Capítulo 12: O Propósito Divino do Casamento

"Capítulo 12: O Propósito Divino do Casamento," Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Harold B. Lee, (2001)


Introdução

OPresidente Harold B. Lee ensinou a grande importância do casamento no templo e do fato de o marido e a mulher trabalharem em conjunto no decorrer de sua vida a fim de fortalecerem seu casamento:

“O casamento é uma parceria. Alguém observou, fazendo menção ao relato bíblico da criação, que a mulher não foi formada a partir da cabeça do homem, para que não o dominasse, nem de seus pés, para não ser pisada por ele. A mulher saiu do lado do homem, como que para realçar o fato de que ela sempre deveria estar ao lado dele como adjutora e companheira. No altar do casamento, marido e mulher prometem um ao outro que a partir desse dia estarão sempre unidos, carregando juntos todos os fardos. O Apóstolo Paulo, em referência ao casamento, aconselhou: ‘Não vos prendais a um jugo desigual’. (II Coríntios 6:14) Embora estivesse tratando mais especificamente da igual- dade de interesses religiosos e desejos espirituais, podemos encontrar outras aplicações para essa metáfora de Paulo. Se numa junta de bois arando a terra um dos dois animais fraquejar ou ficar preguiçoso, egoísta ou teimoso, a carga se perderá, causando prejuízos. Por motivos semelhantes, alguns casamentos fracassam porque uma das partes—ou ambas—deixam de cuidar de suas responsabilidades uma para com a outra. (…)

No entanto, ainda mais importante do que estar num ‘jugo igual’ em questões materiais é que vocês estejam num jugo comum no campo espiritual. (…) Não há dúvidas de que qualquer família estabelecida com o objetivo de perdurar pela eternidade e na qual os filhos sejam considerados ‘herança do Senhor’ [ver Salmos 127:3] tem, em virtude da santidade conferida ao lar e à família, muito mais chances de subsistir.” 1

Ensinamentos de Harold B. Lee

Por que o casamento eterno é essencial para nossa exaltação?

Vejamos o primeiro casamento realizado após a criação da Terra. Adão, o primeiro homem, já havia sido criado, bem como os animais, aves e demais seres vivos existentes no mundo. Então, lemos o seguinte: “E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele”. Depois de formar Eva, o Senhor “trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”. (Gênesis 2:18, 22–24) (…) Ao concluir esse casamento, o Senhor ordenou-lhes: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a”. (Gênesis 1:28)

Vemos assim um casamento realizado pelo Senhor entre dois seres imortais, pois até a entrada do pecado no mundo o corpo deles não estava sujeito à morte. Ele tornou a ambos um só, e não apenas para o tempo, ou um período definido; eles estariam unidos por toda a eternidade. (…) A morte para eles não constituiria o divórcio, mas somente uma separação temporária. A ressurreição para a imortalidade significava para eles uma reunião e um elo eterno que jamais voltaria a romper-se. “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo”. (I Coríntios 15:22)

Se tivermos acompanhado bem a explicação sobre o primeiro casamento, estaremos preparados para compreender a seguinte revelação concedida à Igreja em nossa geração:

“Se um homem se casar com uma mulher pela minha palavra, que é a minha lei, e pelo novo e eterno convênio e for selado pelo Santo Espírito da promessa por aquele que foi ungido, a quem conferi esse poder e as chaves desse sacerdócio (….), serlhes-á feito de acordo com todas as coisas que meu servo disse, nesta vida e por toda a eternidade; e estará em pleno vigor quando estiverem fora do mundo; e passarão pelos anjos e pelos deuses ali colocados, rumo a sua exaltação e glória em todas as coisas, conforme selado sobre sua cabeça.” (Doutrina e Convênios 132:19) (…)

O casamento para o tempo e a eternidade é o caminho estreito e apertado (mencionado nas escrituras) “que leva à exaltação e à continuação das vidas, e poucos há que o encontram”, mas “larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz às mortes; e muitos há que entram por ela”. (Doutrina e Convênios 132:22,25) Se Satanás e suas hostes conseguirem persuadi-los a seguir o caminho largo do casamento do mundo, que termina com a morte, ele os terá feito perder a oportunidade de alcançar o mais alto grau de felicidade eterna por meio do casamento e da progênie eterna. Agora deve estar claro em sua mente por que o Senhor declarou que, a fim de chegar ao mais elevado grau da glória celestial, é preciso entrar no novo e eterno convênio do casamento. Do contrário, não é possível alcançá-lo. (Doutrina e Convênios 131:1–3.) 2

Aqueles que se empenharem para ser dignos e entrarem no novo e eterno convênio do casamento no templo para o tempo e a eternidade estarão estabelecendo as bases para um lar e família eternos no reino celestial, que durarão para sempre. A recompensa deles é “[ter] um acréscimo de glória sobre sua cabeça para todo o sempre”. (Ver Abraão 3:26.) 3

O que o marido e a mulher podem fazer para fortalecer seu casamento no templo no decorrer da vida?

Se [os jovens] assumirem o compromisso, desde o momento em que se casarem, de que desde o início farão tudo a seu alcance para agradar um ao outro nas coisas que são certas, mesmo que tenham de sacrificar seus próprios interesses, apetites e desejos, o problema da adaptação na vida conjugal se resolverá por si mesmo, e seu lar será de fato um lar feliz. O grande amor está alicerçado em grandes sacrifícios, e o lar onde o princípio do sacrifício pelo bem-estar mútuo é exemplificado diariamente é um lar onde existe um grande amor. 4 Alegrias ainda maiores os aguardam, bem como preocupações muito maiores do que vocês já conheceram; afinal, lembrem que o grande amor está alicerçado em grandes sacrifícios e que a determinação diária para agradar um ao outro nas coisas certas estabelecerá bases seguras para um lar feliz. Essa preocupação com o bem-estar um do outro deve existir em ambas as partes, em vez de ser egoísta e unilateral. O marido e a mulher devem sentir que têm responsabilidades e obrigações iguais a ensinar um ao outro. Duas das coisas que ameaçam a segurança dos lares modernos é que muitos jovens maridos nunca sentiram a obrigação plena de sustentar uma família, e muitas jovens esposas estão negligenciando sua responsabilidade de dedicar-se seriamente à criação dos filhos e ao cuidado do lar. 5

O casamento traz o maior grau de felicidade, mas ao mesmo tempo as responsabilidades mais pesadas que podem ser conferidas aos homens e mulheres aqui na mortalidade. Os impulsos divinos existentes dentro de todos os homens e mulheres que estimulam a proximidade com o sexo oposto foram concebidos por nosso Criador como ímpetos divinos com um propósito divino—não para serem satisfeitos como uma mera necessidade biológica ou um desejo carnal a ser extravasado em contatos promíscuos, mas a serem reservados como expressão do amor verdadeiro nos laços do santo matrimônio. 6

Eu já disse muitas vezes aos jovens casais no altar do casamento: nunca permitam que as tenras intimidades de sua vida conjugal extrapolem os limites estipulados pelo Senhor. Tornem seus pensamentos radiantes como a luz do sol. Que suas palavras sejam salutares e que seu convívio seja inspirador e edificante, caso vocês desejem manter vivo o clima de romance no decorrer do casamento. 7

Às vezes, ao viajarmos pela Igreja, alguns casais nos procuram e perguntam se, uma vez que consideram haver uma incompatibilidade entre eles no casamento, um casamento no templo, acaso não seria melhor que se separassem e depois buscassem companheiros com mais afinidades. A todas essas pessoas, nós dizemos que sempre que um casal casado no templo diz que está cansando-se um do outro, é uma evidência de que um dos cônjuges (ou ambos) não está sendo fiel a seus convênios do templo. Todos os casais casados no templo que forem fiéis a seus convênios ficarão cada vez mais próximos, e o amor será ainda mais profundo em suas bodas de ouro do que no dia do selamento na casa do Senhor. Nem tenha dúvida disso. 8

Àqueles que chegarem ao altar do casamento com amor no coração, podemos garantir que, caso sejam fiéis aos convênios feitos no templo, cinqüenta anos depois de seu casamento eles poderão dizer um ao outro: “Nós não devíamos saber o que era o verdadeiro amor quando nos casamos, porque nos amamos muito mais hoje”! E isso acontecerá se eles seguirem os conselhos dos líderes e obedecerem às santas instruções concedidas na cerimônia do templo. Passarão a amar ainda mais, com uma perfeição tal que chegará à plenitude do amor na presença do próprio Senhor. 9

Os pequenos defeitos e falhas e a superficialidade da mera atração física nada são se comparados com a genuinidade do bom caráter que perdura e se torna ainda mais belo com o passar dos anos. Vocês também poderão viver em estado de graça num lar feliz mesmo muito depois do fim do viço da juventude, caso tentem encontrar um no outro um diamante precioso que só precisa ser lapidado pelos sucessos e fracassos, adversidades e alegrias para que brilhe e reluza mesmo na noite mais escura. 10

Quais são os conselhos dados àqueles que não têm no momento um casamento eterno?

Alguns de vocês não são casados. Alguns perderam a esposa ou o marido e outros ainda não encontraram um companheiro. Nessa mesma situação estão alguns dos membros mais nobres da Igreja—membros fiéis e valentes que estão empenhados em guardar os mandamentos do Senhor, ajudar a estabelecer o reino de Deus na Terra e servir ao próximo.

A vida reserva-lhes muito de bom. Enfrentem suas dificuldades com força e determinação. Existem inúmeras maneiras de alcançar realização, como servir as pessoas que lhes são caras e desempenhar bem as tarefas que lhes forem confiadas no trabalho ou no lar. A Igreja oferece diversas oportunidades para vocês ajudarem as pessoas—começando com vocês mesmos—a encontrarem a alegria da vida eterna.

Não permitam que a autocomiseração ou o desespero os afastem do caminho que vocês sabem ser correto. Voltem seus pensamentos para o auxílio ao próximo. As seguintes palavras do Mestre têm um significado especial para vocês: “Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á”. (Mateus 10:39) 11

O Senhor julga-nos não só por nossos atos, mas também pelas intenções de nosso coração. (…) Assim, [as mulheres] a quem tiverem sido negadas as bênçãos da vida conjugal e da mater- nidade nesta vida e que disserem no coração: ‘se eu pudesse, o teria feito; ou eu daria se tivesse, mas não posso porque não tenho’ o Senhor as abençoará como se tivessem alcançado tais bênçãos. O mundo vindouro recompensará aqueles que desejarem no coração as bênçãos justas que não puderam desfrutar por motivos alheios a sua vontade. 12

Muitas esposas desejariam que seu marido estivesse ativo na Igreja, firme e sem amargura no coração, e estão confusas quanto ao que fazer para que um dia (…) estejam a seu lado no templo de nosso Deus. E muitos maridos gostariam também de ter a esposa a seu lado. Prometemos-lhes que se vocês forem fiéis e confiantes, amarem seu marido e sua esposa, orarem constantemente à noite e pela manhã, dia e noite, vocês receberão um poder como membros da Igreja por meio do poder do Espírito Santo, algo que os membros batizados e fiéis têm o direito de desfrutar. Esse poder, exercido da forma correta, pode proporcionar-lhes a capacidade de desfazer a oposição do cônjuge e aproximá-lo da fé. 13

Alguns de vocês podem decidir casar-se fora da Igreja na esperança secreta de converter o cônjuge para suas crenças religiosas. Suas chances de felicidade serão muito maiores se a conversão se der antes do casamento. 14

O que podemos fazer para ajudar os jovens a compreenderem as bênçãos do casamento no templo e a prepararem-se para isso?

O sucesso do lar santo dos últimos dias reside, obviamente, na maneira como o casamento foi celebrado. Naturalmente, o casamento apenas para esta vida se preocupará sobretudo com este mundo. O casamento para a eternidade terá uma perspectiva e alicerce diferentes. (…) (…) É claro que percebemos que o simples fato de irmos ao templo sem a devida preparação não trará as bênçãos que buscamos. O casamento eterno depende da maturidade e comprometimento que—com a investidura e as ordenanças—podem abrir as portas do céu para que muitas bênçãos fluam para nós.

(…) O casamento no templo é muito mais do que uma união realizada num lugar específico. Envolve toda uma orientação para a vida, o casamento e o lar. É o ponto culminante de atitudes construtivas em relação à Igreja, à castidade e a nosso relacionamento pessoal com Deus, além de inúmeras outras coisas. Assim, não basta simplesmente pregar o casamento no templo. Nossas noites familiares e aulas do seminário, instituto e auxiliares devem contribuir para essa meta—e não só pela exortação, mas pela demonstração de que as crenças e atitudes vinculadas ao casamento do templo são as que podem proporcionar o tipo de vida aqui e na eternidade que a maioria dos humanos real- mente deseja para si mesmos. De maneira adequada, podemos mostrar a diferença “entre o santo e o profano” [ver Ezequiel 44:23] para que os fortes instintos naturais da maternidade sejam decisivos na jovem que estiver vacilando entre esses impulsos sagrados e a busca do prazer. Com verdadeiro discernimento e um planejamento didático eficaz, podemos mostrar aos rapazes que os caminhos do mundo—por maior fascínio que exerçam e por mais espertos que pareçam os “casanovas”—só trazem infortúnio; são sendas que acabarão por frustrar seus anseios mais íntimos—os de ter um lar e família e gozar as alegrias da paternidade. 15

Embora nem todos os problemas da vida sejam resolvidos pelo casamento no templo, certamente todas as pessoas que nele ingressarem dignamente terão nele um refúgio, um porto seguro e uma âncora para a alma quando as tormentas da vida se abaterem com toda a sua fúria. (…)

Tive a maravilhosa experiência de, por quase vinte anos, hospedar-me a cada fim de semana em alguns dos lares mais bem-sucedidos da Igreja. Por outro lado, quase semanalmente tenho contato com alguns lares infelizes. Por meio dessas experiências, cheguei a algumas conclusões definitivas: primeiro, os lares mais felizes são aqueles cujos pais se casaram no templo; segundo, o casamento no templo tem mais êxito quando o marido e a mulher realizaram as ordenanças sagradas do templo em estado de pureza e dignidade em corpo, mente e coração; terceiro, o casamento no templo é mais sagrado quando ambos os cônjuges foram instruídos adequadamente no tocante ao propósito da santa investidura e as obrigações subseqüentes como marido e mulher segundo as orientações recebidas no templo; quarto, os pais que houverem recebido os convênios do templo de maneira leviana não devem, por causa de seu mau exemplo, esperar muito dos filhos.

Em nossa época, os modismos, as ilusões, as vaidades e a sofisticação do mundo distorceram em muito os conceitos sagrados do lar e do matrimônio e a própria cerimônia do casamento. Abençoada é a sábia mãe que cria na mente da filha uma cena sagrada numa bela e celestial sala de selamento onde, longe de todas as coisas do mundo e na presença dos pais e familiares e amigos íntimos, uma bela noiva e um noivo dão-se as mãos num altar sagrado. Agradeçamos a Deus pela mãe que mostra a sua filha que aqui, o local da Terra mais próximo do céu, o coração entra em comunhão com coração, num amor recíproco que inicia uma unidade que desafia a fúria das dificuldades, das tristezas ou decepções e proporciona o maior estímulo para as mais sublimes realizações da vida! 16

Que Deus permita que os lares da Igreja sejam abençoados e que recebam felicidade aqui e o alicerce da exaltação no reino celestial no mundo vindouro. 17

Sugestões para Estudo e Discussão

  • O que os casais podem fazer para manter seus convênios do casamento eterno como uma elevada prioridade em sua vida diária? De que forma o fato de estarem casados para a eternidade deve afetar a maneira como os cônjuges tratam um ao outro e seus filhos?

  • Como podemos ensinar a importância do casamento eterno a nossos filhos?

  • Por que o “grande amor está alicerçado em grandes sacrifícios”? Como o altruísmo fortalece o casamento?

  • O que podem fazer para fortalecer o casamento aqueles cujo cônjuge não está ativo na Igreja? Como aqueles que não estejam casados no momento podem encher sua vida de expressões de amor divino e sacrifício?

  • Em sua opinião, o que significa dividir “um jugo igual” no casamento?

  • Como os cônjuges podem passar a amar “com uma perfeição tal que [chegue] à plenitude do amor na presença do próprio Senhor”?

Exibir Referências

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    1.  Decisions for Successful Living (1973), pp.174–175.

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    2.  Decisions for Successful Living, pp. 125–127; alterações na disposição dos parágrafos.

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    3.  The Teachings of Harold B. Lee, ed. por Clyde J. Williams (1996), p. 169.

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    4.  The Teachings of Harold B. Lee, pp. 239–240.

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    5.  Ye Are the Light of the World (1974),p. 339.

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    6.  The Teachings of Harold B. Lee, p. 236.

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    7.  The Teachings of Harold B. Lee, p. 254.

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    8.  The Teachings of Harold B. Lee, p. 249.

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    9.  The Teachings of Harold B. Lee, p. 243.

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    10.  Decisions for Successful Living, pp. 177–178.

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    11.  Decisions for Successful Living, p. 249.

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    12.  Ye Are the Light of the World, pp. 291–292.

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    13. Discurso proferido na conferência da Estaca Virginia, 30 de junho de 1957. Arquivos do Departamento Histórico, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

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    14.  Decisions for Successful Living, p. 129.

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    15. “Special Challenges Facing the Church in Our Time”, seminário de representantes regionais, 3 de outubro de 1968, pp. 13–14.

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    16. “My Daughter Prepares for Marriage”, Relief Society Magazine, junho de 1955, pp. 349–351.

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    17. Relatório da Conferência Geral de outubro de 1948, p. 56.