1990–1999
Ensinamentos de um Pai Amoroso
April 1990


Ensinamentos de um Pai Amoroso

“Se entendermos a importância dos obstáculos em nossa vida individual, começaremos a vêdos de maneira positiva, como desafios reais a serem sobrepujados.”

O Pai Celestial nos ama profimdamente, e zela por nós em todas as nossas necessidades e cuidados, atento à nossa vida, passo por passo.

Ele estabeleceu para seus filhos o plano de vir à terra e continuar progredindo. Quando estávamos com ele, apreciávamos seus ensinamentos, ouvíamos com prazer seus conselhos e reprimendas, como filhos cujos pais velam por eles e os guiam atentamente.

Atingimos um grau de conhecimento tal, que o Pai decidiu que precisávamos ir para outra esfera e passar por outras experiências, para podermos continuar a progredir, exercendo o livre-arbítrio e tomando decisões longe de sua presença.

O fato de não o termos conosco não significa, porém, que ele nos deixou sozinhos. Ele se preocupa conosco durante este estado de provação. Deu-nos um Salvador, um Redentor, um Pastor. Deu-nos também a oportunidade de termos um companheiro constante, o Espírito Santo, as escrituras e os ensinamentos de profetas vivos.

Não estamos sós. Ele tenta ensinar-nos em todas as coisas. Muitos desses ensinamentos nos chegam por meio de cada criatura da criação. A formiguinha nos ensina a industriosidade e o trabalho árduo. A abelha nos ensina organização e previsão. Aprendemos lições adicionais com flores, plantas e a natureza toda. Só temos que abrir uma enciclopédia ou um livro didático para descobrirmos coisas maravilhosas sobre as grandes obras do Pai Celestial. Todas elas nos ajudarão de uma forma ou de outra, a direcionar nossa vida no caminho certo.

Os ensinamentos mais importantes, porém, além das escrituras, recebemos por meio de nossa própria vida e experiências. Eles são os mais importantes porque nos afetam diretamente e nos tocam de maneira pessoal. Na verdade, aqueles que mais nos ensinam são os que aparecem em nossa vida em forma de desafios ou provações individuais. É então que, se formos suscetíveis ao Espírito e tivermos fé, poderemos ver a mão de Deus estendendo-se pessoalmente para todos os seus filhos.

Os problemas são importantes para nós. São colocados em nosso caminho para que os sobrepujemos, não para nos sobrepujarem. Devemos dominá-los, não deixar que nos dominem. Cada vez que sobrepujamos um desafio, crescemos em experiência, em confiança própria e na fé.

Nas corridas de obstáculos de 100 metros, os corredores têm que pular barreiras colocadas em seu caminho. Essas barreiras não são colocadas para que o corredor chegue até elas e pare, desanimado, voltando ao ponto de partida. Tampouco são postas lá para fazer com que ele se machuque. A beleza e a emoção da corrida estão em pular os obstáculos, em sobrepujá-los todos.

Se compreendermos a importância dos obstáculos começaremos a visualizá-los positivamente, como verdadeiros desafios a serem sobrepujados.

Os jovens que saem em missão aprendem isto. Tenho visto muitos prestarem testemunho ao terminar a missão, agradecidos pelos “maravilhosos desafios”.

Os desafios são verdadeiras oportunidades de se obter bênçãos, quando os sobrepujamos, pela fé, discernindo o que o Espírito e o Salvador desejam nos ensinar.

Muitos se queixam ou murmuram quando têm que passar por provações, enfermidades, acidentes, desemprego ou morte. Eles dizem: “Por que eu? Isto não é justo”, ou ficam tão deprimidos que sofrem quedas das quais dificilmente se recuperam.

Doutrina e Convênios 29:39 nos ensina outro motivo de provações: “E é necessário que o diabo tente aos filhos dos homens, ou estes não poderiam ser seus próprios árbitros; pois, se nunca tivessem o amargo, não poderiam conhecer o doce.”

Há algum tempo, nossa família teve a oportunidade de ser ensinada. Foi uma provação dolorosa, mas tornou-se uma doce experiência. No mês de dezembro passado minha mulher e eu estávamos com nossas três filhas. A mais velha está casada e mora no Estado de Delaware. Ela veio nos visitar com o marido e três filhos pequenos. O menor, David, com quinze meses, é também o mais novo de nossos quatro netos. Os dias de sua visita foram belos e inesquecíveis. Sentimos imenso prazer em estarmos juntos como família, e tivemos a oportunidade de conhecer David, que só havíamos visto por ocasião do nascimento. Uma criança extremamente doce, a melhor que jamais conheci, não chorando nunca, mesmo quando doente ou com dor. Independente, mas muito amoroso, é um espírito especial.

Aqueles dias chegaram ao fim, e minha filha voltou para casa. Dois dias depois da chegada deles, David foi tragicamente levado ao hospital, vindo a morrer quatro horas mais tarde.

Eu e minha mulher partimos imediatamente, para estar com nossos filhos naquela hora difícil. Voamos a noite toda e foi-nos doloroso falar sobre o acontecido. Passamos muitas horas pensando e orando. Eu não sabia como confortá-los. O que poderia dizer, quando eu mesmo sentia tanta dor? Conseqüentemente,.orei muito, e um Pai amoroso veio em minha ajuda. As respostas surgiram uma a uma, na hora certa, cumprindo a promessa do Senhor: “Aprende de mim e ouve as minhas palavras; anda na mansidão do meu Espírito e terás paz em mim.” (D&C 19:23.)

Encontramos nossos filhos sofrendo profundamente. A dor deles era tão intensa que não puderam ver nela qualquer propósito ou ensinamento. Eles são membros fiéis da Igreja, mas, sendo jovens, não esperavam algo tão devastador.

Eu e minha mulher compartilhamos as respostas que tínhamos, e eles, compreendendo-as e aceitando-as, começaram a receber respostas posteriores, ensinamentos adicionais, que levaram paz aos seus corações.

“Em verdade, em verdade te digo que, se desejas outro testemunho, volve a tua mente para a noite que em teu coração me imploraste para que pudesses saber a verdade com respeito a essas coisas.

Não dei a paz à tua mente quanto ao assunto? Que maior testemunho podes receber que o de Deus?” (Doutrina e Convênios 6:22-23.)

A dor e o sofrimento diminuíram, deixando lugar a um sentimento de paz, vindo do Espírito.

Fiquei perplexo com o fato de terem aceitado o funeral com tanta calma. Demonstraram grande força e chegaram a confortar outros parentes e amigos.

Como foi possível tão maravilhosa mudança?

Porque compreendemos que Deus vive e, como nosso Pai que é, nos ama. Ele não deseja que soframos qualquer mal. Se David partiu foi porque, como espírito especial que era, não precisava permanecer nesta vida. Compreendemos que ele é necessário em outro lugar. Foi uma bênção conhecê-lo e tê-lo em nossa família. Nós não o perdemos; vê-lo-emos novamente. Devemos lembrar com carinho o tempo que passamos com ele. Ele nos ensinou o que significa ser puro e limpo diante de Deus, e é um exemplo para todos. Coloquemos nossa vida na perspectiva certa, a fim de sermos dignos de vê-lo novamente. Graças a ele, pensamos mais na vida além do véu e fomos ensinados a reconhecer o que é verdadeiramente importante nesta vida e na vida futura — conservar nossas famílias unidas eternamente.

Tantas bênçãos, tantos ensinamentos! Mudamos e crescemos durante esse tempo. Como somos gratos ao Pai Celestial por esta experiência!

Poucos dias depois de David ter nos deixado, minha filha soube que estava grávida novamente. O Pai nos ama e nos dá ensinamentos adicionais. Eu testifico que nosso Mestre, nosso Pastor, é Cristo, nosso melhor amigo, que esclarece as nossas dúvidas. Ele cura nossas feridas e transforma a dor em doces experiências. Digo isto em nome de Jesus Cristo, amém.