Ensinamentos dos Presidentes
A Vida e o Ministério de Gordon B. Hinckley


A Vida e o Ministério de Gordon B. Hinckley

Em 16 de fevereiro de 1998, cerca de 6.700 santos dos últimos dias reuniram-se na Praça da Independência em Acra, Gana. Vieram para dar as boas-vindas ao seu profeta, o Presidente Gordon B. Hinckley.1 Ele levantou-se diante deles com um sorriso e anunciou a notícia há tanto tempo esperada de que um templo seria construído em seu país. O Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, declarou que, quando o Presidente Hinckley fez o anúncio, as pessoas “se levantaram, aplaudiram, choraram e dançaram, deram-se as mãos e clamaram em alta voz”.2 Anos mais tarde, após o templo ter sido construído e dedicado, uma mulher que esteve presente naquele dia recordou os sentimentos de alegria e declarou como o templo havia abençoado sua vida:

“Ainda tenho uma lembrança vívida em minha mente da visita à Gana do Profeta Gordon B. Hinckley e de seu anúncio de um templo em nossa terra natal. A emoção no rosto de todos, a felicidade, os gritos de alegria ainda ecoam em minha mente. (…)

Hoje, pelo fato de termos um templo em nossa terra, sou casada e selada ao meu marido para o tempo e para a eternidade. A bênção de viver com minha família além da eternidade me proporciona grande esperança à medida que me esforço para fazer tudo o que posso para estar com meus familiares para sempre”.3

Por todo o mundo, o Presidente Hinckley ajudou as pessoas a encontrar essa “grande esperança” ao se esforçarem para viver o evangelho de Jesus Cristo. Como demonstrou o evento em Gana, ele frequentemente ministrava a milhares de pessoas ao mesmo tempo. Ele também cumprimentava as pessoas uma por uma. O Élder Adney Y. Komatsu, dos Setenta, contou a respeito dos seus sentimentos como presidente de missão quando o Presidente Hinckley visitou sua missão:

“Durante os três anos, ele nunca me criticou a despeito de minhas fraquezas. (…) E aquilo me deu um grande incentivo. (…) Cada vez que ele descia do avião, apertava minha mão como se estivesse bombeando água de uma fonte, com grande entusiasmo. ‘Bem, Presidente Komatsu, como você está indo? (…) Você está fazendo um grande trabalho.’ Daquela maneira ele me encorajava (…) e, quando partia, sentia-me como se tivesse realizado 105%, e não somente 100%”.4

As pessoas sentiam o encorajamento do Presidente Hinckley não somente por suas palavras inspiradoras, mas também pela maneira como ele vivia. O Presidente Russell M. Nelson, do Quórum dos Doze, relembrou:

“Quando [o Presidente e a irmã Hinckley estavam] indo de uma capela para o aeroporto na América Central, seu veículo envolveu-se em um acidente. A irmã Nelson e eu estávamos viajando no veículo de trás e vimos o que aconteceu. Um caminhão [que estava] carregado até em cima com barras de metal que não estavam bem presas aproximou-se do carro deles em um cruzamento. Para evitar uma colisão, seu condutor parou repentinamente o caminhão, o que arremessou as barras de ferro como se fossem flechas em direção ao carro dos Hinckley. Os vidros se quebraram e as portas e os para-lamas ficaram amassados. O acidente poderia ter sido muito sério. Enquanto os fragmentos de vidro eram removidos de sua roupa e de sua pele, o Presidente Hinckley disse: ‘Graças ao Senhor por essa bênção; agora vamos prosseguir em outro carro’”.5

Essa declaração, dita espontaneamente em um momento de crise, é representativa da vida e do ministério do Presidente Hinckley como um discípulo de Jesus Cristo. Como observou o Élder Holland, ele “sempre estava cheio de fé em Deus e no futuro”.6

Imagem
Gordon B. Hinckley

Herança Familiar — Um Alicerce de Fé e Perseverança

Quando Gordon Bitner Hinckley nasceu em 23 de junho de 1910, ele foi o primeiro filho de sua mãe, mas oito outros irmãos deram-lhes as boas-vindas à família. O pai de Gordon, Bryant Stringham Hinckley, havia se casado com Ada Bitner após o falecimento de sua primeira esposa, Christine. Ada e Bryant tiveram mais quatro filhos depois de Gordon, e eles criaram sua grande família com amor e sem distinções do tipo meio-irmão e meia-irmã. Desde sua infância, Gordon aprendeu a estimar sua família.

O sobrenome e o nome do meio de Gordon eram lembranças de sua nobre estirpe. Seus antepassados Hinckley incluíam os primeiros peregrinos na terra que viria a se tornar os Estados Unidos da América. Alguns haviam sido banidos para essa terra nos anos de 1600 em virtude de suas crenças cristãs. Outros haviam sido passageiros do navio Mayflower, um dos primeiros navios a transportar emigrantes da Europa para a América. Cerca de dois séculos mais tarde, o avô paterno de Gordon, Ira Nathaniel Hinckley, foi um dos primeiros pioneiros santos dos últimos dias. Em 1843, sendo já um órfão de 14 anos, Ira filiou-se à Igreja em Nauvoo, Illinois, após ouvir a pregação de Joseph Smith e Hyrum Smith. Anna Barr Musser Bitner Starr, a bisavó de Gordon, também foi uma pioneira. Seu filho Breneman Barr Bitner, o bisavô materno de Gordon, relembrou sua jornada ao Vale de Salt Lake City em 1849: “[Com 11 anos], no calor e no frio ao longo dos desertos, dos rios e das montanhas, guiei duas juntas de bois e um carroção pesadamente carregado até esse vale”.7

Bryant Hinckley lembrava frequentemente a seus filhos e netos sobre essa rica herança. Ao contar sobre a jornada perigosa dos peregrinos no navio Mayflower e o longo e terrível inverno com que eles se defrontaram ao chegar ao destino, ele disse certa vez: “Quando o Mayflower estava pronto para retornar na primavera, somente 49 [das 102] pessoas havia sobrevivido. Nenhum deles voltou [para a Inglaterra]. Esse espírito havia nascido em meus companheiros — o espírito de nunca mais voltar”.8 Ao permanecer firme nesse princípio, Gordon recebeu oportunidades de aprender, servir e testificar que nunca poderia ter imaginado.

Infância — Aprendendo a Ser Otimista, Diligente e Fiel

Em sua infância, Gordon Hinckley não era a pessoa enérgica e robusta que veio a ser conhecida anos depois. Era “um menino magro e frágil”, suscetível a doenças.9 Quando aos 2 anos “contraiu uma severa coqueluche (…), o médico disse a Ada que havia somente um remédio: o ar puro do campo. Em resposta ao conselho médico, Bryant comprou uma fazenda de cinco acres (…) e construiu uma pequena casa de verão”.10 A fazenda, localizada em uma região do Vale do Lago Salgado chamada East Mill Creek, foi uma bênção para toda a família, que oferecia para as crianças um lugar para andar, brincar e aprender lições valiosas à medida que trabalhavam juntos.

Ada e Bryant Hinckley eram pais otimistas e diligentes, que criaram oportunidades para que seus filhos crescessem e tivessem sucesso. Eles passaram a realizar as reuniões familiares tão logo o programa foi criado em 1915. Compartilhavam histórias na hora de dormir, muitas delas tiradas das escrituras. Montaram uma sala em sua casa para servir de biblioteca, onde as crianças pudessem ler bons livros. Inspiraram disciplina em seus filhos, encorajando-os e confiando que dessem o melhor de si.

Ao crescer, a fé de Gordon aumentou, nutrida pela influência constante da fé de seus pais. Então um dia ele passou por uma experiência que o ajudou a formar o alicerce de seu testemunho do Profeta Joseph Smith:

“Quando eu era jovem, um garoto com 12 anos de idade, meu pai levou-me a uma reunião do sacerdócio da estaca à qual pertencíamos. Sentei-me no banco de trás, enquanto ele, como presidente da estaca, sentou-se ao púlpito. Ao iniciar a reunião, a primeira desse tipo que eu frequentava, levantaram-se 300 ou 400 homens. Eram pessoas de diversas origens e passados, e muitas vocações, mas cada um tinha em seu coração a mesma fé, emergindo da qual juntos cantaram estas grandes palavras:

Hoje ao profeta rendamos louvores,

Foi ordenado por Cristo Jesus

Para trazer a verdade aos homens

Para aos povos trazer nova luz!

Algo aconteceu dentro de mim ao ouvir cantarem aqueles homens de fé. Em meu coração jovem, surgiu um conhecimento, ali colocado pelo Espírito Santo, de que Joseph Smith foi, na verdade, um Profeta do Todo-Poderoso”.11

Imagem
O jovem Gordon B. Hinckley

Gordon B. Hinckley na juventude

Continuação dos Estudos e Tempos Atribulados

Na primeira infância, Gordon não gostava da escola e preferia o ambiente ao ar livre do que as paredes e carteiras da escola. No entanto, ao amadurecer, ele aprendeu a gostar de livros, de escolas e da biblioteca em casa tanto quanto dos campos em que corria descalço quando criança. Ele se formou no Ensino Médio em 1928 e começou a estudar na Universidade de Utah nesse mesmo ano.

Seus quatro anos na universidade trouxeram desafios quase insuperáveis. Em 1929, o mercado de ações nos Estados Unidos quebrou, e a Grande Depressão se espalhou pelo país e pelo mundo. A taxa de desemprego era de 35% em Salt Lake City, mas Gordon foi afortunado em ter um emprego de manutenção para poder pagar suas despesas e seus materiais escolares. Bryant, que trabalhava como gerente no Ginásio de Esportes Deseret da Igreja, diminuiu seu próprio salário para que outros empregados pudessem manter seus empregos.12

Muito mais séria do que todas essas pressões financeiras foi a descoberta de que a mãe de Gordon tinha câncer. Ela faleceu em 1930, aos 50 anos de idade, quando Gordon tinha 20 anos. Gordon disse que, com a morte de sua mãe, as marcas emocionais “foram profundas e penosas”.13 Essa provação pessoal, combinada com a influência das filosofias mundanas e o cinismo dos tempos, levou-o a fazer perguntas difíceis. “Foi um período de terrível desencorajamento”, lembra-se Gordon, “e era muito forte no campus. Senti isso por mim mesmo. Comecei a questionar certas coisas, incluindo até mesmo em certa medida a fé de meus pais. Isso não era incomum entre os estudantes universitários, mas a atmosfera era particularmente profunda naquela época”.14

As dúvidas emergentes de Gordon, embora fossem perturbadoras, não abalaram sua fé. “Foi para mim um alicerce básico de amor que veio de pais maravilhosos, de uma boa família, de um bispo excelente, de professores devotados e fiéis, e das escrituras, que eu lia e ponderava”, ele recordou. Ao falar sobre os desafios daqueles tempos, tanto para ele como para outros de sua idade, ele disse: “Embora em nossa juventude nos fosse difícil entender muitas coisas, havia em nosso coração um amor a Deus e a Sua grande obra que nos ajudava a superar quaisquer dúvidas e temores. Amávamos o Senhor e amávamos bons e respeitáveis amigos. E desse amor extraímos grande força”.15

Serviço Missionário e Conversão Pessoal

Gordon se formou na Universidade de Utah em junho de 1932 com um bacharelado em Inglês e um curso complementar em idiomas antigos. Um ano depois, viu-se diante de uma encruzilhada. Ele tinha a intenção de prosseguir com seus estudos e tornar-se jornalista. Mesmo no período da Depressão, ele havia reunido uma pequena poupança para financiar seus estudos. Também pensava em casar-se. Ele e Marjorie Pay, uma jovem que vivia do outro lado da rua, começaram a se interessar mais um pelo outro.

Então, pouco antes de seu aniversário de 23 anos, Gordon reuniu-se com seu bispo, John C. Duncan, que lhe perguntou o que achava de servir missão. Aquela foi uma “sugestão estarrecedora” para Gordon,16 porque poucos jovens estavam sendo chamados para a missão durante o período da Depressão. As famílias simplesmente não dispunham de recursos para mantê-los.

Gordon disse ao Bispo Duncan que poderia servir, mas estava preocupado com os recursos financeiros de sua família. Seus temores aumentaram quando soube que o banco onde havia depositado suas economias falira. “Ainda assim”, conta ele, “lembro-me de ouvir meu pai dizer: ‘Faremos tudo para garantir o seu sustento’, e ele e meus irmãos comprometeram-se a ajudar-me em minha missão. Naquela ocasião descobrimos que minha mãe havia deixado uma pequena poupança — economias feitas nas compras da mercearia e de outras despesas. Com aquela pequena ajuda acrescentada, pareceu que eu teria condições de ir para a missão”. Ele considerava sagradas as moedas de sua mãe. “Conservei-as com muita honra”, disse ele.17 Gordon foi chamado para servir na Missão Europeia.

Percebendo que seu filho ainda estava se sentindo preocupado, Bryant Hinckley preparou um pequeno lembrete da verdadeira fonte de força. “Quando parti para a missão”, relembrou Gordon posteriormente, “meu bom pai enviou-me um cartão onde estavam escritas apenas quatro palavras: ‘Não temas, crê somente’ (Marcos 5:36)”.18 Essas palavras inspiraram o Élder Gordon B. Hinckley a servir uma missão honrosa e fiel, especialmente quando foram combinadas com seis outras palavras que seu pai escreveu algumas semanas depois.

As seis palavras adicionais vieram durante um período de grande desencorajamento, que começou em 29 de junho de 1933, no primeiro dia do Élder Hinckley em Preston, na Inglaterra. Quando chegou em seu apartamento, seu companheiro informou que eles iriam falar na praça da cidade naquela noite. “Você está com o homem errado para ir com você”, o Élder Hinckley respondeu, apenas para se achar poucas horas depois cantando e falando em cima de um tablado, diante de um grupo de espectadores com um aspecto ameaçador.19

O Élder Hinckley descobriu que muitas pessoas não tinham o desejo de ouvir a mensagem do evangelho restaurado. A pobreza criada pela depressão financeira mundial parecia penetrar as almas das pessoas que o acotovelavam nos bondes, e ele se sentia pequeno para se aproximar delas. Além disso, sentia-se fisicamente acabado. Relembrando, disse ele: “Na Inglaterra, o pólen da grama se transforma em semente no final de junho e começo de julho, que foi exatamente na época em que cheguei”.20 Isso causou alergias nele, o que fez as coisas parecerem ainda piores. Sentia falta de sua família. Sentia falta de Marjorie. Sentia falta dos lugares familiares em seu país. O trabalho era frustrante. Ele e seus companheiros missionários tinham poucas oportunidades de ensinar pesquisadores embora ensinassem e falassem nos pequenos ramos, todos os domingos.

Sentindo que estava desperdiçando seu tempo e o dinheiro de sua família, o Élder Hinckley escreveu uma carta para seu pai explicando sua situação infeliz. Bryant Hinckley respondeu com um conselho que seu filho observaria durante toda a sua vida. “Querido Gordon”, ele escreveu. “Recebi sua última carta. Tenho somente uma sugestão.” E então redigiu as seis palavras que foram acrescentadas às outras quatro que havia escrito antes: “Esqueça de si mesmo e trabalhe”.21 Esse conselho fez eco a uma passagem de escritura que o Élder Hinckley e seu companheiro haviam lido mais cedo, naquele mesmo dia: “Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas qualquer que perder a sua vida por causa de mim e do evangelho, esse a salvará” (Marcos 8:35).

Com a carta de seu pai nas mãos, o jovem Élder Hinckley caiu de joelhos e fez uma promessa de que ele se dedicaria inteiramente ao Senhor. O efeito foi quase imediato. “O mundo inteiro mudou”, disse ele. “O nevoeiro sumiu. O sol começou a brilhar em minha vida. Tinha um interesse renovado. Conseguia ver a beleza desse país. Podia vislumbrar a grandeza do povo. Comecei a sentir-me em casa nessa terra maravilhosa.”22

Imagem
Élder Gordon B. Hinckley

Élder Gordon B. Hinckley como missionário na Inglaterra, pregando no Hyde Park, em Londres

Recordando aqueles dias, Gordon contou que recebeu ajuda também de sua mãe. Ele sentiu a sua presença reconfortante durante o período sombrio e desencorajador. “Foi então que tentei, assim como já vinha procurando fazer antes, conduzir minha vida e desempenhar meu dever de forma a trazer honra para seu nome”, ele disse. “A perspectiva de viver abaixo das expectativas da minha mãe era dolorosa, e isso desencadeou uma disciplina que, de outra forma, faria falta.”23

Ele transformou-se em um missionário zeloso e com propósito. Os registros dos primeiros oito meses de sua missão mostram que, embora ele não tenha realizado nenhum batismo, distribuiu 8.785 folhetos, dispendeu mais de 440 horas com os membros, frequentou 191 reuniões, teve 220 palestras e confirmou 1 pessoa.24

Em março de 1934, o Élder Hinckley foi transferido de Preston para Londres para trabalhar como assistente do Élder Joseph F. Merril, do Quórum dos Doze Apóstolos, e que presidia as Missões Britânica e Europeia.25 Ele ficou o restante de sua missão ali, trabalhando no escritório durante o dia e ensinando o evangelho à noite. Os batismos de conversos eram poucos, mas, no coração do filho de Bryant e Ada Hinckley, a fagulha da conversão transformara-se em uma chama permanente.

Uma Nova Oportunidade de Servir ao Senhor

Quando Gordon voltou da missão, ele disse: “Espero não ter que viajar novamente. Viajei o suficiente para matar a vontade”.26 Ele e dois companheiros missionários passearam pela Europa e pelos Estados Unidos em seu trajeto para casa, o que era um costume comum naqueles dias, e ele estava cansado. Quando sua família saiu em férias logo após seu retorno, ele ficou em casa. Apesar da sua exaustão, ele ficou satisfeito ao refletir sobre suas viagens: sentia que havia visto o cumprimento de parte de sua bênção patriarcal. Muitos anos depois, ele disse:

“Recebi minha bênção patriarcal quando era jovem. Aquela bênção dizia que eu levantaria minha voz em testemunho da verdade para as nações do mundo. Trabalhei em Londres durante muito tempo e prestei meu testemunho muitas vezes lá. [Fomos para Amsterdã] e tive a oportunidade em uma reunião de dizer algumas palavras e prestar meu testemunho. Fomos então para Berlim, onde tive uma oportunidade semelhante. Então fomos para Paris, onde tive uma chance similar. E depois fomos para os Estados Unidos, para Washington, D.C., onde em um domingo tive uma oportunidade semelhante. Quando cheguei em casa, estava cansado. (…) Disse então ‘(…) completei [aquela] parte da minha bênção. Elevei minha voz nas grandes capitais do mundo. (…) E eu realmente sentia aquilo’”.27

Antes de Gordon considerar sua missão como completa, precisava cumprir mais uma designação. O Élder Joseph F. Merril havia pedido que ele agendasse uma entrevista com a Primeira Presidência da Igreja, para fazer um relatório das necessidades da Missão Britânica e da Missão Europeia. Na manhã do dia 20 de agosto de 1935, menos de um mês após retornar para casa, Gordon foi levado para a sala do conselho no Edifício de Administração da Igreja. Após cumprimentar cada um dos membros da Primeira Presidência — Presidentes Heber J. Grant, J. Reuben Clark Jr. e David O. Mckay —, ele se viu espantado com a tarefa que lhe foi dada. O Presidente Grant disse: “Irmão Hinckley, você dispõe de 15 minutos para nos dizer o que o Élder Merril deseja nos comunicar”.28

Nos próximos 15 minutos, aquele ex-missionário apresentou a preocupação do Élder Merril, de que os missionários necessitavam de materiais impressos melhores para ajudá-los em seu trabalho. Em resposta, o Presidente Grant e seus conselheiros fizeram uma pergunta atrás da outra, e a reunião estendeu-se por mais uma hora do que havia sido previsto.

Voltando para casa da reunião, Gordon não poderia imaginar como aqueles 75 minutos iriam influenciar a sua vida. Dois dias depois, ele recebeu um telefonema do Presidente McKay, oferecendo-lhe um trabalho como secretário executivo do recém-formado Comitê de Rádio, Publicidade e Publicações Missionárias da Igreja. Esse comitê, formado por seis membros do Quórum dos Doze, trabalharia para atender às necessidades delineadas na reunião com a Primeira Presidência.29

Imagem
Gordon B. Hinckley

Gordon B. Hinckley como funcionário do Comitê de Rádio, Publicidade e Publicações Missionárias da Igreja

Mais uma vez, Gordon adiou seus planos para se graduar na faculdade e em sua carreira de jornalista. Ele lançou-se ao trabalho, desenvolvendo roteiros para programas de rádio, filmes estáticos, redigindo folhetos para missionários, desenvolvendo o relacionamento com profissionais da mídia e pesquisando e escrevendo sobre a história da Igreja. Ele contribuiu com mensagens destinadas a edificar a fé dos membros da Igreja e a fazer contato com pessoas de fora da Igreja. Certa vez um amigo enviou-lhe uma carta felicitando-o por um roteiro de rádio e perguntando como ele tinha desenvolvido aquele dom de escrever e de falar. Gordon respondeu:

“Se tenho algum talento para escrever ou para falar, isso devo ao meu Pai Celestial. Não encaro isso como uma habilidade nata, em vez disso penso que qualquer poder que eu possa ter veio por meio de oportunidades que se abriram para mim”.30

O trabalho de Gordon no comitê aperfeiçoou suas habilidades como escritor. Isso também ofereceu uma oportunidade valiosa de aprender com os apóstolos e profetas. Ao acompanhar os seis membros dos Doze ponderando decisões e ensinando um ao outro, Gordon conseguiu entender melhor o santo chamado daqueles homens e o processo de revelação que acontece quando eles se aconselham em conjunto.

O Élder Stephen L. Richards, que mais tarde serviu como Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência, foi o encarregado desse comitê. Gordon descreveu-o como “cheio de ideias, aberto ao diálogo, prudente e sábio. Ele nunca se precipitava ao agir, mas observava cuidadosamente antes de agir. Aprendi que se deve agir com prudência nesse trabalho, porque qualquer decisão que se toma cria ramificações de longo alcance e afeta a vida de muitas pessoas”.31

Os outros cinco membros do comitê eram os Élderes Melvin J. Ballard, John A. Widtsoe, Charles A. Callis, Alonzo A. Hinckley (tio de Gordon) e Albert E. Bowen. Com relação a eles, Gordon disse:

“Relacionei-me maravilhosamente bem com aqueles grandes homens que foram tão gentis para comigo. Aprendi, porém, que eram humanos. Eles tinham fraquezas e problemas, mas isso não me incomodava. Na verdade, minha estima por eles aumentou porque via acima de sua mortalidade um elemento divino, ou no mínimo um elemento de consagração a uma enorme causa que estava em primeiro lugar em sua vida. Presenciei como agiam por inspiração. Não tinha dúvida alguma com relação aos seus chamados proféticos ou o fato de que o Senhor falava e agia por intermédio deles. Via o lado humano, seus pontos fracos — e todos eles tinham um pouco. Via, porém, a grande e dominante força de sua fé e de seu amor pelo Senhor, sua absoluta lealdade ao trabalho e à confiança neles depositada”.32

Casamento, Família e Serviço na Igreja

Naturalmente, Gordon não pensava apenas em trabalho. Seu noivado com Marjorie Pay continuou quando ele voltou da Inglaterra. Sua partida havia sido tão difícil para Marjorie quanto tinha sido para ele. “Mesmo ansiosa como estava por ele servir missão”, disse Marjorie tempos depois, “nunca esquecerei o sentimento de vazio e a solidão que senti quando o trem partiu da estação”.33

Na crise de 1929, quatro anos antes de Gordon partir para a Inglaterra, Marjorie havia se matriculado para cursar a Universidade de Utah, apenas para descobrir que seu pai havia perdido seu emprego devido à Grande Depressão. Ela imediatamente desistiu das aulas e conseguiu um emprego como secretária para ajudar no sustento de seus pais e seus cinco irmãos, um esforço que continuou após Gordon voltar de sua missão em 1935. Ela nunca mais teve a oportunidade de obter uma formação acadêmica, mas estava determinada a continuar aprendendo, assim passou a estudar de forma autodidata por meio da leitura.

A disposição alegre de Marjorie, aliada ao seu trabalho honesto e a um compromisso profundo ao evangelho aproximou-a de Gordon, e ela ficava impressionada com sua bondade e fé. “Ao nos aproximarmos do casamento”, disse ela, “sentia-me completamente confiante de que Gordon me amava. Sabia, no entanto, que eu nunca estaria em primeiro lugar. Sabia que seria a segunda em sua vida e o Senhor seria o primeiro. E estava tudo bem”. Ela prosseguiu: “Parecia-me que, quando se entende o evangelho e o propósito de estarmos aqui, desejamos um marido que coloca o Senhor em primeiro lugar. Sentia-me confiante ao saber que ele era esse tipo de homem”.34

Gordon e Marjorie casaram-se no Templo de Salt Lake, em 29 de abril de 1937, e mudaram-se para a casa de verão da família Hinckley em East Mill Creek. Lá instalaram um aquecedor, fizeram outros melhoramentos necessários para o ano todo, cuidaram dos pomares e das flores e começaram a construir seu próprio lar em uma parte vizinha da propriedade. E assim a área rural que Gordon havia amado durante os verões de sua infância tornou-se o lugar onde ele e Marjorie construiriam sua casa e criariam seus filhos — Kathleen, Richard, Virginia, Clark e Jane.

Imagem
Marjorie Pay

Marjorie Pay

Gordon e Marjorie estabeleceram um lar de amor, respeito mútuo, trabalho duro e vida no evangelho. A oração familiar diária proporcionou uma janela para que as crianças pudessem visualizar o amor e a fé de seus pais. À medida que a família orava juntos, os filhos também sentiam a proximidade de seu Pai nos céus.

O lar da família Hinckley era um lugar de poucas regras, mas de grandes expectativas. Marjorie falou sobre coisas que não valiam uma discussão. Descrevendo uma abordagem da educação familiar que ela compartilhava com seu marido, ela comentou: “Aprendi que precisava confiar em meus filhos, de modo que tentava nunca dizer não se fosse possível dizer sim. Enquanto estávamos no processo de educar nossa família, tratava-se de uma questão de superar cada dia e divertir-se ao longo desse processo. Como pude perceber, eu não seria capaz de tomar todas as decisões de meus filhos, logo tentava não me preocupar com cada pequena coisa”.35 Como resultado da confiança de seus pais, as crianças sentiam-se respeitadas e ganharam experiência e confiança. E quando a resposta era não, as crianças entendiam que aquilo não era uma restrição arbitrária.

O lar da família Hinckley também era cheio de risadas. Marjorie disse certa vez: “O único jeito de levar a vida é rir do jeito que a vida nos leva. Você pode escolher entre rir ou chorar. Eu prefiro rir. Chorar me dá dor de cabeça”.36 Com pais que podiam rir de si mesmos e encontrar humor no dia a dia, as crianças encontravam em seu lar um refúgio muito agradável.

O serviço na Igreja era sempre uma parte da vida para Gordon e Marjorie. Gordon serviu como superintendente da Escola Dominical da estaca e então foi chamado para a junta geral da Escola Dominical, onde serviu por nove anos. Posteriormente serviu como conselheiro na presidência da estaca e também como presidente de estaca, enquanto Marjorie serviu na Primária, nas Moças e na Sociedade de Socorro. Seus filhos enxergavam o serviço na Igreja como um privilégio jubiloso, um modelo que cada um deles seguiria em sua vida adulta.

Preparação por Meio de Esforços Profissionais

Nos primeiros seis anos do casamento de Marjorie e Gordon, ele continuou a trabalhar no Comitê de Rádio, Publicidade e Publicações Missionárias da Igreja. Ele se dedicava a seu trabalho, e os projetos e prazos frequentemente colocavam-no perto do limite de suas habilidades e de sua experiência — e mesmo além disso. Em carta a um amigo, ele escreveu:

“Há muito a ser feito. O trabalho nesse comitê, que tem um nome comprido, está aumentando e tornando-se mais complicado e interessante. (…)

O rádio, os filmes e as publicações de vários tipos (…) servem para me manter em espírito de oração, humilde, ocupado e trabalhando por muitas horas. (…) Tudo isso serviu para me tornar mais dependente dos óculos (…) com os ombros um pouco mais encurvados, mais arrumado e ligeiramente maravilhado sobre onde chegaremos com tudo isso”.37

No início dos anos 1940, a Segunda Guerra Mundial causou uma mudança no trabalho de Gordon. O trabalho missionário de tempo integral praticamente cessou por causa da guerra e, com isso, seu trabalho de proporcionar materiais missionários não era tão necessário. Sentindo a responsabilidade de colaborar com o esforço de guerra, ele se inscreveu na escola de candidatos a oficial da Marinha dos Estados Unidos. No entanto, seu histórico de alergias acabou por desqualificá-lo. “Fiquei deprimido após a rejeição”, admitiu ele posteriormente. “A guerra estava em curso, e todos estavam fazendo alguma coisa para colaborar. Senti que deveria participar de alguma forma.”38 Esse desejo levou-o a se candidatar como superintendente assistente para a Ferrovia Denver e Rio Grande. Pelo fato de trens serem fundamentais para a movimentação de tropas e os suprimentos para a guerra, Gordon sentiu que esse emprego poderia ajudá-lo a servir a seu país. Ele foi contratado pela companhia em 1943, e trabalhou na estação em Salt Lake City até ele e sua família serem transferidos para Denver, no Colorado, em 1944.

Os supervisores de ferrovia ficaram bastante impressionados com o trabalho de Gordon e, ao final da guerra em 1945, ofereceram-lhe um cargo permanente, com um futuro profissional promissor. Ao mesmo tempo, o Élder Stephen L. Richards entrou em contato com Gordon e pediu-lhe para retornar a seu trabalho em tempo integral na Igreja. Embora a ferrovia oferecesse um salário significativamente maior do que a Igreja, seguiu seu coração e voltou para Salt Lake City.39

Imagem
Gordon B. Hinckley

Gordon B. Hinckley, 1951

O trabalho de Gordon na sede da Igreja rapidamente cresceu além das suas responsabilidades originais. Em 1951 ele foi chamado como secretário executivo do Comitê Missionário da Igreja e foi encarregado de supervisionar as operações do dia a dia no recém-formado Departamento Missionário. Esse departamento supervisionava tudo que dizia respeito à pregação do evangelho, tradução e distribuição de materiais usados pelos missionários; o treinamento de missionários e presidentes de missão; as relações públicas com a mídia, para o estabelecimento de vínculos e o esclarecimento de mitos a respeito da Igreja.40

No outono de 1953, o Presidente David O. McKay chamou Gordon em seu escritório e pediu sua ajuda com um assunto que não estava diretamente ligado ao Departamento Missionário. “Irmão Hinckley”, ele iniciou, “como você sabe, estamos construindo um templo na Suíça, e ele será diferente de nossos templos, na medida que servirá membros que falam diversas línguas. Gostaria que você encontrasse um meio de apresentar as instruções nas várias línguas da Europa fazendo uso de um número mínimo de oficiantes”.41

O Presidente McKay providenciou um lugar onde Gordon poderia buscar inspiração e ficar afastado das demandas do trabalho regular no Departamento Missionário. Durante as noites, nos sábados e em algumas manhãs de domingo, Gordon trabalhou em uma pequena sala no quinto andar do Templo de Salt Lake. Em várias manhãs de domingo, o Presidente McKay reuniu-se com ele para trocar ideias, acompanhar de perto a apresentação da investidura e orar pedindo orientação.

Após ponderar, orar e buscar revelação, Gordon recomendou que a apresentação da investidura fosse gravada em filme, com as palavras daquela instrução sagrada sendo dubladas em diversas línguas. O Presidente Mckay e os outros aprovaram suas recomendações e designaram-no para produzir o filme. Gordon trabalhou com uma equipe de profissionais talentosos e fiéis, que completaram o projeto em 1955. Ele então transportou pessoalmente os filmes para o Templo de Berna Suíça e supervisionou os preparativos técnicos para as primeiras sessões de investidura.42

Gordon ficou sensibilizado ao testemunhar a alegria que seu trabalho proporcionou aos santos na Europa. “Ao ver aquelas pessoas vindas de dez nações para participarem das ordenanças do templo, ao ver pessoas idosas vindas da região da Cortina de Ferro que perderam a família nas guerras que se abateram sobre elas; ao testemunhar as expressões de alegria e felicidade advindas de seu coração como resultado das oportunidades a elas concedidas; ao ver jovens maridos e mulheres com as famílias — crianças bonitas e inteligentes — e ver famílias unidas em um relacionamento eterno, sabia com uma certeza além da que eu tivera antes que [o Presidente McKay] fora inspirado e direcionado pelo Senhor para trazer bênçãos sem medida à vida de homens e mulheres de fé provenientes das nações da Europa.”43

Vinte anos haviam se passado desde que Gordon retornara de sua missão, e ele não havia realizado seu sonho de receber um grau acadêmico avançado e tornar-se jornalista. Em vez disso, ele aprendeu a usar a nova tecnologia para divulgar a palavra de Deus, desenvolver relacionamentos positivos com as pessoas de outras crenças, estudou e escreveu obras sobre a história da Igreja e ajudou a preparar o caminho para que milhares de santos dos últimos dias recebessem as bênçãos do templo. Essas experiências serviriam como uma fundação para o serviço que ele ainda prestaria no resto de sua vida.

Serviço Como Assistente dos Doze

Em um sábado, 5 de abril de 1958, Richard, o filho de Gordon e Marjorie, atendeu a um telefonema. A pessoa do outro lado da linha não se identificou, mas Richard reconheceu a voz do Presidente David O. McKay e correu para chamar seu pai. Após falar brevemente com o Presidente McKay, Gordon tomou um banho rápido, trocou-se e foi para o escritório do Presidente da Igreja. Pelo fato de ter recebido recentemente algumas designações do Presidente McKay, ele esperava receber alguma solicitação na preparação para a conferência geral que aconteceria nos próximos dias. Ele ficou chocado ao ver que o Presidente McKay tinha alguma coisa mais em mente. Após um rápido cumprimento, o Presidente Mckay chamou Gordon para servir como Assistente dos Doze. Os irmãos que serviam naquela posição, que foi descontinuada em 1976, se tornavam Autoridades Gerais da Igreja. Gordon estava servindo como presidente da Estaca East Mill Creek quando o Presidente McKay fez o chamado.

No dia seguinte, o Élder Gordon B. Hinckley recebeu um voto de apoio na conferência geral. Embora admitisse em seu primeiro discurso na conferência que estava “tomado por um sentimento de inadequação”, ele assumiu sua nova responsabilidade com fé e energia características.44

Um dos maiores deveres que foram atribuídos ao Élder Hinckley como Assistente dos Doze foi o de supervisionar o trabalho da Igreja em toda a Ásia. Ele pouco conhecia sobre o povo lá e não falava nenhum daqueles idiomas, mas rapidamente veio a amá-los, e eles também o amaram. Kenji Tanaka, um japonês membro da Igreja, comentou a respeito da primeira reunião do Élder Hinckley no Japão. “O entusiasmo do Élder Hinckley podia ser constatado pelo brilho de seus olhos. Sua primeira palavra para nós foi Subarashi! [‘Maravilhoso’] A atmosfera daquela reunião passou de um ambiente austero e formal para um clima de amizade e aproximação, e um sentimento acolhedor prevaleceu.”45

Esse foi o sentimento que ele compartilhou em todos os lugares onde esteve na Ásia. Ele ajudou as pessoas a compreenderem que, com fé no Senhor, poderiam realizar grandes coisas e ajudar a Igreja a crescer em sua terra natal. Ele também se manteve próximo dos missionários de tempo integral, sabendo que sua diligência teria um impacto direto nas pessoas a quem serviriam.

Uma Testemunha Especial do Nome de Cristo

Outro telefonema importante chegou em outro sábado, 30 de setembro de 1961. Dessa vez foi Marjorie que ouviu a voz familiar do Presidente McKay ao telefone. Mais uma vez Gordon B. Hinckley foi apressadamente ao escritório do Presidente da Igreja. Mais uma vez foi surpreendido e sentiu-se subjugado ao saber o motivo da visita. Quando chegou, o Presidente McKay disse-lhe: “Sinto que devo chamá-lo para preencher a vaga no Quórum dos Doze Apóstolos e gostaríamos de apoiá-lo na conferência hoje”.46 Novamente o Élder Hinckley prosseguiu com fé e entusiasmo a despeito dos sentimentos de inadequação.

Como apóstolo, o Élder Hinckley recebeu responsabilidades adicionais. Algumas vezes ele reunia-se com líderes governamentais e outros dignatários. Frequentemente recebia solicitações para fazer declarações em nome da Igreja, tratando sobre contestações e agitações culturais nos Estados Unidos. Ele estava na linha de frente dos esforços para fortalecer a capacidade de difusão da Igreja e do uso da tecnologia para difundir o evangelho por todo o mundo. Mesmo com essas tarefas adicionais, ele nunca perdeu a visão da responsabilidade de fortalecer a fé dos indivíduos e das famílias. Ao falar para uma pessoa ou discursar para milhares de outras, o seu toque era essencialmente pessoal, o que acabava por se tornar seu emblema no ministério: trazer as pessoas, uma a uma, a Cristo.

O Élder Hinckley continuou a supervisionar a Ásia nos próximos sete anos e regozijou-se ao ver o crescimento dos seus amigos lá. Ele observou: “É uma experiência inspiradora (…) testemunhar a maneira como o Senhor está tecendo a tapeçaria de seu grande plano nesta (…) parte da Terra”.47

À medida que as designações foram alteradas no Quórum dos Doze, o Élder Hinckley recebeu oportunidades de servir em outras partes do mundo. Em todos os lugares onde ele foi, demonstrou preocupação com o indivíduo. Em 1970, quando estava supervisionando o trabalho da Igreja na América do Sul, ele viajou para o Chile após presidir uma conferência de estaca no Peru. Dois dias após chegar ao Chile, soube que um terremoto devastador havia atingido o Peru e que quatro missionários estavam desaparecidos. Fez imediatamente planos para voltar ao Peru mesmo que isso fosse atrasar seu retorno para casa. “Não posso, em sã consciência, ir para casa quando há missionários desaparecidos”, disse ele.48

Ele chegou a Lima, Peru, na manhã seguinte. Quando os missionários desaparecidos foram encontrados por meio de um rádio amador, foram capazes de entrar em contato com Lima, e o Élder Hinckley conseguiu falar com eles. Os missionários estavam em uma pequena sala com outros sobreviventes, e suas conversas pelo rádio saíam em um alto-falante. “Assim que a voz do Élder Hinckley foi ouvida no alto-falante naquela sala lotada de pessoas ansiosas por se comunicar, ouviu-se um pedido generalizado de silêncio no ambiente. Embora ele falasse em inglês, e todos na sala falassem espanhol, as pessoas começaram a sussurrar umas com as outras, perguntando: ‘Quem é esse homem?’ Surgiu então um sentimento, mesmo entre o caos e a confusão, de que aquela voz pertencia a alguma pessoa extraordinária.”49

Durante os primeiros dois anos da supervisão da Igreja na América do Sul, o Élder Hinckley percorreu todas as missões; criou novas missões na Colômbia e no Equador; ajudou a criar novas estacas em Lima, Peru; e São Paulo, Brasil; e ajudou a resolver problemas de vistos para missionários na Argentina. Ele estava pronto a realizar ainda mais quando, em maio de 1971, foi designado para supervisionar oito missões na Europa.50

O Élder Hinckley frequentemente sentia a fadiga de sua agenda inflexível. Sempre se sentia feliz ao voltar para casa e passar o tempo com Marjorie e as crianças. No entanto, Marjorie percebia que, quando ele permanecia muito tempo longe do trabalho, ficava agitado. Seu chamado como apóstolo — uma das “testemunhas especiais do nome de Cristo em todo o mundo” (D&C 107:23) — nunca estava longe de sua mente.

Responsabilidades Pesadas Como Conselheiro na Primeira Presidência

Em 15 de julho de 1981, após servir no Quórum dos Doze por quase 20 anos, o Élder Hinckley recebeu outro chamado surpreendente. Spencer W. Kimball, então Presidente da Igreja, chamou-o para servir como Conselheiro na Primeira Presidência, além dos Presidentes N. Eldon Tanner e Marion G. Romney. Essa foi uma situação pouco comum no padrão de dois conselheiros, mas que já havia acontecido anteriormente. O Presidente Kimball e seus conselheiros não estavam bem fisicamente e necessitavam de apoio extra na Presidência.51

Na primeira conferência geral com essa nova estrutura, o Presidente Hinckley comentou: “Meu único desejo é servir com lealdade onde quer que sou chamado. (…) Este chamado sagrado me torna mais consciente das minhas fraquezas. Se ofendi a alguém em qualquer ocasião, peço desculpas e espero que me perdoe. Seja um encargo breve ou longo, prometo meus melhores esforços dados com amor e fé”.52

Os seus melhores esforços eram realmente necessários à medida que a saúde dos Presidentes Kimball, Tanner e Romney declinava. A maior parte do trabalho diário da Primeira Presidência ficou com o Presidente Hinckley. Caiu também sobre seus ombros a responsabilidade de esforços maiores, tais como a dedicação do Templo de Jordan River Utah. Além disso, ele se defrontou com algumas críticas contra a Igreja e contra alguns de seus líderes, tanto do passado como do presente. Na Conferência Geral de abril de 1982, ele aconselhou:

“Vivemos em uma sociedade tendente à crítica. (…) Recomendo que vocês ampliem a visão, deixando de se preocupar com pequenas falhas. (…) Essas são apenas coisas incidentais à magnitude dos serviços [dos líderes da Igreja] e da grandeza de suas contribuições”.53

O Presidente Tanner faleceu em 27 de novembro de 1982, e a saúde dos Presidentes Kimball e Romney declinou de tal forma que, na Conferência Geral de abril de 1983, o Presidente Hinckley, que havia sido chamado como Segundo Conselheiro na Primeira Presidência, sentou-se sozinho ao lado de cadeiras vazias, junto ao púlpito. De uma forma profundamente pessoal, ele sentiu o que certa vez foi chamado de “a solidão da liderança”.54

Imagem
Presidente Gordon B. Hinckley

Presidente Gordon B. Hinckley na conferência geral, em uma época quando era o único membro da Primeira Presidência com saúde suficiente para comparecer

O Presidente Hinckley procedeu com cuidado e oração, procurando não passar à frente do profeta. Ele pediu ajuda aos membros seniores dos Doze, especialmente a ajuda de Ezra Taft Benson, o presidente do quórum, para orientação na execução dos assuntos diários da Igreja. O Presidente Hinckley trabalhou lado ao lado com o Quórum dos Doze, sempre guiado pelos conselhos do Presidente Kimball. Ainda assim, era uma carga muito grande.

Embora as responsabilidades do Presidente Hinckley na Primeira Presidência o mantivessem a maior parte do tempo em Salt Lake City, ocasionalmente ele viajava para ministrar aos membros e missionários em outras partes do mundo. Em 1984 ele retornou às Filipinas. Dezoito anos antes, ele havia dedicado a primeira capela ali; agora iria dedicar o primeiro templo. Na oração dedicatória, ele disse:

“Esta nação das Filipinas é um lugar de muitas ilhas, cujo povo ama a liberdade e a verdade, cujo coração é sensível ao testemunho de seus servos, e as pessoas respondem à mensagem do evangelho eterno. Agradecemos-te por sua fé. Damos graças pelo espírito de sacrifício deste povo. Agradecemos pelo milagre do progresso do Teu trabalho neste país”.55

O progresso contínuo da Igreja era evidente em junho de 1984 quando, em apoio à Primeira Presidência, o Presidente Kimball anunciou o chamado das Presidências de Área — membros dos Setenta que viveriam por todo o mundo e supervisionariam o trabalho da Igreja nas áreas geográficas designadas. Trabalhando sob a direção da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze, esses irmãos poderiam providenciar muito da liderança e do treinamento necessários para as áreas. “Não podemos tomar todas as decisões em Salt Lake City”, disse ele. “Precisamos fazer algumas coisas para descentralizar a autoridade.”56 Cerca de um ano mais tarde, ao falar para os líderes da Igreja em todo o mundo, o Presidente Hinckley disse: “Estou confiante de que o passo que tomamos nos últimos meses foi grande e inspirado. Estou seguro de que a presença frequente desses bons homens em seu meio proporciona uma grande segurança. Esses irmãos estão efetivamente interligando todo o corpo da Igreja”.57

Após liderar a Igreja ao longo de 12 anos de crescimento destacado, o Presidente Spencer W. Kimball faleceu em 5 de novembro de 1985. O apóstolo mais antigo, Presidente Ezra Taft Benson, foi designado Presidente da Igreja. Ele pediu ao Presidente Hinckley que servisse como Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência e que Thomas S. Monson servisse como Segundo Conselheiro. Com três homens saudáveis na Primeira Presidência, o Presidente Hinckley sentiu que seus fardos iriam diminuir e que teria mais oportunidades de visitar os santos por todo o mundo.

Imagem
Primeira Presidência

Presidente Ezra Taft Benson (ao centro) com seus conselheiros, Presidente Gordon B. Hinckley (à esquerda) e Presidente Thomas S. Monson (à direita) na conferência geral

Dentro de poucos anos, a saúde do Presidente Benson começou a declinar, e as responsabilidades do dia a dia caíram sobre o Presidente Hinckley. Nessa época, porém, ele não estava sozinho na Primeira Presidência. Com vitalidade e energia, os Presidentes Hinckley e Monson mantiveram a Igreja em um curso firme, sempre respeitando o chamado do Presidente Benson como profeta, vidente e revelador. Eles desenvolveram uma amizade forte, perseverante e em parceria.

O Presidente Benson faleceu em 30 de maio de 1994, e o Presidente Howard W. Hunter tornou-se Presidente da Igreja. Mais uma vez, os Presidentes Hinckley e Monson serviram como conselheiros. Em junho, o Presidente e a irmã Hinckley acompanharam o Presidente Hunter e sua esposa Inis e o Élder M. Russell Ballard e sua esposa Barbara até Nauvoo para assistir à comemoração dos 150 anos do martírio de Joseph e Hyrum Smith. Essa seria a única viagem que o Presidente Hunter e o Presidente Hinckley fariam juntos. O Presidente Hunter vinha sofrendo de problemas de saúde por vários anos e começou a piorar rapidamente depois dessa viagem. Em 27 de fevereiro de 1995, ele pediu ao Presidente Hinckley uma bênção do sacerdócio. Na bênção, o Presidente Hinckley rogou pela vida do Presidente Hunter, mas também disse que ele estava nas mãos do Senhor.58 Poucos dias depois, em 3 de março de 1995, o Presidente Hunter faleceu.

Profeta, Vidente, Revelador e Presidente da Igreja

A morte do Presidente Hunter, embora não fosse uma surpresa, veio como um grande peso para a família Hinckley. Como apóstolo sênior, o Presidente Hinckley era o próximo na linha de sucessão para tornar-se Presidente da Igreja. A irmã Hinckley recorda-se do momento em que receberam a notícia da morte do Presidente Hunter: “O Presidente Hunter se foi e ficamos para trás a fim de dar continuidade ao trabalho. Senti-me muito triste e muito sozinha. Gordon também. Ele estava desalentado. E sentia-se muito, muito sozinho. Não havia mais ninguém que conseguisse compreender a situação pela qual ele estava passando”.59

Após o funeral do Presidente Hunter, o Presidente Hinckley encontrou conforto no templo. Sozinho na sala de reuniões da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze no Templo de Salt Lake, ele se debruçou sobre as escrituras e meditou sobre o que lia. Ele refletiu sobre a vida, o ministério e a Expiação de Jesus Cristo. Então ele estudou os retratos na parede, representando todos os Presidentes da Igreja, desde Joseph Smith até Howard W. Hunter. Ele escreveu essa experiência em seu diário:

“Caminhei na frente dos quadros e olhei bem nos olhos desses homens ali retratados. Senti-me quase como se pudesse falar com eles. Senti-me quase como se eles estivessem falando comigo e me transmitindo confiança. (…) Sentei-me na cadeira que havia ocupado como Primeiro Conselheiro do Presidente. Passei um bom tempo olhando os retratos. Cada um deles parecia estar vivo. Seus olhos pareciam olhar-me. Sentia como se eles estivessem incentivando-me e dando-me seu apoio. Eles pareciam dizer-me que haviam falado a meu favor em um conselho realizado nos céus, que eu não deveria temer e que eu seria abençoado e apoiado em meu ministério.

Ajoelhei-me e implorei ao Senhor. Conversei longamente com Ele em oração. (…) Tenho certeza de que, pelo poder do Espírito, ouvi a palavra do Senhor, não verbalmente, mas como um calor que senti em meu coração a respeito das questões que eu havia levantado em minha oração”.60

Após essa experiência, ele voltou a registrar seus pensamentos: “Senti-me melhor e com mais segurança em meu coração de que o Senhor está fazendo valer Sua vontade com referência à Sua causa e Seu reino; que eu serei apoiado como Presidente de Sua Igreja e profeta, vidente e revelador, de modo a servir pelo tempo que o Senhor desejar. Com a confirmação do Espírito em meu coração, estou agora pronto para seguir em frente e trabalhar da melhor maneira que puder. É-me difícil acreditar que o Senhor me esteja colocando nessa posição da máxima e mais sagrada responsabilidade. (…) Espero que o Senhor tenha me treinado para fazer aquilo que Ele espera de mim. Darei a Ele minha total lealdade e, certamente, buscarei Sua orientação”.61

O Presidente Gordon B. Hinckley foi apoiado como Presidente da Igreja em 12 de março de 1995 e, no dia seguinte, ele falou em uma entrevista coletiva à imprensa, respondendo a muitas perguntas dos jornalistas. O Élder Jeffrey R. Holland relatou que, “quase ao final de uma entrevista cordial, muitas vezes espirituosa e sempre proveitosa, respondendo a uma grande variedade de perguntas, um repórter perguntou ao Presidente Hinckley: ‘Em que concentrará sua gestão? Qual será o tema de sua administração?’

Instintivamente ele respondeu: ‘Avançar. Sim. Nosso tema será continuar a grande obra realizada por nossos antecessores’”.62

O Presidente Hinckley foi verdadeiro naquela promessa. Com respeito aos profetas que vieram antes, ele avançou e continuou a obra que haviam realizado. E com fé em Deus e em Jesus Cristo, ele recebeu a revelação de como realizar a obra de novas maneiras.

Imagem
Presidente Gordon B. Hinckley

Presidente Gordon B. Hinckley ao púlpito em uma conferência geral

Tirando a Igreja “da Obscuridade” (D&C 1:30)

Relembrando o início do ministério do Presidente Hinckley, o Élder Neal A. Maxwell, do Quórum dos Doze, observou: “O Presidente Hinckley está ajudando a fazer com que a Igreja saia da obscuridade. A Igreja não pode seguir adiante se escondermos os nossos méritos. Alguém tem de aparecer, e o Presidente Hinckley está pronto para fazê-lo. Ele é um homem da história e da modernidade ao mesmo tempo e possui o maravilhoso dom da expressão que o capacita a apresentar nossa mensagem de modo que atraia as pessoas em todos os lugares”.63

A vasta experiência do Presidente Hinckley na mídia e nos meios de comunicação ajudaram-no a se preparar para esse esforço. Como Presidente da Igreja, ele concedia entrevistas aos jornalistas frequentemente por todo o mundo, respondendo suas perguntas sobre a doutrina da Igreja, suas diretrizes e prestando seu testemunho do Salvador e do evangelho restaurado. Ao longo do tempo, a compreensão aumentou e as amizades foram fortalecidas.

Como destaque particular, houve a entrevista de 1996 com o veterano jornalista Mike Wallace no programa de televisão 60 Minutes. O sr. Wallace era conhecido por ser um entrevistador implacável, e o Presidente Hinckley admitiu ter algumas reservas antes da transmissão em rede nacional nos Estados Unidos. “Se for favorável, ficarei grato”, disse ele. “Caso contrário, prometo nunca mais pôr os pés nesse tipo de armadilha.”64

A entrevista foi favorável, mostrando muitos aspectos positivos da Igreja. Outro resultado foi que Mike Wallace e o Presidente Hinckley tornaram-se amigos.

Em 2002 Salt Lake City foi a sede dos Jogos Olímpicos de Inverno, colocando a Igreja sob os holofotes internacionais. O Presidente Hinckley e seus conselheiros foram consultados a respeito de parte do planejamento. “De modo consciente, tomamos a decisão de não usar essa ocasião para fazer proselitismo”, disse ele, “mas estávamos confiantes de que desse evento significativo colheríamos excelentes frutos para a Igreja”.65 Ele estava certo. Dezenas de milhares de pessoas visitaram o Vale do Lago Salgado e foram recebidas por anfitriões amáveis — santos dos últimos dias e outros trabalhando juntos para criar Jogos Olímpicos bem-sucedidos. Esses visitantes caminharam pela Praça do Templo, ouviram o Coro do Tabernáculo e visitaram a Biblioteca de História da Família. Bilhões de pessoas observaram o Templo de Salt Lake pela televisão e viram a Igreja ser apresentada de maneira favorável pelos repórteres. Nas palavras do Presidente Hinckley, foi “uma coisa maravilhosa para a Igreja”.

Além dos meios tradicionais de comunicação, o Presidente Hinckley adotou algumas inovações. Por exemplo, ele enxergou a Internet como um meio de trazer a Igreja para mais perto de seus membros e de compartilhar o evangelho restaurado com outras crenças. Durante sua administração, a Igreja lançou os sites LDS.org, FamilySearch.org e Mormon.org.

Em 23 de junho de 2004, no dia em que o Presidente Hinckley completou 94 anos, foi-lhe concedida a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta honraria civil dos Estados Unidos. Em resposta, ele disse: “Estou imensamente honrado por receber esta prestigiosa honraria do Presidente dos Estados Unidos. Estou profundamente agradecido. Em um sentido mais amplo, isso reconhece e honra a Igreja que me concedeu tantas oportunidades e cujos interesses eu procurei servir”.66 Ele enxergou essa medalha como um símbolo do crescimento positivo da respeitabilidade da Igreja e uma evidência de que ela está de fato saindo da obscuridade.

Viajando entre os Santos dos Últimos Dias

O Presidente Hinckley não apreciava os rigores das viagens, mas seu desejo de servir entre os santos dos últimos dias era maior do que seu desejo de ficar em casa. Ele disse que desejava “[se encontrar] com nosso povo para estender-lhe apreciação e incentivo e para prestar testemunho da divindade da obra do Senhor”.67 Anteriormente em sua administração, ele comentou: “Enquanto tiver forças, estou decidido a aproximar-me das pessoas deste e de outros países. (…) Pretendo permanecer em intensa atividade enquanto puder. Desejo misturar-me ao povo que amo”.68

Durante seu serviço como Presidente da Igreja, ele viajou extensivamente dentro dos Estados Unidos e fez mais de 90 viagens para destinos no estrangeiro. No total, viajou mais de 1 milhão e 600 mil quilômetros como Presidente da Igreja, reunindo-se com os santos em todas as partes do mundo.69

Imagem
Presidente Gordon B. Hinckley

O Presidente Hinckley amava “aproximar-me das pessoas deste e de outros países”.

Em algumas áreas, as pessoas precisavam fazer um esforço maior para vê-lo do que ele fazia para vê-las. Por exemplo, em 1996, ele e a irmã Hinckley visitaram as Filipinas, onde o número de membros da Igreja havia crescido e atingia cerca de 375 mil. O Presidente e a irmã Hinckley estavam programados para falar à noite em uma reunião no estádio Araneta Coliseu, de Manila. No meio da tarde, o Coliseu “estava lotado além de sua capacidade. As filas começaram a formar-se às 7 horas da manhã para uma reunião que começaria em 12 horas. A contagem oficial indicou posteriormente que 35 mil santos superlotavam os 25 mil lugares do ginásio, assim como os corredores e os locais de acesso. Muitos haviam viajado 20 horas de barco e ônibus para chegar até Manila. Para alguns, o custo da viagem equivalia a vários meses de salário. (…)

Quando o Presidente Hinckley soube que o Coliseu já estava antecipadamente lotado e que o administrador do edifício sugeria iniciar o evento mais cedo, ele disse: ‘Vamos lá’. Ele e a irmã Hinckley entraram naquele vasto estádio. (…) Como se estivessem ensaiados, a congregação levantou-se espontaneamente, aplaudiu e, a seguir, começou a cantar, com grande emoção ‘Graças Damos, Ó Deus, por um Profeta’”.70

Sabendo que ele e seus irmãos não poderiam ir para qualquer lugar que desejassem, o Presidente Hinckley adotou o uso de tecnologia para instruir os líderes por todo o mundo. Usando tecnologia de satélite, ele presidiu transmissões da Reunião Mundial de Treinamento de Liderança, a primeira das quais foi realizada em 2003.

Promovendo a Importância do Aprendizado e Ensino das Verdades Seculares e Espirituais

O Presidente Gordon B. Hinckley declarou: “Nenhum de nós (…) já sabe o bastante. O processo de aprendizado é infinito. Temos que ler, temos que observar, temos que assimilar e temos que refletir bem sobre as coisas a que expomos nossa mente”.71 Ele também disse: “O ensino efetivo é a própria essência da liderança na Igreja. A vida eterna só será alcançada quando homens e mulheres forem ensinados com efetividade tal que mudem e disciplinem a vida deles. Não podem ser coagidos à retidão ou a entrar no céu. Devem ser guiados e isso significa ensinar”.72

O Presidente Hinckley desejava proporcionar mais nutrição espiritual para os santos dos últimos dias por todo o mundo. Em 1995 ele aprovou com entusiasmo um plano para publicar uma nova série de livros que proporcionaria aos membros da Igreja uma biblioteca do evangelho. A Igreja começou imediatamente a publicar essa série, que foi intitulada Ensinamentos dos Presidentes da Igreja, da qual este livro é uma parte.

O ensino secular também era importante para o Presidente Hinckley. Ele estava preocupado com os membros da Igreja que viviam em áreas de pobreza e que não podiam alcançar educação superior ou treinamento vocacional. Sem essa formação educacional e esse treinamento, a maioria deles permaneceria na pobreza. Na sessão do sacerdócio da Conferência Geral de abril de 2001, o Presidente Hinckley disse:

“Em um esforço para corrigir essa situação, propomos um plano: um plano que acreditamos ser inspirado pelo Senhor. A Igreja está estabelecendo um fundo com doações feitas em sua maioria por membros da Igreja fiéis que contribuíram e que continuarão a contribuir com esse propósito. Somos profundamente gratos a eles. (…) Vamos chamá-lo de Fundo Perpétuo de Educação”.73

O Presidente Hinckley explicou que as pessoas beneficiadas pelo programa receberiam empréstimos, retirados dos fundos doados pelos membros da Igreja, para treinamento escolar e vocacional. Após concluir seus estudos ou seu treinamento, seria esperado deles que devolvessem o dinheiro emprestado, para que os recursos pudessem ser utilizados na ajuda a outras pessoas. O Presidente Hinckley também explicou que o Fundo Perpétuo de Educação seria “baseado em princípios semelhantes aos do Fundo Perpétuo de Imigração”, que a Igreja estabeleceu no século 19 para ajudar santos necessitados a emigrarem para Sião.74

Dentro de seis meses, os santos dos últimos dias haviam doado milhões de dólares ao Fundo Perpétuo de Educação.75 Um ano após o início do plano, o Presidente Hinckley anunciou: “Esse empreendimento agora é uma fundação sólida. (…) Jovens de áreas pouco favorecidas do mundo (rapazes e moças que em sua grande maioria são ex-missionários) terão condições de receber uma boa instrução, o que lhes permitirá erguer-se dos níveis de pobreza nos quais viveram seus antepassados ao longo de gerações”.76 Esse programa continua a abençoar os membros da Igreja, tanto quem recebe o benefício como os doadores.

Testificando da Santidade do Casamento e da Família

Na reunião geral da Sociedade de Socorro realizada em 23 de setembro de 1995, o Presidente Hinckley disse:

“Havendo tantos sofismas ensinados como verdades, tantos enganos quanto aos padrões e valores, tanto incentivo e sedução para que lentamente aceitemos a corrupção do mundo, sentimos a necessidade de advertir e admoestar. Com esse intuito nós, da Primeira Presidência e do Conselho dos Doze Apóstolos, faremos agora uma proclamação a toda a Igreja e ao mundo, como declaração e reafirmação dos padrões, das doutrinas e das práticas referentes à família, que os profetas, videntes e reveladores desta Igreja repetidamente declararam ao longo de sua história”.77

Com essa introdução, o Presidente Hinckley leu em público, pela primeira vez: “A Família: Proclamação ao Mundo”.

Imagem
A família Hinckley com seus netos

“Aconselhamos os pais e os filhos a dar a maior prioridade à oração familiar, à noite familiar, ao estudo e ensino do evangelho, e às atividades familiares salutares.”

A santidade do casamento e da família foi um tema constante nos ensinamentos do Presidente Hinckley. Ele condenou qualquer forma de abuso e encorajou os pais e filhos a serem pacientes uns com os outros, a amarem-se mutuamente, ensinarem-se uns aos outros e a servirem-se de forma recíproca. Em uma carta de 11 de fevereiro de 1999, ele e seus Conselheiros na Primeira Presidência disseram:

“Conclamamos todos os pais a empenharem-se ao máximo para ensinar e criar seus filhos nos princípios do evangelho, o que os manterá próximos da Igreja. O lar é o alicerce do viver reto, e nada mais pode tomar seu lugar ou desempenhar suas funções essenciais no cumprimento dessa responsabilidade dada por Deus.

Aconselhamos os pais e os filhos a dar a maior prioridade à oração familiar, à noite familiar, ao estudo e ensino do evangelho, e às atividades familiares salutares. Por mais dignos e adequados que sejam os outros afazeres ou atividades, não podemos permitir que tomem o lugar dos deveres determinados por Deus que somente os pais e a família podem desempenhar adequadamente”.78

Estendendo as Mãos aos Novos Conversos

O Presidente Hinckley gostava de ver muitas pessoas filiando-se à Igreja, mas ele ficava preocupado sobre as pessoas representadas por aqueles números. No início de sua administração, ele disse:

“Com o número crescente de conversos, precisamos de um esforço significativamente maior para ajudá-los a encontrar seu rumo. Todos eles precisam de três coisas: de um amigo, de uma responsabilidade e ser nutridos ‘pela boa palavra de Deus’ (Morôni 6:4). Para nós, é um dever e uma oportunidade proporcionar-lhes essas coisas”.79

O fortalecimento de novos conversos era um tema constante para o Presidente Hinckley. O Élder Jeffrey R. Holland compartilhou o relato seguinte de como o Presidente enfatizava esse assunto: “Com um piscar de olhos e uma batida de mão sobre a mesa em frente dele, dirigiu-se aos Doze recentemente: ‘Irmãos, quando minha vida estiver terminada e os serviços finais estiverem concluídos, levantar-me-ei ao sair, olharei cada um de vocês nos olhos e direi: ‘Como estamos indo com a retenção?’’”80

Construção de Templos

Imagem
Presidente Hinckley Aplicando Argamassa

O Presidente Hinckley aplicou a argamassa na cerimônia da pedra angular, antes da dedicação do Templo de Nauvoo Illinois em 2002.

Em 1910, no ano em que Gordon B. Hinckley nasceu, existiam 4 templos em operação no mundo, e estavam todos em Utah. Em 1961, quando foi ordenado apóstolo, o número havia subido para 12. Esse progresso foi significativo, mas o Élder Hinckley frequentemente expressava a preocupação de que muitas pessoas por todo o mundo tinham acesso limitado às bênçãos do templo. Em 1973, enquanto servia como encarregado do Comitê de Templos da Igreja, escreveu em seu diário: “A Igreja poderia construir templos [bem menores] pelo custo do templo de Washington [em construção na época]. Levaria os templos às pessoas em vez de as pessoas terem de viajar longas distâncias para chegarem até eles”.81

Quando foi apoiado como Presidente da Igreja em 1995, o número de templos em operação havia aumentado para 47, mas seu desejo por mais templos ainda estava forte. Ele disse: “Tenho um enorme desejo de que haja templos em qualquer lugar necessário para que nosso povo, onde quer que esteja, possa, sem grande sacrifício, vir à casa do Senhor para receber suas próprias ordenanças e pela oportunidade de realizar um trabalho vicário pelos mortos”.82

Na Conferência Geral de outubro de 1997, o Presidente Hinckley fez um anúncio histórico: A Igreja iria começar a construir templos menores em todo o mundo.83 Posteriormente ele disse: “Tenho a convicção de que o conceito dos templos pequenos veio como uma revelação direta”.84 Em 1998, ele anunciou que 30 novos templos, além dos outros templos já planejados ou em construção, constituiriam “um total de 47 templos novos além dos 51 que já se encontram em funcionamento”. Para a alegria de todos que estavam ouvindo, o Presidente Hinckley então acrescentou: “Acho melhor acrescentarmos mais dois, para que tenhamos um número redondo de cem templos no final deste século, quando se terão passado dois mil anos ‘depois da vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo na carne’ (D&C 20:1)”. Então ele prometeu: “Há mais ainda por vir”.85

Em 1º de outubro de 2000, o Presidente Hinckley dedicou o Templo de Boston Massachusetts, o 100º templo em operação. Antes do final do ano 2000, ele dedicou mais dois templos. E quando ele faleceu em 2008, a Igreja tinha 124 templos em operação, com mais 13 templos anunciados. O Presidente Hinckley esteve envolvido no planejamento e na construção da maioria deles, e pessoalmente dedicou 85 deles e rededicou mais 13 templos (oito dos quais eram templos que ele havia dedicado antes).

O Centro de Conferências

Imagem
Centro de Conferências

Centro de Conferências, que o Presidente Hinckley dedicou na Conferência Geral de outubro de 2000

Na Conferência Geral de outubro de 1995, o Presidente Hinckley vislumbrou uma ideia que havia estado em sua mente. Falando do Tabernáculo na Praça do Templo, ele disse: “Este grande Tabernáculo parece diminuir a cada ano que passa. Atualmente nos reunimos com grupos bem maiores, congregados sob um mesmo teto em algumas conferências regionais”.86 Na Conferência Geral de abril de 1996, o Presidente Hinckley falou mais sobre essa ideia:

“É uma pena que muitos que desejavam reunir-se conosco no Tabernáculo esta manhã não conseguiram entrar. Há muitas pessoas do lado de fora. Este recinto extraordinário e único, construído por nossos antepassados pioneiros e dedicado à adoração ao Senhor, acomoda confortavelmente cerca de 6 mil pessoas. Alguns de vocês, que ficam sentados nesses bancos duros por duas horas, podem questionar a palavra confortavelmente.

Meu coração volta-se para aqueles que queriam entrar e não puderam ser acomodados. Aproximadamente há um ano, lembrei às Autoridades Gerais que talvez tivesse chegado a hora de estudarmos a possibilidade de construir-se uma outra casa de adoração muito maior, que acomodasse um número de pessoas três ou quatro vezes maior do que esta construção comporta”.87

Em 24 de julho de 1997, no aniversário de 150 anos da chegada dos pioneiros ao Vale do Lago Salgado, foi feita a abertura de terra para o novo edifício — a ser chamado de Centro de Conferências — no quarteirão imediatamente ao norte da Praça do Templo. Menos de três anos depois, em abril de 2000, as primeiras sessões da conferência geral foram realizadas lá, embora o edifício não estivesse terminado. O Presidente Hinckley dedicou o Centro de Conferências na Conferência Geral de outubro de 2000. Antes de oferecer a oração dedicatória, ele se colocou junto ao púlpito, que havia sido construído a partir do tronco de uma nogueira que havia crescido em seu próprio jardim, e disse:

“Hoje dedicaremos este lugar como uma casa na qual adoraremos a Deus, o Pai Eterno, e a Seu Unigênito, o Senhor Jesus Cristo. Esperamos e oramos que continuem a sair deste púlpito para o mundo declarações de testemunho e doutrina, de fé no Deus vivo e de gratidão pelo maravilhoso sacrifício expiatório de nosso Redentor”.88

Testemunho de Jesus Cristo

Em 1º de janeiro de 2000, o Presidente Hinckley, seus Conselheiros na Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos publi-caram uma proclamação intitulada “O Cristo Vivo: O Testemunho dos Apóstolos”. Eles declararam a respeito do Salvador: “Ninguém mais exerceu uma influência tão profunda sobre todos os que já viveram e ainda viverão sobre a face da Terra”.89

E nenhum outro teve uma influência tão profunda na vida do Presidente Gordon B. Hinckley. Por mais de 46 anos, ele serviu como uma testemunha especial de Jesus Cristo. Poucos meses depois de ele e seus companheiros terem publicado “O Cristo Vivo”, o Presidente Hinckley se colocou diante dos santos dos últimos dias e declarou: “De todas as coisas pelas quais sou grato, uma sem dúvida se destaca: Trata-se de meu testemunho vivo de Jesus Cristo, o Filho do Deus Todo-Poderoso, o Príncipe da Paz, o Santo”.90

Provações e Perseguições

Ao final da Conferência Geral de abril de 2004, o Presidente Hinckley disse: “Eu desejaria pedir-lhes relutantemente uma indulgência pessoal por um instante. Alguns de vocês perceberam a ausência da irmã Hinckley. Pela primeira vez em 46 anos, desde que me tornei Autoridade Geral, ela não compareceu a uma conferência geral. (…) Já estávamos de volta para casa quando ela esmoreceu devido ao cansaço. A partir daí, não tem estado bem. (…) O tempo está-se esgotando e não sabemos como recuperá-lo.

É um momento muito sombrio para mim. Estamos casados há 67 anos, completamos este mês. Ela é mãe de nossos cinco filhos, talentosos e competentes; é avó de 25 netos e de um número sempre crescente de bisnetos. Caminhamos juntos, lado a lado, por todos esses anos, parceiros e companheiros, faça chuva ou faça sol. Ela falou sem ter qualquer sombra de dúvida em testemunho desta obra, distribuindo amor, incentivo e fé por todos os lugares onde esteve”.91

Dois dias mais tarde, em 6 de abril de 2004, Marjorie Pay Hinckley faleceu. Milhões de pessoas, que a amavam por seu coração bondoso, sua perspicácia e firmeza na fé, entristeceram-se pelo Presidente Hinckley. Ele manifestou enorme gratidão pelas muitas cartas de apoio e amor vindas de todos os cantos do mundo. Essas manifestações, disse ele, “espalharam uma aura de consolo em nossa hora de pesar”.92 Generosas contribuições foram feitas em nome da irmã Hinckley ao Fundo Perpétuo de Educação.

Mesmo difícil como foi para ele a perda de Marjorie, o Presidente Hinckley prosseguiu no trabalho da Igreja mesmo quando sua própria saúde declinou lentamente. Começou a usar uma bengala. Algumas vezes ele usava-a para se apoiar, porém mais frequentemente fazia uso dela para saudar os membros. O Presidente Thomas S. Monson recorda-se de uma conversa com o médico do Presidente Hinckley, que estava preocupado com o jeito que o Presidente Hinckley usava — ou deixava de usar — sua bengala. O médico disse: “A última coisa que queremos é que ele caia e quebre o quadril, ou coisa pior. Mas, em vez disso, ele fica acenando com a bengala e não a usa quando está caminhando. Diga-lhe que a bengala foi receitada pelo médico, e ele precisa usá-la da forma prescrita”. O Presidente Monson replicou: “Doutor, eu sou o conselheiro do Presidente Hinckley. Você é seu médico. Você diga isso a ele!”93

No princípio de 2006, com a idade de 95 anos, o Presidente Hinckley recebeu o diagnóstico de câncer. Na Conferência Geral de outubro daquele ano, ele disse: “O Senhor permitiu que eu vivesse; não sei por quanto tempo. Mas seja o quanto for, continuarei a dar o melhor de mim nas tarefas que desempenho. (…) Sinto-me bem; minha saúde é relativamente boa. Mas quando a hora chegar para um sucessor, a transição será serena e de acordo com a vontade Daquele a quem esta Igreja pertence”.94

Um ano mais tarde, em outubro de 2007, o Presidente Hinckley encerrou sua última conferência geral dizendo: “Aguardamos ansiosos nosso reencontro em abril. Estou com 97 anos, mas pretendo ainda estar por aqui. Que as bênçãos do céu os acompanhem nesse meio tempo é a nossa humilde e sincera oração, em nome de nosso Redentor, sim, do Senhor Jesus Cristo. Amém”.95

Virgínia, a filha do Presidente e da irmã Hinckley, descreveu os quatro anos após a morte da irmã Hinckley como os “anos de arremate” da vida do Presidente Hinckley. Ela refletiu sobre uma oração que ele ofereceu em 20 de janeiro de 2008, uma semana antes de seu falecimento, quando rededicou uma capela em Salt Lake City.

“Nessa oração, de forma muito incomum, ele rogou ao Senhor por ele mesmo, como profeta. Disse com gratidão que, ‘desde a época de Joseph Smith até o presente, Tu tens escolhido e designado um profeta para este povo. Agradecemos-Te e rogamos-Te que o consoles e sustenhas e que o abençoes de acordo com suas necessidades e Teus santos propósitos’.”96

Em 24 de janeiro de 2008, o Presidente Hinckley sentiu-se, pela primeira vez, incapacitado de participar com seus irmãos na sua reunião mensal no templo. No domingo seguinte, 27 de janeiro, o Presidente Monson deu-lhe uma bênção do sacerdócio, auxiliado pelos Presidentes Henry B. Eyring e Boyd K. Packer. Mais tarde naquele dia, o Presidente Gordon B. Hinckley faleceu serenamente em seu lar, rodeado por seus cinco filhos e seus cônjuges.

Poucos dias mais tarde, milhares de pessoas prestaram tributo ao comparecerem à visitação pública em seu velório na Sala dos Profetas no Centro de Conferências. Líderes de outras igrejas, representantes governamentais e empresariais também enviaram condolências, expressando gratidão pelos ensinamentos e pela influência do Presidente Hinckley.

O serviço fúnebre foi realizado no Centro de Conferências e transmitido para as capelas da Igreja em todo o mundo. O Coro do Tabernáculo cantou um novo hino como parte da reunião, intitulado “O Que É Isso Que os Homens Chamam de Morte?” As palavras do hino foram escritas pelo Presidente Hinckley — seu testemunho final de Jesus Cristo para seus amigos que viram nele um profeta.

Chamam-na morte, esse impalpável e silente anoitecer

Que não encerra a vida em treva,

Mas mundos mais belos, luz mais brilhante

Ao seu cair faz nascer.

Ó Deus! Com Tua santa mão

Serena meu peito, minha alma e temor!

Fé, esperança sublime e pura, dá-me forças

Que transcendam toda lágrima e tristeza!

Morte, nada és! Mudança apenas

Que coroa o vencedor

Com a graça do Filho, do Santo de Deus,

Que a todos tem imenso amor.97

Notas

  1. Ver Steve Fidel, “A Temple to Be Built in Ghana” [Um Templo a Ser Construído em Gana], Church News, 21 de fevereiro de 1998, p. 3.

  2. Jeffrey R. Holland, “Emerging with Faith in Africa” [Despontando com Fé na África], mormonnewsroom.co.za/article/emerging-with-faith-in-africa; acessado em 11 de fevereiro de 2015.

  3. Esther Korantemaa Abuyeh, in “Accra Ghana Temple: Commemoration of the Tenth Anniversary” [Templo de Acra Gana: Comemoração do Décimo Aniversário], africawest.LDS.org/accra-ghana-temple-commemoration-of-the-tenth-anniversary; acessado em 11 de fevereiro de 2015.

  4. Adney Y. Komatsu, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith: The Biography of Gordon B. Hinckley [Avante com Fé: Uma Biografia de Gordon B. Hinckley], 1996, p. 288.

  5. Russell M. Nelson, “Capacidade Espiritual”, A Liahona, janeiro de 1998, p. 15.

  6. Jeffrey R. Holland, “Presidente Gordon B. Hinckley: Mostrando Real Valor”, A Liahona, Edição Especial, junho de 1995, p. 2.

  7. Benjamin F. Tibby, Biographical Sketch of Breneman Barr Bitner, Hinckley and Bitner family history collection, Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City; ver também Silas Richards Company schedule and reports, setembro de 1849, Biblioteca de História da Igreja.

  8. Bryant S. Hinckley, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 193. A maior parte das estimativas situam o número de sobreviventes do Mayflower um pouco acima de 49.

  9. Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 24.

  10. Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 25.

  11. Gordon B. Hinckley, “Joseph the Seer” [Joseph, o Vidente], Ensign, maio de 1977, p. 66; citando “Hoje, ao Profeta Louvemos”, Hinos, nº 14.

  12. Ver Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 45.

  13. Teachings of Gordon B. Hinckley, 1997, p. 388.

  14. Gordon B. Hinckley, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, pp. 46–47.

  15. Gordon B. Hinckley, “Deus Não Nos Deu o Espírito de Temor”, A Liahona, fevereiro de 1985, p. 23.

  16. Gordon B. Hinckley, “Cumprir ou Não Cumprir Missão”, A Liahona, julho de 1986, p. 40.

  17. Gordon B. Hinckley, em Jeffrey R. Holland, “Presidente Gordon B. Hinckley: Mostrando Real Valor”, p. 12.

  18. Gordon B. Hinckley, “Não Temas, Crê Somente”, A Liahona, maio de 1996, p. 4.

  19. Gordon B. Hinckley, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 62.

  20. Gordon B. Hinckley, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 64.

  21. Ver Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 64.

  22. Gordon B. Hinckley, em “His Mission to England Was a Life-Changing Experience” [Sua Missão na Inglaterra Foi uma Experiência de Mudar Vidas], Deseret Morning News, 28 de janeiro de 2008, p. 11.

  23. Gordon B. Hinckley, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 75.

  24. Elders’ Labor Record of Liverpool Conference of the British Mission of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, julho de 1933 até fevereiro de 1934; Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City.

  25. Ver Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 69.

  26. Discourses of President Gordon B. Hinckley, Volume 1: 1995–1999, 2005, p. 348.

  27. Discourses of President Gordon B. Hinckley, Volume 1, p. 348.

  28. Heber J. Grant, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 84.

  29. Para detalhes adicionais dessa experiência, ver o capítulo 2 neste livro.

  30. Gordon B. Hinckley, carta para Parley Giles, 7 de dezembro de 1936; Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City.

  31. Gordon B. Hinckley, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, pp. 151–152.

  32. Gordon B. Hinckley, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 104.

  33. Marjorie Pay Hinckley, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 59.

  34. Marjorie Pay Hinckley, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, pp. 114–115.

  35. Marjorie Pay Hinckley, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, pp. 173–174.

  36. Marjorie Pay Hinckley, em Glimpses into the Life and Heart of Marjorie Pay Hinckley [Vislumbres na Vida e no Coração de Marjorie Pay Hinckley], ed. Virginia H. Pearce, 1999, p. 107.

  37. Gordon B. Hinckley, carta para G. Homer Durham, 27 de março de 1939; Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City.

  38. Gordon B. Hinckley, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 126.

  39. Ver Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, pp. 135–136.

  40. Ver Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, pp. 143–144.

  41. David O. McKay, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 176.

  42. Ver Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, pp. 177–181.

  43. Gordon B. Hinckley, Conference Report, abril de 1958, pp. 123–124.

  44. Gordon B. Hinckley, Conference Report, abril de 1958, p. 123.

  45. Kenji Tanaka, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 220.

  46. David O. McKay, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 234.

  47. Gordon B. Hinckley, Conference Report, abril de 1962, p. 71.

  48. Ver Allen E. Litster, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 313.

  49. Allen E. Litster, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 314.

  50. Ver Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 315.

  51. Durante os anos finais de seu serviço como Presidente da Igreja, o Presidente David O. Mckay também chamou conselheiros adicionais na Primeira Presidência para ajudá-lo.

  52. Gordon B. Hinckley, “Certeza: A Essência da Religião”, A Liahona, fevereiro de 1982, p. 8.

  53. Gordon B. Hinckley, “Cinco Milhões de Membros — Um Marco e Não o Ápice”, A Liahona, julho de 1982, p. 79.

  54. Gordon B. Hinckley, “The Loneliness of Leadership” [A Solidão da Liderança], Devocional da Universidade Brigham Young, 4 de novembro de 1969, speeches.byu.edu.

  55. Gordon B. Hinckley, in Francis M. Orquiola, “Temple Dedication Rewards Faith of Filipino Saints” [Dedicação do Templo Recompensa a Fé dos Santos Filipinos], Ensign, novembro de 1984, p. 106.

  56. Gordon B. Hinckley, em “New Mission Presidents Receive Instruction from Church Leaders” [Novos Presidentes de Missão Recebem Instruções dos Líderes da Igreja], Ensign, setembro de 1984, p. 76.

  57. Gordon B. Hinckley, em “Leadership Meetings Focus on Missionary Work, Activation, and Strengthening Members” [Reunião de Liderança Foca na Obra Missionária, na Ativação e no Fortalecimento dos Membros], Ensign, maio de 1985, p. 96.

  58. Ver Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 505.

  59. Marjorie Pay Hinckley, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 505.

  60. Gordon B. Hinckley, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 508.

  61. Gordon B. Hinckley, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 508.

  62. Jeffrey R. Holland, “Presidente Gordon B. Hinckley: Mostrando Real Valor”, p. 2.

  63. Neal A. Maxwell, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 536.

  64. Gordon B. Hinckley, “Lembra-te de Tua Igreja, Ó Senhor”, A Liahona, julho de 1996, p. 86.

  65. Gordon B. Hinckley, “A Igreja Segue em Frente”, A Liahona, julho de 2002, p. 4.

  66. Gordon B. Hinckley, em “President Gordon B. Hinckley Awarded Presidential Medal of Freedom” [O Presidente Hinckley Condecorado com a Medalha Presidencial da Liberdade], mormonnewsroom.org/article/president-gordon-b.-hinckley-awarded-presidential-medal-of-freedom; acessado em 21 setembro de 2015.

  67. Gordon B. Hinckley, “O Perdão”, A Liahona, novembro de 2005, p. 81.

  68. Gordon B. Hinckley, “Esta Gloriosa Manhã de Páscoa”, A Liahona, julho de 1996, p. 69.

  69. Ver “Marcos Históricos na Presidência de Gordon B. Hinckley”, In Memoriam: Presidente Gordon B. Hinckley, 1910–2008, suplemento de A Liahona, abril de 2008, p. 13.

  70. Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, pp. 553–554.

  71. Teachings of Gordon B. Hinckley, p. 298.

  72. Gordon B. Hinckley, em Jeffrey R. Holland, “Mestre, Vindo de Deus”, A Liahona, julho de 1998, p. 28.

  73. Gordon B. Hinckley, “Fundo Perpétuo de Educação”, A Liahona, julho de 2001, p. 61.

  74. Gordon B. Hinckley, “Fundo Perpétuo de Educação”, pp. 61–62.

  75. Gordon B. Hinckley, “Estender a Mão para Erguer Outra Pessoa”, A Liahona, janeiro de 2002, p. 60.

  76. Gordon B. Hinckley, “A Igreja Segue em Frente”, p. 6.

  77. Gordon B. Hinckley, “Enfrentar com Firmeza as Artimanhas do Mundo”, A Liahona, janeiro de 1996, p. 114.

  78. Carta da Primeira Presidência, 11 de fevereiro de 1999, em “Policies, Announcements, and Appointments” [Normas, Anúncios e Agendamentos], Ensign, junho de 1999, p. 80. Para mais informações sobre esse assunto, veja os capítulos 10 e 11.

  79. Gordon B. Hinckley, “Conversos e Rapazes”, A Liahona, julho de 1997, p. 53. Para mais informações sobre esse assunto, veja o capítulo 22.

  80. Jeffrey R. Holland, “Estai em Mim”, A Liahona, maio de 2004, p. 32.

  81. Gordon B. Hinckley, em Sheri L. Dew, Go Forward with Faith, p. 325.

  82. Ensinamentos de Gordon B. Hinckley, p. 527.

  83. Ver Gordon B. Hinckley, “Algumas Considerações a Respeito de Templos, Retenção de Conversos e Serviço Missionário”, A Liahona, janeiro de 1998, p. 61.

  84. Gordon B. Hinckley, “O Quórum da Primeira Presidência”, A Liahona, dezembro de 2005, p. 40.

  85. Gordon B. Hinckley, “Novos Templos Irão Proporcionar as ‘Mais Altas Bênçãos’ do Evangelho”, A Liahona, julho de 1998, p. 99. Para mais informações sobre a inspiração para construir templos menores, veja o capítulo 23.

  86. Gordon B. Hinckley, “Ao Nos Reunirmos”, A Liahona, janeiro de 1996, p. 4.

  87. Gordon B. Hinckley, “Esta Gloriosa Manhã de Páscoa”, p. 68.

  88. Gordon B. Hinckley, “Este Grande Ano Milenar”, A Liahona, janeiro de 2001, p. 82.

  89. “O Cristo Vivo: O Testemunho dos Apóstolos”, A Liahona, abril de 2000, p. 2.

  90. Gordon B. Hinckley, “Meu Testemunho”, A Liahona, julho de 2000, p. 83. Para mais informações sobre esse assunto, veja os capítulos 8 e 24.

  91. Gordon B. Hinckley, “Palavras Finais”, A Liahona, maio de 2004, p. 103.

  92. Gordon B. Hinckley, “As Mulheres de Nossa Vida”, A Liahona, novembro de 2004, p. 83.

  93. Thomas S. Monson, “Deus Vos Guarde até Que Nos Encontremos Novamente”, In Memoriam: Presidente Gordon B. Hinckley, 1910–2008, abril de 2008, p. 30.

  94. Gordon B. Hinckley, “Fé para Remover Montanhas”, A Liahona, novembro de 2006, p. 82.

  95. Gordon B. Hinckley, “Comentários Finais”, A Liahona, novembro de 2007, p. 108.

  96. Virginia H. Pearce, “O Tributo de uma Filha”, In Memoriam: Presidente Gordon B. Hinckley, 1910–2008, abril de 2008, p. 17.

  97. Gordon B. Hinckley, “O Que É Isso Que os Homens Chamam de Morte?”, In Memoriam: Presidente Gordon B. Hinckley, 1910–2008, p. 32.