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Capítulo 30: Doutrina e Convênios 81–83


“Capítulo 30: Doutrina e Convênios 81–83”, Doutrina e Convênios — Manual do Aluno, 2017

“Capítulo 30”, Doutrina e Convênios — Manual do Aluno

Capítulo 30

Doutrina e Convênios 81–83

Introdução e cronologia

Em 8 de março de 1832, o profeta Joseph Smith chamou Jesse Gause e Sidney Rigdon para servirem como conselheiros na presidência do sumo sacerdócio. Em 15 de março de 1831, o profeta recebeu a revelação registrada em Doutrina e Convênios 81, na qual o Senhor esclareceu as responsabilidades do irmão Gause como segundo conselheiro de Joseph Smith. No entanto, Jesse Gause não se manteve fiel, e o Senhor chamou Frederick G. Williams, cujo nome aparece agora em Doutrina e Convênios 81, para assumir o lugar do irmão Gause na presidência.

Em abril de 1832, o profeta Joseph Smith e outras pessoas viajaram para Independence, Missouri, em obediência ao mandamento do Senhor de estabelecer uma organização para edificar Sião e cuidar dos pobres (ver D&C 78). Ali o profeta Joseph Smith recebeu duas revelações. Em 26 de abril, durante um conselho de sumos sacerdotes e élderes da Igreja em Independence, o profeta recebeu a revelação registrada em Doutrina e Convênios 82, em que o Senhor perdoa os pecados desses irmãos e os adverte a não pecarem mais. Ele também instruiu os membros da Firma Unida a se unirem por convênio para administrar os assuntos temporais de Sião. Quatro dias depois, Joseph Smith recebeu a revelação registrada em Doutrina e Convênios 83, na qual o Senhor instruiu os líderes da Igreja sobre como cuidar das viúvas, dos órfãos e dos pobres.

25 de janeiro de 1832Joseph Smith é ordenado presidente do sumo sacerdócio em Amherst, Ohio.

8 de março de 1832Joseph Smith designa Sidney Rigdon e Jesse Gause como conselheiros na presidência do sumo sacerdócio.

15 de março de 1832Doutrina e Convênios 81 foi recebida.

24–25 de março de 1832Em Hiram, Ohio, Joseph Smith e Sidney Rigdon são levados à noite por uma turba e violentamente espancados.

29 de março de 1832Morre Joseph Murdock Smith, filho adotivo de Joseph e Emma Smith.

1º–24 de abril de 1832Joseph Smith e outros líderes viajam para Independence, Missouri.

26 de abril de 1832Doutrina e Convênios 82 é recebida.

30 de abril de 1832Doutrina e Convênios 83 é recebida.

Maio–junho de 1832Joseph Smith fica com Newel K. Smith por várias semanas, em Greenville, Indiana. Newel tinha quebrado um pé e a perna ao pular de uma diligência desgovernada na viagem de regresso a Ohio.

Doutrina e Convênios 81: Contexto histórico adicional

Numa assembleia solene, realizada em 25 de janeiro de 1832, em Amherst, Ohio, o profeta Joseph Smith foi ordenado presidente do sumo sacerdócio por Sidney Rigdon. Em 8 de março de 1832, ele escolheu Sidney Rigdon e Jesse Gause como conselheiros na presidência do sumo sacerdócio; a revelação recebida em 15 de março de 1832 confirmou o chamado de Jesse Gause e o instruiu a respeito de seus deveres como conselheiro. Gradualmente, a presidência do sumo sacerdócio começou a ser conhecida como a Primeira Presidência. Essa revelação “deve ser considerada como um passo em direção à organização formal da Primeira Presidência” (cabeçalho da seção de D&C 81).

Jesse Gause provavelmente foi batizado no final de 1831 ou início de 1832. Em março de 1832, depois de ser chamado conselheiro na presidência do sumo sacerdócio, Jesse pode ter atuado, por algum tempo, como escriba enquanto o profeta Joseph Smith continuava a tradução inspirada do Novo Testamento. Ele também viajou com Joseph Smith e outros líderes da Igreja para Independence, Missouri, em abril de 1832. Pouco se sabe sobre Jesse Gause depois de agosto de 1832, exceto que ele não permaneceu fiel e foi excomungado em 3 de dezembro de 1832.

Em janeiro de 1833, algumas semanas depois que Jesse Gause foi excomungado, o Senhor chamou Frederick G. Williams para substituí-lo como conselheiro. Frederick G. Williams havia se filiado à Igreja depois de ouvir a mensagem dos missionários que viajavam da área de Nova York para Kirtland, em outubro de 1830. Ele se ofereceu para acompanhar Oliver Cowdery e outros missionários que viajavam para o Missouri para pregar o evangelho “nas fronteiras, próximo aos lamanitas” (D&C 28:9). Muitos meses depois, ele voltou para Kirtland e foi ordenado sumo sacerdote em 25 de outubro de 1831. Mais tarde, tornou-se secretário e escrevente de Joseph Smith. Algum tempo depois de substituir Jesse Gause como conselheiro na presidência dos sumos sacerdotes, o nome de Frederick G. Williams foi escrito em uma transcrição dessa revelação, substituindo as referências a Jesse Gause. Quando essa revelação foi publicada, na edição de 1835 de Doutrina e Convênios, ela se referia somente a Frederick G. Williams para demonstrar que as instruções relativas aos deveres de um conselheiro também se aplicavam aos outros, não somente a Jesse Gause.

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Mapa 5: A área de Nova York, Pensilvânia e Ohio nos Estados Unidos

Doutrina e Convênios 81

O Senhor faz um esboço das funções dos conselheiros na presidência do sumo sacerdócio

Doutrina e Convênios 81:1–2. A presidência do sumo sacerdócio

Assim que os santos começaram a se congregar em Ohio, uma conferência especial foi realizada em 3–6 de junho de 1831, com os élderes que tinham sido ordenados previamente. Os primeiros sumos sacerdotes foram ordenados nessa conferência. Por algum tempo, os primeiros membros da Igreja se referiam ao ofício de sumo sacerdote como sumo sacerdócio. Por fim, ficou implícito que o termo sumo sacerdócio se referia ao Sacerdócio de Melquisedeque. Em 1902, a Primeira Presidência citou a passagem de escritura, afirmando que o “presidente do sumo sacerdócio da Igreja” é o “Sumo Sacerdote Presidente do Sumo Sacerdócio da Igreja” (D&C 107:65–66) e então declarou: “É correto lembrar que o termo ‘sumo sacerdócio’, como frequentemente usado, refere-se ao Sacerdócio de Melquisedeque, diferenciando-se, assim, do sacerdócio menor, ou Sacerdócio Aarônico” (“The Priesthood and Its Offices” [O sacerdócio e seus ofícios], Improvement Era, maio de 1902, p. 551).

O Senhor havia Se referido anteriormente a Joseph Smith como “apóstolo” e o “primeiro élder” da Igreja e também “vidente”, “tradutor” e “profeta” (ver D&C 20:2; 21:1). A ordenação de Joseph Smith como presidente do sumo sacerdócio, em 25 de janeiro de 1832, definia ainda mais seu papel de presidente do Sacerdócio de Melquisedeque da Igreja. Na revelação dada originalmente a Jesse Gause e, mais tarde, dirigida a Frederick G. Williams, o Senhor explicou que “as chaves do reino (…) pertencem sempre à presidência do sumo sacerdócio” (D&C 81:2), esclarecendo ainda mais o sagrado e importante papel do presidente da Igreja e de seus conselheiros (ver também D&C 107:91–92). A partir de fevereiro de 1834, o Senhor Se referiu a esses oficiais como “a Primeira Presidência” (D&C 102:26–27, 33; ver também D&C 112:20, 30; 117:13; 120:1; 124:125–26). O uso do termo “Primeira Presidência” em Doutrina e Convênios 68:15, 22–23 foi acrescentado mais tarde à revelação original (ver comentário neste manual no contexto histórico adicional a respeito de Doutrina e Convênios 42 sobre a autoridade do profeta de fazer adições ou mudanças inspiradas à revelação).

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Frederick G. Williams

Frederick G. Williams foi chamado conselheiro na Primeira Presidência depois que Jesse Gause falhou no cumprimento de seu chamado (ver D&C 81:1).

Doutrina e Convênios 81:1. “Um conselheiro para meu servo Joseph”

O profeta Joseph Smith designou dois conselheiros na presidência do sumo sacerdócio. Esse padrão ainda é seguido hoje em dia embora tenha havido ocasiões em que o presidente da Igreja designou um ou mais conselheiros adicionais. O presidente da Igreja e seus dois conselheiros formam uma presidência, permitindo-lhes presidir sobre os membros da Igreja (ver D&C 107:22). O presidente Gordon B. Hinckley (1910–2008) explicou o papel dos conselheiros:

“Os conselheiros não são o presidente. Em certas circunstâncias, poderão agir em nome dele, mas eles fazem isso quando a autoridade lhes é delegada. (…)

[Um conselheiro] é um assistente do presidente. A despeito da organização, o oficio de presidente é pesado e trabalhoso. (…)

Como assistente, o conselheiro não é o presidente. Ele não assume responsabilidades nem toma decisões à frente do seu presidente.

Nas reuniões de presidência, cada conselheiro fica à vontade para expressar suas opiniões e falar dos assuntos em pauta. No entanto, é prerrogativa do presidente tomar decisões e dever dos conselheiros apoiá-lo. Sua decisão então se torna a decisão da presidência, independente da opinião anterior de cada um.

(…) Até o presidente da Igreja, que é profeta, vidente e revelador, e cujo direito e chamado é julgar e dirigir o curso da Igreja, invariavelmente, consulta seus conselheiros para conhecer a opinião deles. Se a decisão não for unânime, nenhuma atitude é tomada. Dois conselheiros, trabalhando com um presidente, mantêm um ótimo sistema de prestação de contas e equilíbrio. Eles se tornam um salvaguarda que dificilmente, ou nunca, erra e proporcionam uma liderança forte” (“Nos conselheiros há segurança”, A Liahona, janeiro de 1991, p. 59).

Doutrina e Convênios 81:2. “As chaves do reino”

“As chaves do reino” mencionadas em Doutrina e Convênios 81:2 se referem à autoridade para dirigir a Igreja e governar o uso do sacerdócio. Veja o comentário sobre Doutrina e Convênios 65:2 neste material para um entendimento adicional sobre as chaves do reino.

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A Primeira Presidência, 2008

Os membros da Primeira Presidência possuem as chaves do reino de Deus (ver D&C 81:2).

Doutrina e Convênios 81:3–7. “Socorre os fracos, ergue as mãos que pendem e fortalece os joelhos enfraquecidos”

A promessa do Senhor para Jesse Gause e, posteriormente, a Frederick G. Williams de que, se fosse “fiel no conselho, no cargo para o qual [fora designado]”, ele receberia “uma coroa de imortalidade e vida eterna” (D&C 81:3 6). Para se qualificar para receber tal bênção, ele teria de cuidar das necessidades dos outros. O Senhor o admoestou a “socorrer os fracos, erguer as mãos que pendem e fortalecer os joelhos enfraquecidos” (ver D&C 81:5), ou seja, ajudar e prover alívio aos que não têm força física e espiritual. O élder Marvin J. Ashton (1915–1994), do Quórum dos Doze Apóstolos, compartilhou o seguinte:

“Existe uma frase usada quatro vezes nas obras-padrão que sempre me intrigou. É a expressão ‘joelhos enfraquecidos’.

Por definição, enfraquecido significa fraco, pouco forte, sem força, facilmente quebrável, frágil.

Quando Frederick G. Williams foi chamado para ser conselheiro de Joseph Smith, recebeu este encargo: ‘Portanto, sê fiel; permanece no cargo para o qual te designei; socorre aos fracos, ergue as mãos que pendem e fortalece os joelhos enfraquecidos’ (D&C 81:5).

Aliada à palavra fortalece, que significa fazer ou se tornar mais forte, a frase fez com que eu meditasse sobre o significado dessas palavras.

De início, presumi que ‘joelhos enfraquecidos’ significava fracos ou exaustos, mas o contexto em Isaías (ver Isaías 35:3–4) sugere que pode ter um significado mais profundo, algo mais parecido com temeroso. (…)

Em Doutrina e Convênios 81:5, o versículo deve ser interpretado como a exortação que o Senhor fez a Frederick G. Williams de fortalecer os fracos (‘socorre os fracos’), encorajar os que estão exaustos ou desanimados (‘ergue as mãos que pendem’) e dar coragem e forças aos que têm os joelhos fracos e o coração temeroso” (“Fortalecei os joelhos enfraquecidos”, A Liahona, janeiro de 1992, p. 78).

Doutrina e Convênios 82: Contexto histórico adicional

Em 1832, a Igreja tinha dois centros de crescimento no número de membros: um em Kirtland, Ohio, e outro no condado de Jackson, Missouri, Para ajudar os santos necessitados, gerar lucro para comprar terras em Sião (condado de Jackson) e publicar as revelações, estabeleceu-se um armazém nesses dois locais (ver D&C 57:8–10; 72:8–10). Em novembro de 1831, o Senhor designou um grupo de líderes da Igreja para serem “mordomos responsáveis pelas revelações e mandamentos” (D&C 70:3) e garantir que seriam publicados. Mais tarde, o Senhor ordenou que organizassem uma “firma” para administrar os empreendimentos comerciais e editoriais da Igreja (ver o cabeçalho das seções D&C 78 e D&C 82).

De acordo com o que está registrado em Doutrina e Convênios 78, Joseph Smith, Newel K. Whitney e Sidney Rigdon teriam que viajar para Independence, Missouri, e se aconselharem com os líderes da Igreja daquele local. Contudo, antes de partirem, o profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon foram tirados violentamente de sua casa em Hiram, Ohio, e espancados no meio da noite de 24–25 de março de 1832. A turba de moradores locais, incluindo alguns antigos membros da Igreja, cobriu o corpo de Joseph com piche e penas a fim de humilhá-lo. Poucos dias depois, morreu o filho adotivo de dez meses de Joseph e Emma Smith, Joseph Murdock Smith, talvez como consequência da exposição ao frio na noite em que sua casa foi invadida pela turba.

Em obediência ao mandamento do Senhor de se aconselhar com os líderes da Igreja no Missouri, o profeta e outros deixaram Hiram, Ohio, no dia 1º de abril de 1832, viajando por aproximadamente 1450 quilômetros até Independence, Missouri, lá chegando em 24 de abril de 1832. Quando os líderes de Ohio se reuniram com os do Missouri em uma reunião do conselho, no dia 26 de abril de 1832, o profeta Joseph Smith ditou a revelação registrada em Doutrina e Convênios 82. Essa revelação não foi publicada no Livro de Mandamentos, mas foi incluída na edição de 1835 de Doutrina e Convênios, usando pseudônimos ou nomes falsos. Para mais informações sobre o uso de nomes falsos, veja o comentário no contexto histórico adicional, sobre Doutrina e Convênios 78 neste manual.

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Mapa 8: A região de Missouri, Illinois e Iowa nos Estados Unidos.

Doutrina e Convênios 82:1–7

O Senhor adverte aqueles que receberam muito Dele

Doutrina e Convênios 82:1–7. “Como vos tendes perdoado uns aos outros vossas ofensas”

Por muitos meses, Sidney Rigdon, em Ohio, e o bispo Edward Partridge, no Missouri, tiveram sentimentos desagradáveis um pelo outro. Em 26 de abril de 1832, assim que os líderes da Igreja chegaram em Independence, Missouri, o conselho dos sumos sacerdotes se reuniu e Sidney Rigdon e Edward Partridge resolveram suas diferenças. Na revelação recebida naquele dia, registrada em Doutrina e Convênios 82, o Senhor lhes disse que perdoara seus pecados (ver D&C 82:1), mas também os advertiu que “à alma que pecar retornarão os pecados passados” (D&C 82:7). O presidente James E. Faust (1920–2007), da Primeira Presidência, explicou:

“Precisamos reconhecer nossos sentimentos de raiva. É preciso humildade para fazer isso, mas, se nos ajoelharmos e pedirmos ao Pai Celestial que nos conceda a disposição de perdoar, Ele nos ajudará. O Senhor exige que ‘[perdoemos] todos os homens’ (D&C 64:10) para o nosso próprio bem, porque ‘o ódio retarda o crescimento espiritual’ (Orson F. Whitney, Gospel Themes [Tópicos do Evangelho], 1914, p. 144). Somente quando nos livramos do ódio e da amargura é que o Senhor pode consolar nosso coração. (…)

Lembremos que precisamos perdoar para ser perdoados. (…) Creio, do fundo da alma e do coração, no poder de cura que podemos receber quando seguimos o conselho do Salvador de ‘perdoar todos os homens’ (D&C 64:10)” (“O poder de cura do perdão”, A Liahona, maio de 2007, p.  69).

O élder Richard G. Scott (1928–2015), do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou como podemos perdoar ao próximo:

“Talvez você esteja carregando um pesado fardo de mágoa por ofensas graves cometidas por outra pessoa contra você. Sua reação a essa ofensa pode ter distorcido sua compreensão, de modo que se sinta justificado em esperar que a pessoa peça perdão para que a dor seja eliminada. O Salvador não deixou margem para essa ideia quando ordenou:

‘Portanto, digo-vos que vos deveis perdoar uns aos outros; pois aquele que não perdoa a seu irmão suas ofensas está em condenação diante do Senhor; pois nele permanece o pecado maior.

Eu, o Senhor, perdoarei a quem desejo perdoar, mas de vós é exigido que perdoeis a todos os homens’ (D&C 64:9–10; ver também Marcos 11:25–26; Lucas 6:37; Mosias 26:29–32; 3 Néfi 13:14–15).

Não carregue mais consigo o fardo da ofensa. Peça sincero perdão à pessoa que o ofendeu mesmo que você acredite que não fez nada de errado. Esse esforço certamente lhe trará paz e provavelmente começará a resolver graves mal-entendidos” (“Libertar-se dos fardos pesados”, A Liahona, novembro de 2002, p. 88).

Doutrina e Convênios 82:3. “Muito é requerido”

Durante a conferência dos líderes da Igreja em Independence, Missouri, o Senhor enfatizou que, porque eles foram abençoados com um entendimento maior do plano de Deus, eles também seriam responsáveis por esse conhecimento (ver D&C 82:3; ver também Tiago 4:17; Alma 9:23). O élder Neil L. Andersen, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou: “Como membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, tendo o testemunho de Sua realidade, não apenas da Bíblia, mas do Livro de Mórmon, sabendo que Seu sacerdócio foi restaurado na Terra, tendo feito convênios sagrados de segui-Lo e recebido o dom do Espírito Santo, tendo sido investidos com poder em Seu santo templo e fazendo parte dos preparativos para Seu glorioso retorno à Terra, não podemos comparar o que devemos ser com o que devem ser aqueles que ainda não receberam essas verdades. ‘A quem muito é dado, muito é exigido’ (D&C 82:3)” (“Nunca O deixem”, A Liahona, novembro de 2010, p. 41).

Doutrina e Convênios 82:8–24

O Senhor ordena que nove homens formem uma organização para administrar os assuntos temporais da Igreja

Doutrina e Convênios 82:8–12, 15–24. A Firma Unida é organizada e recebe instruções

O profeta Joseph Smith e outros líderes da Igreja viajaram para Independence, Missouri, em obediência ao mandamento do Senhor para “[se assentarem] em conselho com os santos que estão em Sião” (D&C 78:9). Eles se reuniram para estabelecer uma “firma” ou “ordem” com o objetivo de supervisionar e regular os empreendimentos comerciais e editoriais da Igreja. Os membros da Igreja convidados a participar da Firma eram: Joseph Smith, Sidney Rigdon, Newel K.Whitney e Martin Harris, todos residentes em Kirtland, e Edward Partridge, Sidney Gilbert, John Whitmer, Oliver Cowdery e William W. Phelps, residentes no condado de Jackson, Missouri (ver D&C 78:9; 82:11). Em 1833, dois novos membros entraram para a firma por revelação: Frederick G. Williams e John Johnson (ver D&C 92:1–2; 96:6–9). O objetivo da firma era administrar os armazéns que forneceriam mantimentos e dinheiro para ajudar os pobres, gerar receita para comprar terras para Sião e financiar a publicação das revelações do Senhor ao profeta. Um ramo operaria em Independence e seria chamado de “Gilbert, Whitney & Co.” e o outro em Kirtland, com o nome “Newel K. Whitney & Co.” (ver “Minutes, 26–27 April 1832” [Atas, 26–27 de abril de 1832], p. 25, josephsmithpapers.org).

Os membros da firma, ou ordem, deveriam se unir uns aos outros por convênio. Cada um recebeu uma responsabilidade sobre parte dos negócios da Igreja, e eles poderiam usar os recursos da firma para administrar a mordomia que haviam recebido. A operação bem-sucedida desse negócio geraria um superávit que deveria ser mantido nos armazéns da Igreja.

Hoje em dia, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias continua a seguir princípios que lhe permitem gerar fundos por meio dos negócios de propriedade da Igreja. A receita obtida com esses negócios é usada para promover os assuntos da Igreja e capacitá-la a prestar ajuda aos necessitados em todo o mundo.O presidente Gordon B. Hinckley falou sobre a importância dos negócios da Igreja:

“Temos alguns empreendimentos comerciais, não muitos. A maioria deles teve origem na distante época em que a Igreja era a única organização capaz de fornecer o capital indispensável para iniciar determinados negócios importantes para o povo nesta região longínqua (tais como bancos, hospitais e fábricas). Nós nos desfizemos de muitos deles tão logo sentimos que já não eram necessários. (…)

Alguns desses empreendimentos comerciais atendem diretamente às necessidades da Igreja. Por exemplo, nosso negócio é comunicação. Precisamos levar nossa mensagem a todo o mundo. Precisamos nos pronunciar internamente para que as pessoas tomem conhecimento de nosso trabalho. Por isso, temos um jornal, o Deseret News, a instituição comercial mais antiga de Utah.

Temos também emissoras de televisão e rádio, que são uma voz na comunidade em que atuam. (…)

Temos uma firma do setor imobiliário cuja principal atribuição é cuidar da manutenção e aparência das propriedades localizadas nos arredores da Praça do Templo. A região central de muitas cidades tem sofrido intensa deterioração. Não se pode dizer o mesmo de Salt Lake City. (…) No belo terreno da Praça do Templo e no quarteirão vizinho a leste, mantemos jardins a que poucos no mundo se comparam. (…)

Esses negócios visam ao lucro? Certamente que sim. Eles estão inseridos em um mundo competitivo e pagam impostos. Desempenham um papel importante nesta comunidade e geram renda que é utilizada pela Fundação de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias para apoiar causas nobres nesta comunidade e fora dela e, mais especificamente, para auxiliar o grandioso trabalho humanitário da Igreja.

Essas empresas contribuem com um décimo de seu lucro para a Fundação, que não pode usar seus fundos consigo mesma ou repassá-los a outras entidades da Igreja, mas pode utilizá-los para apoiar outras causas e o faz generosamente. Milhões de dólares já foram distribuídos dessa forma. Milhares de pessoas recebem alimentos, remédios, roupas e abrigo em situações de emergência e calamidade. Sou extremamente grato pelos inestimáveis serviços prestados por essa maravilhosa fundação que atua com recursos advindos dos empreendimentos comerciais da Igreja” (“O motivo de algumas coisas que fazemos”, A Liahona, janeiro de 2000, pp. 67–68).

Doutrina e Convênios 82:10. “Eu, o Senhor, estou obrigado quando fazeis o que eu digo”

O Senhor preparou os membros da Firma Unida para entenderem por que deveriam ser obedientes ao vínculo e convênio que fariam. Ele lhes assegurou que receberiam as bênçãos eternas prometidas se fossem obedientes a Seus mandamentos. Essa promessa registrada em Doutrina e Convênios 82:10 serve para todos nós. O presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972) ensinou:

“Quando deixamos de guardar os mandamentos que o Senhor nos deu para orientar-nos, não temos direito a receber Suas bênçãos. (…)

Guardem os mandamentos. Andem na luz. Perseverem até o fim. Sejam fiéis a cada convênio e obrigação, e o Senhor os abençoará mais do que jamais sonharam” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Fielding Smith, 2013, pp. 243249).

Doutrina e Convênios 82:13–14. “Sião deve crescer em beleza e em santidade; (…) suas estacas devem ser fortalecidas”

Os santos sabem que o Senhor designou o condado de Jackson, no Missouri, como “a terra da promissão e o local para a cidade de Sião” e que Independence seria “o lugar central” (D&C 57:2–3). O profeta Isaías, do Velho Testamento, viu Sião nos últimos dias e a comparou a um tabernáculo, ou tenda “que não será derrubada, cujas estacas nunca serão arrancadas” (Isaías 33:20). Usando a metáfora de uma tenda que se expande, ele profetizou sobre o crescimento de Sião nos últimos dias: “Alarga o lugar da tua tenda, e as cortinas das tuas habitações se estendam; não o impeças; alonga as tuas cordas, e afixa bem as tuas estacas” (Isaías 54:2).

O Senhor consagrou a terra de Kirtland, Ohio, para ser o local da primeira estaca de Sião.(D&C 82:13) Em 18 de fevereiro de 1834, o sumo conselho foi organizado em Kirtland, sob a presidência do profeta Joseph Smith, Sidney Rigdon e Frederick G. Williams.

O Senhor disse que “Sião deve crescer em beleza e em santidade; suas fronteiras devem ser expandidas; suas estacas devem ser fortalecidas” (D&C 82:14). O presidente Harold B. Lee (1899–1973) explicou: “A lei que o povo de Deus tem que viver a fim de ser digno de aceitação na vista de Deus é indicada em D&C 82:14. Este povo precisa crescer em beleza diante do mundo, ter uma beleza interior que pode ser observada pela humanidade como um reflexo de santidade e das qualidades inerentes à santidade. As fronteiras de Sião, nas quais os justos e puros de coração podem habitar, precisam começar a ser alargadas agora. As estacas de Sião precisam ser fortalecidas. Tudo isso para que Sião possa se erguer e brilhar, tornando-se cada vez mais diligente em levar a efeito o plano de salvação no mundo inteiro” (“Fortalecimento das estacas de Sião”, A Liahona, outubro de 1973, p. 36).

Doutrina e Convênios 82:22. “Riquezas da iniquidade”

A palavra mamom [que aparece na escritura em inglês] vem de um termo aramaico que significa “riquezas do mundo”. O presidente Joseph Fielding Smith explicou: “O mandamento do Senhor de que os santos deviam granjear ‘amigos com as riquezas da iniquidade’ (D&C 82:22; ver também Lucas 16:9) parece difícil de ser aceito se não for bem compreendido. O Senhor não pretendia que, ao fazer amizade com ‘as riquezas da iniquidade’, os irmãos compartilhassem de seus pecados. (…) Eles deviam conviver com seus inimigos para assegurar a paz. Era necessário que os tratassem gentilmente, que fossem amigáveis com eles até o ponto em que se permitissem os princípios da decência e da virtude. (…) Se pudessem controlar os preconceitos e se mostrar dispostos a negociar com eles, mostrando um espírito de cordialidade, isso muito contribuiria para diminuir o rancor que sentiam. O julgamento deveria ser deixado a cargo do Senhor” (Church History and Modern Revelation [História da Igreja e Revelação Moderna], 2 vols., 1953, vol. 1, p. 323).

Doutrina e Convênios 83: Contexto histórico adicional

Alguns santos que imigraram para o condado de Jackson, Missouri, estabeleceram-se em, ou próximos de, Independence, enquanto a maioria dos membros da Igreja vivia em pequenos assentamentos, a 19 quilômetros a oeste de lá, no distrito de Kaw. Depois de se reunir com os líderes da Igreja em Independence, nos dias 26 e 27 de abril, o profeta Joseph Smith visitou os santos residentes no distrito de Kaw, inclusive os que vieram de Colesville, Nova York. Posteriormente, o profeta registrou o seguinte a respeito dessa visita: “Nos dias 28 e 29 [de abril], visitei os irmãos (…) no distrito de Kaw, a 19 quilômetros a oeste de Independence, e recebi saudações apenas conhecidas por irmãos e irmãs unidos pela mesma fé e pelo mesmo batismo, e apoiadas pelo mesmo Senhor. O ramo de Colesville, em particular, alegrou-se como os antigos santos com Paulo. É bom poder nos regozijar com o povo de Deus. No dia 30, retornei para Independence e novamente me reuni em conselho com os irmãos” (em Manuscript History of the Church [História Manuscrita da Igreja], vol. A–1, p. 213, josephsmithpapers.org; letras maiúsculas padronizadas).

Na reunião do dia 30 de abril, em Independence, Missouri, o profeta recebeu a revelação registrada em Doutrina e Convênios 83. Alguns membros da Igreja no Missouri estavam vivendo de acordo com os princípios de consagração. Durante a visita de Joseph, surgiram dúvidas relativas aos direitos de propriedade das mulheres, após a morte dos maridos que consagraram seus bens à Igreja.

Doutrina e Convênios 83

O Senhor revela como cuidar das viúvas e dos órfãos

Doutrina e Convênios 83. Viúvas e órfãos

A revelação registrada em Doutrina e Convênios 83 foi recebida depois da visita do profeta Joseph Smith aos santos do distrito de Kaw, Missouri. Alguns deles fizeram convênio de viver de acordo com os princípios da consagração. A revelação parece ser uma resposta a perguntas sobre os cuidados com as viúvas e os órfãos (ver D&C 83:1, 5–6). Hoje em dia, os líderes da Igreja expressam contínua preocupação com o bem-estar temporal das mulheres e das crianças.O presidente Gordon B. Hinckley explicou:

“Entre as mulheres da Igreja, existem aquelas que perderam o marido porque foram abandonadas, divorciaram-se ou ficaram viúvas. Temos uma grande obrigação em relação a elas.

(…) Espero que toda mulher que se encontre em situação semelhante conte com a bênção de um bispo compreensivo e prestativo, uma presidente da Sociedade de Socorro que saiba como ajudá-la, mestres familiares que conheçam suas responsabilidades e saibam como cumpri-las, e um exército de membros da ala que sejam solícitos sem ser intrometidos” (“Mulheres da Igreja”, A Liahona, janeiro de 1997, p. 73).

Na revelação, o Senhor reafirma a responsabilidade dos pais de prover para os filhos (verD&C 83:4). Falando especificamente aos maridos e pais, o presidente Howard W. Hunter (1907–1995) disse: “Vós, portadores do sacerdócio, tendes a responsabilidade de, se fisicamente capazes, prover o sustento material da família. Nenhum homem pode transferir essa obrigação para outro nem mesmo para a esposa. O Senhor ordenou que as mulheres e as crianças tivessem o direito de receber o sustento dos maridos e pais (ver D&C 83;  1 Timóteo 5:8)” (“Sede pais e maridos justos”, A Liahona, janeiro de 1995, p. 55).

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Missionárias servindo no armazém do bispo

Os maridos e pais têm o dever de prover o sustento da família. Quando isto não é possível, o pobre tem o direito de recorrer ao armazém do Senhor (ver D&C 83).

O presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) deu a seguinte instrução a respeito da autossuficiência:

“A Igreja e seus membros receberam do Senhor o mandamento de ser autossuficientes e independentes (ver D&C 78:13–14).

A responsabilidade pelo bem-estar social, emocional, espiritual, físico e financeiro de uma pessoa repousa em primeiro lugar sobre ela mesma, em segundo lugar sobre sua família e em terceiro lugar sobre a Igreja se essa pessoa for um membro fiel.

Nenhum verdadeiro santo dos últimos dias, enquanto for capaz física e emocionalmente, transferirá de modo voluntário a responsabilidade por seu próprio bem-estar ou o de sua família a outra pessoa. Tanto quanto possível, ele deve, sob a inspiração do Senhor e com seu próprio suor, suprir as necessidades espirituais e temporais da vida para si mesmo e sua família” (ver 1 Timóteo 5:8.)” (“Serviços de bem-estar: O evangelho em ação”, A Liahona, fevereiro de 1978, p. 104).