Ensinamentos dos Presidentes
Compreender a Morte e a Ressurreição


Capítulo 37

Compreender a Morte e a Ressurreição

No funeral do Élder Thomas Williams em 13 de julho de 1847, o Presidente Brigham Young falou a respeito da morte: “Que vale da sombra mais escuro é esse que chamamos de morte! Como é estranho passar deste estado de existência, no que diz respeito ao corpo mortal, para um estado de destituição! Como é escuro esse vale! Como essa estrada é misteriosa e temos que viajar por ela sozinhos. Gostaria de dizer-lhes, meus amigos e irmãos, que se pudéssemos ver as coisas como são, da maneira como as veremos e as compreenderemos, saberíamos que a escuridão desse vale da sombra é tão insignificante que, após atravessá-lo, daríamos meia-volta, olharíamos em redor e acharíamos que verdadeiramente esta é a maior vantagem de toda a vida, pois, teríamos passado de um estado de tristeza, pesar, choro, aflição, dor, angústia e decepção para um estado de existência em que podemos desfrutar da vida no maior grau de plenitude que se pode alcançar sem um corpo. Meu espírito estará livre, não sinto mais sede, não necessito mais dormir, não tenho mais fome, não me canso, corro, ando, trabalho, vou e volto, faço uma coisa ou outra, o que de nós for exigido, sem sentir dor ou cansaço. Estarei cheio de vida, de vigor e usufruirei da presença de meu Pai Celestial, pelo poder de Seu Espírito. Quero dizer a meus amigos que, se quiserem viver sua religião, vivam de maneira a ter muita fé em Deus, para que a luz da eternidade brilhe sobre vocês e assim vejam e compreendam essas coisas por vocês mesmos”. (DNSW, 28 de julho de 1874, p. 1.)

Ensinamentos de Brigham Young

A felicidade deste mundo não se compara “à glória, alegria, paz e felicidade da alma” que parte da mortalidade em justa paz.

Émotivo de grande alegria, júbilo e conforto para os amigos de uma pessoa saber que ela faleceu em paz e assegurou para si uma ressurreição gloriosa. A Terra e sua plenitude, bem como tudo o que a ela pertence em caráter terreno, é incomparável com a glória, a alegria, a paz e a felicidade da alma que parte em paz. (DBY, p. 370)

O ato de chorar pelos que morreram dignamente é oriundo da ignorância e fraqueza próprias do tabernáculo mortal, a casa que é preparada para ser a morada do espírito. Independente da dor que sintamos, ou de qualquer coisa pela qual passemos, apegamo-nos à terra mãe e não gostamos quando qualquer de seus filhos nos deixa. Gostamos muito de manter o relacionamento social da família que nos une uns aos outros e não gostamos de nos separar. (DBY, p. 370.)

É verdade que é doloroso nos separarmos dos amigos. Somos criaturas de paixão, de comiseração, de amor e é penoso para nós separar-nos de nossos amigos. Faríamos com que ficassem no corpo mortal, embora sentissem dor. Não somos egoístas ao pensar assim? Em vez disso, não nos deveríamos alegrar com a partida daqueles cuja vida foi dedicada à pratica do bem até chegarem à velhice. (DBY, p. 370)

Se pudéssemos ter o conhecimento ou ver o que há na eternidade, se estivéssemos totalmente livres da fraqueza, cegueira e letargia com que somos revestidos na carne, não teríamos a tendência de chorar ou mortificarmo-nos. (DBY, p. 370)

Vivam de modo que, ao acordarem no mundo espiritual, possam verdadeiramente dizer: “Não poderia melhorar minha vida mortal se tivesse de vivê-la novamente”. Eu os exorto, pelo bem da casa de Israel, pelo bem de Sião que devemos construir, a viver agora e de agora para sempre de modo que seu caráter seja examinado com alegria pelos seres sagrados. Tenham uma vida de caráter divino, o que não poderão fazer sem viver virtuosamente. (DBY, p. 370)

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Christ appearing to Mary

Antes de Sua ascensão ao Pai, Jesus Cristo ressurreto apareceu a Maria.

Na morte o espírito separa-se do corpo; o corpo retorna para a terra e o espírito passa para o mundo espiritual.

Todas as pessoas que possuem o princípio de vida eterna devem olhar para o próprio corpo como sendo da Terra, terreno. Nosso corpo deve voltar à terra mãe. Na verdade, para a maioria das pessoas é uma idéia deplorável pensar que nosso espírito deva, por um período longo ou curto, ser separado de nosso corpo. Milhares e milhões de pessoas passaram por essa aflição durante toda a vida. Se elas compreenderem o propósito dessa provação e os verdadeiros princípios de vida eterna, o sofrimento e a morte do corpo não são motivos para tanta preocupação. (DBY, p. 368)

O Senhor sente-se feliz em organizar tabernáculos aqui e colocar espírito neles, e eles tornam-se seres inteligentes. Depois de algum tempo, mais cedo ou mais tarde, o corpo que lhes é tangível e que vocês podem sentir, ver, segurar, etc., retorna à terra mãe. O espírito morre ? Não. (…) O espírito continua a existir quando o corpo volta à terra, e o espírito que Deus coloca no tabernáculo vai para o mundo dos espíritos. (DBY, p. 368)

Nosso corpo é constituído de matéria visível e tangível, como vocês o sabem; sabem também que nosso corpo nasce neste mundo. Ele começa, então, a partilhar dos elementos da natureza, adaptados a sua organização e crescimento, desenvolve-se até alcançar a maturidade, envelhece, deteriora-se e transforma-se novamente em pó. Em primeiro lugar, embora eu tenha explicado isso muitas vezes, o que chamamos de morte é o efeito da vida, inerente à matéria da qual o corpo é constituído e que causa a decomposição depois que o espírito dele se separa. Se não fosse assim, o corpo sem o espírito permaneceria para toda a eternidade tal qual estava quando o espírito o deixou e não se decomporia. (DBY, p. 368)

Jesus Cristo é as primícias da ressurreição.

Jesus foi a primeira pessoa que ressurgiu dentre os mortos, como poderão compreender. O profeta Elias, Enoque, Moisés, nem qualquer outro homem que já tenha vivido sobre a Terra, não importa o quão dignamente, jamais ressuscitou antes que o corpo de Jesus Cristo fosse chamado da tumba pelo anjo. Ele foi o primeiro que ressurgiu dentre os mortos. Ele é o Senhor da ressurreição—a primeira carne que aqui habitou após receber a glória da ressurreição. (DBY, p. 374)

Isso não foi milagre para Ele. O Senhor tinha poder sobre a vida e a morte; tinha poder para dar Sua vida e tornar a tomá-la. (Ver João 10:18.) É isso o que Ele diz, e devemos crer nisso se quisermos acreditar na história do Salvador e nas palavras dos Apóstolos que se acham registradas no Novo Testamento. Jesus tinha esse poder em Si mesmo, que Lhe foi transmitido pelo Pai; foi Sua herança e Ele tinha o poder de dar Sua vida e tomá-la novamente. (DBY, pp. 340–341)

Jesus não recebeu novamente nas veias o sangue que verteu no Monte Calvário. O sangue foi derramado em grande quantidade e, quando Ele ressuscitou, outro elemento tomou lugar do sangue. O mesmo acontecerá com cada pessoa que ressuscitar; o sangue não ressuscitará com o corpo, já que tem a função de manter apenas a vida do organismo como agora é constituído. Quando essa etapa se encerrar e novamente recebermos nosso corpo pelo poder da ressurreição, o que agora chamamos de vida do corpo e que é formado pelo alimento que ingerimos e pela água que bebemos será substituído por outro elemento, visto que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus. [Ver I Coríntios 15:50.] (DBY, p. 374)

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pioneers burying dead

A morte foi uma realidade constante para os santos que atravessavam as planícies, como se mostra nesta pintura.

Nossa fidelidade pode preparar-nos para uma gloriosa ressurreição: a reunião de nosso corpo e espírito.

O evangelho da vida e salvação revela a cada indivíduo que o aceita que este mundo é apenas um local de duração, existência e provações temporárias. Sua forma e utilidade presentes perdurarão por poucos dias, ao passo que fomos criados para existir eternamente. Os iníquos não conseguem enxergar além do que concerne a este mundo. Entendemos que, quando formos despidos do presente estado, estaremos preparados para ser vestidos com a imortalidade—quando despimo-nos de nosso corpo, vestimos a imortalidade. [Ver Alma 11:43–44.] Os corpos retornarão ao pó, mas temos a esperança e a fé em que receberemos nosso corpo novamente da natureza com o mesmo formato que aqui temos e que, se formos fiéis aos princípios de liberdade do [evangelho], estaremos preparados para viver eternamente. (DBY, p. 372)

Depois que o espírito se separa do corpo, ele permanece sem tabernáculo no mundo espiritual até que o Senhor, conforme a lei que Ele ordenou, proporcione a ressurreição dos mortos. [Ver D&C 93:33–34.] Quando o anjo que detém em seu poder as chaves da ressurreição fizer soar a trombeta, as partículas fundamentais que formavam nosso corpo aqui, se realmente as honrarmos, mesmo que estejam depositadas nas profundezas do mar e ainda que uma partícula esteja no norte, outra no sul, outra no leste e outra no oeste, serão reunidas num piscar de olhos e nosso espírito tomará posse delas. Estaremos, então, preparados para habitar com Eles o Pai e o Filho; nunca poderemos estar preparados para habitar com eles até esse momento. Quando os espíritos deixam os corpos não passam a habitar com o Pai e o Filho; porém, vão para o mundo espiritual, onde há lugares preparados para eles. Aqueles que realmente honram seu tabernáculo e que amam e acreditam no Senhor Jesus Cristo devem despir-se desta mortalidade ou não poderão revestir-se de imortalidade. Este corpo deve ser modificado; caso contrário, não estará preparado para habitar na glória do Pai. (DBY, p. 372)

Depois que o corpo e o espírito são separados pela morte, qual é a coisa pertencente a esta Terra que receberemos primeiro? O corpo; essa é a primeira coisa terrena que um espírito divino deseja no além-túmulo. Primeiramente recebemos um corpo. O espírito [de um homem ou mulher justos] domina o corpo, submetendo-o em todos os sentidos àquele princípio divino que Deus colocou na pessoa. O espírito que nela habita é puro e santo volta a Deus puro e santo, habita puro e santo no mundo espiritual e, depois de algum tempo, terá o privilégio de vir e retomar seu corpo. [Jesus Cristo,] que possui as chaves da ressurreição, tendo previamente passado por essa experiência, será comissionado para ressuscitar nosso corpo, e nosso espírito lá estará pronto para reunir-se com o corpo. Então, quando estivermos preparados para receber nosso corpo, ele será a primeira coisa terrena a manifestar a divindade que um homem pode alcançar. Somente o corpo morre; o espírito mantém-se vivo e consciente. (DBY, p. 373)

Estamos aqui em circunstâncias que nos permitem enterrar nossos mortos de acordo com a ordem do sacerdócio. Entretanto, alguns de nossos irmãos morrem em alto-mar; eles não podem ser enterrados no solo, mas são envoltos num pedaço de lona, lançados ao mar e, talvez dois minutos mais tarde, estejam nas entranhas de um tubarão. Contudo, tais pessoas irão surgir na ressurreição, receberão toda a glória de que forem dignas e serão revestidas com toda a beleza dos santos ressurretos, do mesmo modo que receberiam se tivessem sido colocadas num ataúde de ouro ou prata e sepultadas num lugar adequado. (DBY, pp. 373–374)

Nenhum homem pode entrar no reino celestial e ser coroado com uma glória celestial antes de receber seu corpo ressurreto. (DBY, p. 375)

A única riqueza verdadeira da vida é assegurarmos para nós mesmos uma santa ressurreição. (DBY, p. 372)

Sugestões para Estudo

A felicidade deste mundo não se compara “à glória, alegria, paz e felicidade da alma” que parte da mortalidade em justa paz.

  • Embora seja doloroso separarmo-nos de um ente querido, em que sentido podemos sentir alegria e conforto após sua morte?

  • Qual foi o conselho do Presidente Young acerca de nosso tempo probatório na mortalidade? Ele também ensinou que devemos viver de modo que nosso caráter “seja examinado com alegria pelos seres sagrados”. De que forma podemos assegurar que o Dia do Julgamento seja uma ocasião de felicidade para nós?

Na morte o espírito separa-se do corpo; o corpo retorna para a terra e o espírito passa para o mundo espiritual.

  • Por que a morte faz parte do “efeito da vida”?

  • O que o Presidente Young ensinou a respeito do corpo depois de sua separação do espírito?

Jesus Cristo é as primícias da ressurreição.

  • O que capacitou Jesus a ressurreição?

  • O que a ressurreição de Cristo nos ensina sobre seres ressuscitados? Qual será a modificação em nosso corpo quando estivermos ressuscitados?

Nossa fidelidade pode preparar-nos para uma gloriosa ressurreição: a reunião de nosso corpo e espírito.

  • De acordo com o Presidente Young, como será a ressurreição? (Ver também Alma 11:43; Filipenses 3:21.)

  • O que significa honrar nosso tabernáculo?

  • Por que receber “uma santa ressurreição” é “a única riqueza verdadeira da vida”?