2018
A fé não foi vista: compreender nossas jornadas diferentes
March 2018


A fé não foi vista: compreender nossas jornadas diferentes

Katlehong 1994

Élder Tyler Dawson e eu fomos convidados a reabrir a área de Katlehong, no sul de Joanesburgo em 1994. A África do Sul estava passando por mudanças políticas e sociais, foi um perÍodo de grande incerteza e violência.

Os missionários haviam sido retirados de Katlehong por razões de segurança alguns anos antes e nos pediram para retornar e ajudar os membros quanto possível.

Embora haviam algumas regras. Nós viviamos numa vizinhança fora da nossa área, e não éramos permitidos estar em Katlehong a noite, nem eramos permitidos andar de casa em casa, em vez disso, só fomos autorizados a conduzir de e para casas dos membros e pesquisadores. Tinhamos que ligar a policia todas as manhãs para perguntar se seria seguro para nós entrarmos em nossa área, raramente era seguro e a polícia muitas vezes encorajava-nos a ficar longe.

Sendo novos na área, nós pedimos a um rapaz que era o filho do Presidente do ramo para mostrar-nos onde os membros viviam. Ele estava relutante em juntar-se a nós e pediu algum tempo para pensar sobre isso. Mais tarde ele contatou-nos e concordou em ajudar-nos, então nos organizamos para buscá-lo na escola.

Nós conduzimos para o local combinado, ele saiu de trás de uma árvore e atirou-se pela porta de trás do carro e deitou-se bem no pé. Élder Dawson e eu, olhamos um para o outro um pouco confusos e ofereci o lugar de frente para que ele tivesse uma melhor visão de onde estavamos a conduzir mas ele insistiu que estava confortável. Ocasionalmente ele levantava a cabeça e nos dirigia quando necessário, as vezes ele se juntava a nós em casa dos membros mas em outras casas ele ficava no carro. Não o pressionamos quanto a isso, estavámos apenas gratos por sua ajuda. Desta forma, conseguíamos conhecer os membros de Katlehong e deixá-lo em casa depois de algumas horas.

Dois meses se passaram e eu devia ser transferido para outra área. Era Domingo, e este rapaz era o primeiro orador. Ele falou humilde e sinceramente sobre a experiência que ele teve de ser convidado a mostrar a área aos missionários e disse quando o pediram pela primeira vez ele estava muito preocupado porque ele sabia que se ele fosse reconhecido ajudando-nos, ele poderia ser morto, mas ele confiou que Deus iria vigiar e protegê-lo e tinha fé que ele precisava fazer o trabalho do Senhor, e então ele concordou.

Eu sentei na congregação atônito pelo que eu tinha escutado — para mim ele tinha sido somente um miúdo com uma má atitude. Aquele dia comecei a entender o que realmente nós haviamos pedido a ele e a coragem que ele teve para responder. Desejava que tivesse anotado o seu nome, amaria saber como a sua vida tem andado.