Ensinamentos dos Presidentes
Capítulo 4: O Legado Pioneiro de Fé e Sacrifício


Capítulo 4

O Legado Pioneiro de Fé e Sacrifício

“Quer você tenha antepassados pioneiros ou tenha se filiado à Igreja somente ontem, você é parte deste grande cenário que foi sonhado por aqueles homens e mulheres. (…) Eles lançaram a fundação. O nosso dever é edificar sobre ela.”

Da Vida de Gordon B. Hinckley

Na dedicação do Templo de Columbus Ohio, o Presidente Gordon B. Hinckley fez uma reflexão sobre seus ancestrais pioneiros. Posteriormente, ele relembrou:

“Ao sentar-me na sala celestial, pensei em meu bisavô. (…) Eu havia visitado sua sepultura recentemente no Canadá, bem ao norte da fronteira com Nova York. (…) Ele morreu aos 38 anos de idade”.

Quando o bisavô do Presidente Hinckley faleceu, seu filho Ira, que viria a ser seu avô, não tinha ainda 3 anos de idade. A mãe de Ira logo se casou de novo e em poucos anos mudou-se para Ohio e então para Illinois. Ela faleceu em 1842, e Ira se tornou órfão aos 13 anos de idade. Continuando sua história, o Presidente Hinckley disse:

“Meu avô [Ira Hinckley] foi batizado em Nauvoo (…) e posteriormente cruzou as planícies na migração dos [pioneiros]. Durante a jornada em 1850, a jovem esposa de Ira e também seu [meio-irmão] faleceram no mesmo dia. Ele confeccionou caixões rústicos para enterrá-los e então tomou sua filha pequena e carregou-a até o Vale [do Lago Salgado].

Por designação de Brigham Young, ele construiu Cove Fort, foi o primeiro presidente de estaca em Fillmore, [Utah], e atuou de inúmeras maneiras para levar esta obra avante.

Então nasceu meu pai. (…) Ele tornou-se presidente da maior estaca da Igreja, com mais de 15 mil membros”.

Os pensamentos do Presidente Hinckley então se voltaram dos seus ancestrais para sua posteridade. Ele prosseguiu, dizendo:

“Ao refletir sobre a vida daqueles três homens, estando sentado no templo, voltei meu olhar para minha filha, a filha dela, que é minha neta, e a filha dela, minha bisneta. Subitamente percebi que estava bem no meio daquelas sete gerações, três antes e três depois de mim.

Naquela casa sagrada e santificada passou então pela minha mente um sentimento da minha enorme obrigação em transmitir tudo o que havia recebido como legado de meus antepassados para as gerações que vieram depois de mim”.1

Além de expressar gratidão por seus próprios ancestrais pioneiros e pelo legado dos primeiros membros da Igreja, o Presidente Hinckley enfatizava frequentemente que os membros da Igreja ao redor do mundo são pioneiros hoje em dia. Em 1997, ele falou aos santos da Guatemala: “Este ano estamos comemorando o 150º aniversário da chegada dos pioneiros mórmons ao Vale do Lago Salgado. Eles fizeram uma viagem muito longa em carroções e carrinhos de mão. Eles foram pioneiros. Mas os pioneiros continuam a seguir em frente. Em todo o mundo, temos pioneiros, e vocês estão entre eles”.2 Aos santos da Tailândia, ele declarou: “Vocês são pioneiros ao levar avante a obra do Senhor nesta grande nação”.3 Ao visitar a Ucrânia em 2002, ele pronunciou palavras semelhantes: “A Igreja teve seus pioneiros nos tempos antigos, e agora vocês são os novos pioneiros deste tempo”.4

Quando o Presidente Hinckley falou dos antigos pioneiros, seu propósito era muito maior do que simplesmente destacar os que viveram no passado. Ele visualizou o futuro, com a esperança de que a fé e o sacrifício daqueles santos pudessem “tornar-se uma imensa motivação para todos, porque cada um de nós é um pioneiro em sua própria vida e frequentemente em sua própria família”.5

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os santos partindo de Nauvoo

“O poder que moveu nossos antepassados no evangelho foi o poder da fé em Deus.”

Ensinamentos de Gordon B. Hinckley

1

Com visão, trabalho e confiança no poder de Deus se manifestando neles, os primeiros pioneiros da Igreja transformaram sua fé em realidade.

Foi pela fé que um pequeno grupo dos primeiros conversos [no leste dos Estados Unidos] mudou-se de Nova York para Ohio, de Ohio para o Missouri, e do Missouri para Illinois, em busca de paz e liberdade para adorar a Deus de acordo com os ditames de sua consciência.

Foi com os olhos da fé que viram a bela cidade [Nauvoo] quando atravessaram pela primeira vez os pântanos de Commerce, Illinois. Convencidos de que a fé sem obras é morta, drenaram os pântanos, traçaram a cidade, construíram sólidas casas e prédios para o culto e escolas e, coroando tudo isso, um magnífico templo, o mais belo edifício de toda Illinois.

(…) Renasceu a perseguição, movida por turbas profanas e assassinas. Seu Profeta foi morto e seus sonhos foram desfeitos. Mais uma vez, pela fé, congregaram-se segundo os padrões por ele traçados e se organizaram para outro êxodo.

Com lágrimas e o coração partido, abandonaram suas casas confortáveis e suas oficinas. Depois de um último olhar ao templo sagrado, voltaram os olhos com fé para o Oeste, para o desconhecido, ainda não explorado; e com a neve do inverno caindo sobre eles, cruzaram o [Rio] Mississippi naquele fevereiro de 1846, abrindo caminho pelos prados lamacentos de Iowa.

Com fé, estabeleceram Winter Quarters junto ao Rio Missouri. Doenças, disenteria e gangrena causaram centenas de mortes. Mas a fé susteve os sobreviventes. Enterraram os entes queridos na ribanceira acima do rio, partindo na primavera de 1847, rumo às montanhas do Oeste.

Foi pela fé que Brigham Young, contemplando o Vale [do Lago Salgado], então estéril sob a inclemência do sol, declarou: “Este é o lugar”. E novamente pela fé, quatro dias mais tarde, fincou a bengala no chão e disse: “Aqui será o templo de nosso Deus”. O magnífico e sagrado [Templo de Salt Lake], situado ao lado deste Tabernáculo, é um testemunho de fé, não só da fé dos que o construíram, mas também daqueles que agora o utilizam em uma grande e abnegada obra de amor.

Dizia Paulo aos hebreus: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem” (Hebreus 11:1). Todas as grandes realizações das quais falei foram um dia apenas “o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem”. Entretanto, com visão, esforço e confiança no poder de Deus operando por meio deles, transformaram a fé em realidade.6

O poder que moveu nossos antepassados no evangelho foi o poder da fé em Deus. Foi o mesmo poder que possibilitou o êxodo do Egito, a travessia do Mar Vermelho, a longa jornada pelo deserto e o estabelecimento de Israel na terra prometida. (…)

Precisamos muito, muito mesmo de um forte reavivamento daquela fé no Deus vivo e em Seu Filho ressurreto e vivo, pois essa foi a grande fé que moveu nossos antepassados.

A sua visão era transcendental e sobrepujava todas as demais considerações. Ao chegar ao Oeste, ali estavam eles, a 1.600 tediosos quilômetros do mais próximo núcleo povoado ao Leste, e a quase 1.300 quilômetros distantes dos povoados que estavam no Oeste. Um reconhecimento pessoal e individual de Deus, seu Pai Eterno, a quem eles podiam reconhecer pela fé, era a verdadeira essência de sua força. Acreditavam no grande mandamento contido nas escrituras: “Não deixes de confiar em Deus para que vivas” (Alma 37:47). Pela fé procuraram fazer Sua vontade. Pela fé estudaram e aceitaram o ensino divino. Pela fé labutaram até tombar, sempre com uma convicção de que isso seria creditado Àquele que era seu Pai e seu Deus.7

Temos atrás de nós uma história gloriosa. É ornamentada com heroísmo, tenacidade, apego a princípios e inabalável fidelidade. É um produto da fé. À nossa frente, temos um grandioso futuro que começa hoje. Não podemos parar. Não podemos diminuir o ritmo. Não podemos retardar o passo ou diminuir a marcha.8

2

Os antigos santos pioneiros enxergaram o futuro como um grande sonho de Sião.

É apropriado que façamos uma pausa para prestar um tributo reverente àqueles que lançaram as bases desta grande obra. (…) Seu grande objetivo era Sião (ver D&C 97:21; Moisés 7:18). Eles cantaram sobre isso. Sonharam com isso. Foi sua grande esperança. Sua jornada épica deve permanecer para sempre como uma conquista incomparável. A jornada de dezenas de milhares de pessoas para o Oeste foi repleta de todos os perigos imagináveis, incluindo a morte, cuja realidade cruel foi familiar para cada carroção e cada companhia de carrinhos de mão.

Presto meu respeito reverente a Brigham Young. Ele enxergou em visão o Vale do Lago Salgado muito antes que o visse com seus olhos naturais. Se assim não fosse, duvido que ele tivesse se detido aqui. Havia terras mais verdejantes na Califórnia e no Oregon. Existiam solos mais ricos e profundos em outros lugares. Havia grandes florestas em outros lugares, muito mais água e climas mais uniformes e agradáveis.

Corriam riachos das montanhas para cá, é verdade, mas nenhum deles era muito grande. O solo era totalmente desconhecido. Nenhum arado jamais havia rasgado sua superfície endurecida. Simplesmente fico maravilhado de que o Presidente Young tenha guiado uma grande companhia (…) para um lugar onde nunca antes um plantio ou colheita tivesse sido feito. (…)

Aqueles pioneiros estavam exaustos da viagem. Foram necessários 111 dias para irem de Winter Quarters até o Vale do Lago Salgado. Estavam exaustos. Suas roupas estavam desgastadas. Seus animais estavam esgotados. O clima era quente e seco — o clima quente de julho. Mas aqui estavam eles, contemplando os anos e imaginando um sonho milenar, um grande sonho de Sião.9

Ainda outro dia, estive nas velhas docas de Liverpool, na Inglaterra. Não havia praticamente movimento algum naquela manhã de sexta-feira em que lá estivemos. Mas houve uma época em que eram como uma verdadeira colmeia. No século passado, dezenas de milhares dos de nosso povo andaram sobre as mesmas calçadas de pedra em que caminhamos naquela manhã. Esses conversos da Igreja vinham de todas as Ilhas Britânicas e dos países da Europa. Vinham com testemunho nos lábios e fé no coração. Será que foi difícil abandonar o lar e partir para um mundo desconhecido? É claro que sim. Eles, porém, fizeram-no com otimismo e entusiasmo. Embarcaram em navios à vela. Sabiam que a viagem seria, no mínimo, perigosa. Logo descobriram que, para a maioria, seria terrível. Seus alojamentos, onde passaram diversas semanas, estavam superlotados. Atravessaram tempestades, sofreram enjoo e doenças. Muitos morreram no caminho e foram sepultados no mar. Era uma travessia árdua e assustadora. Eles tinham dúvidas, sim, mas sua fé suplantava essas dúvidas. Seu otimismo estava acima dos temores. Acalentavam o sonho de Sião e estavam a caminho de realizá-lo.10

3

O resgate dos pioneiros das companhias de carrinhos de mão Willie e Martin toca na própria essência do evangelho de Jesus Cristo.

Voltemos a (…) outubro de 1856. No sábado [4 de outubro], Franklin D. Richards e um pequeno grupo de irmãos chegaram ao Vale [do Lago Salgado]. Tinham saído de Winter Quarters com animais fortes e carroções leves e conseguido fazer a viagem em um tempo bom. O irmão Richards procurou imediatamente o Presidente Young. Relatou que havia centenas de homens, mulheres e crianças espalhados ao longo do caminho (…) até o Vale do Lago Salgado. A maioria deles puxava carrinhos de mão. (…) Restava-lhes um trajeto ascendente até a Divisa Continental e depois disso muitíssimos quilômetros ainda. O problema era desesperador. (…) Todos pereceriam a menos que fossem socorridos.

Acho que o Presidente Young não dormiu naquela noite. Creio que imagens daquelas pessoas sem recursos (…) desfilaram por sua mente a noite toda.

Na manhã seguinte, ele (…) disse ao povo:

“Darei agora o assunto e a palavra de ordem a ser divulgada pelos élderes. (…) É o seguinte: (…) Muitos de nossos irmãos estão atravessando as planícies com carrinhos de mão e talvez muitos estejam agora a mais de mil quilômetros daqui. Eles precisam ser trazidos para cá, temos de mandar-lhes ajuda. A palavra de ordem será: ‘Vamos buscá-los’.

Esta é minha religião, estes são os ditames do Espírito Santo para mim. Temos que salvar as pessoas.

Vou convocar os bispos hoje. Não vou esperar amanhã nem depois de amanhã para enviar 60 parelhas de boas mulas e 12 ou 15 carroções. Não vou mandar bois. Prefiro bons cavalos e jumentos. Eles estão neste território e precisamos deles. Também 12 toneladas de farinha e 40 bons homens, além dos que dirigem as parelhas.

Digo-lhes que nossa fé, religião e profissão de fé não vão salvar uma alma sequer dentre nós no Reino Celestial de nosso Deus a menos que coloquemos em prática os princípios que agora lhes ensino. Vão e tragam as pessoas que se encontram nas planícies” (ver “Estenda Sua Mão Amiga”, A Liahona, agosto de 2011, p. 18).

Naquela tarde, grandes quantidades de alimentos, cobertores e roupas foram arrecadadas pelas irmãs.

Na manhã seguinte, os cavalos receberam ferraduras e os carroções foram consertados e carregados.

No outro dia, terça-feira, 16 parelhas de jumentos empreenderam viagem e rumaram para o Leste. Antes do fim de outubro, 250 parelhas foram para a estrada prestar auxílio.11

Quando a equipe de resgate alcançou os santos sitiados, eles foram como anjos do céu. O povo derramou lágrimas de gratidão. As pessoas dos carrinhos de mão foram transferidas para os carroções, para viajarem mais rapidamente para a comunidade de Salt Lake.

Cerca de 200 pessoas morreram, mas mil foram salvas.12

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resgate dos carrinhos de mão

“Quando a equipe de resgate alcançou os santos sitiados, eles foram como anjos do céu.”

As experiências [daqueles] santos exaustos, de seu sofrimento e de sua morte serão lembradas sempre. (…) As histórias do resgate daqueles irmãos precisam ser repetidas incansavelmente. Nelas reside a própria essência do evangelho de Jesus Cristo.

(…) Sou grato por não termos mais irmãos e irmãs retidos na neve, congelando e morrendo ao tentar alcançar (…) sua Sião nas montanhas. Mas existem pessoas, e não são poucas, cujas circunstâncias são desesperadoras e que estão clamando por socorro e ajuda.

Pelo mundo existem muitos que estão famintos, empobrecidos e que necessitam de ajuda. Com gratidão posso afirmar que estamos ajudando muitas pessoas que não são da nossa fé, mas cujas necessidades são sérias e para as quais temos recursos para auxiliar. Mas não precisamos ir tão longe. Há alguns em nosso próprio meio que estão chorando de dor, sofrimento, solidão e medo. Temos o dever grandioso e solene de estender a mão e ajudá-los, edificá-los, alimentá-los se estiverem famintos e nutrir-lhes o espírito caso tenham sede de verdade e retidão.

Há muitos jovens que vagam sem rumo e seguem o caminho trágico das drogas, das gangues, da imoralidade e de todos os males que acompanham tais coisas. Há viúvas que anseiam por vozes amigas e pelo espírito de preocupação zelosa que é prova de amor. Há alguns que antes eram firmes na fé, mas deixaram-na esfriar. Muitos deles gostariam de voltar, mas não sabem muito bem como fazê-lo. Eles precisam da ajuda de mãos amigas. Com um pouco de esforço, muitos deles podem ser levados de volta ao banquete à mesa do Senhor.

Irmãos, espero e oro para que todos nós (…) assumamos a resolução de buscar os que precisam de ajuda, que estão em circunstâncias desesperadoras e difíceis e os edifiquemos em espírito de amor, de volta no convívio da Igreja, onde mãos fortes e corações amorosos os aquecerão, consolarão, apoiarão e os colocarão no caminho de uma vida feliz e produtiva.13

4

Cada um de nós é um pioneiro.

É bom olharmos para o passado para valorizarmos o presente e adquirirmos perspectiva para o futuro. É bom olharmos as virtudes daqueles que nos antecederam a fim de ganharmos forças para o que está para vir. É bom refletirmos sobre o trabalho daqueles que lutaram tanto e ganharam tão pouco neste mundo, mas de cujos sonhos e planos iniciais, tão bem nutridos, brotou a grandiosa colheita da qual somos os beneficiários. O extraordinário exemplo deles pode tornar-se um grande incentivo para todos nós, pois somos todos pioneiros em nossa própria vida, frequentemente em nossa própria família, e muitos de nós exploramos o caminho diariamente ao tentarmos estabelecer um ponto de apoio para o evangelho em países distantes do mundo.14

Ainda somos pioneiros. Nunca deixamos de ser pioneiros desde a época (…) em que nosso povo partiu de Nauvoo e se mudou (…) chegando finalmente ao Vale do Grande Lago Salgado. Foi uma grande aventura. Mas o propósito dessa jornada era encontrar um lugar onde pudessem estabelecer-se e adorar a Deus de acordo com os ditames de sua consciência. (…)

Agora ainda estamos expandindo esse trabalho por todo o mundo, indo a lugares cujo acesso parecia quase impossível há poucos anos. (…) Testemunhei pessoalmente o crescimento da Igreja nas Filipinas. Tive o privilégio de abrir lá o trabalho missionário em 1961, quando conseguimos encontrar um nativo filipino que era membro da Igreja, em uma reunião realizada em maio daquele ano. Estivemos em Manila [em 1996], com uma congregação (…) de cerca de 35 mil pessoas no grande Coliseu Araneta. (…) Para mim é um milagre [desde] quando abrimos o trabalho missionário naquele grande país das Filipinas (veja as páginas 30–31 para saber mais sobre essa experiência).

Estamos chegando a todos os lugares do mundo, e isso exige pioneirismo. Nossos missionários não vivem sob as melhores circunstâncias quando vão para algumas dessas áreas, mas mesmo assim eles vão e fazem seu trabalho, e isso produz frutos. Em pouco tempo, congregamos alguns membros, então cerca de cem, depois quinhentos e logo atingimos mil membros.15

Os dias de pioneirismo na Igreja ainda estão em curso; eles não terminaram com a chegada dos carroções e carrinhos de mão. (…) Encontramos pioneiros entre os missionários que ensinam o evangelho e no meio dos conversos que entram para a Igreja. Em geral, é difícil para cada um deles. Invariavelmente, envolve sacrifícios. Pode envolver perseguição. Mas esses são custos suportados de bom grado, e o preço é tão real quanto o que foi pago por aqueles que atravessaram as grandes planícies no notável esforço pioneiro empreendido há mais de um século.16

Quer você tenha antepassados pioneiros ou tenha se filiado à Igreja somente ontem, você é parte deste grande cenário que foi sonhado por aqueles homens e mulheres. Foi um empreendimento gigantesco. A nossa grande responsabilidade prossegue. Eles lançaram a fundação. O nosso dever é edificar sobre ela.

Eles demarcaram a trilha e indicaram o caminho. A nossa obrigação é ampliar, alargar e reforçar esse caminho até que abranja toda a Terra. A fé foi o princípio norteador naqueles dias difíceis. A fé é o princípio orientador que devemos seguir hoje.17

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Presidente Hinckley com mulheres e crianças africanas

“Quer você tenha antepassados pioneiros ou tenha se filiado à Igreja somente ontem, você é parte deste grande cenário.”

5

Honramos os sacrifícios e a herança dos pioneiros ao seguir seu exemplo e construir sobre sua fundação.

Que maravilhoso é ter uma grande herança, irmãos e irmãs. Que coisa grandiosa é saber da existência daqueles que vieram antes e abriram o caminho pelo qual deveríamos caminhar, ensinando aqueles grandes princípios eternos, que devem ser as estrelas orientadoras de nossa vida e daqueles que vierem depois de nós. Podemos seguir hoje seu exemplo. Os pioneiros foram pessoas de grande fé, grande lealdade, industriosidade incrível e de uma integridade absolutamente sólida e inflexível.18

Hoje somos abençoados pelos grandes esforços [dos pioneiros]. Espero que sejamos gratos. Espero que sintamos no coração um grande senso de gratidão por tudo o que eles fizeram por nós.

(…) Esperava-se que eles fizessem grandes coisas e o mesmo espera-se de nós. Reconhecemos tudo o que fizeram, com o pouco que possuíam. Temos muito mais agora, com o enorme desafio de prosseguir e edificar o reino de Deus. Há muito a ser feito. Temos o divino mandamento de levar o evangelho a todas as nações, tribos, línguas e povos. Temos o dever de ensinar e batizar em nome do Senhor Jesus Cristo. Disse o Salvador ressuscitado: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15). (…)

Nossos antepassados estabeleceram um alicerce sólido e maravilhoso. Temos hoje a oportunidade de edificar uma enorme estrutura, com todas as partes primorosamente encaixadas, tendo Cristo como a principal pedra de esquina.19

Somos o fruto de todos os planejamentos [dos pioneiros] e de todos os seus labores. (…) Que povo maravilhoso eles foram. Nada há que se compare ao seu grande esforço em toda a história. (…) Que Deus abençoe sua memória para o nosso bem. Quando o caminho se mostra difícil, nos momentos em que nos sentimos desencorajados, achando que tudo está perdido, podemos nos voltar para eles e constatar que sua situação foi bem pior. Quando nos preocupamos com o futuro, podemos ver neles o seu grande exemplo de fé. (…)

Com tamanha grandeza e legado, devemos seguir em frente. Nunca devemos nos desiludir. Devemos nos manter de cabeça erguida. Devemos viver em integridade. Precisamos nos lembrar: “Faze o bem, os efeitos espera” (“Faze o Bem”, Hinos, nº 147).20

Sugestões para Estudo e Ensino

Perguntas

  • Por que a fé era essencial para os pioneiros que desejavam se reunir no Vale do Lago Salgado? (Ver seção 1.) Como eles colocaram sua fé em ação? Como podemos colocar nossa fé em ação para ajudar a trazer o “grande futuro” à nossa frente?

  • O Presidente Hinckley ensinou que os antigos pioneiros olhavam para o futuro, com Sião como seu “grande objetivo”, sua “grandiosa esperança” e seu “grande sonho” (seção 2). Em sua opinião, por que isso era uma força motivadora tão poderosa para os antigos pioneiros? Quais esperanças similares nos motivam hoje em dia?

  • O que mais impressionou você no relato do Presidente Hinckley sobre o resgate das companhias de pioneiros Martin e Willie? (Ver seção 3.) Como o chamado de Brigham Young ao resgate pode mostrar essa inspiração profética? O que podemos aprender com aqueles que atenderam a esse chamado? O que podemos fazer para resgatar e elevar aqueles que estão em necessidade hoje?

  • De que maneira a visualização do passado o ajuda a “valorizar o presente e adquirir perspectiva para o futuro”? (Ver seção 4.) De que maneira cada um de nós é um pioneiro?

  • Por que é importante honrarmos os antigos pioneiros? (Ver seção 5.) Em qual sentido todos os membros da Igreja são abençoados pela fé e pelo sacrifício daqueles pioneiros? Como os exemplos dos antigos pioneiros nos ajudam a enfrentar os desafios?

Escrituras Relacionadas

Mateus 25:40; Éter 12:6–9; D&C 64:33–34; 81:5; 97:8–9; 98:1–3

Auxílio Didático

“As discussões significativas são fundamentais para o ensino do evangelho na maioria das situações. (…) Por meio de discussões bem-conduzidas, o interesse e a atenção dos alunos aumentam. Cada participante pode receber estímulo para envolver-se ativamente no processo de aprendizado. (…) Faça perguntas que ensejem comentários inteligentes e ajudem as pessoas a realmente refletir sobre o evangelho” (Ensino, Não Há Maior Chamado, 2009, p. 63).

Notas

  1. “Keep the Chain Unbroken” [Mantenha o Vínculo Intacto], Devocional da Universidade Brigham Young, 30 de novembro de 1999, p. 2, speeches.byu.edu.

  2. Discurso na Conferência Regional da Cidade da Guatemala Norte e Sul, 26 de janeiro de 1997, p. 2; Biblioteca da História da Igreja, Salt Lake City.

  3. Discurso em uma reunião de membros em Bangcoc, Tailândia, em 13 de junho de 2000, p. 2; Biblioteca da História da Igreja, Salt Lake City.

  4. Discourses of President Gordon B. Hinckley, Volume 2: 2000–2004, 2005, pp. 360–361.

  5. “The Faith of the Pioneers” [A Fé dos Pioneiros], Ensign, julho de 1984, p. 3.

  6. “Deus Conceda-nos Fé”, A Liahona, janeiro de 1984, p. 82.

  7. “The Faith of the Pioneers”, pp. 5–6.

  8. “Deus Conceda-nos Fé”, p. 82.

  9. “These Noble Pioneers” [Esses Nobres Pioneiros], Devocional da Universidade Brigham Young, 2 de fevereiro de 1997, pp. 1–2, speeches.byu.edu.

  10. “Mantenham o Curso — Conservem a Fé”, A Liahona, janeiro de 1996, p. 76.

  11. “Estenda Sua Mão Amiga”, A Liahona, agosto de 2011, p. 18.

  12. “Fé para Remover Montanhas”, A Liahona, novembro de 2006, p. 82.

  13. “Estenda Sua Mão Amiga”, p. 18.

  14. “The Faith of the Pioneers”, p. 3.

  15. Sheri L. Dew, Go Forward with Faith: The Biography of Gordon B. Hinckley [Adiante com Fé: Uma Biografia de Gordon B. Hinckley], 1996, p. 592.

  16. Gerry Avant, “Present-Day Pioneers: Many Are Still Blazing Gospel Trails” [Pioneiros dos Tempos Modernos: Muitos Ainda Estão Abrindo Caminho no Evangelho], Church News, 24 de julho de 1993, p. 6.

  17. “These Noble Pioneers”, pp. 2, 4.

  18. “These Noble Pioneers”, p. 2.

  19. “Leais à Fé”, A Liahona, julho de 1997, p. 74.

  20. “These Noble Pioneers”, pp. 2, 6.