Tatuagens e Sua Missão

Quando Bobby Collins (o nome foi mudado) enviou seus papéis, ficou surpreso por não receber de volta um grande envelope branco contendo seu chamado para a missão. Em vez disso, recebeu uma carta do Departamento Missionário da Igreja fazendo perguntas sobre sua tatuagem.

Quando Bobby se formou no ensino médio, não tinha certeza se queria servir em uma missão. Mudou-se da casa dos pais para trabalhar e gostou da independência de não tê-los por perto o tempo todo. Nessa época, seu melhor amigo e seu primo fizeram tatuagens. “Isso de certa forma baixou a minha guarda”, disse ele.

Bobby sempre teve talento artístico, por isso desenhou sua própria tatuagem. Sabia que as tatuagens eram desaconselhadas pela Igreja e que a mãe não gostaria daquilo. Antes de fazê-la, perguntou ao irmão o que ele achava. O irmão deu-lhe bons conselhos. Ele disse: “A vida já nos deixa tantas cicatrizes. Por que você vai querer outra?”

Mas Bobby já tinha tomado a decisão. Seis semanas depois, tendo gasto 700 dólares ganhos arduamente, ele tinha uma enorme tatuagem que cobria quase toda a perna. “Foi realmente muito doloroso. Sangrou muito”, lembra-se ele. “Mas depois de fazer uma, ficou mais fácil pensar em fazer outras.” Ele não fez nenhuma outra, e depois de fortalecer seu testemunho do evangelho, decidiu que queria servir em uma missão.

Por maior que tivesse sido a dor ao fazer a tatuagem, o remorso que Bobby sentiu foi pior. Ficou muito preocupado, sem saber se poderia ou não servir em uma missão. Quis remover a tatuagem, mas não tinha dinheiro para fazê-lo. Ficou preocupado com o que sua futura esposa e filhos pensariam daquilo.

“Aquela carta do Departamento Missionário deixou-me muito assustado”, disse Bobby. “Meu maior receio era que aquilo me impedisse de servir em uma missão.”

Bobby teve de fazer o que o Departamento Missionário pede a todos os candidatos a missionários que possuem tatuagens. No seu formulário original ele relatou algo mais sobre sua tatuagem. A carta que recebeu posteriormente pedia mais alguns detalhes, inclusive a explicação de quando e por que ele a fizera e onde estava localizada no corpo, bem como uma descrição ou fotografia dela. Também lhe foi perguntado como se sentia a respeito dela.

Quando um candidato a missionário que tem tatuagem envia seus papéis, as Autoridades Gerais analisam cada caso e decidem se o missionário terá a permissão de servir em uma missão. Alguns não podem servir.

Bobby recebeu seu chamado para a missão. Sente-se grato por ser um missionário e arrepende-se, agora que é um representante da Igreja do Senhor, de ter decidido fazer uma tatuagem.

Para alguns missionários, ter uma tatuagem significa ser designado para servir em um lugar no qual as tatuagens são culturalmente aceitas ou em um lugar de clima mais frio, onde as camisas de manga comprida, e a meia-calça para as mulheres, cobrirão a tatuagem. Uma tatuagem pode não apenas restringir os lugares em que você poderá servir, mas dependendo de seu conteúdo e de seus sentimentos a respeito dela, também pode determinar se você poderá servir ou não.

“Espero que as pessoas sigam o conselho do Presidente Hinckley”, disse Bobby. “Sei que ele é um profeta de Deus. Se ele disse que é importante, então é importante.”

Bobby também tem seu próprio conselho para dar, o mesmo que ouviu do irmão: “Mesmo que possamos ser perdoados por meio da Expiação, por que fazer algo que nos deixará marcados com uma cicatriz?”

Inna Prokopenko é enfermeira licenciada com mestrado em estética, em Salt Lake City, Utah. Ela já tentou remover muitas tatuagens em seus anos de trabalho. Eis o que Inna tem a dizer sobre as tatuagens:

“Vocês são filhos de Deus. Seu corpo é uma criação Dele. Vocês desfigurariam essa criação, gravando na pele desenhos de pessoas, animais e palavras?

Prometo-lhes que dia virá em que, se vocês tiverem tatuagens, se lamentarão por isso. E não há como retirá-las, são permanentes. Só por meio de um processo caro e doloroso é que podem ser removidas. Se vocês tiverem tatuagens, então é bem provável que, pelo restante da vida, vocês as levem na pele. Creio que um dia se envergonharão delas. Não se tatuem. Nós, como Autoridades Gerais que os amam, rogamos que não desrespeitem o corpo que o Senhor lhes concedeu.”

Presidente Gordon B. Hinckley, “Conselhos e Oração do Profeta para os Jovens”, A Liahona, abril de 2001, p. 37.