2008
À Sombra de Suas Asas
Julho de 2008


À Sombra de Suas Asas

Logo após haver terminado meu treinamento básico de piloto em Phoenix, Arizona, e de ter cumprido as horas de vôo solo, recebi permissão para atravessar o estado, pela primeira vez, desacompanhado. Isso significaria um trajeto de duas horas, de Phoenix até Tucson, e depois, o retorno.

Entusiasmado com a idéia de voar sozinho a 3.000 metros de altitude, contemplando a beleza das nuvens, montanhas, vales e deserto, nem pensei muito na minha falta de experiência e nos possíveis perigos que poderia enfrentar.

Consultei as previsões meteorológicas, registrei meu plano de vôo e peguei o rádio, a bússola e os instrumentos básicos de vôo. Como costuma acontecer nessa fase de treinamento de pilotagem, ainda não havia recebido instruções sobre o uso de instrumentos avançados. No entanto, o velho avião que eu pilotaria não utilizava nenhum dos instrumentos sofisticados que permitem voar sem referências visuais.

Fiquei um pouco nervoso ao decolar sozinho em meu monoplano monomotor, mas o vôo de Phoenix até Tucson transcorreu bem. Vibrei com minhas novas habilidades.

Eufórico e confiante e com apenas mais 190 quilômetros pela frente, decolei de Tucson para Phoenix ao final da tarde. Contudo, pouco depois de alçar vôo, fui surpreendido por fortes ventanias que dificultavam o controle do avião. Uma tempestade de areia logo me envolveu, e não consegui enxergar mais nada. Impelido de um lado para outro, perdi o controle e fiquei totalmente desorientado e em pânico, pois sabia estar perigosamente próximo da cadeia de montanhas Catalina.

Aflito, pensei em minha vida. Estava noivo e com casamento marcado para o mês seguinte no Templo de Mesa Arizona. Cumprira uma honrosa missão de tempo integral. Sempre me empenhara para guardar os mandamentos e ouvir os sussurros do Espírito Santo. Mais do que nunca, naquele momento, estava precisando de orientação divina. Quase em desespero, fiz uma oração silenciosa. Segundos depois, o Espírito me sussurrou: “Confie no rádio, na bússola e em seu painel de instrumentos e diminua a altitude”.

Sem tardar, desci várias dezenas de metros. A visibilidade ainda estava ruim, mas consegui enxergar, lá embaixo, uma rodovia e uma ferrovia. Usando meus instrumentos e seguindo pontos de referência visual, por fim consegui aterrissar no aeroporto de Phoenix após uma experiência angustiante de duas horas.

Sempre serei grato pelos sussurros do Espírito Santo e pela promessa em Salmos: “À sombra das tuas asas me abrigo” (Salmos 57:1).