Profundamente no Nosso Coração

O primeiro princípio são os relacionamentos. Por serem uma parte tão natural da Igreja de Jesus Cristo, às vezes esquecemos a importância dos relacionamentos na nossa jornada contínua até Cristo. Não é suposto encontrar ou percorrer o caminho do convénio sozinhos. Precisamos do amor e apoio de pais, outros membros da família, amigos e líderes, que também estão a percorrer o caminho.

Este tipo de relacionamentos leva tempo. Tempo para estar juntos. Tempo para rir, brincar, aprender e servir juntos. Tempo para apreciar os interesses e desafios uns dos outros. Tempo para sermos abertos e honestos uns com os outros, ao esforçar-nos para melhorar juntos. Estes relacionamentos são um dos propósitos principais de nos reunirmos em famílias, quóruns, classes e congregações. São o alicerce para ministrar eficazmente.⁵

O Elder Dale G. Renlund deu-nos a chave para desenvolver estes relacionamentos quando disse: “Para [servirmos] efetivamente ao próximo, devemos vê-los… pelos olhos do Pai Celestial. Só então poderemos começar a compreender o verdadeiro valor de uma alma. Só então conseguiremos sentir o amor que o Pai Celestial tem por todos os Seus filhos”.⁶

Ver os outros como Deus os vê é um dom. Convido todos a procurarem este dom. À medida que os nossos olhos se abrem,⁷ também poderemos ajudar os outros a verem-se como Deus os vê.⁸ O Presidente Henry B. Eyring enfatizou o poder disto quando disse: “O que importa mais é o que [os outros] aprendem convosco sobre quem eles realmente são e no que realmente podem tornar-se. O meu palpite é que eles não vão aprender muito com sermões. Eles vão entender ao sentirem quem vocês são, quem vocês pensam que eles são e em quem vocês pensam que eles podem tornar-se”.⁹ Ajudar os outros a entender a sua verdadeira identidade e propósito é um dos maiores presentes que podemos dar.¹⁰ Ver os outros e a nós próprios como Deus vê, entrelaça os nossos corações “em unidade e amor”.¹¹

Com forças seculares cada vez maiores a puxar-nos, precisamos da força que advém dos relacionamentos afetivos. Portanto, ao planear atividades, reuniões e outros encontros sociais, lembremo-nos que o objetivo abrangente destas reuniões é construir relacionamentos afetivos que nos unam e ajudem o evangelho de Jesus Cristo a entrar profundamente no nosso coração.¹²

Obviamente, não basta apenas estarmos juntos. Existem muitos grupos e organizações que conseguem unir-se em torno duma variedade de causas. Mas a unidade que procuramos é sermos um em Cristo, ligar-nos a Ele.¹⁴ Para ligar o nosso coração ao Céu, precisamos de experiências espirituais individuais, tal como o Elder Andersen acabou de falar tão eloquentemente.¹⁵ Estas experiências ocorrem quando o Espírito Santo leva a palavra e o amor de Deus à nossa mente e coração.¹⁶

Esta revelação vem através das escrituras, especialmente o Livro de Mórmon; através das palavras inspiradas dos profetas vivos e outros discípulos fiéis, e através da voz mansa e delicada.¹⁷ Estas palavras são mais do que tinta numa página, ondas sonoras nos ouvidos, pensamentos na mente ou sentimentos no coração. A palavra de Deus é poder espiritual.¹⁸ É verdade e luz.¹⁹ É como nós O ouvimos! A palavra inicia e aumenta a nossa fé em Cristo e alimenta dentro de nós o desejo de nos tornarmos mais como o Salvador, que quer dizer arrependimento e andar no caminho do convénio.²⁰

Em abril passado, o Presidente Russell M. Nelson ajudou-nos a entender o papel central do arrependimento nesta jornada para receber revelação.²¹ Ele disse: “Quando escolhemos arrepender-nos, escolhemos mudar! Permitimos que o Salvador nos transforme na melhor versão de nós próprios… Escolhemos tornar-nos mais semelhantes a Jesus Cristo!”²² Este processo de mudança, alimentado pela palavra de Deus, é a forma como nos ligamos ao Céu.

Subjacente ao convite do Presidente Nelson para nos arrependermos, está o princípio do arbítrio. Temos de escolher por nós mesmos. O evangelho não pode ser forçado para dentro dos nossos corações. Como o Elder Renlund disse: “O objetivo do nosso Pai Celestial ao ensinar-nos, não é o de fazer com que os Seus filhos façam o que é certo; mas sim, o de ajudar os Seus filhos a escolher fazer o que é certo”.²³

Nos programas substituídos pelo Crianças e Jovens, havia mais de 500 requisitos diferentes a serem preenchidos para receber vários reconhecimentos.²⁴ Hoje, há essencialmente um. É um convite para escolhermos ser mais semelhantes ao Salvador. Fazemos isto ao recebermos a palavra de Deus, através do Espírito Santo, para guiar-nos e permitimos que Cristo nos transforme na melhor versão de nós próprios.

Isto é muito mais do que um exercício de fazer metas ou aperfeiçoamento pessoal. As metas são simplesmente uma ferramente que ajuda a nos ligarmos ao Céu, por intermédio de revelação, arbítrio e arrependimento — vir a Cristo e receber o Seu evangelho mais profundamente nos nossos corações.

Finalmente, para permitir que o evangelho de Jesus Cristo entre profundamente nos nossos corações, temos de envolver-nos nele — dedicar o nosso tempo e talentos, e sacrificar-nos por ele.²⁶ Todos queremos viver uma vida significativa, e isto é especialmente verdade para a nova geração. Eles querem uma causa.

O evangelho de Jesus Cristo é a maior causa do mundo. O Presidente Ezra Taft Benson disse: “Somos ordenados por Deus a levar este evangelho para todo o mundo. Esta é a causa que nos deve unir hoje. Somente o evangelho salvará o mundo da calamidade da sua autodestruição. Somente o evangelho unirá os homens [e mulheres] de todas as raças e nacionalidades, em paz. Somente o evangelho trará alegria, felicidade e salvação [à] humanidade”.²⁷

O Elder David A. Bednar prometeu: “Ao capacitarmos os jovens convidando e permitindo que ajam, a Igreja avançará de formas milagrosas”.²⁸ Muitas vezes, não convidámos nem permitimos que os jovens se sacrifiquem por esta grande causa de Cristo. O Elder Neal A. Maxwell observou: “Se os [nossos] jovens estiverem muito desiludidos [com a obra de Deus], ​​é mais provável que sejam iludidos pelo mundo”.²⁹

O programa Crianças e Jovens concentra-se em capacitar os jovens. Eles escolhem os seus próprios objetivos. As presidências de quórum e de classe estão colocadas no seu devido papel. O conselho dos jovens da ala, assim como o conselho da ala, concentra-se no trabalho de salvação e exaltação.³⁰ E quóruns e classes começam as suas reuniões aconselhando-se sobre como fazer a obra que Deus lhes deu.³¹

O Presidente Nelson disse aos jovens da Igreja: “Se vocês escolherem, se desejarem, podem ser parte essencial dela. Vocês podem fazer parte de algo grande, importante e majestoso!… Vocês estão entre os melhores que o Senhor já enviou a este mundo. Vocês têm a capacidade de ser mais inteligentes e sábios e exercer uma influência maior no mundo, do que qualquer geração anterior!”³² Noutra ocasião, o Presidente Nelson disse aos jovens: “Tenho total confiança em vós. Eu amo-vos e o Senhor também. Nós somos o Seu povo — e estamos envolvidos no Seu santo trabalho”.³³ Jovens, conseguem sentir a confiança que o Presidente Nelson tem em vós e qual a vossa importância para este trabalho?

Pais e líderes adultos, convido-vos a ver a juventude como o Presidente Nelson a vê. À medida que eles sentirem o vosso amor e confiança, incentivando-os e ensinando-os a liderar — e depois saírem do caminho deles — eles surpreender-vos-ão com as suas ideias, habilidades e comprometimento com o evangelho.³⁴ Eles sentirão a alegria de escolher comprometer-se e sacrificar-se pela causa de Cristo. O evangelho de Cristo entrará profundamente nos seus corações e o trabalho avançará de formas milagrosas.

Prometo que, ao nos concentrarmos nestes princípios — relacionamentos, revelação, arbítrio, arrependimento e sacrifício — o evangelho de Jesus Cristo entrará mais profundamente no nosso coração. Veremos a Restauração avançar para o seu objetivo final, a redenção de Israel e o estabelecimento de Sião,³⁵ onde Cristo reinará como Rei dos reis.

Testifico que Deus continua a fazer todas as coisas necessárias para preparar o Seu povo para este dia. Que possamos ver a Sua mão neste trabalho glorioso, enquanto todos nos esforçamos para “vir a Cristo e ser aperfeiçoados nele”.³⁶ Em nome de Jesus Cristo, amém.