Você Nunca Está Sozinha

Até filiar-me à Igreja, eu nunca tinha desapontado seriamente a minha família. Quando me filiei, sei que eles se sentiram traídos, e senti-me horrível por magoá-los tanto. Continuei na Igreja porque sabia em meu coração que era isso que o Senhor queria para mim, e para eles.

Eu não estava morando perto de casa naquela época. Sempre que ia visitá-los, deparava-me com acusações e insultos. A situação piorou quando decidi servir em uma missão. Minha avó tinha lágrimas nos olhos quando disse: “Annie, minha menina, se você servir nessa missão, vai partir o meu coração”. Eu lhe disse que a missão era algo que eu fora inspirada a fazer e que, se não servisse, estaria desobedecendo ao Pai Celestial.

Enquanto me preparava para a minha missão, encontrei consolo e forças em minha família da ala. Eles fizeram um trabalho maravilhoso que ajudou a me adaptar às mudanças de estilo de vida que acontecem quando nos tornamos membros da Igreja e deram-me apoio para lidar com a oposição de minha família. Descobri que era mais fácil perseverar, a despeito das frustrações, dedicando-me diligentemente à Igreja por meio dos chamados, atividades e divisões com as missionárias. Além disso, como eu morava perto de Palmyra, Nova York, fui muitas vezes até o Bosque Sagrado, onde me sentava e refletia sobre minha situação, buscando paz.

Embora eu tivesse o apoio de minha ala, ainda assim me sentia frustrada e incompreendida por minha família. Tudo o que eles conheciam a respeito da Igreja, tinham aprendido de pessoas que não eram membros, e nunca aceitavam nada que eu lhes dizia. Tentei conversar com eles sobre o evangelho e corrigir a idéia errada que faziam da Igreja, mas nunca conseguimos chegar a um entendimento. O abismo que me separava de meus entes queridos estava se abrindo cada vez mais e eu não sabia como reduzi-lo. Na época em que parti para minha missão na Virginia, tinha quase perdido a esperança de que minha família viesse a se interessar pela Igreja.

Por meio de minhas cartas para casa, continuei meu empenho de compartilhar o evangelho. Lembro-me de ter convidado meu pai a conversar com os missionários. Ele disse francamente que não estava interessado. Ler sua resposta foi uma das experiências mais difíceis de minha missão, mas isso me deu maior motivação para trabalhar arduamente e compartilhar o evangelho com todos os que estivessem dispostos a ouvir. Acabei percebendo que todo mundo é membro da família de alguém e que, ao ajudar uma pessoa, eu poderia estar respondendo às orações de outra. Esforço-me por continuar meu empenho em compartilhar o evangelho, embora já não seja uma missionária de tempo integral.

Quando o Élder Henry B. Eyring, do Quórum dos Doze Apóstolos, subiu ao púlpito na conferência geral de abril de 2005, tive a forte impressão de que devia prestar muita atenção ao que ele iria dizer. Ele começou seu discurso com estas palavras: “Minha mensagem é para todos os conversos da Igreja. (…) Vocês não são a exceção nesta Igreja. Quero dizer a vocês o quanto o Senhor os ama e confia em vocês. Mais ainda, quero falar-lhes do quanto Ele conta com vocês”.¹

Ele disse que os conversos nunca devem parar de tentar compartilhar o evangelho com sua família. Explicou, então, que outro importante aspecto do trabalho missionário dentro da família é o trabalho do templo.

As palavras do Élder Eyring me inspiraram a fazer metas em relação à freqüência ao templo e ao trabalho de história da família. Tive grande satisfação ao levar o nome de meus familiares para o templo e recebi algumas bênçãos maravilhosas e inesperadas nesse processo. Isso fortaleceu muito minha relação com os que estão do outro lado do véu. Tenho visto milagres ao tentar encontrar o nome deles, e senti sua presença enquanto realizava suas ordenanças.

Outra bênção que recebi foi quando encontrei minha avó pela primeira vez depois da missão. Ela deu-me uma lista de nomes para levar ao templo. Ela também disse que queria ler o “livro dos mórmons” porque lembrou que o pai dela o havia lido. Ela agora me liga toda semana para conversar sobre o que aprendeu no Livro de Mórmon.

Antes de partir para minha missão, tive a impressão de que o marido da minha avó — que havia falecido em 1996, antes de eu me filiar à Igreja — estava se esforçando para ajudar a abrandar o coração dela. Enquanto eu estava no Centro de Treinamento Missionário, os élderes do meu distrito fizeram o trabalho de ordenanças do templo por ele. Sentada na sala celestial, fiquei muito emocionada com a idéia de ver toda a minha família ali reunida. Gosto de pensar que meu avô está fazendo tudo o que pode para ajudar nossa família a aceitar o evangelho.

Minha mãe foi me buscar na missão, e isso aconteceu no fim de semana da conferência geral de outubro. Ela assistiu a três das sessões da conferência comigo, e gostamos tanto que ela pediu o DVD da conferência como presente de Natal. Para mim, foi um milagre saber que eu não devia perder as esperanças.

Até o momento, ninguém de minha família mostrou muito interesse em filiar-se à Igreja, mas sinto que isso vai acontecer um dia — seja nesta vida ou na vida futura. Nosso relacionamento melhorou tanto, que sei que não foi por meus próprios esforços que isso aconteceu, mas pela influência do Espírito. O Pai Celestial nos abençoa com milagres e com os desejos justos de nosso coração quando nos esforçamos por fazer Sua vontade. Senti Sua força e apoio me impelindo para frente, e sei que nunca estarei sozinha em Sua Igreja verdadeira.

• Procure consolo e forças na família de sua ala ou ramo;

• Busque paz e orientação por meio da oração;

• Compartilhe o evangelho com outras pessoas. Lembre-se de que todos têm uma família, e você pode ser a resposta à oração de outra pessoa;

• Participe do trabalho de história da família e das ordenanças do templo;

• Nunca perca as esperanças de que sua família venha a aceitar o evangelho um dia.