Conferência Geral
Falamos de Cristo
Conferência Geral de outubro de 2020


Falamos de Cristo

À medida que o mundo fala cada vez menos sobre Jesus Cristo, falemos nós cada vez mais sobre Ele.

Expresso o meu amor por vós, amados amigos e irmãos na fé. Tenho admirado a vossa fé e coragem durante estes últimos meses, à medida que esta pandemia mundial tem afetado as nossas vidas e nos tem levado preciosos familiares e amigos queridos.

Durante este período de incerteza, senti uma gratidão incomum pelo meu conhecimento firme e seguro de que Jesus é o Cristo. Também se sentiram assim? Existem dificuldades que pesam sobre cada um de nós mas, sempre diante de nós, está Aquele que humildemente declarou: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida”.1 Enquanto atravessamos uma época de distanciamento social, não temos de atravessar uma época de distanciamento espiritual d’Aquele que amorosamente nos chama, dizendo: “Vinde a mim”.2

Como uma estrela-guia num céu escuro e limpo, Jesus Cristo ilumina o nosso caminho. Ele veio à Terra num estábulo humilde. Viveu uma vida perfeita. Curou os enfermos e ressuscitou os mortos. Era amigo dos esquecidos. Ensinou-nos a fazer o bem, a obedecer e a amar o nosso próximo. Foi crucificado numa cruz e ressuscitou majestosamente três dias depois, permitindo-nos, a nós e àqueles que amamos, viver para além da morte. Com a Sua incomparável misericórdia e graça, tomou sobre Si os nossos pecados e o nosso sofrimento, trazendo perdão quando nos arrependemos e paz em meio às tempestades da vida. Nós O amamos. Nós O adoramos. Nós O seguimos. Ele é a âncora das nossas almas.

Curiosamente, embora esta convicção espiritual esteja a aumentar dentro de nós, existem muitas pessoas no mundo que pouco sabem sobre Jesus Cristo e, nalgumas regiões, onde o Seu nome tem sido proclamado ao longo de vários séculos, a fé em Jesus Cristo está a diminuir. Os Santos valentes da Europa têm visto o declínio da fé nos seus países, ao longo de décadas.3 Infelizmente, aqui nos Estados Unidos, a fé também está a diminuir. Um estudo recente revelou que, nos últimos dez anos, 30 milhões de pessoas nos Estados Unidos deixaram de acreditar na divindade de Jesus Cristo.4 Numa perspetiva internacional, um outro estudo prevê que, nas próximas décadas, o número dos que irão abandonar o Cristianismo duplicará face ao dos que a ele se irão converter.5

Naturalmente, reverenciamos o direito de escolha de cada indivíduo, no entanto, o nosso Pai Celestial declarou: “Este é [o] meu Filho amado: Ouve-O”.6 Testifico que chegará o dia em que todo o joelho se dobrará e toda a língua confessará que Jesus é o Cristo.7

Como é que devemos lidar com o nosso mundo sempre em mudança? Enquanto alguns estão a negligenciar a fé, outros estão em busca da verdade. Tomámos sobre nós o nome do Salvador. Que mais podemos nós fazer?

A Preparação do Presidente Russell M. Nelson

Parte da nossa resposta pode vir à medida que nos lembramos do modo como o Senhor ensinou o Presidente Russell M. Nelson, nos meses que antecederam o seu chamado como Presidente da Igreja. Um ano antes do seu chamado, o Presidente Nelson convidou-nos a estudar mais profundamente as 2.200 referências do nome Jesus Cristo listadas no Guia de Estuda das Escrituras.8

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O Presidente Nelson a estudar as escrituras

Três meses depois, na conferência geral de abril, ele falou sobre como, apesar das suas décadas de discipulado dedicado, este estudo mais aprofundado de Jesus Cristo o tinha afetado significativamente. A irmã Wendy Nelson, perguntou-lhe sobre o impacto que isso tinha tido nele. Ele respondeu: “Sou um homem diferente!” Era um homem diferente? Aos 92 anos, era um homem diferente? O Presidente Nelson explicou:

“Quando investimos tempo em aprender sobre o Salvador e [o] Seu sacrifício expiatório, somos levados a [Ele]. (…)

[O] nosso foco [torna-se] firmemente voltado para o Salvador e [o] Seu evangelho”.9

O Salvador disse: “Buscai-me em cada pensamento”.10

Num mundo de trabalho, preocupações e esforços dignos, mantemos o nosso coração, a nossa mente e os nossos pensamentos focados n’Aquele que é a nossa esperança e salvação.

Se um estudo renovado do Salvador ajudou o Presidente Nelson a preparar-se, será que não podia também ajudar-nos na nossa preparação?

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O Presidente Russell M. Nelson

Ao enfatizar o nome da Igreja, o Presidente Nelson ensinou: “Se é suposto que (…) tenhamos acesso ao poder da Expiação de Jesus Cristo — para nos purificar e curar, para nos fortalecer e magnificar, e, em última instância, para nos exaltar — então devemos reconhecê-Lo, claramente, como a fonte desse poder”.11 O Presidente Nelson ensinou-nos que a utilização consistente do nome correto da Igreja, algo que pode parecer trivial, não é de todo trivial, e irá moldar o futuro do mundo.

Uma Promessa para a Vossa Preparação

Prometo-vos que, à medida que se prepararem, tal como fez o Presidente Nelson, também se tornarão pessoas diferentes, que pensam mais no Salvador e falam sobre Ele com mais frequência e menos hesitação. À medida que passarem a conhecê-Lo e a amá-Lo ainda mais profundamente, as vossas palavras fluirão mais confortavelmente, como acontece quando se fala dum filho ou dum amigo querido. Quem vos ouvir sentirá menos vontade de contra-argumentar ou rejeitar as vossas palavras, e mais vontade de aprender convosco.

Nós falamos de Jesus Cristo, mas talvez possamos fazê-lo de uma forma melhor. Se o mundo vai falar cada vez menos sobre Ele, quem é que irá falar cada vez mais sobre Ele? Nós! Juntamente com outros cristãos devotos!

Falar de Cristo no Nossos Lares

Será que temos gravuras do Salvador nos nossos lares? Será que falamos frequentemente com os nossos filhos sobre as parábolas de Jesus? “As histórias de Cristo [são] como um vento rigoroso que aviva as brasas de fé que existem no coração [dos] nossos filhos”.12 Quando os vossos filhos vos fizerem perguntas, ponderem conscientemente ensinar-lhes o que o Salvador ensinou. Por exemplo, se o vosso filho perguntar: “Pai, por que é que oramos?” Podem responder: “É uma boa pergunta. Lembras-te quando Jesus orou? Vamos falar sobre por que é que Ele orou e como é que Ele orou”.

“Falamos de Cristo, regozijamo-nos em Cristo, (…) para que [os] nossos filhos saibam em que fonte procurar a remissão [dos] seus pecados.”13

Falar de Cristo na Igreja

Esta mesma escritura acrescenta que “pregamos [sobre] Cristo”.14 Nas nossas reuniões de adoração, concentremo-nos no Salvador Jesus Cristo e na dádiva do Seu sacrifício expiatório. Isto não significa que não podemos contar uma experiência pessoal ou partilhar pensamentos de outras pessoas. Embora o tema possa ser sobre famílias, serviço, templos ou uma missão recente, tudo nas nossas reuniões de adoração deve apontar para o Senhor Jesus Cristo.

Há trinta anos, o Presidente Dallin H. Oaks falou sobre uma carta que recebeu “dum homem que dizia ter assistido a uma reunião [sacramental] e ouvido dezassete testemunhos sem que fosse mencionado o Salvador”.15 O Presidente Oaks então observou: “Talvez esta descrição seja exagerada [mas] cito-a porque é um lembrete vivo para todos nós”.16 Depois disso, convidou-nos a falar mais sobre Jesus Cristo nos nossos discursos e nos nossos debates durante as aulas. Tenho observado que estamos a concentrar-nos cada vez mais em Cristo nas nossas reuniões da Igreja. Continuemos, conscientemente, a realizar estes esforços tão positivos.

Falar de Cristo com Outras Pessoas

Com aqueles que estão ao nosso redor, sejamos mais abertos e mais dispostos a falar de Cristo. O Presidente Nelson disse: “Os verdadeiros discípulos de Jesus Cristo estão dispostos a [destacar-se], a defender o evangelho e a ser diferentes das pessoas do mundo”.17

Às vezes, pensamos que uma conversa com alguém tem de levar à sua vinda para a igreja ou num encontro com os missionários. Deixem que o Senhor vos guie conforme a vontade deles, enquanto pensamos mais sobre a nossa responsabilidade de ser a Sua voz, sejamos atentos e abertos sobre a nossa fé. O Elder Dieter F. Uchtdorf ensinou que, quando alguém nos perguntar como foi o nosso fim de semana, devemos estar dispostos a responder alegremente que adorámos ouvir as crianças da Primária a cantar: “Eu quero ser como Cristo”.18 Vamos, bondosamente, prestar testemunho da nossa fé em Cristo. Se alguém partilhar um problema pessoal, podemos dizer: “João, Maria, sabes que eu acredito em Jesus Cristo. Tenho estado a pensar em algo que Ele disse que pode ajudar-te”.

Sejam mais abertos nas redes sociais ao falarem sobre a vossa confiança em Cristo. A maioria respeitará a vossa fé mas, se alguém desdenhar quando falarem do Salvador, animem-se com a Sua promessa: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem (…) por minha causa. (…) Porque é grande o vosso galardão nos céus”.19 Preocupamo-nos mais em ser seguidores de Cristo, do que em ser “amados” pelos nossos próprios seguidores. Pedro aconselhou: “Estai sempre preparados para responder a qualquer que vos perguntar [pela] esperança que há em vós”.20 Falemos de Cristo.

O Livro de Mórmon é uma testemunha poderosa de Jesus Cristo. Praticamente todas as páginas testificam do Salvador e da Sua missão divina.21 A compreensão da Sua Expiação e graça transborda nas suas páginas. Como companheiro do Novo Testamento, o Livro de Mórmon ajuda-nos a entender melhor a razão do Salvador ter-nos resgatado e como podemos achegar-nos a Ele de forma mais profunda.

Por vezes, alguns dos nossos irmãos cristãos sentem-se inseguros acerca das nossas crenças e motivos. Regozijemo-nos genuinamente com eles na nossa fé comum em Jesus Cristo e nas escrituras do Novo Testamento que todos amamos. Nos dias que estão por vir, os que acreditam em Jesus Cristo vão precisar da amizade e do apoio uns dos outros.22

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A Luz do Mundo

À medida que o mundo fala cada vez menos sobre Jesus Cristo, falemos nós cada vez mais sobre Ele. À medida que revelarmos as nossas verdadeiras cores como Seus discípulos, muitos ao nosso redor estarão preparados para ouvir. Ao partilharmos a luz que recebemos Dele, a Sua luz e o Seu transcendente poder salvador iluminarão aqueles que desejarem abrir os seus corações. Jesus disse: “Eu sou [como] a luz que [veio] ao mundo”.23

Aumentar o Nosso Desejo de Falar de Cristo

Nada aumenta mais o meu desejo de falar de Cristo do que visualizar o Seu regresso. Embora não saibamos quando é que Ele virá, os eventos do Seu regresso serão de cortar a respiração! Ele virá nas nuvens do Céu em majestade e glória, com todos os Seus santos anjos. Não apenas alguns anjos, mas todos os Seus santos anjos. Estes não são os querubins de faces rosadas, pintados por Rafael, que vemos nos cartões do dia dos namorados. Estes são os anjos dos séculos, os anjos que foram enviados para fechar a boca dos leões,24 para abrir as portas da prisão,25 para anunciar o Seu nascimento tão esperado,26 para confortá-Lo no Getsémani,27 para consolar os Seus discípulos na Sua ascensão28 e para abrir a gloriosa Restauração do evangelho.29

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A Segunda Vinda

Conseguem imaginar ser arrebatados para encontrá-Lo, seja deste ou do outro lado do véu?30 Esta é a Sua promessa aos justos. Esta experiência maravilhosa marcará a nossa alma para sempre.

Somos muito gratos pelo nosso amado profeta, o Presidente Russell M. Nelson, que elevou o nosso desejo de amar o Salvador e de proclamar a Sua divindade. Eu sou uma testemunha ocular da mão do Senhor sobre ele e do dom de revelação que o guia. Presidente Nelson, aguardamos ansiosamente pelos seus conselhos.

Meus queridos amigos de todas as partes do mundo, falemos de Cristo, antecipando a Sua gloriosa promessa: “Qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai”.31 Testifico que Ele é o Filho de Deus. Em nome de Jesus Cristo. Amém.

Notas

  1. João 14:6.

  2. Mateus 11:28.

  3. Ver Niztan Peri-Rotem, “Religion and Fertility in Western Europe: Trends Across Cohorts in Britain, France and the Netherlands” (Religião e Fertilidade na Europa Ocidental; Tendências Gerais dos Britânicos, Franceses e Holandeses), European Journal of Population (Jornal Europeu de Demografia), maio 2016, 231–65, ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4875064.

  4. “[Sessenta e cinco por cento] dos adultos americanos descrevem-se como cristãos quando questionados sobre religião, uma queda de 12 pontos percentuais na última década. Enquanto isso, a parcela da população não filiada à religião, consistindo de pessoas que descrevem a sua identidade religiosa como ateu, agnóstico ou ‘nada em particular’, agora é de 26%, quando era 17% em 2009” (Pew Research Center,“In US , Decline of Christianity Continues at Rapid Pace” (Nos EUA, o Declínio do Cristianismo Continua a Grande Velocidade), 17 de outubro de 2019, pewforum.org).

  5. Ver Pew Research Center, “The Future of World Religions: Population Growth Projections, 2010–2050” (O Futuro das Religiões Mundiais: Projeções de Crescimento da População de 2010 a 2050), 2 de abril de 2015, pewforum.org.

  6. Marcos 9:7; Lucas 9:35; ver também Mateus 3:17; Joseph Smith—História 1:17.

  7. Ver Lucas 2:9-11.

  8. Ver Russell M. Nelson, “Profetas, Liderança e Lei Divina” (devocional mundial para jovens adultos, 8 de janeiro de 2017), broadcasts.ChurchofJesusChrist.org.

  9. Russell M. Nelson, “Invocar o Poder de Jesus Cristo na Nossa Vida”, Liahona, maio 2017, 40–41.

  10. Doutrina e Convénios 6:36.

  11. Ver Russell M. Nelson, “O Nome Correto da Igreja”, Conferência Geral, outubro 2018.

  12. Neil L. Andersen, “Conta-me Histórias de Cristo”, Liahona, maio 2010.

  13. 2 Néfi 25:26.

  14. 2 Néfi 25:26.

  15. Dallin H. Oaks, “Another Testament of Jesus Christ” (Outro Testamento de Jesus Cristo), (Serão domingueiro da Universidade Brigham Young, 6 de junho de 1993), 7, speeches.byu.edu.

  16. Dallin H. Oaks, “Testemunhas de Cristo”, Liahona, novembro 1990.

  17. Russell M. Nelson, “Invocando o Poder de Jesus Cristo em Nossa Vida”, 40.

  18. Ver Dieter F. Uchtdorf, “Trabalho Missionário: Partilhar O Que Está No Vosso Coração”, Conferência Geral, abril 2019. “Eu Quero Ser Como Cristo”, Música para Crianças, 40.

  19. Mateus 5:11–12.

  20. 1 Pedro 3:15.

  21. Enquanto [os escribas proféticos do Livro de Mórmon] escreviam o seu testemunho do Messias prometido, mencionaram de alguma forma o seu nome, em média, a cada 1,7 versículos. [Eles] referiam-se a Jesus Cristo, literalmente, de 101 formas diferentes. (…) Quando nos apercebemos que um versículo geralmente consiste numa frase, parece-nos que, em média, não podemos ler duas frases do Livro de Mórmon sem nos depararmos com algum dos títulos atribuídos a Cristo” (Susan Easton Black, Finding Christ through the Book of Mormon (Encontrar Cristo através do Livro de Mórmon), [1987], 5, 15).

    “Embora as palavras expiar e expiação, em qualquer [das] suas formas, apareçam apenas uma vez na tradução do Rei Jaime do Novo Testamento, elas aparecem 35 vezes no Livro de Mórmon. Como um outro testamento de Jesus Cristo, ele lança uma luz preciosa sobre [a] Sua Expiação” (Russell M. Nelson, “A Expiação,” Liahona, novembro 1996, 35.)

  22. Aqueles que estão a deixar o Cristianismo nos Estados Unidos são os mais jovens. “Mais de oito em cada dez membros da Silent Generation (Geração silenciosa são aqueles nascidos entre 1928 e 1945) descrevem-se como cristãos (84%), assim como três quartos dos Baby Boomers (Geração do pós-guerra) (76%). Em total contraste, apenas metade dos Millennials (Geração millennium ou geração Y, nascidos entre 1980 e 2000) (49%) descreve-se como Cristão; quatro em cada dez são “não-religiosos”, e um em cada dez Millennials identifica-se com religiões não cristãs” (“In U.S., Decline of Christianity Continues” [Nos EUA, o Declínio do Cristianismo Continua], pewforum.org).

  23. João 12:46.

  24. Ver Daniel 6:22.

  25. Ver Atos 5:19.

  26. Ver Lucas 2:2–14.

  27. Ver Lucas 22:42-43.

  28. Ver Atos 1:9–11.

  29. Ver Doutrina e Convénios 13; 27:12–13; 110:11–16; Joseph Smith—História 1:27–54.

  30. Ver 1 Tessalonicenses 4:16–17; Doutrina e Convénios 88:96–98.

  31. Mateus 10:32.