver os Talentos, ()


Quando estava resumindo o registro dos jareditas, Morôni ficou preocupado com sua fraqueza na escrita. Achou que os gentios que iriam ler suas palavras acabariam zombando delas e rejeitando-as. Orou para que os gentios tivessem caridade e não rejeitassem a palavra de Deus. Então, o Senhor fez-lhe a seguinte promessa: “Porque viste a tua fraqueza, serás fortalecido”. (Éter 12:37) O Senhor disse-lhe também: “E se os homens vierem a mim, mostrar-lhes-ei sua fraqueza. E dou a fraqueza aos homens a fim de que sejam humildes; e minha graça basta a todos os que se humilharem perante mim; porque caso se humilhem perante mim e tenham fé em mim, então farei com que as coisas fracas se tornem fortes para eles”. (Éter 12:27)

Em seu chamado para ensinar o evangelho, você talvez tenha às vezes a sensação de inadequação. Mas essa promessa do Senhor pode trazer-lhe alento. Caso se humilhe, reconheça áreas em que precise de Seu auxílio e exerça fé Nele, Ele o fortalecerá e o ajudará a ensinar de forma agradável a Ele.

Avaliar Seus Próprios Pontos Fortes e Fracos

Para começar, crie um plano determinando como está seu desempenho atualmente. Algo útil seria dividir essa avaliação em duas partes: seus pontos fortes e fracos como professor.

Quais São Meus Pontos Fortes como Professor?

Comece pensando em alguns dos dons que o Senhor já lhe deu e que podem ajudá-lo a ensinar. Relacione-os no diário ou em um caderno ou faça o gráfico da página 25. Ao proceder assim, pense nos princípios didáticos abordados neste livro, como amar os alunos, ensinar pelo Espírito, ensinar a doutrina, convidar os alunos a estudar diligentemente, criar uma atmosfera propícia ao aprendizado, usar métodos eficazes ou preparar as aulas.

Talvez seja a sua paciência que mais vá ajudá-lo como professor. Ou talvez seu sorriso constante, sua preocupação genuína com as pessoas, seus dotes artísticos, seu conhecimento das escrituras, sua disposição para ouvir, seu espírito calmo, seu hábito de preparar-se exaustivamente ou seu desejo sincero de ensinar bem.

Você não precisa identificar um grande número de pontos fortes; basta alguns para iniciar. O objetivo de concentrar-se em alguns de seus pontos fortes é apoiar-se neles para a partir daí melhorar em áreas em que talvez não se esteja saindo tão bem.

Quais São Meus Pontos Fracos como Professor?

Depois de pensar em seus pontos fortes, reflita sobre suas experiências didáticas recentes. Pense nas áreas em que poderia melhorar. Novamente, volte a atenção para os princípios didáticos que este livro ressalta. Você pode fazer uma lista das várias coisas que pode fazer melhor, mas talvez seja mais proveitoso limitar-se a duas de cada vez. Falando em termos gerais, crescemos “linha sobre linha, preceito sobre preceito”. (2 Néfi 28:30) Devemos agir “com sabedoria e ordem; porque não se exige que o homem corra mais rapidamente do que suas forças o permitam”. (Mosias 4:27)

Quando escolher uma ou duas áreas em que gostaria de melhorar, escreva-as em seu diário ou em um caderno.

Fazer um Plano para o Aperfeiçoamento

Para decidir como melhorar na área ou áreas que escolheu, pense nas seguintes perguntas:

  • O que posso fazer agora para melhorar como professor?

  • Que técnicas preciso desenvolver?

  • Quem pode auxiliar-me?

  • Que materiais estão à disposição?

A seguir, há um exemplo que mostra como você pode utilizar essas perguntas. Nele, uma professora da Sociedade de Socorro percebeu que precisava melhorar sua capacidade de discernir se os alunos estavam entendendo suas aulas.

Utilize este gráfico (ou outro que você mesmo elaborar) para criar um plano para melhorar seu ensino. Nos espaços em branco, escreva suas respostas às perguntas.

 

Como Estou Saindo-me?

 

O que Posso Fazer para Melhorar?

 

Que Recursos Vou Utilizar?

 

O que Posso Fazer para Melhorar como Professor?

A professora decide folhear este livro em busca de idéias sobre o que pode melhorar agora. Ao ler “Como Saber Se os Alunos Estão Aprendendo” (página 73), ela descobre que uma forma de avaliar a compreensão dos alunos é pedir-lhes que reformulem os princípios com suas próprias palavras. Ela decide utilizar esta idéia na próxima aula que for dar e registra este plano em seu diário.

Que Técnicas Preciso Desenvolver?

A professora também lê que deve observar os alunos durante as aulas. Ela diz para si mesma: “Eis uma técnica que preciso desenvolver, mas que vai exigir bastante prática”. Ela registra este plano em seu diário.

Ao pensar em seu plano, percebe que já tem pelo menos um ponto forte sobre o qual pode edificar: o fato de preparar suas aulas com extremo zelo. Por estar sempre familiarizada com o conteúdo da lição, será capaz de observar os alunos, em vez de dar demasiada atenção ao manual ou a suas anotações.

Quem Pode Auxiliar-me? Quais São os Materiais à Disposição?

Por fim, a professora pergunta a si mesma se há recursos que poderia usar. Ela já utilizou este livro como fonte e pensa em outros possíveis recursos: “Quem sabe outros professores? Eu poderia falar com o coordenador de aperfeiçoamento didático ou outro professor capacitado para avaliar a compreensão dos alunos? Um de meus líderes poderia assistir a uma aula minha e dar sugestões? Os alunos poderiam propor sugestões?”

Estabelecer uma Meta e Registrar Seu Progresso

Depois de traçar um plano para o aperfeiçoamento, estabeleça uma data na qual você espera atingir sua meta. Escreva sobre seu progresso no diário ou em um caderno. Se, no decorrer do tempo, precisar adaptar sua meta, faça-o.

Quando sentir que alcançou a melhora pretendida, comece a dedicar-se a outro aspecto didático.

Qualidades Mais Importantes

Em seu esforço contínuo para ser um melhor professor, lembre-se das qualidades mais importantes.

O Presidente Harold B. Lee descreveu uma professora que exerceu grande influência sobre ele em sua infância. Você pode guiar-se por esta descrição para avaliar sua eficácia como professor e criar planos para aperfeiçoar-se:

“Em minha infância, as aulas religiosas mais marcantes a que assisti foram as da Escola Dominical. Contudo, pouquíssimos professores da Escola Dominical despontam em minha memória por terem feito uma contribuição duradoura à minha instrução religiosa. Uma professora (…) parecia ter o talento especial de imprimir no fundo de nossa alma as lições de história da Igreja, moralidade e as verdades do evangelho de tal forma que, ainda hoje, quase quarenta anos depois, surpreendo-me recordando suas aulas e sendo guiado por elas.

O que conferia a ela as qualidades essenciais de um professor bem-sucedido da Escola Dominical? Ela não tinha grande conhecimento secular nem era versada nas teorias e práticas da pedagogia moderna. A aparência dela era simples e comum, a de uma esposa e mãe de uma pequena comunidade interiorana onde a necessidade exigia que todos os membros da família trabalhassem arduamente. Ela possuía três dons que, a meu ver, tornavam seus ensinamentos eficazes: primeiro, tinha a capacidade de fazer com que cada aluno sentisse que ela se interessava pessoalmente por ele; segundo, tinha muito conhecimento das escrituras e amor por elas e a capacidade de fazer habilidosas ilustrações em cada lição para aplicálas em nossa vida; terceiro, possuía grande fé em Deus e um testemunho inabalável da divindade do evangelho restaurado de Jesus Cristo.

Tinha outra qualificação menos óbvia, mas (…) de extrema importância para ela e para qualquer pessoa que desejar ensinar o evangelho de Jesus Cristo. O Senhor declarou a lei dos professores nas seguintes palavras: ‘E o Espírito ser-vos-á dado pela oração da fé; e se não receberdes o Espírito, não ensinareis’. (D&C 42:14) (…)

Quem orar suplicando auxílio para ensinar terá o poder do Espírito Santo e seus ensinamentos serão, como declarou Néfi, levados ao coração dos filhos dos homens pelo poder do Espírito Santo”. (The Teachings of Harold B. Lee, ed. Clyde J. Williams [1996], p. 444)

Ao avaliar seus pontos fortes e fracos como professor, pense como você irradia essas “qualidades essenciais”. Reflita sobre as seguintes perguntas:

  • Demonstro a meus alunos que os amo? Mostro interesse pessoal em cada um deles?

  • Eles podem sentir meu amor pelo Senhor e Seus ensinamentos? Ajudo-os a ver a aplicação desses ensinamentos em sua vida?

  • Meus alunos conseguem sentir meu testemunho do evangelho restaurado de Jesus Cristo? Eles conseguem sentir minha grande fé em Deus?

  • Oro com fé para ensinar pelo poder do Espírito Santo?

Mesmo que tenha pouca experiência em muitos aspectos didáticos, concentre-se nas qualidades mais importantes. Você pode amar as pessoas a quem ensinar. Pode demonstrar de forma consistente seu amor pelo Senhor e Seus ensinamentos. E, com fervor, pode transmitir sua fé em Deus e seu testemunho do evangelho restaurado. Você pode sair-se bem nas qualidades mais importantes, mesmo enquanto ainda estiver desenvolvendo suas técnicas.

Com o Auxílio do Senhor, Você Pode Melhorar

Ao empenhar-se para melhorar, a ajuda do Senhor muitas vezes virá por meio de outras pessoas. A história a seguir, contada por um homem que servira como presidente de missão na Europa Oriental, ilustra esse princípio:

“No verão de 1993, visitei um de nossos ramos recémcriados. A aula da Escola Dominical era dada por um membro novo. Era visível que ela não se sentia à vontade diante dos alunos. Em vez de correr o risco de cometer um erro, lia a lição palavra por palavra. Enquanto os olhos dela se mantinham fixos no manual, os alunos moviam-se incontrolavelmente.

Depois da aula, elogiei a professora pela correção doutrinária de sua exposição e, da forma mais cuidadosa possível, indaguei se ela já havia pensado em fazer algumas perguntas que estimulassem o raciocínio dos alunos e as discussões em classe. Ela respondeu que, na Europa, os professores não fazem perguntas. Fui embora, questionando-me sobre o que poderíamos fazer para ajudála, assim como muitos outros novos professores como ela em um país onde a Igreja acabara de estabelecer-se.

Em agosto daquele ano, um casal foi designado para iniciar os programas do Sistema Educacional da Igreja em nossa área. Pedimos-lhes que realizassem o que então chamávamos de sessões de treinamento didático. Uma das professoras que eles iriam auxiliar era aquela cuja classe eu visitara.

Quatro meses depois, voltei ao ramo dela. Acontecera um milagre. Diante da classe havia uma pessoa transformada, com excelente postura e grande autoconfiança. Suas perguntas cuidadosamente preparadas suscitavam respostas interessadas e ela fazia comentários entusiasmados após cada contribuição dos alunos. Ela pedira previamente a um aluno que contasse uma experiência pessoal relacionada ao tema da aula e em seguida solicitou o mesmo a outros. Perto do fim da aula, uma recém-conversa prestou testemunho. A professora parou e indagou de forma serena: ‘Vocês também sentiram um forte Espírito enquanto a irmã Molnar estava falando? É o Espírito do Senhor’. Ao desfrutarmos o sentimento calmo e maravilhoso que tivéramos juntos naquele prédio alugado, agradeci ao Pai Celestial pelo casal que ensinara os princípios do evangelho àquela assustada recémconversa e a ajudara a tornar-se alguém que realmente merecia o título de professora do evangelho de Jesus Cristo.”