Capítulo 1: Eu Sei que o Meu Redentor Vive

"Capítulo 1: Eu Sei que o Meu Redentor Vive," Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph F. Smith, (1998)


Da Vida de Joseph F. Smith

Por mais de meio século, o Presidente Joseph F. Smith serviu como testemunha especial do Salvador, como Apóstolo, Conselheiro na Primeira Presidência e Presidente da Igreja. Seu testemunho, proclamado dos púlpitos de sua terra natal e em terras distantes, nos conselhos da Igreja e no seio de sua própria família, evidenciava um coração e uma alma dedicados a Jesus Cristo e a Seu glorioso evangelho. Suas palavras eram eloqüentes; sua mensagem, clara: “Quero dizer, como servo de Deus, independentemente do testemunho de todos os homens e de todos os livros que já foram escritos, que recebi o testemunho do Espírito em meu próprio coração, e testifico perante Deus, anjos e homens, sem medo das conseqüências, que sei que meu Redentor vive e que O verei face a face e estarei com Ele, em meu corpo ressurreto, nesta Terra, se eu for fiel, pois Deus revelou essas coisas para mim. Recebi esse testemunho, presto meu testemunho, e meu testemunho é verdadeiro”. 1

Quando sua vida chegou ao fim, uma cerimônia fúnebre especial foi realizada à beira da sepultura, no cemitério de Salt Lake City, na qual os membros do Coro do Tabernáculo cantaram em sua homenagem um de seus hinos favoritos “Eu Sei que Vive Meu Senhor”.

Essa frase era para ele a essência de sua fé e o enfoque principal de sua mensagem profética:“Eu sei que meu Redentor vive. Sinto isso com todas as fibras de meu ser.Tenho tanta certeza disso quanto de minha própria existência. A certeza que tenho de meu próprio ser não é maior do que a de que meu Redentor vive”. 2 O seguinte testemunho foi tirado de um discurso do Presidente Smith proferido em uma conferência da Estaca Weber, no dia 18 de outubro de 1896. 3

Ensinamentos de Joseph F. Smith

A vida e os ensinamentos do Salvador são prova de Sua divindade.

Todos conhecemos a história de nosso Salvador, conforme está registrada no Novo Testamento. Sabemos que Ele nasceu de uma virgem; que cresceu entre seus irmãos até tornar-Se um homem; que fez coisas maravilhosas, mesmo em Sua infância, pelo poder de Sua unção e missão; que ensinou aos doutores da lei, na sinagoga e no templo; e que confundiu aos que procuraram fazer Dele culpado por uma palavra.Todos sabemos do poder que Ele manifestou ao curar os enfermos, restaurar a visão ao cego e a audição ao surdo, curar o leproso e fazer o coxo saltar de alegria.

Todos conhecemos as doutrinas que Ele ensinou; e sempre me pareceu não haver necessidade de mais provas da divindade de Jesus Cristo, além da doutrina que Ele ensinou de que os homens devem amar aqueles que os desprezam e os perseguem,e que devem pagar o mal com o bem. Até a Sua época, a doutrina ensinada no mundo era: “Olho por olho, e dente por dente”. [Mateus 5:38] Essa era a filosofia da época. Mas Jesus ensinou exatamente o contrário. Ele admoestou Seus discípulos a não retribuírem o mal com o mal, mas que deveriam pagar o mal com o bem.“Se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra.” [Mateus 5:39] Essa doutrina era nova para o mundo. É uma doutrina que não condizia com a natureza decaída do homem. (…) Não vem, portanto, do homem. Os homens não poderiam ensinar uma doutrina como essa e cumpri-la em sua vida, sem a inspiração e o poder do alto.

“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;

Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.” [Mateus 5:3–6]

Leiam o Sermão da Montanha [ver Mateus 5–7] e depois perguntem a si mesmos se não está acima e além de tudo o que foi ensinado pelo homem. Isso confirma minha crença de que Jesus não era simplesmente um homem, mas, sim, Deus manifestado na carne. Essa é a doutrina da vida eterna.Todo homem que viver essa doutrina jamais morrerá; por meio dela, caminhará por sendas agradáveis e, se viver de acordo com seus preceitos, conhecerá a verdade, e a verdade o libertará.

Chegou então o dia de Sua provação, quando um dos que Ele havia escolhido para ser Seu Apóstolo e testemunha tornou-se um traidor e entregou o Senhor a Seus inimigos. Eles vieram com espadas e paus para capturar o homem da paz, o homem que proibia a violência, que jamais tinha erguido a voz ou a mão contra inocentes ou justos, ou melhor dizendo, contra homem algum, mas, sim contra suas práticas iníquas e seus atos maldosos. Levaram-No como prisioneiro e fizeram-No submeter-Se a um julgamento de mentira, procurando motivo para condená-Lo à morte.

Em certa ocasião, quando estava ensinando esses princípios justos ao povo e testificando que era o Filho de Deus, eles pegaram pedras para apedrejá-Lo. Jesus disse: “Tenho-vos mostrado muitas obras boas procedentes de meu Pai; por qual destas obras me apedrejais?” [João 10:32] Ele não tinha feito nada de errado entre eles; tudo o que fizera tinha sido bom; mesmo assim, procuraram matá-Lo. Quando Pedro, enraivecido, puxou da espada e cortou a orelha do servo do sumo sacerdote, Jesus o repreendeu e disse:“Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão”. [Mateus 26:52] Durante Sua provação, quando estava sendo humilhado, açoitado, coroado de espinhos e injuriado, não revidou, mas submeteu-Se mansamente à provação e sofreu tudo quanto Deus permitiu que os iníquos Lhe infligissem.

Ele foi colocado em situações nas quais a doutrina que havia ensinado poderiam ser colocadas à prova, e em todos os momentos provou que Seus ensinamentos eram genuínos. Mesmo durante Sua agonia na cruz, Ele clamou:“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. [Lucas 23:34] Pergunto, isso é verdade? Se for verdade, então eu digo que nenhum homem poderia proferir tais palavras numa situação como aquela. Para isso seria necessário o poder e o espírito,o amor,a misericórdia,a caridade e o perdão do próprio Deus. Presto-lhes meu testemunho de que um ser que foi capaz de pedir a Deus que perdoasse aos homens que Lhe haviam infligido tamanha crueldade imerecida não podia ser outro a não ser Deus. Se não existisse nenhuma outra prova da missão divina de Jesus Cristo além dessa, só isso me convenceria de que Jesus foi o Redentor do mundo. Ele ensinou e exemplificou por meio de Sua vida os próprios princípios que irão redimir o mundo. (…)

Jesus ofereceu a própria vida em sacrifício para cumprir o plano de salvação.

Jesus (…) foi crucificado. Seu corpo foi tirado da cruz por amigos, que O lavaram e O envolveram num lençol limpo, colocando-O em um sepulcro novo onde ninguém ainda havia sido posto. Antes disso,porém,Jesus tinha ensinado a Seus discípulos que o Filho do Homem seria morto. Ele disse claramente:“Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la”. [João 10:17-18] Ele veio para cumprir o que os profetas haviam predito: que assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. [Ver I Coríntios 15:22.] (…) Se o pecado entrou no mundo pela transgressão de um homem, e as conseqüências dessa transgressão foram impostas a todos os homens sem que nada tivessem feito para merecê-las, não seria justo e coerente que a humanidade fosse liberada dessas conseqüências por um ato realizado por um único homem? Esse era o plano que havia sido instituído no princípio, e trata-se de um plano mais do que justo. Jesus ofereceu a vida em sacrifício para cumpri-lo. Ele foi morto por homens iníquos, que O acusaram injustamente e que fecharam os olhos e o coração contra os princípios verdadeiros que Ele ensinava.

Depois de ter sido sepultado, lemos nas escrituras que no primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro, mas encontrou a pedra removida, e Seu corpo havia desaparecido. Ela olhou para dentro do sepulcro e viu dois anjos vestidos de branco,“um à cabeceira e o outro aos pés” [João 20:12], e eles disseram:

“Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.

E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus.

Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dizeme onde o puseste, e eu o levarei.

Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni (que quer dizer, Mestre).

Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. [João 20:13–17]

Maria então foi-se e contou aos discípulos que tinha visto o Senhor, e Ele apareceu a eles também.

Pensem nesse momento. Eis um fato histórico relatado de que Maria foi ao sepulcro, viu dois anjos e depois viu o próprio Salvador ressuscitado. Ela recebeu o testemunho de mensageiros celestiais, confirmado pelo próprio Filho de Deus, de que o Redentor ressuscitara. Suas palavras chegaram até nós como testemunho. Vocês irão questioná-las? Duvidarão do testemunho delas? (…) Mais tarde, Ele encontrou-Se com dois discípulos que viajavam para Emaús e seguiu com eles;“mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem”. [Lucas 24:16] Jesus perguntou-lhes por que estavam tão tristes, e eles responderam:“És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias?” [Lucas 24:18] Pouco a pouco, seus olhos foram abertos, e eles O reconheceram.

Depois disso, Ele apareceu a Seus discípulos. Um dos discípulos ouviu falar que Jesus tinha ressuscitado, mas recusou-se a acreditar a menos que O visse e colocasse as mãos em Seu lado e os dedos nas marcas dos cravos em Suas mãos. Como a humanidade atual se parece com Tomé! Ele apareceu novamente aos discípulos, e Tomé estava com eles.

“Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente.

E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!

Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram”. [João 20:27–29]

Pelo poder do Espírito Santo podemos saber que nosso Redentor vive.

Jesus ministrou a Seus discípulos depois de ressuscitar e confirmou o entendimento que eles tinham de que não haviam sido enganados, mas que Ele era realmente o Filho de Deus e havia ressuscitado da morte para a imortalidade e a vida eterna. Eles viram não com os olhos naturais. Podemos ver muitas coisas grandiosas com nossa visão física, mas podemos ser enganados. Podemos ouvir com nossos ouvidos, mas eles podem ser enganados. Nossos sentidos naturais são passíveis de erro. (…) Mas quero dizer-lhes que quando o Todo-Poderoso Se revela ao homem, Ele o faz pelo poder do Espírito Santo, e não pelos olhos ou ouvidos naturais. Ele fala ao homem como se falasse a ele independentemente de seu corpo; Ele fala a seu espírito. Por isso, o Deus Todo-Poderoso fala a vocês e presta testemunho de Sua verdade pelo poder do Espírito Santo, (…) e vocês saberão tanto quanto Deus sabe. Não será algo em que apenas acreditarão; algo que lhes foi comunicado por meio dos sentidos naturais, que podem errar ou ser enganados; mas Deus falará a seu coração, sua alma viva, ao ser eterno do homem, que tal como Deus, é indestrutível e eterno.

Foi dessa maneira que Jesus abriu os olhos e o entendimento espirituais de Seus discípulos após Sua ressurreição, para que soubessem que era o Senhor e o Cristo. Eles sabiam que Ele havia ressuscitado dos mortos. Sabiam que era o Filho do Deus vivo, porque Deus lhes revelara essas coisas. Portanto, podiam dizer como o poeta:

“Do mundo é o Redentor.

Eu sei que vive meu Senhor”. (“Eu Sei que Vive Meu Senhor”, Hinos, nº 70)

(…) Quem pode expressar a alegria e satisfação que vêm à alma do homem que recebe esse testemunho do Deus Todo-Poderoso? Nenhum homem pode fazê-lo. Não sou capaz de contarlhes. Não há palavras com que o homem possa expressá-lo. Somente pode ser sentido. Só pode ser compreendido pela parte imortal do homem.Uma alegria inexprimível sente o homem que recebeu esse testemunho do Espírito Santo. (…)

O Santo Espírito de Deus falou-me, não por meio dos ouvidos nem dos olhos, mas a meu espírito, à minha parte eterna e viva, e revelou-me que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo.Testificolhes que sei que meu Redentor vive. Além disso, sei que O verei nesta Terra, e que O verei como Ele é (…) pois Ele voltará a esta Terra; não como veio antes, mas em poder e grande glória, para vingar-Se dos ímpios e dos iníquos que não dão ouvidos à voz do Espírito, mas que endurecem o coração contra a verdade e fecham o entendimento contra o testemunho dos servos de Deus. Eles serão julgados, não pelos ouvidos que ouvem nem pelos olhos que vêem, mas com justiça serão julgados e condenados porque a luz veio ao mundo e eles amaram mais as trevas do que a luz. (…) O Senhor revelou-me essas coisas. Ele encheu todo o meu espírito com esse testemunho, até não haver lugar para dúvidas. (…)

Temos o testemunho dos discípulos de Cristo no continente asiático e o testemunho dos discípulos de Jesus no continente americano, testificando a respeito das mesmas verdades.Temos o livro de Doutrina e Convênios, que contém as revelações e testemunhos de Deus a Seus servos e santos dos dias em que vivemos, o terceiro testemunho dessas coisas. Além de tudo isso, (…) temos o testemunho do Santo Espírito em nosso coração, que não pode ser negado; pois aquele que recebe esse testemunho por inspiração do Espírito Santo não pode ser enganado. O Espírito de Deus não presta testemunho de algo que não seja verdadeiro. Portanto, se vocês receberam o testemunho do Santo Espírito em seu coração, sabem que seu Redentor vive.(…)

(…) Presto-lhes meu testemunho de que o Redentor vive. Que esse testemunho encontre lugar em seu coração. (…) Se amarmos uns aos outros e fizermos o bem uns aos outros, levaremos adiante os preceitos do evangelho do Filho de Deus, a doutrina de Cristo, que se destina a redimir e exaltar o mundo e levar a humanidade de volta à presença de Deus. Oro para que tenhamos o privilégio de receber e desfrutar todas essas coisas.

Sugestões para Estudo

  • Que acontecimentos ou ensinamentos da vida do Salvador o ajudaram a receber um testemunho de que Ele é o Filho de Deus?

  • Como Jesus Cristo pagou o mal com o bem quando foi perseguido? Que bênçãos você recebeu por seguir Seu ensinamento de pagar o mal com o bem? Como podemos seguir mais eficazmente essa doutrina? (Ver também Mateus 5:38–47.)

  • Como podemos colocar em prática o conselho de “plantar a palavra em [nosso] coração e assim testar sua excelência” (Alma 34:4) em relação às passagens do Sermão da Montanha citadas pelo Presidente Smith? (Ver Mateus 5:3–6.)

  • De que modo a mansidão pode ser a nossa força? Por que muitas pessoas no mundo consideram tão difícil desenvolver a mansidão?

  • De que modo as palavras finais do Salvador na cruz expressam “amor, misericórdia, caridade e perdão”? Como podemos seguir Seu exemplo ao enfrentarmos nossas próprias provações e tribulações?

  • De que modo seu testemunho é fortalecido pelo testemunho de Maria Madalena a respeito do Redentor ressuscitado? (Ver João 20:11–18.)

  • De que modo Tomé se parece muito com os homens de hoje? Que bênçãos recebemos por termos acreditado sem ter visto? (João 20:29)

  • O que você aprendeu ao ler o testemunho do Presidente Smith a respeito do Salvador?

  • Como você se sente em relação ao testemunho do Presidente Smith a respeito do Salvador? Como esse testemunho pode ajudá-lo a fortalecer seu próprio testemunho de Jesus Cristo, o Filho de Deus?

Exibir Referências

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    1.  Gospel Doctrine, 5ª ed. (1939), p. 447.

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    2.  Gospel Doctrine, p. 69.

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    3.  Deseret News: Semi-Weekly, 17 de novembro de 1896, p. 1.