Ensinamentos de Joseph Smith sobre o Sacerdócio, o Templo e as Mulheres


Os homens e as mulheres desfrutam de muitas oportunidades de serviço em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, tanto nas congregações locais quanto no âmbito mundial da Igreja. Entre outras coisas, as mulheres da Igreja discursam nas reuniões de domingo e na conferência geral da Igreja; servem missão de proselitismo de tempo integral; realizam ordenanças sagradas e oficiam nelas nos templos da Igreja; e lideram as organizações que auxiliam famílias e servem outras mulheres, moças e crianças. Participam de conselhos do sacerdócio a nível local e geral. Mulheres profissionalmente treinadas ensinam a história e a teologia da Igreja em universidades e nos programas educacionais para jovens da Igreja. No entanto, questões sobre o papel das mulheres na Igreja surgiram porque somente os homens são ordenados ao ofício do sacerdócio. Este texto fornece um contexto histórico relevante para perguntas importantes sobre esse assunto e explica os ensinamentos de Joseph Smith sobre as mulheres e a autoridade do sacerdócio.

A restauração da autoridade do sacerdócio por meio do Profeta Joseph Smith é uma doutrina fundamental de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. No início de seu ministério, Joseph Smith recebeu a autoridade do sacerdócio de mensageiros celestiais; usando essa autoridade, ele organizou a Igreja, conferiu o sacerdócio a outros homens e os ordenou a ofícios do sacerdócio.1 Com essa mesma autoridade, Joseph Smith organizou a Sociedade de Socorro como parte da estrutura da Igreja, que definiu e autorizou formalmente um aspecto importante do ministério das mulheres. Tudo isso foi feito para preparar os santos para participar das ordenanças do templo, que foram introduzidas logo após a organização da Sociedade de Socorro. Quando Joseph Smith morreu, a visão reveladora que ele havia recebido estava firmemente alicerçada: homens e mulheres poderiam receber e ministrar as ordenanças sagradas do sacerdócio nos templos sagrados, que os ajudariam a se preparar para estar um dia na presença de Deus.

O Entendimento dos Primeiros Santos dos Últimos Dias sobre o Sacerdócio

A restauração da autoridade do sacerdócio aconteceu numa época de intensa agitação religiosa nos Estados Unidos. Essa animosidade aconteceu, em parte, por dúvidas sobre a autoridade divina — quem a tinha, como era obtida e se ela era necessária.2 No início do século 19, a maioria dos cristãos acreditava que a autoridade para agir em nome de Deus havia permanecido na Terra, desde a época do ministério mortal de Jesus. Joseph Smith ensinou que o sacerdócio de Cristo foi perdido após a morte dos apóstolos antigos e tinha sido recentemente restaurado por meio do ministério de anjos. Mesmo assim, muitos santos dos últimos dias já compreendiam o conceito do sacerdócio dentro da perspectiva típica daquela época. Nos Estados Unidos da década de 1830, a palavra sacerdócio era definida como “o ofício ou característica de um sacerdote” e “a ordem de homens designados para os ofícios sagrados”, identificando o sacerdócio com o ofício religioso e os homens que o portavam.3 Os primeiros santos dos últimos dias, igualmente pensavam que o sacerdócio era a ordenação ao ofício eclesiástico e a autoridade para pregar o evangelho e realizar os ritos religiosos.4 Como na maioria das outras denominações cristãs daquela época, apenas os homens santos dos últimos dias portavam ofícios do sacerdócio, serviam formalmente uma missão de proselitismo e realizavam ordenanças, tais como: o batismo e a bênção do sacramento da Ceia do Senhor.

Diferentemente dos líderes das outras igrejas, os santos dos últimos dias estendiam a ordenação ao sacerdócio de modo mais amplo, para todos os leigos, conforme ordenado por revelação. Ao longo do tempo, uma extensa estrutura de ofícios do sacerdócio e de quóruns foi estabelecida. Desde o início da Igreja restaurada, essa estrutura era governada por meio de revelação, sob a direção dos líderes do sacerdócio que portavam “as chaves”.5 As chaves do Sacerdócio de Melquisedeque, dadas por intermédio de mensageiros divinos a Joseph Smith, e mais tarde a outras pessoas, conferiram o “direito de presidência”, o direito “para ministrar em assuntos espirituais” e o “direito de oficiar em todos os ofícios da Igreja”.6

A compreensão dos santos dos últimos dias sobre a natureza e as chaves do sacerdócio foi obtida como resultado das revelações recebidas por Joseph Smith. Uma revelação de 1832, ensinou que o sacerdócio maior, ou de Melquisedeque, continha “a chave do conhecimento de Deus” e que nas ordenanças do sacerdócio, “manifesta-se o poder da divindade”. Joseph Smith recebeu o encargo, assim como Moisés, “de santificar seu povo para que contemplassem a face de Deus”.7 Em 1836, mensageiros angelicais comissionaram as chaves do sacerdócio a Joseph Smith as quais permitiriam aos membros da Igreja receber as ordenanças do templo.8 Em uma revelação de 1841, o Senhor ordenou aos santos que construíssem um templo em Nauvoo, Illinois, onde ele revelaria a Seu povo “todas as coisas relativas a esta casa e a seu sacerdócio”.9 As ordenanças máximas do sacerdócio seriam realizadas no templo e ajudariam a preparar os homens e as mulheres para entrarem na presença de Deus.

Nos primeiros anos da Igreja, as mulheres da Igreja, como as mulheres em outros lugares, participavam ativamente de sua nova comunidade religiosa. Elas ratificaram as decisões votando nas conferências;10 criavam e forneciam mobília para o templo; adoravam, igualmente ao lado dos homens, nas reuniões e nos coros; compartilhavam o evangelho com familiares e vizinhos; cediam suas casas para reuniões e exerciam dons espirituais em particular e em público.11 Antigas revelações autorizavam as mulheres a “explicar as escrituras e exortar a igreja”.12 Entretanto, como a maioria dos outros cristãos daquela época, no início da Igreja, os santos dos últimos dias restringiram a pregação pública e as posições de liderança aos homens.13

Joseph Smith e a Sociedade de Socorro de Nauvoo

Revelações posteriores em Nauvoo deram às mulheres novas oportunidades de participar na Igreja e aumentaram a compreensão dos santos dos últimos dias sobre o relacionamento eterno entre homens e mulheres. A organização da Sociedade de Socorro Feminina de Nauvoo, em 17 de março de 1842, foi um marco significativo nessa evolução.14 Desejosas de fornecer apoio caridoso aos homens que trabalhavam para construir o templo, um grupo de mulheres mórmons planejou formar uma sociedade benevolente, seguindo uma prática popular daquela época.15 Quando elas apresentaram seu plano a Joseph Smith, ele sentiu-se inspirado a fazer mais do que tinha sido feito por outras sociedades benevolentes. Sarah Granger Kimball, que foi uma das fundadoras da Sociedade de Socorro, declarou algum tempo depois que o profeta havia dito que tinha “algo melhor” para elas e que iria organizar as mulheres “na Ordem do Sacerdócio, segundo o padrão da Igreja”.16

As mulheres chamaram a nova organização de “Sociedade de Socorro”. Era uma organização diferente das sociedades femininas da época porque foi estabelecida por um profeta, que agiu com a autoridade do sacerdócio para conceder autoridade, responsabilidades sagradas e posições oficiais às mulheres, dentro da estrutura da Igreja e não fora dela. As mulheres foram organizadas, como o Apóstolo John Taylor comentou na reunião de organização, “de acordo com a lei do céu”.17

Joseph Smith encarregou as mulheres de “socorrer os pobres” e “salvar almas”.18 Ele disse que a escolha de sua esposa Emma Hale Smith para servir como presidente da Sociedade de Socorro cumpria uma profecia revelada a ela doze anos antes, na qual ela foi chamada uma “mulher eleita”.19 Ele também declarou à Sociedade: “Agora passo a chave a vocês, em nome de Deus, e esta sociedade se regozijará, e conhecimento e inteligência fluirão daqui por diante”.20

Sarah Kingsley Cleveland, conselheira de Emma Smith, expressou o sentimento das mulheres por terem recebido autorização divina quando disse: “Temos o propósito de agir em nome do Senhor”.21 Emma Smith convocou cada membro da sociedade a ser “ambiciosa para fazer o bem”, declarando que, juntas, fariam “algo extraordinário”. Ela esperava “oportunidades extraordinárias e chamados urgentes”.22

Dois aspectos dos ensinamentos de Joseph Smith para as mulheres da Sociedade de Socorro não são muito conhecidos pelos membros da Igreja hoje. O primeiro é o uso que ele fazia das palavras associadas ao sacerdócio. Ao organizar a Sociedade de Socorro, Joseph falou sobre “ordenação” de mulheres e disse que as líderes da Sociedade de Socorro “presidiriam a Sociedade”.23 Também declarou: “Agora passo a chave a vocês em nome de Deus”.24

Essas declarações indicam que Joseph Smith delegou a autoridade do sacerdócio para as mulheres da Sociedade de Socorro.25 As palavras de Joseph podem ser mais plenamente compreendidas no contexto histórico. Durante o século 19, os santos dos últimos dias usavam o termo chaves para referir-se, em diversos momentos, à autoridade, ao conhecimento ou às ordenanças do templo.26 Da mesma forma, os mórmons, às vezes, usaram o termo ordenar em um sentido amplo, muitas vezes indistintamente com designar e nem sempre se referindo ao ofício do sacerdócio.27 Sobre esses assuntos, as ações de Joseph mostram o significado de suas palavras: nem Joseph Smith, nem qualquer pessoa agindo em nome dele, ou nenhum dos seus sucessores conferiu o Sacerdócio Aarônico ou de Melquisedeque às mulheres ou ordenou mulheres aos ofícios do sacerdócio.

Anos mais tarde, palavras como ordenação e chaves foram mais precisamente definidas quando o Presidente John Taylor, que agiu por designação de Joseph Smith para “ordenar e designar por imposição de mãos” Emma Smith e suas conselheiras, explicou em 1880 que “a ordenação então dada não significava a concessão do sacerdócio para aquelas irmãs”.28 As mulheres receberam autoridade para presidir a organização de mulheres e designar líderes, conforme necessário, para dirigir a organização no padrão do sacerdócio, inclusive sendo guiadas por uma presidente, com conselheiras.29 Na época da declaração do Presidente Taylor, as organizações lideradas por mulheres já haviam sido organizadas também para as moças e para as crianças. Essas organizações também tinham presidências, que agiam de acordo com a autoridade delegada do sacerdócio.

O segundo aspecto dos ensinamentos de Joseph Smith para a Sociedade de Socorro, que não são muito conhecidos hoje em dia é o seu aval para a participação das mulheres nas bênçãos de cura. “A respeito da imposição das mãos pelas mulheres”, as atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo registram que Joseph disse que: “Não é pecado para ninguém que tenha fé, fazê-lo” e admoestou: “Se as irmãs tiverem fé para curar os enfermos, que todos refreiem sua língua e deixem que a prática continue”.30 Algumas mulheres tinham dado essas bênçãos desde os primórdios da Igreja. Naquela época, os santos dos últimos dias compreendiam o dom de cura basicamente como ensinado no Novo Testamento, que era um dos dons do espírito disponível para os fiéis por meio da fé. Joseph Smith ensinou que o dom da cura era um sinal que seguiria “todos os que crerem, sejam eles homens ou mulheres”.31

Durante o século 19, as mulheres frequentemente abençoavam os doentes pela oração da fé, e muitas mulheres receberam as bênçãos do sacerdócio prometendo que elas teriam o dom da cura.32 “Já vi muitas manifestações do poder e bênção de Deus através da ministração aos doentes pelas irmãs”, testificou Elizabeth Ann Smith Whitney, que foi, conforme seu próprio relato, abençoada por Joseph Smith para exercer esse dom.33 Em relação a essas bênçãos de cura, a Presidente Geral Sociedade de Socorro, Eliza R. Snow explicou em 1883: “As mulheres podem ministrar em nome de JESUS, mas não em virtude do sacerdócio”.34

A participação das mulheres nas bênçãos de cura diminuiu gradualmente no início do século 20 quando os líderes da Igreja ensinaram que era melhor seguir a instrução do Novo Testamento para “cham[ar] os anciãos”.35 Por volta de 1926, o Presidente da Igreja Heber J. Grant afirmou que a Primeira Presidência “não incentivem o pedido de chamar as irmãs para ministrar aos doentes, porque as escrituras nos dizem para chamar os élderes, que possuem o sacerdócio de Deus e têm o poder e a autoridade para ministrar aos doentes em nome de Jesus Cristo”.36 O atual Manual de Instruções orienta que “somente portadores do Sacerdócio de Melquisedeque podem dar bênçãos aos enfermos ou aflitos”.37

O Sacerdócio e o Templo

Joseph Smith disse que suas instruções para a Sociedade de Socorro tinham a intenção de preparar as mulheres para “participar dos privilégios, bênçãos e dons do sacerdócio”. Isso seria realizado por meio das ordenanças do templo.38 Essas novas ordenanças ensinaram a natureza de Deus, o propósito da vida, o significado da vida eterna e a natureza do relacionamento da humanidade com a divindade. Elas conduziam homens e mulheres a um relacionamento de convênio com Deus.

Os ensinamentos de Joseph Smith sobre as ordenanças do templo fornecem um contexto maior para seus ensinamentos sobre o sacerdócio para a Sociedade de Socorro. Joseph falou sobre o estabelecimento de um “reino de sacerdotes”.39 Ele usou termos semelhantes anteriormente ao falar da relação de todos os santos com o templo.40 Esse “reino de sacerdotes” seria composto de homens e mulheres que fizeram convênios no templo.

Nos últimos dois anos de sua vida, Joseph Smith apresentou as ordenanças e os convênios do templo a um grupo seleto de homens e mulheres. Em maio de 1842, ele oficiou nas primeiras investiduras do templo — uma ordenança na qual os participantes fizeram convênios sagrados e receberam instruções sobre o plano de salvação de Deus.41 Joseph Smith começou fazendo o selamento (ou casamento para a eternidade) de maridos e esposas e, em seguida, providenciou as ordenanças de investidura para as mulheres, por volta do final de setembro de 1843. Ele ensinou os homens e as mulheres que, ao receber as ordenanças do templo, concluindo com a ordenança de selamento, eles entraram em uma “ordem do sacerdócio”.42 Por ocasião de sua morte, ele tinha ministrado essas ordenanças para várias dezenas de homens e mulheres, que se reuniram com frequência para orar e participar das cerimônias do templo enquanto aguardavam a conclusão do Templo de Nauvoo, em dezembro de 1845.

As ordenanças do templo eram ordenanças do sacerdócio, mas elas não concediam ofícios eclesiásticos aos homens ou às mulheres. Elas cumpriam a promessa do Senhor a seu povo — homens e mulheres — de que seriam “investidos de poder do alto”.43 Esse poder do sacerdócio manifestou-se na vida das pessoas de muitas maneiras e foi disponibilizado aos membros adultos, independentemente do estado civil. A investidura abriu os canais da revelação pessoal para homens e mulheres. Ela concedeu uma maior medida de “fé e conhecimento” e a “ajuda do Espírito do Senhor” — poder que fortaleceu os santos para as dificuldades subsequentes que enfrentariam, enquanto viajavam os 2100 quilômetros, em um deserto perigoso e se estabeleciam no vale de Salt Lake.44 Preparou os santos dos últimos dias que receberam a investidura para seguir em frente, “armados de teu poder [de Deus]” para “prestar novas sumamente grandes e gloriosas (…) até os confins da Terra”.45 De fato, por meio das ordenanças do templo, manifestava-se o poder da divindade na vida deles.46

Durante a época de Nauvoo, os santos dos últimos dias vieram a compreender que todas as pessoas são filhos de pais celestiais e que o destino mais elevado de homens e mulheres fiéis é se tornarem como Eles.47 Mais revelações sobre a natureza eterna e o propósito do casamento acompanharam esses ensinamentos. Joseph Smith ensinou às pessoas mais próximas a ele que o casamento realizado e celebrado — ou “selado” — com a devida autoridade no templo duraria para a eternidade.48

Essas revelações e ordenanças transmitiram nova compreensão do relacionamento interdependente de homens e mulheres. O bispo Newel K. Whitney falou sobre isso logo depois de receber sua investidura: “Sem a mulher, todas as coisas não podem ser restauradas na Terra. Ambos são necessários, homens e mulheres, para restaurar o sacerdócio”.49 Mary Isabella Horne, um membro da Sociedade de Socorro de Nauvoo, mais tarde expressou a alegria de serem “colaboradoras com nossos irmãos na edificação do Reino de Deus”. “Em todas as ordenanças recebidas na Casa do Senhor”, ela disse: “a mulher ergue-se ao lado do homem, tanto para os vivos e mortos, mostrando que o homem não é sem a mulher nem a mulher sem o homem no Senhor”.50

O poder do sacerdócio concedido no Templo de Nauvoo — e por extensão, nos templos de hoje em dia — se estende além desta vida, porque as ordenanças do templo tornam possível a exaltação dos filhos de Deus.51 As ordenanças do templo, Joseph Smith ensinou, cria um “elo” entre todos os membros da família humana, uma família de cada vez, estendendo-se para trás e para a frente no tempo.52

Quando um homem e uma mulher são selados no templo, eles entram juntos, por convênio, em uma ordem do sacerdócio.53 Se forem fiéis a seus convênios, eles recebem a “honra, imortalidade e vida eterna”, “exaltação e glória em todas as coisas”, e “a plenitude e uma continuação das sementes para todo o sempre”.54 Alguns não têm a oportunidade de casar-se nesta vida, e muitos experimentam a interrupção de relacionamentos familiares. Porque Deus é justo, todo filho de Deus terá a oportunidade, seja nesta vida ou na próxima, de aceitar o evangelho e receber todas as bênçãos prometidas (inclusive o casamento eterno), condicionadas à fidelidade.55

As Mulheres e o Sacerdócio Hoje

Em alguns aspectos, o relacionamento entre as mulheres santos dos últimos dias e o sacerdócio permaneceu extraordinariamente constante desde a época de Joseph Smith. Como nos primórdios da Igreja, os homens são ordenados aos ofícios do sacerdócio, enquanto os homens e as mulheres são convidados a experimentar o poder e bênçãos do sacerdócio em sua vida.56 Os homens e as mulheres continuam a oficiar nas ordenanças sagradas nos templos, da mesma forma como nos dias de Joseph Smith. Joseph ensinou que os homens e as mulheres somente podem obter o mais alto grau da glória celestial se entrarem juntos em uma ordem do sacerdócio, por meio da ordenança de selamento do templo. Essa compreensão permanece com os santos dos últimos dias hoje.

A autoridade do sacerdócio exercida por mulheres santos dos últimos dias no templo e em outros lugares permanece desconhecida em grande parte por pessoas fora da Igreja e às vezes é mal compreendida ou ignorada por aquelas que estão dentro dela. Os santos dos últimos dias e outras pessoas com frequência erroneamente igualam o sacerdócio aos ofícios religiosos e aos homens que os possuem, o que obscurece o conceito mais amplo dos santos dos últimos dias sobre o sacerdócio.

Desde a época de Joseph Smith, os profetas da Igreja, exercendo as chaves do sacerdócio, adaptaram edifícios e programas em um mundo em que a educação, a política e as oportunidades econômicas expandiram-se para muitas mulheres.57 Hoje em dia, as mulheres da Igreja lideram três organizações dentro da Igreja: a Sociedade de Socorro, as Moças e a Primária. Elas pregam e oram nas congregações, preenchem várias posições de liderança e serviço, participam de conselhos do sacerdócio a nível local e geral e servem em uma missão formal de proselitismo em todo o mundo. Dessas e de outras maneiras, as mulheres exercem a autoridade do sacerdócio, mesmo que não sejam ordenadas ao ofício do sacerdócio.58 Tal serviço e liderança exigem ordenação em muitas outras denominações religiosas.

O sacerdócio abençoa a vida dos filhos de Deus de inúmeras maneiras. O sacerdócio define, capacita, enobrece e cria ordem. Nos chamados eclesiásticos, nas ordenanças do templo, nos relacionamentos familiares e na serenidade do ministério individual, as mulheres da Igreja e os homens agem com a autoridade e o poder do sacerdócio. Essa interdependência entre homens e mulheres para realizar a obra de Deus por meio de Seu poder é o ponto central do evangelho de Jesus Cristo restaurado por intermédio do profeta Joseph Smith.

Recursos

  1. Doutrina e Convênios 13; 27:12; Joseph Smith — História 1:72.
  2. Nathan O. Hatch, The Democratization of American Christianity (New Haven, Connecticut: Yale University Press, 1989), pp. 170–178.
  3. An American Dictionary of the English Language, comp. Noah Webster (Nova York: S. Converse, 1828), s.v. “sacerdócio”.
  4. Compreensão dos ofícios e da terminologia do sacerdócio, incluindo as divisões do Sacerdócio Aarônico e de Melquisedeque, desenvolvidas ao longo do tempo. (Ver William G. Hartley, My Fellow Servants: Essays on the History of the Priesthood [Provo, UT: BYU Studies, 2010], p. 12)
  5. Doutrina e Convênios 27:12; 42:69; 90:1–3. Hoje em dia, as chaves do sacerdócio são definidas como “a autoridade que Deus concedeu aos líderes do sacerdócio para dirigir, controlar e governar a utilização de Seu sacerdócio na Terra”. Revelações a Joseph Smith falam sobre ele ter recebido as “chaves de seu ministério”, as “chaves da Igreja” e as “chaves do Reino”. (Manual 2: Administração da Igreja, 2010, 2.1.1).
  6. Doutrina e Convênios 107:8–9.
  7. Doutrina e Convênios 84:19–20, 23, 33–40.
  8. Doutrina e Convênios 110:11–16.
  9. Doutrina e Convênios 124:40–42.
  10. Esse era conhecido como “comum acordo”. (Ver Doutrina e Convênios 26:2.)
  11. Para ver um resumo sobre os dons espirituais e a participação das primeiras mulheres SUD na Igreja, ver Jill Mulvay Derr e outras mulheres em Women of Covenant: The Story of Relief Society (Salt Lake City: Deseret Book, 1992, pp. 10–17).
  12. Doutrina e Convênios 25:7. No versículo 16, essa revelação declara que “esta é a minha voz para todos”. (Ver também Janiece L. Johnson, “‘Give Up All and Follow Your Lord’: Testimony and Exhortation in Early Mormon Women’s Letters, 1831–1839”, BYU Studies 41, número 1, 2002: pp. 77–107).
  13. Ver Ann Braude, Women and American Religion (Nova York: Oxford University Press, 2000), pp. 11–57; e Sue Morgan e Jacqueline deVries, eds., Women, Gender and Religious Cultures in Britain, 1800–1940 (London: Routledge, 2010). Em geral, as mulheres Quakers, Batistas Livres e Metodistas da América do Norte e da África gozavam de maior liberdade do que as mulheres nas igrejas predominantes. (Ver Rebecca Larson, Daughters of Light, Quaker Preaching and Prophesying in the Colonies and Abroad, 1700–1775 [New York: Knopf, 1999]; e Catherine A. Brekus, Strangers and Pilgrims: Female Preaching in America, 1740–1845 [Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1998]).
  14. Derr e outras mulheres, Women of Covenant, pp. 23–40; ver também Glen M. Leonard, Nauvoo: A Place of Peace, A People of Promise (Salt Lake City: Deseret Book, 2002), pp. 222–226.
  15. Anne M. Boylan, “Women in Groups: An Analysis of Women’s Benevolent Organizations in New York and Boston, 1747–1840”, Journal of American History, 71, 1984: pp. 497–523.
  16. Sarah M. Kimball, “Early Relief Society Reminiscence”, 17 de março de 1882, em Registros da Sociedade de Socorro, 1880–1892, Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City. Em outro relato, Kimball escreveu a declaração de Joseph Smith: “sob o sacerdócio, segundo o padrão do sacerdócio”. Não existem documentos da época de Joseph Smith que confirmem que ele usou essa expressão; no entanto, Sarah Kimball e outras líderes da Sociedade de Socorro, que eram membros da Sociedade de Socorro de Nauvoo repetidamente expressaram esse conceito, como sendo o entendimento delas do que foi ensinado por Joseph Smith. Além disso, em 1843, Reynolds Cahoon, membro do comitê do templo, disse às mulheres da Sociedade de Socorro de Nauvoo que elas tinham sido organizadas “segundo a Ordem de Deus ligada ao sacerdócio”. O traço comum expressado nessas declarações é a ideia de que Joseph Smith considerava a Sociedade de Socorro como parte necessária da estrutura da Igreja e padronizou a liderança da presidência com três membros, conforme já estabelecido para os quóruns do sacerdócio. Sarah M. Kimball, “Autobiografia”, Woman’s Exponent, p. 12, número 7, (1º de setembro de 1883): p. 51; Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 13 de agosto de 1843, Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City, disponível em josephsmithpapers.org.
  17. Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 17 de março de 1842, disponível em josephsmithpapers.org. De acordo com Eliza R. Snow, Joseph Smith também ensinou que as mulheres haviam sido formalmente organizadas em dispensações anteriores. Ver Eliza R. Snow, “Female Relief Society”, Deseret News, 22 de abril de 1868, p. 1; e Filhas em Meu Reino: A História e o Trabalho da Sociedade de Socorro, 2011, pp. 1–7.
  18. Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 9 de junho de 1842, disponível em josephsmithpapers.org.
  19. Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 17 de março de 1842, disponível em josephsmithpapers.org; ver também Doutrina e Convênios 25:3.
  20. Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 28 de abril de 1842, disponível em josephsmithpapers.org.
  21. Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 17 de março de 1842, disponível em josephsmithpapers.org.
  22. Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 17 de março de 1842, sublinhado original, disponível em josephsmithpapers.org.
  23. Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 17 de março de 1842, disponível em josephsmithpapers.org.
  24. Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 28 de abril de 1842, disponível em josephsmithpapers.org.
  25. Dallin H. Oaks, “As Chaves e a Autoridade do Sacerdócio”, A Liahona, maio de 2014, pp. 49–52.
  26. Para ver exemplos de uso geral do termo chaves, ver Doutrina e Convênios 6:28; 27:5–6, 9, 12–13; 28:7; 81:2; e 124:34, 91–92, 97; ver também Jason H. Lindquist, “‘Unlocking the Door of the Gospel’: The Concept of ‘Keys’ in Mormonism”, Archive of Restoration Culture: Summer Fellows’ Papers, 1997–1999 (Provo, UT: Joseph Fielding Smith Institute for latter-Day Saint History, 2000), pp. 29–41.
  27. Por exemplo, William W. Phelps foi “ordenado” para ajudar com as impressões da Igreja e Newel K. Whitney foi “ordenado” como agente de assuntos temporais da Igreja. O uso do termo “designado” para indicar uma bênção dada em conjunto com a designação para um chamado específico, começou a ser usado no final do século 19. (Doutrina e Convênios 55:4; 63:45; ver também Doutrina e Convênios 104:61).
  28. “R.S. Reports”, Woman’s Exponent 9, número 7 (1º de setembro de 1880): p. 55. As líderes da Sociedade de Socorro presentes naquela ocasião, que também estavam presentes nas primeiras reuniões da Sociedade de Socorro de Nauvoo, concordaram com o esclarecimento do Presidente Taylor. Taylor continuou sua explicação dizendo que “as irmãs possuem uma porção do sacerdócio em conexão com seus maridos”, referindo-se à compreensão, conforme discutido mais adiante, de que os casais que receberam a ordenança de selamento no templo entraram juntos em uma ordem do sacerdócio.
  29. Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 17 de março de 1842, disponível em josephsmithpapers.org.
  30. Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 28 de abril de 1842, disponível em josephsmithpapers.org.
  31. Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 28 de abril de 1842, disponível em josephsmithpapers.org; ver também Marcos 16:17–18.
  32. Algumas bênçãos patriarcais, por exemplo, fizeram essas promessas. Judith Higbee relatou que o patriarca que a abençoou prometeu que “ela curaria milhares”. (Ala XVI, Estaca Riverside, Atas e Registros da Sociedade de Socorro da Ala XVI, 1868–1968, Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City, 9 de março de 1880). A participação das mulheres nas ordenanças de cura é debatida extensivamente em Derr e outras mulheres, Women of Covenant, pp. 44–45, 67–68, 114, 220–221, 429–430. Um estudo mais recente e completo encontra-se em “Female Ritual Healing in Mormonism”, de Jonathan A. Stapley e Kristine Wright Journal of Mormon History 37, número 1 (inverno de 2011): pp. 1–85.
  33. Whitney registrou: “Eu também fui ordenada e designada sob as mãos de Joseph Smith, o Profeta, a ministrar aos enfermos e consolar os aflitos. Várias outras irmãs também foram ordenadas e designadas para ministrar essas santas ordenanças”. [Elizabeth Ann Whitney], “A Leaf from an Autobiography”, Woman’s Exponent 7, número 12 (15 de novembro de 1878): p. 91.
  34. Atas e Registros da Sociedade de Socorro da Estaca Morgan Utah, 1878–1973, Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City, Vol. 1, 28 de abril de 1883, p. 88, grifo no original; ver também “To All Authorities of the Priesthood–Instruction for the Relief Society”, da Primeira Presidência, Salt Lake City, a todos os líderes do sacerdócio e os santos dos últimos dias, 6 de outubro de 1880, Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City. O Presidente Wilford Woodruff deu orientações semelhantes em uma carta de instruções para a secretária geral da Sociedade de Socorro. Ele disse que as mulheres ministravam aos enfermos “não como membros do sacerdócio, mas como membros da Igreja”. Wilford Woodruff para Emmeline B. Wells, 27 de abril de 1888, First Presidency Letterpress Copybooks, Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City, Vol. 18, pp. 733–736.
  35. Tiago 5:14.
  36. Heber J. Grant para Zina Young Card, 26 de março de 1926, Zina Card Brown Family Collection, Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City. Ver também Anthony W. Ivins e Charles W. Nibley para Joseph McMurrin, 14 de dezembro de 1927, California Mission President’s Correspondence, Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City. Para debate complementar, ver Stapley e Wright, “Female Ritual Healing in Mormonism”, pp. 64–85.
  37. Manual 2: Administração da Igreja, 20.6.1.
  38. Joseph Smith, Diário, 28 de abril de 1842, ortografia atualizada, disponível em josephsmithpapers.org; Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 31 de março de 1842, disponível em josephsmithpapers.org. Na reunião da Sociedade de Socorro de 28 de abril de 1842, Joseph Smith disse que “a Igreja não está plenamente organizada em sua devida ordem e isso não poderá acontecer até que esteja concluído o Templo”. Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 28 de abril de 1842, disponível em josephsmithpapers.org.
  39. Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 31 de março de 1842, ortografia e pontuação atualizada, disponível em josephsmithpapers.org; ver também Êxodo 19:6; e Apocalipse 1:6.
  40. Joseph Smith, Diário, 6 de janeiro de 1842, disponível em josephsmithpapers.org.
  41. Joseph Smith, Diário, 4 de maio de 1842, disponível em josephsmithpapers.org. A investidura foi ministrada primeiramente a nove homens. (Ver Alma P. Burton, “Endowment”, em Encyclopedia of Mormonism, ed. Daniel H. Ludlow, 5 vols. [New York: MacMillan, 1992]), 2:454–456.
  42. Doutrina e Convênios 131:1–4.
  43. Doutrina e Convênios 38:32.
  44. Sarah P. Rich, Autobiografia, 1885, Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City, p. 66; também ver Guinevere Thomas Woolstenhulme, “‘I Have Seen Many Miracles’: Sarah De Armon Pea Rich (1814–1893)”, em Women of Faith in the Latter Days, pp. 271–285.
  45. Doutrina e Convênios 109:22–23.
  46. Ver Doutrina e Convênios 84:20.
  47. Ver “Mãe Celestial”; e “Tornar-se Como Deus”.
  48. Parley P. Pratt, The Autobiography of Parley Parker Pratt, One of the Twelve Apostles of the Church of Jesus Christ of Latter-Day Saints, ed. Parley P. Pratt Jr. (New York: Russell Brothers, 1874), p. 329. A revelação sobre o casamento eterno (Doutrina e Convênios 132) também incluía instruções sobre o casamento plural. (Ver “Casamento Plural em Kirtland e Nauvoo”).
  49. Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 27 de maio de 1842, pontuação atualizada, disponível em josephsmithpapers.org.
  50. “To the Presidents and Members of the Relief Society of Salt Lake Stake of Zion, Greeting!”, Woman’s Exponent 6, número 16 (15 de janeiro de 1878): p. 123; ver também 1 Coríntios 11:11.
  51. Doutrina e Convênios 131:1–4.
  52. Ver Lynn A. McKinlay, “Patriarchal Order of the Priesthood”, em Encyclopedia of Mormonism, 3:1067; ver também Jonathan A. Stapley, “Adoptive Sealing Ritual in Mormonism”, Journal of Mormon History p. 37, número 3 (verão de 2011): pp. 56–67.
  53. Doutrina e Convênios 131:1–2.
  54. Doutrina e Convênios 124:55; 132:19–20; ver também “Tornar-se Como Deus”.
  55. 1 Néfi 17:35. O Presidente Lorenzo Snow ensinou: “Nenhum santo dos últimos dias que morrer, tendo sido fiel, perderá qualquer coisa por não ter cumprido certos mandamentos devido à falta de oportunidade. Em outras palavras, se um rapaz ou uma moça viver fielmente até o dia de sua morte e não tiver a oportunidade de casar-se terá todas as bênçãos, exaltação e glória recebidos por qualquer homem ou mulher que tenha tido essa oportunidade e a tiver aproveitado. Isso é absolutamente garantido”. (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Lorenzo Snow, 2013, p. 132).
  56. “O Senhor determinou que somente os homens serão ordenados a ofícios do sacerdócio”, disse o Élder Dallin H. Oaks. Autoridades presidentes “não são livres para alterar [esse] padrão divinamente decretado”. (Oaks, “As Chaves e a Autoridade do Sacerdócio”, pp. 50–51.)
  57. Conforme ensinou o Presidente Dieter F. Uchtdorf: “A Restauração é um processo em andamento”. Dieter F. Uchtdorf, “Vocês Estão Dormindo Durante a Restauração?”, A Liahona, maio de 2014, p. 59
  58. Oaks, “As Chaves e a Autoridade do Sacerdócio”, pp. 50–51.

A Igreja reconhece a contribuição de estudiosos para o conteúdo histórico apresentado neste artigo; o trabalho deles é usado com permissão.