2018
Apoiar e Servir Uns aos Outros
Setembro de 2018


Mensagem do Setenta de Área

Apoiar e Servir Uns aos Outros

“O Salvador nos designou como embaixadores para salvar Seus filhos. Ele não está aqui para fazer isso e portanto, a responsabilidade de resgatar recai sobre nós.”

Muitos anos atrás, Walton, meu filho adolescente e eu fomos designados como mestres familiares da família Brown (nome real alterado). O irmão Brown ficou descontente com a Igreja e deu as costas ao evangelho. Sua esposa, duas filhas adolescentes e um filho jovem permaneceram ativos. Oramos profundamente para buscar inspiração em como poderíamos ajudar essa família. Antes de perder o seu caminho, o irmão Brown era um irmão muito fiel que ocupou chamados proeminentes na Igreja. Quando servi no bispado, ele era o secretário executivo — e sempre desempenhava suas funções com diligência.

As primeiras visitas foram um pouco estranhas, pois ele nos fazia “perguntas estranhas sobre o evangelho”. A boa parte é que ele permitiu que entrássemos em sua casa. Nós não o pressionamos a voltar, apenas perseveramos enquanto ministrávamos com amor. Ele sabia que éramos genuínos e profundamente interessados nele e em sua família. Nós, finalmente nos tornamos bons amigos e ele ficava ansioso por nossas visitas. Sua esposa e filhos não hesitaram em nos ligar quando precisaram de ajuda — seja transporte ou para dar bênçãos de sacerdócio. Nós prontamente nos disponibilizamos o tempo todo. Nós nos tornamos como família e ficamos felizes em servir. O irmão Brown não respondeu imediatamente, mas continuamos a ministrar — confiando no tempo do Senhor. Oramos e jejuamos muitas vezes, pedindo ao Senhor que abrandasse seu coração e buscasse orientação sobre como poderíamos abençoar, fortalecer, encorajar e inspirar a família.

Depois de vários anos, os milagres foram desvendados quando ele começou a levar seu filho para as atividades da Igreja. Foi ótimo ver como ele se aproximou de seu filho durante este processo. Então, lentamente, mas com certeza, ele começou a frequentar a Igreja novamente. Foi bom testemunhar, já que muitos haviam desistido dele. A família ficou emocionada. Nós, como mestres familiares, sentíamos que nossas visitas haviam eventualmente aberto a porta para seu retorno. Hoje ele é um membro ativo, novamente. Talvez mais importante, ele é oficiante no templo, todas as sextas-feiras por cinco horas. Ele, sem falta, assiste as duas sessões de investidura e depois serve como um oficiante do véu.

Há alguns anos, acompanhei o Élder Carl B. Cook para dividir a Estaca de Pretória. Depois da conferência, o irmão Brown me chamou para ir até ele; nós nos abraçamos pelo que pareceu uma eternidade, então entre soluços ele pronunciou as palavras; “É por sua causa que estou aqui hoje para testemunhar isso e participar dos frutos do evangelho. É por causa de si; obrigado, obrigado.” Eu chorei com ele e humildemente respondi: “Não é por minha causa. Meu filho e eu éramos apenas instrumentos nas mãos do Pai Celestial.” Foi um momento inesquecível em que ambos sentimos fortemente o Seu Espírito.

Walton e eu éramos amigos genuínos para ele e sua família. Estávamos ansiosamente envolvidos — nosso propósito não era apenas cumprir uma designação, era um chamado sagrado, no qual visitávamos no mínimo uma vez por mês, atendendo às necessidades da família. O Presidente Ezra Taft Benson (1899–1994) disse: “Um amigo se importa. Um amigo ama. Um amigo ouve e um amigo se aproxima.”1 Tentamos ser todos os itens acima e, como resultado, os membros da família nos chamavam de “mestres familiares” em vez de nossos nomes reais. Até hoje, sempre que encontramos alguém da família, a saudação é sempre: “Aló, meu mestre familiar!”

Quando o Fariseu, mestre da lei perguntou: “Mestre, qual é o grande mandamento na lei?” O Salvador respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.

Este é o primeiro e grande mandamento.

E o segundo é semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:36–39).

Ele também fez o pronunciamento profundo em João 13:34–35: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros como eu vos ameis a vós, que também vós uns a outros vos ameis.

Nisto todos conhecerão que sois meus discíplulos, se vos amardes uns aos outros”.

Enquanto servindo como um membro dos Setentas, o Élder James M. Paramore disse: “Quando o amor de Deus é conhecido e sentido e Seus mandamentos são seguidos, os resultados são sempre os mesmos. Há uma novidade de vida — um despertar espiritual — que vem ao homem”2. Eu sinto fortemente que este foi o caso com o irmão Brown.

Há muitos Browns por aí — muitos pés a firmar, mãos a segurar, espíritos a encorajar, corações a inspirar e almas a salvar — como lembrou o Presidente Thomas S. Monson. O Salvador nos designou como embaixadores para salvar Seus filhos. Ele não está aqui para fazê-­lo e, portanto, a responsabilidade para resgatar recai sobre nós. Devemos alcançar principalmente os novos membros, os menos ativos, os solitários e aqueles que precisam de conforto. Devemos vigiá­los e fortalecer sua fé “um a um” como o Salvador fez, conhecendo-os e amando-­os sem julgamento.

O valor das almas é grande aos olhos de Deus. O Salvador ensinou poderosamente sobre cuidar de alguém. As parábolas em Lucas 15 fazem alusão a isso: A Ovelha Perdida, A moeda de Prata e O Filho Pródigo. Podemos imitar o Salvador como Seus seguidores; fazendo o bem, cuidando das ovelhas. Podemos expressar nossa fé de maneiras práticas quando tocamos corações, mudamos vidas e salvamos almas — esse é um dos testes do verdadeiro discipulado.

“E, se trabalhardes todos os vossos dias clamando arrependimento a este povo e trouxerdes a mim mesmo que seja uma só alma, quão grande será vossa alegria com ela no reino do meu Pai!

E agora, se vossa alegria é grande com uma só alma que tiverdes trazido a mim no reino de meu Pai, quão grande será vossa alegria se me trouxerdes muitas almas!”3

Sinto essa grande alegria toda vez que vejo o irmão Brown. Posso atestar que o Presidente Monson prometeu que as bênçãos da eternidade nos aguardam à medida que participamos ativamente do estágio de serviço. E ao amarmos nosso Deus, ao amarmos nosso próximo, podemos receber o amor do Pai Celestial.

O Élder Walter Chatora foi chamado como Setenta de Área em abril de 2014. É casado com Diana Tapfumanei; eles são pais de três filhos. O Élder e a Irmã Chatora vivem em Centurion, Pretoria, África do Sul.

Notes

  1. Ezra Taft Benson, “To the Home Teachers of the Church,” Ensign, maio de 1987, 50.

  2. James M. Paramore, “Love One Another,” Ensign, maio de 1981, 53.

  3. Doutrina e Convênios 18:15–16.