2009
Descobrir Deus
Janeiro de 2009


Descobrir Deus

Quando eu estava com quase 18 anos, viajei de avião até uma pequena cidade chamada Soldotna, Alasca, para trabalhar durante o verão. Aquela foi a primeira vez que morei longe da família. Meus pais tinham combinado com seus bons amigos, a família Wright, donos da mercearia local, que eu iria trabalhar para eles e morar em sua casa. Eu esperava conseguir juntar dinheiro suficiente para pagar a faculdade. Também esperava voltar para casa com a resposta a uma pergunta que não me saía da mente: existe mesmo um Deus?

Eu precisava encontrar uma resposta por mim mesma. Por isso, resolvi orar todas as noites e perguntar a Deus se Ele era real. De certa forma, eu sentia que, se Deus existisse, Ele responderia a minhas orações. Se eu não recebesse resposta, então saberia que Ele não existia. Era bem simples, pensei eu.

Na casa da família Wright, dividi o quarto com a filha deles, Lisa. Ela estudava na Universidade Brigham Young e havia voltado para casa, a fim de passar o verão, e trabalhava na mercearia comigo. Senti muita admiração por Lisa desde o primeiro instante. Ela era bonita, inteligente, confiante e entusiasmada com a vida. Naquele verão, passamos quase todos os momentos juntas.

Eu adorava ouvir Lisa me contar a respeito da vida na faculdade. A vida dela parecia muito divertida e independente. Lisa estava com a vida organizada e equilibrada, com as prioridades certas bem estabelecidas.

Minha admiração por ela aumentou ao vê-la lendo as escrituras diariamente e orando todas as manhãs e noites. Eu queria perguntar a Lisa como ela havia adquirido sua fé em Deus, mas tinha vergonha da minha falta de fé. Lembro-me de ficar na cama, imaginando o que ela conversava com Deus em suas orações.

Todas as noites, eu me ajoelhava ao lado da cama e fazia uma oração bem rápida, perguntando a Deus se Ele existia. Mas ainda não sentira nada de especial ou espiritual. Não ouvira uma voz. Sentia-me a mesma, antes e depois das orações. Aquela rotina noturna prosseguiu por dois meses. Desanimada, senti que minhas dúvidas a respeito de Deus iam aumentando.

Certa noite, quando estava sentindo muita saudade de casa, meus olhos se encheram de lágrimas. Eu queria desesperadamente estar perto da minha família e de meus amigos, num ambiente conhecido. Ansiando por conversar com alguém que me conhecesse e amasse, ajoelhei-me em oração. “Deus, eu realmente preciso de Ti neste exato momento”, comecei a dizer. Nos minutos que se seguiram, disse tudo o que sentia a meu Pai Celestial. Contei-Lhe tudo. Conversei com Ele como se acreditasse que Ele estava me ouvindo.

Senti um calor me envolver. Comecei a me sentir como se o Pai Celestial tivesse descido e me envolvido em Seus braços. Já não estava mais sozinha. Sentia-me envolvida por um sentimento de paz e amor. Eu sabia que Deus existia.

Fiquei-me perguntando por que levara mais de dois meses para receber uma resposta a minhas orações. Encontrei a resposta em Jeremias 29:13: “E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração”.

Finalmente eu havia recebido uma resposta a minha oração, depois de ter buscado com todo o coração. Depositei minha fé na existência de Deus. Busquei bem alto no céu, com minhas palavras e lágrimas.

Minha vida mudou por causa daquela noite. Servi em uma missão e casei-me no templo. Minha fé na existência de Deus continua crescendo.

Penso muito naquele verão no Alasca. Sem o exemplo de Lisa, talvez eu não tivesse perseverado na oração ao longo daqueles meses. Eu podia ter desistido e jamais ter descoberto o amor do meu Pai Celestial. Sempre serei grata a Lisa por seu exemplo. Ela me ajudou a conhecer Deus e sentir o amor que Ele tem por mim.

Ilustração: Julie Rogers