2017
Preparar-se para uma Nova Jornada
Abril 2017


Preparar-se para uma Nova Jornada

A autora mora no Paraná, Brasil.

Tal como Néfi navegando rumo ao desconhecido, eu precisava exercer fé no Senhor para iniciar uma família.

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sail boat on the water

Fotografia © Getty Images

Nas semanas que antecederam meu casamento e selamento no templo, comecei a ficar um pouco tensa ao pensar em todas as coisas que precisava fazer antes de começar minha nova família. Apesar de toda a alegria daquele momento, senti-me estressada com a ideia de organizar nossa nova rotina, colocar nossas finanças em ordem, arrumar nossos pertences e cuidar de todas as minhas novas responsabilidades como esposa. Fazia questão de começar o nosso casamento da maneira certa, criando espaço em nossas atividades para as coisas importantes, como guardar os mandamentos e sempre reservar tempo para o cônjuge, apesar de nossa vida tão atarefada.

À medida que o casamento se aproximava, fui surpreendida por uma série de pesadelos envolvendo todos os tipos de problemas que poderiam afetar uma família. Como venho de uma família amorosa, mas atribulada, ameaçada por brigas constantes e intensas e mágoas, os pesadelos me impressionaram mais do que deveriam. Então, certa noite, depois de várias outras semelhantes, acordei suando e decidi seguir o conselho que a irmã Neill F. Marriott, segunda conselheira na presidência geral das Moças, deu em seu discurso “Entregar Nosso Coração a Deus” (A Liahona, novembro de 2015, p. 30). Fechei os olhos e orei: “Querido Pai Celestial, o que posso fazer para manter essas coisas ruins longe da minha família?”

Recebi a resposta tão rápido e tão fortemente como se alguém tivesse aberto uma porta em minha cabeça e colocado o pensamento lá. A voz mansa e delicada me exortou: “Faça o que deve fazer. Seja fiel em cada passo”. O Espírito sussurrou-me alguns conselhos específicos e senti que, se eu os seguisse, tudo ficaria bem.

Sorri e senti meu peito encher-se de calor. Todas as preocupações de repente foram esquecidas, pois eu sabia que era verdade. Eu já tinha sentido o Espírito Santo antes, mas nunca tão forte quanto naquela noite. Senti o amor de nosso Pai Celestial e nosso Salvador envolver-me e soube que o consolo e a salvação de minha família eram tão importantes para Eles como eram para mim.

Como uma garantia adicional, lembrei-me de uma história das escrituras, no momento em que o Senhor ordenou a Néfi que construísse um navio: “E aconteceu que o Senhor me falou, dizendo: Tu construirás um navio da maneira que eu te mostrarei, a fim de que eu leve o teu povo através destas águas” (1 Néfi 17:8; grifo da autora).

Néfi e sua família estavam no deserto havia anos, suportando todo tipo de tribulações. Ele poderia ter sentido medo de iniciar uma jornada mar adentro e deixar que seus temores se tornassem mais fortes do que sua fé. Mas ele não fez isso. Aceitou e seguiu as instruções de Deus. Ele teve fé de que Suas promessas se cumpririam. O Senhor nunca disse a Néfi que não ocorreriam tempestades ou que as ondas não atingiriam o navio. Mas disse a Néfi que, se seguisse Suas orientações, conseguiria guiar sua família em segurança através do oceano rumo à terra prometida.

Percebi que eu também tinha viajado por um deserto por muitos anos, mas agora estava diante do mar, preparando-me para uma nova jornada: o casamento. Fui chamada — e acho que é o caso para todas as famílias da Igreja — a construir um navio, seguindo as instruções de Deus.

Depois que meu marido e eu nos casamos, os problemas chegaram. Adoeci e foi difícil manter nossas finanças equilibradas e colocar em prática todos os bons hábitos que tínhamos decidido seguir.

Mas o conselho que tinha recebido naquela noite permaneceu em meu coração. Procuramos diariamente aprender e entesourar a palavra de Deus em nosso coração, seguir os bons exemplos de nossos queridos líderes, inclusive os de Cristo, e melhorar o nosso próprio comportamento. Adquiri um forte testemunho da oração e verdadeiramente experimentei o amor do Pai por nós. Comecei a confiar mais e a temer menos. Percebemos que as dificuldades que enfrentávamos se tornaram passos para nosso aperfeiçoamento. Hoje, nossa casa parece um pedacinho do céu.

Ainda estamos no início de nossa jornada, mas casar-me e iniciar uma família foi a melhor escolha que já fiz na vida. Meu coração fica cheio de alegria quando penso na ordenança do templo que recebemos e sei que foi selada pela autoridade de Deus. Quanto mais entendo sobre a importância da família no plano do Pai Celestial e sobre a santidade do convênio que fizemos, mais quero ajudar outras famílias a receber a mesma ordenança.

Aprendi que não precisamos nos preocupar com o que vai acontecer porque “Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação” (2 Timóteo 1:7). Simplesmente precisamos ser obedientes, seguir as instruções dadas por meio das escrituras e das palavras dos profetas modernos e pedir em oração mais instruções pessoais. Se fizermos essas coisas, vamos poder cruzar o oceano destes últimos dias confiantes de que, por piores que sejam os problemas, nossos entes queridos estarão em segurança.