Conferência Geral
Esta É a Nossa Vez!
Conferência geral de abril de 2021


Esta É a Nossa Vez!

Deus enviou-nos aqui, agora, neste momento importante da história.

Em 1978, estava num campo de futebol de um estádio lotado com 65.000 adeptos. À minha frente estavam vários adversários muito grandes que pareciam querer arrancar-me a cabeça. Foi o meu primeiro jogo como quarterback titular na Liga de Futebol Americano NFL, e estávamos a jogar contra os campeões da Super Bowl da altura. Para ser honesto, questionei-me se era suficientemente bom para estar no campo. Recuei para fazer o meu primeiro passe e, quando lancei a bola, fui atingido com mais força do nunca antes. Naquele momento, deitado sob um monte de atletas enormes, perguntei-me o que é que eu estava ali a fazer. Eu tinha uma decisão a tomar. Deixaria as minhas dúvidas vencer-me ou encontraria coragem e força para levantar-me e continuar?

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O primeiro passe

A Associated Press

Na época desconhecia como esta experiência me iria preparar para oportunidades futuras. Tinha de aprender que poderia ser forte e corajoso perante situações difíceis.

Um jogo de futebol pode não ser tão importante como os desafios que enfrentarão. Na maioria dos casos, não haverá um estádio cheio de pessoas a assistir. Mas as vossas decisões valentes terão significado eterno.

Talvez nem sempre nos sintamos à altura do desafio. Mas o nosso Pai Celestial vê-nos como construtores destemidos do Seu reino. É por isso que Ele nos enviou aqui durante o momento mais decisivo da história do mundo. Esta é a nossa vez!

Ouçam o que o Presidente Russell M. Nelson disse pouco depois de se tornar Presidente da Igreja: “[O] nosso Salvador e Redentor, Jesus Cristo, realizará algumas [das] Suas obras mais poderosas no período entre agora e o momento em que Ele vier novamente. Veremos evidências ou sinais milagrosos de que Deus, o Pai, e o Seu Filho Jesus Cristo presidem esta Igreja com majestade e glória” (“Revelação para a Igreja, revelação para nossa vida”, Liahona, maio 2018).

Obras mais poderosas? Indicações milagrosas? Qual será a aparência dessas evidências? Que papel vamos desempenhar e como vamos entender o que fazer? Não sei todas as respostas, mas sei que o Senhor precisa que estejamos prontos! Exercer dignamente o poder do sacerdócio nunca foi tão indispensável.

Acreditamos no profeta de Deus? Será que poderemos encontrar e cumprir o nosso destino? Sim, podemos e, sim, devemos, porque esta é a nossa vez!

Quando ouvimos histórias dos poderosos servos de Deus que vieram antes de nós — como Moisés, Maria, Moróni, Alma, Ester, Joseph e muitos outros — eles parecem maiores do que a vida. Mas não eram assim tão diferentes de nós. Eram pessoas normais que enfrentaram desafios. Confiaram no Senhor. Fizeram as escolhas certas nos momentos cruciais. E, com fé em Jesus Cristo, realizaram as obras requeridas no seu tempo.

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O profeta Josué

Goodsalt

Considerem o herói do Velho Testamento, Josué. Ele era um seguidor devoto de Moisés, um dos maiores líderes da história. Depois que Moisés partiu, foi a vez de Josué. Ele tinha de conduzir os filhos de Israel à terra prometida. Como é que ele iria fazê-lo? Josué tinha nascido e sido criado na escravidão, no Egito. Não tinha nenhum manual nem vídeos de instrução para ajudá-lo. Nem tinha sequer um smartphone! Mas tinha esta promessa do Senhor:

“Como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei.

Sê forte e corajoso” (Josué 1:5–6).

Quando era um Setenta novo e inexperiente, recebi um telefonema urgente do escritório da Primeira Presidência, a pedir que eu representasse o profeta ao visitar um jovem no hospital — imediatamente. O nome do jovem era Zach. Ele estava a preparar-se para ser um missionário, mas teve um acidente onde sofreu um grave ferimento na cabeça.

Enquanto conduzia para o hospital, a minha mente disparou. Fazer uma tarefa do profeta — estão a brincar? O que é que vou enfrentar? Como é que vou ajudar este jovem? Será que tenho fé suficiente? A oração fervorosa e o conhecimento de que possuía a autoridade do santo sacerdócio tornaram-se as minhas âncoras.

Quando cheguei, o Zach estava deitado numa cama do hospital. Um enfermeiro estava pronto para levá-lo rapidamente à sala de operações, para que os médicos pudessem aliviar a pressão que tinha no cérebro. Olhei para a mãe chorosa e um jovem amigo assustado que estavam por perto, e soube claramente que o Zach necessitava duma bênção do sacerdócio. O amigo tinha recebido recentemente o Sacerdócio de Melquisedeque, então, pedi-lhe para me ajudar. Senti o poder do sacerdócio ao, humildemente, darmos uma bênção ao Zach. Em seguida, ele foi levado às pressas para a cirurgia e um sentimento de paz confirmou que o Salvador cuidaria de tudo, de acordo com a Sua sabedoria.

A equipa médica fez um último raio-X antes de fazer a primeira incisão. Descobriram, para sua surpresa, que não seria necessário operá-lo.

Depois de muita terapia, o Zach aprendeu a andar e a falar novamente. Ele serviu uma missão de sucesso e agora está a criar uma linda família.

Claro, que nem sempre resulta desta maneira. Dei outras bênçãos do sacerdócio com igual fé, e o Senhor não concedeu a cura completa nesta vida. Confiamos nos Seus propósitos e deixamos os resultados com Ele. Nem sempre podemos escolher o resultado das nossas ações, mas podemos escolher estar prontos para agir.

Podemos nunca ser convidados pela Primeira Presidência para representá-los numa situação de risco de vida. Mas, como representantes do Senhor, somos todos chamados a fazer coisas que mudam vidas. Ele não nos vai abandonar. Esta é a nossa vez!

Pedro, o líder dos apóstolos estava num barco no mar quando viu Jesus a andar sobre as águas. Queria juntar-se a Ele e o Salvador disse: “Vem”. Corajosa e milagrosamente, Pedro deixou a segurança do barco e começou a caminhar em direção ao Salvador. Mas, quando Pedro se concentrou no vento turbulento, a sua fé vacilou. “Teve medo; e começando a afundar, clamou, dizendo: Senhor, salva-me. E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o”. (Ver Mateus 14:22–33.)

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Jesus a estender a mão

Quando os ventos sopram na nossa vida, onde está o nosso foco? Lembrem-se, há sempre uma fonte confiável de força e coragem. Os braços de Jesus estendem-se a nós, tal como se estenderam a Pedro. Ao estender-Lhe a mão, Ele nos resgatará com amor. Nós somos Dele. Ele disse: “Não temas, porque eu te redimi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu” (Isaías 43:1). Ele prevalecerá na vossa vida se o permitirem. A escolha é vossa. (Ver Russell M. Nelson, “Que Deus Prevaleça”, Conferência Geral, out. 2020.)

No final da sua vida, Josué suplicou ao seu povo: “Escolhei hoje a quem sirvais; (…) Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24:15). Por causa das escolhas que fez para servir ao Senhor, Josué tornou-se um grande líder na sua época. Meus queridos amigos, esta é a nossa vez! E as escolhas que fazemos irão determinar o nosso destino (ver Thomas S. Monson, “Decisions Determine Destiny” [As Decisões Determinam o Destino — Serão da Universidade Brigham Young, 6 de novembro de 2005], speeches.byu.edu).

Enquanto servia como bispo, tínhamos um lema na nossa ala: Boas escolhas significam felicidade — eternamente. Os jovens passavam por mim no corredor e diziam: “Bispo, estou a fazer boas escolhas!” Este é o sonho dum bispo!

O que é que queremos dizer com “boas escolhas”? Certa vez, alguém perguntou a Jesus: “Qual é o grande mandamento na lei?” Ele respondeu:

“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.

Este é o primeiro e grande mandamento.

E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:36–39).

Não sei como é convosco, mas quando leio estes dois grandes mandamentos, deteto um terceiro mandamento implícito: amar a nós mesmos.

Já pensaram em amar a vós mesmos como um mandamento? Podemos amar verdadeiramente a Deus e amar os Seus filhos se não nos amarmos a nós mesmos?

Um líder sábio aconselhou, recentemente, um homem que estava a tentar vencer anos de escolhas destrutivas. O homem sentia-se envergonhado e duvidava que fosse digno do amor de alguém.

O líder disse-lhe: “O Senhor conhece-o, ama-o e está satisfeito consigo e com os passos corajosos que está a dar”. Depois acrescentou: “Tem de ouvir o mandamento de amar a si mesmo para que possa sentir o amor de Deus e amar os outros”.

Quando este irmão ouviu aquele conselho, viu a sua vida com novos olhos. Mais tarde, disse: “Passei a vida inteira a tentar encontrar paz e aceitação. Procurei estas coisas em muitos lugares errados. Só no amor do Pai Celestial e do Salvador encontro consolo. Sei que Eles querem que eu me ame; realmente é a única maneira de sentir o amor Deles por mim”.

O nosso Pai Celestial deseja que nos amemos a nós mesmos — não para nos tornarmos orgulhosos ou egocêntricos, mas sim para nos vermos como Ele nos vê: somos os Seus filhos queridos. Quando esta verdade penetra profundamente no nosso coração, o nosso amor por Deus cresce. Quando nos vemos com profundo respeito, o nosso coração abre-se para tratar os outros da mesma forma. Quanto mais reconhecemos o nosso valor divino, melhor compreendemos esta verdade divina: que Deus enviou-nos aqui, agora, neste momento importante da história, para que possamos fazer o maior bem possível, com os talentos e dons que temos. Esta é a nossa vez! (ver Russell M. Nelson, “Tornar-se a Verdadeira Geração do Milénio” [devocional mundial para jovens adultos, 10 de janeiro de 2016], broadcasts.ChurchofJesusChrist.org.)

Joseph Smith ensinou que todos os profetas, em todas as épocas, “ansiaram jubilosamente pelo dia em que vivemos; (…) cantaram, escreveram e profetizaram sobre esta nossa época; (…) somos o povo abençoado que Deus [escolheu] para trazer à luz a glória dos últimos dias” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith [2007], p. 186).

Ao enfrentar os vossos desafios diários, lembrem-se desta garantia oferecida pelo Elder Jeffrey R. Holland: “É grande a nossa incumbência, mas será uma experiência gloriosa e bem-sucedida. (…) A vitória nesta disputa final já foi declarada. A vitória já está nos livros de registo (…), as escrituras!” (“Be Not Afraid, Only Believe” [Não Temas, Crê Somente — Discurso para professores de religião do Sistema Educacional da Igreja, 6 de fevereiro de 2015], broadcasts.ChurchofJesusChrist.org).

Neste lindo fim de semana de Páscoa, gostaria de fazer um convite para que todos oremos a fim de reconhecer e abraçar o nosso papel individual ao nos prepararmos para o dia glorioso em que o Salvador voltará. O Senhor ama-nos mais do que podemos compreender e responderá às nossas orações! Quer estejamos num campo de futebol, num quarto de hospital ou em qualquer outro lugar, podemos ser parte importante destes eventos notáveis — porque esta é a nossa vez! Em nome de Jesus Cristo. Amém.